sábado, 11 de julho de 2015

OPINIÃO - ANO XXI - Nº 231 - JULHO 2015


CCEPA - 20 anos com a CEPA
Há 20 anos, em 8 de julho de 1995, oficializava-se o ingresso do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre nos quadros da Confederação Espírita Pan-Americana, dando início a uma nova etapa da histórica atuação do CCEPA no campo do estudo e da difusão do pensamento kardecista.

Antecedentes históricos
A Confederação Espírita Pan-Americana, fundada na Argentina, em 1946, já havia exercido forte influência em alguns meios espíritas brasileiros nos primórdios de suas atividades. Sob os auspícios da Liga Espírita do Brasil (LEB), a CEPA realizou no Rio de Janeiro, em 1949, seu II Congresso Espírita Pan-Americano, evento secretariado por Deolindo Amorim (1906/1984), jornalista, escritor e sociólogo, presidente do Instituto de Cultura Espírita do Brasil (ICEB), que integrava a LEB. Por ocasião do Congresso do Rio de Janeiro, um brasileiro foi eleito para presidir a CEPA, Pedro Delfino Ferreira, que esteve frente à entidade pan-americana de 1949 a 1952.
Entretanto, o movimento de “unificação” do espiritismo brasileiro, iniciado no Rio de Janeiro, naquele mesmo ano, com o chamado “Pacto Áureo”, sob o lema “Deus, Cristo e Caridade”, da Federação Espírita Brasileira, iria redundar no fechamento da Liga Espírita do Brasil. Sedimentava-se o perfil evangélico do espiritismo brasileiro, inspirado na obra mediúnica “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”. Por alguns anos, assim, a visão laica e livre-pensadora de espiritismo, característica da CEPA, foi muito pouco conhecida no Brasil.

O ressurgimento da CEPA no Brasil
Em 1994, o venezuelano Jon Aizpúrua, que no ano anterior havia assumido a presidência da Confederação Espírita Pan-Americana, inicia contatos de intercâmbio com instituições brasileiras que guardassem o mesmo perfil da CEPA. Em circular às casas espíritas brasileiras, Aizpúrua manifestou seu respeito ao movimento espírita brasileiro que, em seus mais amplos segmentos, optara “por uma definição religiosa, particularmente evangélica da Doutrina Espírita”, com as quais a CEPA desejava continuar mantendo relações de amizade e fraternidade. Entretanto, diante da existência de numerosas instituições que não aceitavam a conceituação do espiritismo como religião, preferindo tomá-lo numa concepção científica, filosófica e moral, com sentido progressista e livre-pensador, a circular convidava essas instituições a aderirem à Confederação Espírita Pan-Americana. Em atenção a esse convite, centros espíritas de relevante tradição no meio espírita brasileiro, como o C.E.Allan Kardec (Santos), o Ângelo Prado (Santos), a S.E.E.Herculano Pires (São Paulo) e também o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, entre outros, pediram adesão à CEPA. No caso do CCEPA, sua adesão formal deu-se em 8 de julho de 1995, após visita de Aizpúrua à instituição, registrada na foto onde aparece, ao centro, juntamente com Medran (E) e Jones.

A presença do CCEPA na CEPA
No ano seguinte (1996), uma numerosa delegação do CCEPA compareceria ao XVII Congresso Espírita Pan-Americano, evento no qual, um de seus membros, Milton Rubens Medran Moreira, foi eleito para a 2ª vice-presidência da CEPA. No Congresso seguinte, realizado em Porto Alegre, quando presidia o CCEPA Maurice Herbert Jones, Medran foi conduzido à presidência da CEPA que, assim, passou a ter, por dois mandatos consecutivos (de 2000 a 2008) o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre como sede, sob a secretaria geral de Salomão Jacob Benchaya, exercendo a tesouraria Tereza Samá, todos integrantes da tradicional instituição gaúcha.
O laço a unir CEPA e CCEPA só tem se fortalecido, nesses 20 anos. Em todos os Congressos realizados pela Confederação, assim como nos Encontros e Fóruns promovidos pela Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA, CEPABrasil (entidade fundada em 2003), o Centro Cultural Espírita tem se feito presente, oferecendo sua contribuição intelectual e com numerosas delegações de associados e simpatizantes.





Mudanças que trazem riscos
Narrada linear e cronologicamente, a história do vínculo CCEPA/CEPA aparenta ter se dado de forma serena e indolor. Afinal, nada mais normal do que uma instituição espírita, de tradição e postura genuinamente espíritas, postular e obter adesão a um organismo igualmente espírita, destinado a congregar entidades de todo o continente americano reconhecidamente espíritas.
Uma palavra, no entanto, trazia embaraços a esse tipo de vinculação: religião. Por uma tendência nascida já em suas origens, e, especialmente, por construção coletiva de ideias, a Confederação Espírita Pan-Americana, em sua trajetória, consolidara o entendimento de que não convinha ao espiritismo definir-se como uma religião. Ao invés disso, ao lado de seus aspectos científicos e filosóficos, a CEPA sempre defendeu a presença de um aspecto moral a caracterizá-lo. Apreendera isso da própria obra de Allan Kardec. Esse detalhe, porém, nunca fora uma questão fechada no âmbito da CEPA, que sempre buscou preservar vínculos afetivos e mesmo institucionais com organismos do chamado espiritismo religioso, em respeito aos princípios comuns que os deveriam unir. Exatamente para preservar essa união ela fora fundada, em 1946.
Em contrapartida, por força de uma ideologia de profundas raízes católico/cristãs, adotada pelo movimento espírita brasileiro, negar ao espiritismo a condição de religião afigurava-se como algo tão grave quanto negar os próprios postulados básicos do espiritismo. Não aceitar o espiritismo como religião era o mesmo que não ser espírita. Diante da rigidez desse conceito, não seria fácil a decisão do CCEPA de aderir à CEPA, especialmente por força de seus vínculos históricos com o movimento federativo, tendo dois de seus membros presidido, em época recente, o órgão unificador estadual: Maurice H. Jones e Salomão J.Benchaya. 
As dificuldades internas e externas, que precisamos superar a partir da decisão de integrar os quadros da CEPA, por conta da visão laica e livre-pensadora por esta adotada, não caberiam neste exíguo espaço. Benchaya relatou-as com propriedade no livro “Da Religião Espírita ao Laicismo”: https://drive.google.com/file/d/0B9CFzVtKHMeYWVRFcUJvUVZOenM/edit?usp=drive_web – onde se reporta às reações advindas do movimento espírita religioso que nos baniu da convivência espírita local, rompendo, unilateralmente, os históricos laços institucionais por tantos anos construídos e preservados.
Passados 20 anos, tem-se a sensação de que esse quadro sofreu mudanças. Não de parte das instituições matrizes do espiritismo religioso. Neste momento, por exemplo, comenta-se a guinada sofrida pela Federação Espírita Brasileira ao resgatar conceitos roustainguistas que parecia haver abandonado, mas que voltaram a definir seu perfil místico-religioso (veja-se, a propósito, artigo de Wilson Garcia em http://www.expedienteonline.com.br/no-de-marinheiro/). Inegavelmente, porém, há, no meio espírita não institucionalizado, um número cada vez maior de autênticos livre-pensadores. Estes, naturalmente, superaram a fase religiosa e, lucidamente, contemplam a proposta espírita com o mesmo olhar crítico, progressista e atualizador por nós adotado.  Por trás dessas mudanças, está, sem dúvida, uma forte contribuição da CEPA, bem maior do que seu próprio crescimento institucional, pois que este implica em obstáculos e dificuldades que nem todos estão dispostos a enfrentar. (A Redação)

 


Corrupção e Justiça
“A justiça consiste em dar a cada um o que é seu”.Ulpiano

O Brasil vive período singular de sua história. Bom ou mau? Depende do ângulo pelo qual se veja.
Seria, há bem pouco tempo, inimaginável a presença de tantos grandes empresários, políticos, ex-governantes e parlamentares presos, ou para cumprir penas já aplicadas ou, preventivamente, como garantia de investigações em curso.
Uma forma de ver a questão pode conduzir à conclusão de que nunca houve tanta corrupção e que vivemos período de degradação moral em níveis jamais registrados. Outra, contudo, permite vislumbrar transformações, inspiradas justamente na melhor capacitação de parte do cidadão e da sociedade, de cobrar do poder estatal mais eficiência e efetividade na apuração e responsabilização de seus agentes e daqueles com os quais, em nome do estado, eles se relacionam, diante de práticas moralmente reprocháveis. Práticas, aliás, historicamente toleradas ou mantidas impunes. Muitos dos delitos ora levantados apontam exatamente para essa realidade: o estado até aqui foi leniente com alguns tipos de corrupção, presentes em sua cultura desde os primórdios da história pátria. Ou, no mínimo, manteve-se desaparelhado para essa delicada função, que exige o refinamento da virtude republicana da independência dos poderes e do reconhecimento da igualdade entre seus cidadãos.
Essa última interpretação, mais consentânea com o refletir espírita, sinaliza avanços institucionais e, logo, morais. A indignação, hoje claramente expressa pela sociedade, começa a operar transformações que vão desde o aprimoramento da legislação, ou da efetiva aplicação de estatutos legais já existentes, ao melhor aparelhamento dos organismos públicos na persecução criminal, atingindo a todos, sejam quem forem os transgressores.
A filosofia espírita, nascida em período histórico em que se estruturaram concretamente conquistas do chamado estado de direito, vê o processo civilizatório como evidência de avanço moral da humanidade. Assim, a 3ª parte de O Livro dos Espíritos arrola a lei do progresso, a lei de igualdade e a lei de justiça como leis morais presentes na natureza e incrustadas na própria consciência do ser humano, mas só desenvolvidas e convenientemente aplicadas mediante o avanço civilizatório e na medida em que, no ser humano, “a moral estiver tão desenvolvida como a inteligência.” (questão 791).
O exercício da justiça, numa perspectiva filosófica espírita, alinha-se a antigas tradições humanistas. A clássica figura de uma deusa grega trazendo os olhos vendados e portando em uma das mãos a espada e, na outra, a balança, símbolo milenar da equidade e da isonomia, evoca o ideal ético de se tratar a todos com igualdade, independentemente de seu poderio econômico, de sua posição social ou política. A consciência coletiva de que a justiça, necessariamente, deva ser aplicada cegamente é indício do atingimento de um status civilizatório do qual estivemos distantes, em anteriores períodos.
Há sinais de que temos avançado nessa caminhada, com ênfase para fatos ocorridos nesta última década. A uma coisa, entretanto, devemos estar atentos: é imprescindível vigiarmos para que nossas preferências ou comprometimentos políticos ou ideológicos não incidam no julgamento pessoal que fazemos acerca dos cidadãos envolvidos em todos esses escândalos que vêm à tona. Somos também, de certa forma, como integrantes de uma sociedade que, cada vez mais, se utiliza de mecanismos massivos de comunicação, juízes de cada uma dessas causas. A opinião pública também pesa na balança da deusa grega que simboliza a justiça. Tanto quanto ela, devemos manter os olhos vendados àqueles fatores político-partidários, ideológicos ou corporativos, tendentes a nos levar a juízos discriminatórios, impeditivos de uma justiça que cumpra o preceito universal de se dar a cada um o que é seu.
Nossos posicionamentos pessoais, assim como o justo agir de cada cidadão, são fatores importantes a ditar e a estruturar os padrões de justiça da nação. Todos somos responsáveis.
A figura da deusa grega com os olhos vendados evoca o ideal ético de se tratar a todos com igualdade.







A missa e o passe
De passagem, ouvi a conversa entre duas mulheres: “Não, eu agora não estou mais indo à missa. Vou ao centro espírita todas as semanas tomar um passe.”.
Pelo visto, ela havia trocado de religião. Mas, ao que tudo indica, não teria removido as estruturas mentais que sustentam sua visão de homem e de mundo. E aí é que a coisa pega. Trocar de religião implica, quase sempre, na simples busca de novos fatores externos de ajuda para resolver problemas pessoais. Troca-se a eucaristia católica pelo passe espírita, ou este pela unção de óleos sagrados trazidos de Jerusalém por um pastor evangélico. Há, também, quem aposte em se utilizar de todos, ao mesmo tempo. “Mal não faz”, argumentam. “Todas as religiões são boas”, costumam sustentar.

O espiritismo e as religiões
Qualquer um desses recursos, dependendo das crenças e condicionamentos psicológicos internos do indivíduo, pode, sim, fazer bem. Os tarôs, as runas, os incensos e as ervas, também. Nada é condenável. Crença nenhuma é condenável. Como assinalou Durkheim, todas as religiões respondem, ainda que de maneiras diferentes, a determinadas condições da vida humana. E, por isso, ele afirmava que todas eram verdadeiras.
Mas, o espiritismo está fora desse mundo das crenças e dos favores divinos dispensados a seus fiéis. Allan Kardec escreveu que o espiritismo não se dirigia àqueles que tinham sua religião e estavam com ela satisfeitos. Como novo paradigma de conhecimento, seu objetivo era propor, especialmente, uma nova visão de homem, a partir da realidade e da essencialidade do espírito, sua imortalidade, evolução e comunicabilidade, fatores capazes, igualmente, de gerar uma nova visão de Deus, de mundo e de universo.

Troca de religião  
Os centros espíritas estão cheios de gente que simplesmente trocou de religião. Adotaram a religião espírita ou a praticam concomitantemente com outras religiões, mas se mantêm distanciados da filosofia espírita que é, justamente, o que o identifica e qualifica.
Antes do que oferecer novos sucedâneos de práticas religiosas àqueles que o buscam, o centro espírita deve estar preparado para demonstrar que o espiritismo se destina a libertá-los dessas práticas. Foi também Kardec quem escreveu, e mais de uma vez, que o espiritismo “é uma questão de fundo e não de forma”. Argumenta-se que através da forma se chegará ao fundo. O problema é que quem privilegia a forma dificilmente terá coragem de dispensá-la para optar pelas questões de fundo. Os centros espíritas – dizem – se esvaziariam.

Templo, hospital ou escola?
A mulher que deixou de ir à missa para, semanal e religiosamente, tomar um passe no centro espírita, provavelmente passe o resto da vida sem se dar conta disso. Mas, é possível, que o maior número de autênticos espíritas esteja lá fora, e não no interior dos assim chamados templos espíritas.
A efetiva vivência espírita se dá no interior e não do exterior. Dispensa, inclusive, a frequência ao centro espírita.
Então, é de se perguntar: mas, essa visão não terminaria por fechar todos, ou a maioria dos centros espíritas?
Negativo, desde que houvesse um esforço de fazer do centro espírita não um templo, não um hospital, não um ambulatório, mas uma escola, um ambiente capaz de estimular o debate de ideias e o aprimoramento das virtudes éticas reclamadas pela condição espiritual e humana, um local de convivência fraterna e solidária. Esses fatores, com certeza, são mais eficientes que o passe ou a água fluidificada. E não criam nenhuma dependência. Libertam.



Há 20 anos, exatamente em 08.07.1995, o CCEPA ingressava oficialmente nos quadros da CEPA-Confederação Espírita Pan-Americana.
Alguns fatos que antecederam esse momento histórico merecem ser lembrados.
Desde 1986, quando eu ainda presidia a FERGS, a SELC-Sociedade Espírita Luz e Caridade (depois CCEPA), sob a direção de Maurice Herbert Jones, vinha acelerando um processo de mudança institucional, dentro do chamado “Projeto: Kardequizar”, afastando-se do modelo religiosista, predominante no espiritismo brasileiro.
Em 1991, um novo estatuto transformava a SELC em Centro Cultural Espírita de Porto Alegre e, em 1995, era elaborada a sua Carta de Princípios, depois complementada, em 1999, com novos itens. Um dos princípios dessa Carta estabelece que os trabalhos sejam orientados “exclusivamente para as atividades de estudo, debate, pesquisa e divulgação do espiritismo, objetivos essenciais de um centro cultural espírita.”
Desde a realização do ENSASDE-Encontro Nacional sobre o Aspecto Social da Doutrina Espírita (Santos-SP), em 1985, e da criação do SBPE-Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita por Jaci Régis, em 1989, vínhamos mantendo contato com o chamado “Grupo de Santos” e com o seu Projeto de Espiritização.
Foi no SBPE de 1993 que eu e o Milton Medran tivemos nosso primeiro contato com o recém-eleito presidente da CEPA, o psicólogo venezuelano Jon Aizpúrua, dele recebendo o convite para que o CCEPA aderisse à CEPA.
Nosso pedido de adesão, no ano seguinte, aliado ao fato de havermos organizado, em Porto Alegre, em outubro/95, o IV SBPE, em sua única edição fora de São Paulo, nos custou a suspensão do quadro de filiadas à FERGS, que até hoje perdura.
O CCEPA teve grande importância para a consolidação da presença da CEPA no Brasil, após meio século de ausência. Paulistas e gaúchos formaram a base de sustentação das ideias e ofereceram o apoio logístico necessário ao retorno da Confederação, não sem a resistência e ataques das federações espíritas, notadamente a brasileira e algumas do Sul.
Em um dos primeiros encontros de Jon Aizpúrua com delegados e amigos da CEPA, ocorrido em São Paulo, em outubro/97, o CCEPA recebeu a incumbência de centralizar a coordenação das atividades cepeanas, no Brasil, contando, para isso, com o seu órgão de divulgação OPINIÃO que logo passaria a incluir um encarte – Brasil Espírita, atualmente América Espírita.
Em 1996, no congresso que a CEPA realizava em Buenos Aires, Milton Medran era eleito 2º vice-presidente da CEPA, na chapa de Jon Aizpúrua, e eu era indicado para coordenar a realização do XVIII Congresso Espírita Pan-americano que o CCEPA organizou, no ano 2000.
Nesse histórico evento, cujo tema central “Deve o Espiritismo atualizar-se?” provocou reações e controvérsias, Milton Medran Moreira é eleito presidente da CEPA e sua sede transfere-se para o Brasil até o ano de 2008.
Nos eventos patrocinados pela CEPA e pela CEPABrasil-Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA a presença dos membros do CCEPA é sempre expressiva. Nos eventos da CEPABrasil realizados sob a nossa responsabilidade – o II Encontro Nacional, em Bento Gonçalves (2010) e o VI Fórum do Livre-Pensar Espírita, em Porto Alegre (2014) tivemos, em contrapartida, elevado número de participantes. Documentos importantes como os Estatutos da CEPA e da CEPABrasil, bem como a Carta de Posicionamentos da CEPABrasil, foram elaborados a partir de textos propostos pelo CCEPA.
Nessa trajetória, o CCEPA sofreu profundas modificações. A laicização de suas atividades provocou o afastamento de grande parte de seus integrantes, mais identificados com  práticas e posturas religiosas.
Abandonamos práticas socorristas e investimos na cultura espírita. Através de cursos básicos de espiritismo, abertos à comunidade, atraímos um novo tipo de frequentador, interessado no conhecimento espírita. No próximo ano, quando o CCEPA completará 80 anos, será realizado um Curso de Mediunidade no Espiritismo, findo o qual, certamente, se constituirá um novo grupo de estudos na instituição.
Aos poucos, reduzimos o número de reuniões públicas. A única restante é, na verdade, um grupo de conversação que, nas 6as. Feiras, à tarde, realiza o estudo analítico de “O Livro dos Espíritos”, numa perspectiva de atualização. Junto com os três outros grupos de estudo, o CCEPA tem um total de meia centena de integrantes associados.
Com esse pequeno contingente, conseguimos estruturar uma equipe de trabalhadores afinada e uma perfeita identidade ideológica com o projeto da CEPA, num clima harmonioso e alegre, possibilitando a abordagem dos mais diversos temas sob a ótica espírita, sem nenhuma sacralização e, até, com alguma irreverência.
Hoje o programa do CCEPA observa, à risca, finalmente, o estabelecido no tópico de sua Carta de Princípios que destaquei acima.
Um bom exemplo – acredito - dos pequenos grupamentos preconizados pelo fundador do espiritismo, inspirado nos ideais do livre pensamento, da laicidade, do humanismo e do pluralismo da CEPA.








Uma tarde de integração no CCEPA
A tarde de 1º de julho, no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, foi reservada para uma atividade de integração entre novos estudiosos e colaboradores da instituição com seus dirigentes e colaboradores mais antigos.
Desde maio deste ano, um novo grupo de CIBEE – Ciclo Básico de Estudos Espíritas, está em atividade no CCEPA, coordenado por Dirce Teresinha de Carvalho Leite e Marcelo Cardoso Nassar, após a conclusão de um Curso Básico de Espiritismo, aberto ao público, composto de cinco módulos. Findo o curso, os interessados em permanecer na Casa constituíram um novo grupo de estudos regulares, que continuam se reunindo às quartas-feiras, a partir das 15 horas, sob a coordenação de Dirce e Marcelo.
Com uma breve exposição sobre a história do CCEPA e sua integração à Confederação Espírita Pan-Americana, CEPA, o presidente Milton Medran Moreira e o diretor do Departamento Doutrinário, Salomão Jacob Benchaya, fizeram, naquela tarde, uma mesa redonda com os novos integrantes da instituição, onde expuseram a linha de pensamento que une a tradicional instituição espírita da Rua Botafogo ao movimento internacional coordenado pela CEPA.
Depois dessa atividade, os participantes da reunião confraternizaram com um chá, acompanhado de salgadinhos e doces, servido nas dependências da Casa.
Medran, Benchaya e Marcelo Nassar e à direita parte do auditório com os novos integrantes
   
CCEPA prepara delegação para o SBPE
Um grupo de integrantes do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre está formando delegação que participará do XIV Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita (Santos/SP – 31/10 a 1º/11). Interessados em integrar o grupo podem se informar com Milton ou Eloá. Informações sobre o evento, no encarte América Espírita.







Ensino religioso em escolas públicas
Perfeita a análise do editorial de junho. A LDB produz ambiguidade porque prevê certa modalidade “confessional” de ensino religioso, o que contraria o princípio constitucional da laicidade do Estado. Também apresenta a LDB, a meu ver, um problema que só poderá ser solucionado com a regulamentação da profissão de professor de ciência da religião. Já existem licenciaturas na área em algumas universidades. Necessita-se, agora, uma modificação na lei, para que o conteúdo de “ensino religioso”, permanecendo facultativo, seja obrigatoriamente lecionado por quem possuir habilitação e não por “representantes de tradições religiosas”. Outro ponto é que a legislação precisa se estender para as escolas privadas confessionais: escolas católicas protestantes, católicas, etc. E não se restringir apenas à escola pública.
Augusto Araujo - Campina Grande PB.
           
Ensino religioso em escolas públicas (2)
Muito esclarecedor o editorial do CCEPA-Opinião. Mas, o assunto é complexo, o que certamente motivou a ação da PGR, principalmente tendo em vista o “Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé, relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, assinado em 13.11.2008, reconhecendo acordos e concessões esparsos já existentes entre as partes.
Espero que no fim o Estado brasileiro vencerá qualquer demanda no sentido de assegurar o caráter laico em seu território, mas entendo que essas questões religiosas são sempre complexas, por envolverem (no caso dos católicos) inclusive aspectos diplomáticos, além dos políticos. Penso que a Procuradoria Geral da República, com a ação proposta, quer uma definição relativamente a tais dificuldades, prevenindo futuros impasses e até demandas, tanto da Igreja quanto dos fiéis.

Homero Ward da Rosa – Pelotas/RS.