quarta-feira, 13 de junho de 2012

OPINIÃO - ANO XVIII - N° 197 - JUNHO 2012



Reencarnação – um tema
para a Universidade

Na Universidade norte-americana de Virgínia, onde o pesquisador Ian Stevenson fez da hipótese reencarnacionista objeto de pesquisa acadêmica, cientistas vão a campo para investigar relatos de crianças que dizem recordar vidas passadas.



O trabalho de Ian Stevenson tem continuidade
O médico canadense Ian Stevenson (1918/2007) é apontado como o pioneiro na investigação científica da hipótese da reencarnação. Como responsável pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade da Virgínia, entrou para a história graças ao meticuloso trabalho de recolhimento e análise de casos de crianças que aparentavam lembrar de vidas passadas sem o auxílio da hipnose. Seu livro “Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação” tornou-se um clássico no assunto, com relatos de casos que sugerem a reencarnação a partir de dados classificados como de “memória extracerebral”, pesquisados pelo psiquiatra em diversos países do mundo.
A aposentadoria de Stevenson na Universidade de Virgínia (2002) não interrompeu o trabalho por ele iniciado. Embora mais concentrada em casos situados nos Estados Unidos, a Divisão de Estudos da Personalidade daquela Universidade aprofunda a pesquisa com crianças de 2 a 5 anos que, espontaneamente, passam a relatar fatos passíveis de comprovação de que teriam sido personagens em provável vida passada. À frente dessa pesquisa está o psiquiatra Jim B.Tucker (foto), MD, que trabalhou com o Dr. Ian Stevenson. Tucker é autor do livro “Vida Antes da Vida – Uma Investigação Científica de Memórias Infantis de Vidas Passadas”, já traduzido para os principais idiomas de todo o mundo, inclusive o português.
Cresce o interesse sobre o assunto no mundo todo.
A partir do incremento do assunto em diferentes setores universitários e crescimento do interesse público sobre o tema, o Discovery Chanell apresentou, recentemente, programa de 45 minutos de duração onde o Dr. Tucker relata o trabalho desenvolvido na Universidade de Virginia e também na Universidade da Islândia. São apresentados casos agora pesquisados em outros países, especialmente no Sri Lanka, onde a incidência de crianças dotadas de memória extracerebral tem índice bastante elevado. Tucker admite que, em países onde a reencarnação faz parte da cultura e da religião, como é o caso do Sri Lanka, há melhores condições para o fenômeno de se desenvolver. Mas, o documentário destaca casos ocorridos nos Estados Unidos, em famílias de tradição cristã tradicional ou sem qualqur crença no fenômeno da vida após a morte.
O programa está disponível na internet no seguinte endereço: http://www.youtube.com/watch?v=pOP30Nkjkl4&feature=share.

Na Universidade Santa Cecília, em Santos/SP, um Congresso sobre Reencarnação.
Uma abordagem tipicamente espírita do fenômeno da reencarnação e suas implicações frente ao atual estágio do conhecimento marcará o XXI Congresso Espírita Pan-Americano, de 5 a 9 de setembro próximo, em Santos /SP. Com o tema central “Perspectivas Contemporâneas da Teoria Espírita da Reencarnação”, o evento reunirá pensadores e pesquisadores de diversos países da América e da Europa. Um Fórum de Temas Livres possibilitará a livre contribuição de autores previamente inscritos. 
O evento acontece na Universidade Santa Cecília, de Santos, no litoral paulista. O médico sanitarista, e também professor daquela Universidade, Ademar Arthur Chioro dos Reis (foto), que preside a Comissão Organizadora do Congresso da CEPA 2012, está entusiasmado diante da inscrição de 42 trabalhos só para o Fórum de Temas Livres. Mas, na temática de fundo, 12 pensadores espíritas de diferentes países serão expositores e debatedores em Mesas Redondas enfocando a contribuição da cosmovisão reencarnacionista para o desenvolvimento ético da humanidade, do indivíduo e da sociedade, e tratando da reencarnação sob a perspectiva da atualização do espiritismo. Oficinas Temáticas buscarão envolver ativamente a totalidade dos participantes do Congresso cuja inscrição segue aberta a todos os interessados. Maiores informações podem ser obtidas no site http://www.congressocepa2012.com.br.
Reencarnação – Um novo paradigma

O caráter religioso, predominantemente conferido ao espiritismo, oferece o risco de distanciá-lo de uma visão reeencarnacionista mais abrangente e multidisciplinar. Na prática, mesmo os congressos espíritas ao enfocarem o tema o fazem, muitas vezes, a partir de uma postura fideísta e doutrinadora. Congressos espíritas, aliás, são, quase sempre, edificantes expressões de oratória, onde um pequeno número de expositores escolhidos pela entidade promotora monopoliza o evento e emociona plateias, sempre no afã de demonstrar o caráter consolador da “religião espírita”.
A reencarnação, no entanto, é bem mais que uma expressão religiosa e consoladora. Abre perspectivas imensas para a adoção de um novo paradigma científico, social, antropológico, filosófico e moral. Por isso, setores avançados do conhecimento humano têm intensificado a pesquisa do tema.
O XXI Congresso Espírita Pan-Americano buscará estender pontes entre a visão espírita da reencarnação e outras propostas reencarnacionistas. Sublinhando o caráter progressista e evolucionista da tese espírita da reencarnação, a CEPA partirá da premissa de que essa visão pode oferecer alternativas viáveis à adoção de um novo paradigma de conhecimento.
Evidentemente que isso não se faz pela via da doutrinação, mas a partir do sério exame dos pressupostos científicos e filosóficos do tema, enriquecidos com a casuística e com a experiência pessoal e plural de quem se disponha a oferecer sua contribuição. O próprio espiritismo, por ter como objeto de estudo, o espírito e sua permanente progressividade, necessita, de tempos em tempos, revisar alguns conceitos antes ajustados à cultura humana, mas que reclamam, em dado momento, a atualização. Isso não desmerece o espiritismo. Antes, contribui para seu progresso, livrando-o do desgaste e da estagnação.
É um bom momento para se mostrar a proposta espírita da reencarnação. O Congresso de Santos, com certeza, saberá como fazê-lo. (A Redação)

Do Consolo ao Conhecimento
Nada é tão poderoso no mundo como uma ideia cuja oportunidade chegou. Victor Hugo.
O último livro de Allan Kardec estava pronto e seria lançado no mês seguinte. Em “A Gênese” (Paris 6/janeiro/1868), o fundador do espiritismo ensaiava uma síntese de toda sua vasta obra, objetivando precisar o verdadeiro caráter da doutrina espírita e sua conexão com o desenvolvimento da ciência e da filosofia, notadamente com os revolucionários princípios do progresso e da evolução, ícones do Século 19.
No dia 18 de dezembro de 1867, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, o espírito São Luís, pelo médium Sr. Desliens, antecipando-se ao lançamento do livro, ditou a comunicação “Apreciação da obra sobre A Gênese” (R.E. fev/1868). Prenunciava o aparecimento do livro como o marco de uma nova fase do espiritismo. Até então, ele servira para satisfazer “as aspirações da alma”, enchendo “o vazio deixado pela dúvida nas almas vacilantes em sua fé”. A caridade, até ali fizera “o laço das almas ternas”. A partir de então, cabia ao espiritismo agregar ao “atributo de consolador”, o de “instrutor e diretor do espírito, em ciência, e em filosofia, como em moralidade”.
A síntese ciência/filosofia/moralidade, consolidada em “A Gênese”, preparava, no dizer do espírito, “as vias da fase que se abrirá mais tarde, porque cada coisa deve vir a seu tempo”. Claramente, como já o fizera algumas vezes o próprio Allan Kardec, São Luís pressupunha diferentes fases para o espiritismo. Primeiramente se direcionara aos carentes da fé na imortalidade, sequiosos de uma explicação plausível para as questões respondidas pela religião com a “fantasia” e o “mistério”. Agora, dirigia-se às “inteligências viris”, fazendo-se “traço de união” entre elas. Seria a consolidação da ciência da alma: o conhecimento trazendo nova visão sobre o universo e o ser humano.
Em 1984, quando a Federação Espírita Brasileira comemorava seu centenário, uma mensagem ali recebida e atribuída a Allan Kardec saudava a instituição pelas “vitórias parciais” até então alcançadas, e demonstrava certa preocupação ao afirmar que, embora “o movimento regenerador de almas” se mantivesse “de pé, em terras brasileiras”, a codificação espírita se mantinha “essencialmente desconhecida de tantos corações que se rotulam de espiritistas”. A mensagem tecia “louvor ante a grandiosa obra” empreendida “em nome da Caridade”. Mas advertia que a “recomendação inolvidável para as defensivas do movimento regenerador de almas é a INSTRUÇÃO” (assim mesmo, em letras maiúsculas, cfe. “Reformador, março 1984).
Vê-se, com clareza, que o mesmo teor da mensagem de São Luís é o do espírito identificado como Allan Kardec, 117 anos depois. Inegavelmente, decorrido tanto tempo, amplos setores do espiritismo ainda relutam em avançar para uma nova fase: a do conhecimento libertador. No Século 19, São Luís reconhecia que “cada coisa deve vir a seu tempo”. No século 20, Kardec se mostrava preocupado com a lenta transição.
Se é mesmo assim, cabe a pergunta: Que estarão esperando dos espíritas do Século 21 aquelas almas pioneiras?






Mea culpa
Um dos grandes indícios do progresso humano é a capacidade que os povos de hoje demonstram de fazer o “mea culpa” de seus erros históricos. Exemplo eloquente disso é a Alemanha. Havendo protagonizado o mais bárbaro capítulo da história contemporânea, com o holocausto de milhões de judeus, os alemães, em poucas décadas, buscaram purgar sua culpa. É possível, hoje, visitar os campos de concentração, tanto o de Sauchsenhausen, na Alemanha, como os de Auschwitz, na Polônia. Transformados que foram em museus da História, esses lugares são mantidos abertos à visita de patrícios e turistas, com o objetivo de que não se apague a memória do que ali aconteceu. Há um claro sentimento de vergonha nacional, mas há também a insofismável disposição da não omissão da responsabilidade. Crianças de menos de 10 anos são levadas, em excursões escolares, para, “in loco”, sentirem a extensão dos crimes ali praticados contra a humanidade.

Museu da Escravidão e Quotas Raciais
Desde 2007, na cidade de Liverpool, Inglaterra, é possível visitar o Museu da Escravidão Internacional. Criado especialmente para resgatar o que foi o comércio negreiro, no período que sucedeu ao descobrimento da América, mostra também as consequências negativas que a escravatura produziu. Através de vídeos, fotos e objetos utilizados para a submissão dos escravos aos seus senhores, mostra os flagelos cometidos contra eles. Mas, em contrapartida, destaca também a riqueza da cultura africana e sua influência nos países antes escravagistas. Relembra a brutalidade e os traumas produzidos nos povos escravizados, mas também denuncia vigorosamente o racismo e a discriminação que ainda persistem, resultantes daquele período histórico.
No Brasil, a criação de quotas raciais em concursos, universidades, etc., é uma tentativa de resgate da dignidade roubada de um segmento étnico. Um “mea culpa”, ainda que tardio, por históricas violações dos direitos humanos.

A supremacia da fé
Agora, a pergunta que não quer calar: Por que a religião não procede de igual forma? Por que, por exemplo, no Vaticano, não existe um museu resgatando as barbáries cometidas em nome de Deus, das Cruzadas à Inquisição? Por que não se erigem, ali, bustos de Huss, Copérnico, Galileu Galilei, Giordano Bruno e tantos outros benfeitores da humanidade, na época perseguidos ou executados por heresia?
A razão é simples: na mentalidade religiosa o valor mais importante é a fé. Durante séculos, na história da cristandade, tudo era justificável, desde que praticado em defesa da fé. O cardeal que presidiu o processo contra Giordano Bruno e que terminaria por levá-lo à execução numa fogueira, em 1600, foi, depois, canonizado. É São Roberto Belarmino, apontado como um defensor intransigente da fé cristã, e, por isso, elevado à glória dos altares.

Religião, Espiritualidade e Humanismo
Foi a civilização, e não a religião, que legou ao mundo os valores da tolerância, da igualdade, da liberdade de crer ou não crer e de se expressar segundo suas íntimas convicções. A construção dos direitos humanos na modernidade, em alguns aspectos, especialmente no que diz com a liberdade de crença, teve na religião uma vigorosa opositora. Os princípios que inspiraram o moderno Estado de Direito são elaborações do espírito imortal, construídos pela experiência individual e coletiva, em sucessivas jornadas evolutivas. Por isso, religião e espiritualidade são expressões dificilmente harmonizáveis entre si. A religião cuida da fé, que envelhece, cristaliza e se mumifica. A espiritualidade, liberta das algemas dos dogmas, conduz ao conhecimento e ao amor, valores supremos da vida. Só o amor e o conhecimento dão ao espírito ou a uma comunidade de espíritos, a coragem de renovar-se constantemente, promovendo seu autojulgamento e recompondo os valores antes violados.
“O espírito sopra onde quer”, e há muito mais espiritualidade no humanismo do que nas religiões.






Intercâmbio CCEPA/Ilópolis
Dando sequência ao intercâmbio entre o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre e o grupo de Estudos Espíritas de Ilópolis, recentemente formado para o estudo do espiritismo, o advogado Victor Emanuel Chistofari (foto), integrante do CCEPA, fará palestra naquela cidade gaúcha, no próximo dia 17 de junho.
Victor discorrerá sobre as consequências morais do espiritismo, a partir da seguinte assertiva de Allan Kardec: “O objetivo essencial do Espiritismo é o melhoramento dos homens. Não é preciso procurar nele senão o que pode ajudá-lo para o progresso moral e intelectual”.
O intercâmbio do CCEPA com o grupo de Ilópolis foi inaugurado em evento ocorrido no último dia 15 de abril, quando Salomão Jacob Benchaya proferiu palestra sobre “O que é o Espiritismo” acompanhado de cerca de 30 dirigentes e integrantes do CCEPA, recebidos pelo grupo que, na ocasião, anunciou que passaria a se identificar como “Grupo Borboletas Azuis”, numa alusão à borboleta, como símbolo da alma humana.
Victor Emanuel Chistofari fará a palestra no mesmo local daquele evento, o auditório do Museu do Pão. Segundo Letícia Araújo Mello, que coordena o grupo, há um grande interesse da comunidade no sentido de conhecer o espiritismo, eis que, na cidade, não existe nenhuma instituição espírita.

CCEPA – Conferências de Salomão e de Jones

Na noite deste 4 de junho, o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre ofereceu conferência pública de Salomão Jacob Benchaya, dirigente da instituição, com o tema “O que é o Espiritismo”. O evento deu continuidade à programação de palestras públicas das primeiras segundas-feiras de cada mês.
No próximo dia 20 de junho, o ex-presidente do CCEPA e também da FERGS, Maurice Herbert Jones, inaugura um novo espaço de palestras públicas no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, às 15 h., enfocando o tema “Espiritismo e Religião”. Na terceira quarta-feira de cada mês, naquele horário da tarde, o CCEPA sempre oferecerá uma conferência pública.

      


Um Desafio às Religiões
Jacques Peccatte, dirigente de Cercle Spirite Allan Kardec e de Le Journal Spirite. Nancy/França.

Evidentemente, os espíritas não terão sido os primeiros a recolocar sob  julgamento crítico as crenças religiosas. Antes dele, o materialismo filosófico e científico havia se posicionado, na história do pensamento humano, há vários séculos, e, sobretudo, de maneira mais contundente, a partir de Diderot, seguido, mais tarde, por outros filósofos ateus.
A oposição materialista teve o mérito de ser clara, na medida em que sua demonstração filosófica foi totalmente livre de ambiguidades.
Em contrapartida, o mesmo não acontece com o espiritismo. Este se encontra na incômoda situação de ser uma filosofia que desenvolve conceitos espiritualistas, os mesmos das religiões, mas de forma diferente. Aceita, por exemplo, a existência de Deus. Mas, tratar-se-á do mesmo Deus?
Aceita a reencarnação. Entretanto, não mais a partir de uma visão orientalista do karma, do nirvana final e, inclusive, às vezes, da metempsicose. 
Admite a existência de fenômenos que desafiam as leis naturais tidas como tais. Contudo, rejeita os milagres.
Diz sim à comunicabilidade com outros seres. Mas, não com anjos ou demônios.
Poder-se-ia prosseguir com essa longa lista de tudo o que pertence às religiões e ao espiritismo, sempre, contudo, sob diferentes formas.
Allan Kardec esclareceu todos esses pontos, definindo com precisão as diferenças a partir da revelação espírita. Deslocou-os do âmbito do fenômeno religioso, dando à palavra “religioso” um sentido mais amplo, dentro da transcendência de todas as crenças reunidas e reinterpretadas à luz dos ensinamentos dos espíritos.
Tratava-se apenas de uma questão de termos, de semântica? Seria necessário abandonar a palavra religioso? As posições foram diversas, na história do espiritismo. Uns fizeram da doutrina espírita uma nova religião. Outros assumiram um caráter não confessional e, portanto, laico. Foi essa última postura a que nós adotamos, buscando afastar, assim, qualquer equívoco.
 De maneira geral, a religião situa-se no terreno da fé, a partir de uma verdade revelada, adaptada pelo ser humano a seu gosto. Já o espiritismo corresponde, mais justamente, a um conhecimento que deflui de múltiplas experiências convergentes em resultados idênticos; um conhecimento obtido a partir da comunicação com o outro mundo, aliado a uma reflexão filosófica a respeito dos ensinamentos do além.
Dessa forma, pois, o espiritismo marca sua diferença essencial, sob um enfoque metafísico que nada deve ao religioso. É provável mesmo que o abismo entre espiritismo e religião siga se aprofundando, sobretudo com relação às religiões surgidas com caráter fundamentalista, em meio a evidentes desvios, como as dos evangélicos derivados do protestantismo, assim como do fundamentalismo muçulmano.
Sem dúvida, há, hoje, menos problemas com o catolicismo que já não se opõe sistematicamente à manifestação dos espíritos dos “mortos”.
Além disso, à margem dos fenômenos religiosos, podemos incluir o avanço das novas espiritualidades derivadas do esoterismo. Ali, a oposição segue sendo considerável, na medida em que nos encontramos frente a diferentes modelos de pensamento.
O espiritismo ante a ciência
O espiritismo depara-se com a incômoda situação de assumir seu caráter científico, sem responder a determinados critérios exigidos pelas chamadas ciências duras, dentre os quais a capacidade de reproduzir um fenômeno em idênticas condições. De há muito já existe uma oposição entre as denominadas ciências duras e as ciências psicológicas e sociais. Isso equivale, praticamente, à oposição existente entre ciências materialistas e ciências que aceitam a integração de um fator espiritual.
Seria, então, necessário que a inteligência humana fosse desconectada da ciência, mesmo se considerando que é graças a essa inteligência que se abordam os temas científicos? Seria preciso, então, que os sentimentos e a moral fossem desconectados de todo o enfoque científico sob o pretexto de que o estudo dos fenômenos da natureza pode prescindir de toda a apreciação e juízo de valor?
O materialista deve dissociar, ainda, duas ordens de coisas: por um lado uma verdade científica e, por outro, um campo religioso ou filosófico, desconectando-o das experiências científicas. Dito isso de outra maneira: uma convicção partilhada no plano do estudo dos fenômenos naturais e outra não partilhada sobre as opções religiosas ou filosóficas de cada um.
No momento em que alguns voltam a colocar sob exame os próprios princípios da ciência clássica a partir de um novo enfoque, o da física quântica, é necessário voltar a expor detalhadamente todos os paradigmas antigos para, então, definir os novos. Sabe-se que em nível da matéria em seus estados mais ínfimos nada há mais que energia. Sabe-se, igualmente, que em determinadas experiências essa energia reage frente à presença humana. Chega-se a pôr em evidência uma força espiritual que interage sobre a matéria para se questionar cientificamente sobre a existência de Deus.
Quem sabe estamos no alvorecer de uma nova visão onde ser fará necessário estabelecer a indispensável união entre ciência e espiritualidade...
É provável mesmo que o abismo entre espiritismo e religião siga se aprofundando.
(Artigo adaptado para o espanhol por Oswaldo E. Porras D, Venezuela, de editorial de “Le Journal Spirite”, n.79, e traduzido para o português por Milton Medran Moreira)








Decisão sobre anencéfalos (1)
Parabéns pela matéria sobre a descriminalização do aborto de anencéfalos (edição/maio). As posições antagônicas vão continuar, pois há quem ingenuamente suponha que as leis e as decisões judiciais em qualquer instância sejam eficazes para regular tudo, inclusive questões morais, que dependem de avaliação e julgamento da consciência: o chamado “foro íntimo”.
Homero Ward da Rosa – Pelotas/RS.

Decisão sobre anencéfalos (2)
Quem assistiu na tarde em que ocorreu a sessão do STF, só pode elogiar a forma como Opinião tratou o assunto do aborto para crianças com anencefalia. Um tema polêmico, delicado, que merece reflexão desapaixonada dos espíritas de todos os matizes. Uma vez mais, parabéns!!!
Paulo Cesar Fernandes – Santos/SP.

Espiritismo em Cuba
Cumprimentos pela coluna “Opinião em Tópicos” da edição 196, enfocando a religiosidade e a situação do espiritismo em Cuba. Um dado interessante: segundo publicação da “Folha Espírita”, Cuba é o país que, proporcionalmente, mais espíritas tem no mundo. Cerca de 60% da população é espírita.
Adilson Garbi – Santo André/SP.

Religiosidade em Cuba
Muito interessantes os comentários sobre a religiosidade em Cuba. O que se tem observado é que o sectarismo de governos antirreligiosos não conseguiu travar, mesmo se utilizando da violência, os cultos religiosos praticados anteriormente ao domínio desses governos. Todos os cultos se mantiveram, mesmo que praticados às escondidas.
Simplício Oliveira da Fonseca – Bento Gonçalves/RS.