O
Céu e o Inferno – 150 anos
Um livro contra o
niilismo
e a fé cega
Há um século e meio, Allan Kardec lançava “O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo”. Na obra, o fundador do espiritismo aborda, na teoria e na prática, a questão da sobrevivência à morte física e as sensações – boas ou más – experimentadas pelo espírito, após a desencarnação.
O
lançamento
“Le
Ciel et l’Enfern”
chegou às livrarias de Paris no dia 1º de agosto de 1865. Na edição de setembro
da Revista Espírita, mensário por ele
dirigido, Allan Kardec assim resumiu
o conteúdo da obra: “o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida
corporal à vida espiritual, as penas e recompensas futuras, os anjos e os
demônios, as penas eternas, etc.; seguido de numerosos exemplos sobre a
situação real da alma durante e após a morte”.
Combate
ao materialismo
Desde seu capítulo inicial, “O Porvir e o
Nada”, “O Céu e o Inferno” deixa
claro seu objetivo essencial: o combate ao materialismo. Sustentando não haver
nada mais desesperador do que “o pensamento da destruição absoluta”, Kardec vê
o niilismo como “uma doutrina insensata e antissocial”, pois que “rompe os
verdadeiros laços de solidariedade e fraternidade em que se fundam as relações
sociais”. Para ele, o espiritismo “vem opor um dique à difusão da
incredulidade, não somente pelo raciocínio, não somente pela perspectiva dos
perigos que ela acarreta, mas pelos fatos materiais, tornando visíveis e
tangíveis a alma e a vida futura”.
Religião
– causa da incredulidade
Na parte inicial da obra, Kardec também faz
dura crítica à religião e seus dogmas sobre céu, inferno e penas ou recompensas
eternas, “apropriadas, no seu começo, aos conhecimentos limitados do homem”.
Argumenta, entretanto, que se a religião “tivesse acompanhado sempre o
movimento progressivo do espírito humano, não haveria incrédulos, porque está
na própria natureza do homem a necessidade de crer, e ele crerá desde que se
lhe dê o pábulo espiritual de harmonia com as suas necessidades espirituais”.
Após o enfoque doutrinário sobre temas como
céu, inferno, anjos e demônios, numa perspectiva filosófica espírita, Kardec
ocupou-se, na segunda parte da obra, de comunicações mediúnicas ditadas por
diferentes categorias de espíritos (felizes, infelizes, medianos, arrependidos,
suicidas, etc.), depondo acerca das condições em que chegaram ao mundo
espiritual.
Materialismo – um combate gradual
Crítico do materialismo que, em seu século,
ganhou foros de ciência e de ideologia política, Allan Kardec, no entanto,
guardava sérias dúvidas de que alguém, honestamente, pudesse interpretar o
universo e a vida a partir de um viés inteiramente materialista.
O autor de “O Céu e o Inferno”, no primeiro
capítulo da obra, registrou que “na maioria dos incrédulos, há mais jactância
do que verdadeira incredulidade, mais dúvida que convicção”, e que “incrédulos
absolutos se contam por ínfima minoria”.
Atribuindo à própria religião a causa do
materialismo, por não haver esta acompanhado o progresso do conhecimento,
Kardec reservava ao espiritismo a tarefa de sintetizar “as opiniões divergentes
ou flutuantes”, trazendo gradualmente “a unidade de crenças sobre esse ponto (a
sobrevivência do espírito), não já baseada em simples hipótese, mas na
certeza”. Antevia nessa síntese espírita “a unificação relativamente à sorte
futura das almas”, e que isso seria “um passo imenso para a tolerância
religiosa, em primeiro lugar, e, mais tarde, para a completa fusão”.
Teria o espiritismo falhado nessa tarefa que
lhe atribuiu seu fundador? Provavelmente sim, na medida que optou em se
apresentar como mais uma religião, contrariando a expressa recomendação de seu
criador. Provavelmente não, na medida em que se capacite a sintetizar as
múltiplas, e cada vez mais polifacetadas experiências, no campo da ciência, da
filosofia e das emoções humanas, extraindo delas as bases de um novo paradigma
de conhecimento, realmente revolucionário e inovador, dotado de método e
linguagem a todos acessíveis.
O desafio é imenso. Mas, um século e meio
depois, continua sendo este o grande objetivo do espiritismo: demonstrar ao ser
humano sua condição essencial de espírito imortal. Debelando de forma gradual o
materialismo, meta não atingida pela religião, o espiritismo estaria dando
cumprimento a seu verdadeiro e fundamental papel histórico. Parece pouco, mas
disso pode resultar uma nova era para a humanidade. (A Redação)
Religião – para o bem e para o mal
“A democracia requer que pessoas motivadas
religiosamente traduzam suas preocupações para valores universais, não
determinados pela religião.” (Barack Obama,
em “A Audácia da Esperança”)
Ao fim da longa audiência pública do Supremo
Tribunal Federal, em 15 de junho, o ministro Luís Roberto Barroso, em tom
bem-humorado, e no mesmo clima de cordialidade que envolvera o ato reunindo
entidades religiosas e laicas, fez o seguinte registro: “A religião pode ser
usada para o bem e pode ser usada para o mal. Constantino converteu-se ao
cristianismo, deixou de adorar o deus sol, mas matou o filho mais velho, matou
o cunhado, e ferveu a mulher em água quente”.
A audiência houvera sido convocada por
Barroso como relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4439) na qual
a Procuradoria Geral da República questiona o ensino religioso confessional nas
escolas públicas. A decisão do STF ainda não proferida, no momento em que é
escrito este editorial, por certo levará em conta subsídios oferecidos, na
audiência, pelas entidades que ali se manifestaram.
O tema já foi objeto de outro editorial deste
mensário (edição n. 230). Consignamos, ali, que da Federação Espírita
Brasileira, uma das entidades convidadas para a audiência, era de se esperar
“posição firme de apoio à demanda do Ministério Público Federal”, em
consonância com a postura histórica adotada desde o Século XIX pelo espiritismo
em favor da laicidade do Estado e a da não ingerência da fé religiosa em temas
da esfera pública.
Por dever de justiça, estamos retornando ao
assunto para louvar a impecabilidade da manifestação da FEB, na audiência
pública. Representada, no ato, pelo professor Álvaro Chrispino, a chamada “casa
mater” do espiritismo brasileiro defendeu o ensino não confessional nas escolas
públicas, sustentando que o “ensino religioso, de matrícula facultativa”,
previsto no artigo 210,§ 1º, da Constituição Federal, deve, na
verdade, focar-se no ensino da moral, da ética e na formação do indivíduo
social.
Com esse posicionamento, a FEB ratificou,
aliás, histórica decisão de seu Conselho Federativo Nacional, de janeiro de
1951, onde, expressamente, aconselhava os espíritas “a se absterem de pleitear
a inclusão do ensino do Espiritismo nas escolas oficiais”. Observe-se, a
propósito, que a resolução acima, aparentemente, adotava postura contrária
àquela sugerida pelo livro “Religião”, de Carlos Imbassahy, editado pela
própria FEB. A obra, recorde-se, defendia ardorosamente a condição de religião
do espiritismo e fora escrita em resposta a decisão do Diretor de Ensino do
Estado de São Paulo, em 1938, que, por não considerar o espiritismo uma
religião, escudado em conceitos retirados das obras de Allan Kardec, negava o
pleito de um grupo de pais espíritas que requeriam fosse a doutrina espírita
ministrada nas escolas públicas, como o eram outras crenças, à luz da então
vigente Carta Magna de 1934.
Embora siga defendendo ser o espiritismo uma
religião, a FEB, diferentemente das igrejas cristãs, não pleiteia espaço de
difusão de suas crenças em escolas públicas, e o faz em respeito ao princípio
da laicidade do Estado. Trata-se de posicionamento correto, especialmente nesta
quadra de nossa história política, onde se observa, com preocupação, uma
exagerada ingerência religiosa nas questões do Estado, num retrocesso em sentido
claramente oposto às ideias republicanas da modernidade. Religião, reafirme-se,
é questão de foro íntimo. Como muito bem sinalizou o ilustre ministro do STF, a
quem caberá relatar a ADI 4439, às religiões a História debita ou credita a
responsabilidade por abomináveis crimes ou por contribuições moralmente
importantes. Entretanto, de há muito superamos o tempo em que a fé,
frequentemente irracional, se sobrepunha ao Estado e à cidadania. Estes,
necessariamente, devem ter suas políticas fundadas na racionalidade a que estão
vinculados valores como educação, direito e justiça.
Laranja-do-céu
Sabe aquela laranja muito doce, conhecida em
outras partes do Brasil como laranja-lima ou laranja-serra-d’água? Cá no Sul,
nós a chamamos de laranja-do-céu. Costumo comprá-la na feira livre que
frequento, aqui em Porto Alegre. Dias atrás, escolhi algumas, coloquei-as na
sacola e as entreguei para pesar. Para identificá-las melhor em relação a
outras de preços diferentes, fui avisando o vendedor: “É daquelas para onde a
gente vai depois de morrer”. Bem humorado, como são geralmente os feirantes,
ele foi logo respondendo: “Não sei não, se a gente vai pra lá. É que as leis
tão sempre mudando. Só esperando pra ver”.
O Céu e
o Inferno
O livro de Allan Kardec, “O Céu e o Inferno”,
que completa 150 anos de lançamento, se outras qualidades não tivesse, esta já
o distinguiria: abordou a questão da sobrevivência do espírito e as diferentes
sensações por este vivenciadas, a partir da transição do mundo material para o
espiritual, com grau de racionalidade nunca utilizado pelas religiões. Na base
de tudo, está a lei de causa e efeito.
O principal mérito da obra lançada em 1865
foi o de deslocar o tema do âmbito das religiões - cujas regras são instáveis
no tempo e no espaço, além de contraditórias entre si - para o domínio da
consciência individual do sujeito. Ou seja: se algo sobrevive ao corpo físico
e, em outra dimensão, recebe o que as religiões chamaram de recompensas ou
castigos, essa responsabilização não há de se dar pela crença nestes ou
naqueles dogmas de fé, mas, fundamentalmente, pelo bem ou pelo mal que o
indivíduo praticou em sua passagem terrena.
O que
está mudando
Ouvindo de meu vendedor de laranjas a
observação de que as leis estão mudando, e que, por causa disso, já não tem
certeza da conquista do céu, imaginei-o atravessando uma crise religiosa.
Talvez tenha alimentado por muito tempo crenças hoje não mais sustentadas
sequer pela própria religião que, no passado, as proclamava. Artigos de fé,
ontem credenciais para o céu, se esfumaram em lendas, mitos, ou meras
alegorias.
Quando ouço do atual Papa conceitos sobre a
imprescindibilidade da aceitação do diferente, revogando anátemas ontem
lançados contra o homossexual, o divorciado, o crente de outra fé, o descrente,
etc., ou quando ele chama a atenção para a responsabilidade individual e
coletiva em temas como solidariedade, meio-ambiente, distribuição de renda,
igualdade e justiça social, anima-me a esperança de que, finalmente, as
religiões, todas, concluam que o céu nada mais é do que a sensação pelo
cumprimento do bem, e o inferno não passa do remorso pela prática do mal.
O
imutável
Imutável mesmo só é o conceito de que a
prática do bem produz felicidade e que o mal traz sofrimento. As religiões
inventaram rituais, prescreveram penitências e pregaram a necessidade da fé,
para o espírito livrar-se do inferno e ganhar o paraíso. A sesquicentenária
obra de Kardec que se ocupou do tema aponta um caminho de três etapas ao
espírito atormentado pela culpa: o arrependimento, a expiação e a reparação.
Arrepender-se é ato subjetivo que ninguém pode delegar a ninguém, nem a Deus,
nem a anjos, a santos ou espíritos superiores. Expiar é aceitar e administrar,
conscientemente, o sofrimento como consequência natural do erro praticado.
Reparar é atuar objetivamente em favor das pessoas ofendidas ou dos valores
violados.
“O Céu e o Inferno”, valendo-se da própria
terminologia das religiões, dessacraliza o céu e “dessataniza” o inferno,
situando-os no único lugar onde eles realmente existem: a consciência íntima do
ser.
Grave Equívoco Doutrinário
Aureci Figueiredo Martins – espírita,
bacharel em Direito/UFRGS, Porto Alegre.
No movimento espírita, especialmente no
brasileiro, construiu-se um viés deformador do verdadeiro caráter da doutrina
espírita, codificada por Allan Kardec. Com efeito, o chamado “aspecto
religioso” é uma distorção doutrinária nascida por influência de adeptos que trazem,
para dentro dos arraiais espíritas, resquícios das crenças dogmáticas que
professaram em suas vivências pregressas, recentes ou remotas.
Este grave desvio doutrinário tem origem no
equívoco de considerar-se Jesus um líder religioso, fundador das chamadas
“religiões cristãs”, quando, na verdade, o Mestre foi um filósofo peripatético,
possuidor de grande sabedoria e admiráveis dotes mediúnicos, e que teve, como
inimigos e perseguidores, os religiosos de sua época, afeitos a cultos e
rituais espetaculosos (e lucrativos). A estes falsos profetas, Jesus se referiu
como “sepulcros caiados” ou “cegos que guiam cegos”...
Por oportuno, cabe lembrar, que, justamente
na introdução d’O Evangelho segundo o Espiritismo, Kardec assim intitulou o
cap. IV: “Sócrates e Platão, precursores
da ideia cristã e do Espiritismo” e, a seguir, os ensinos morais de Jesus
são analisados, comentados e interpretados racionalmente à luz dos postulados
espíritas.
Fica, assim, evidente que o Espiritismo faz
uma abordagem filosófica, crítica e epistemológica dos fundamentos doutrinários
das religiões em geral, fato que o torna inconfundível com nenhuma delas. Com
efeito, não possuindo dogmas, sacerdotes ou pastores remunerados, e tampouco
adotando rituais ou cultos exteriores, cobrança de dízimo ou aceitação de
quaisquer outros tipos de remuneração pelos serviços que presta aos que o
procuram, as instituições realmente espíritas constituem-se como escolas de
assuntos espirituais.
Evolucionista, a doutrina espírita defende a
tese reencarnacionista, que esclarece os porquês das diferenças
biopsicossociais existentes entre os indivíduos, aclarando o entendimento da
infinita misericórdia do Criador, que não condena suas criaturas a penas
infernais, irremissíveis ou eternas, pois que, ao contrário, viabiliza-lhes a
evolução ascendente mediante múltiplas vidas sucessivas, tantas quantas se lhes
fizerem necessárias à conquista do nível de expansão consciencial que, um dia,
nos liberará da necessidade de animar corpos carnais.
Quanto à fé cega propriamente dita, mãe de
históricos mandos e desmandos sectários, aquela que manda crer cegamente em
dogmas que não resistem ao crivo de uma análise lógica, além de considerá-la
falta de respeito à própria inteligência, vemo-la tipificada como solerte
obsessão no item 239 d’O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.
Com efeito, o sábio filósofo galileu, a
partir do quarto século da chamada “era cristã”, passou a ser mitificado e
endeusado desde que o Imperador Constantino I conclamou o Concílio de Nicéia
(325 d.C.) e nele se estabeleceram as bases de uma religião, dogmática e
ritualística, para substituir o culto aos deuses do então já decadente paganismo
romano. Essa crença em dogmas irracionais, antítese do “conhecimento que
liberta” preconizado por Jesus, foi imposta a ferro e fogo durante séculos
pelos autoproclamados “representantes de Deus na Terra” no que hoje se estuda
como “cristianismo histórico”, expressão caricata da doutrina amorosa e
libertária ensinada e vivenciada por Jesus.
Excetuadas algumas (poucas) denominações
religiosas, as religiões “cristãs” ainda hoje prescrevem a crença cega, bem
como a salvação pela fé ou pela graça, esquecidas de que Jesus declarou que
cada um recebe “conforme suas obras”,
ou seja, pelo que faz ou deixa de fazer.
Apegadas ao Antigo Testamento, muitas
religiões ainda pregam o temor a Deus e a crença no demônio, em franco
confronto com o “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si
mesmo” do excelso Mestre.
A bem da clareza, cabe frisar que não
menoscabamos a figura excelsa de Jesus, pois que entendemos a consoladora
filosofia espírita como o próprio Evangelho do Mestre, restaurado e
interpretado em espírito e verdade. Igualmente, lembremos o que consta do item
625 d’O Livro dos Espíritos, no qual Kardec formula a seguinte indagação aos
Espíritos Superiores: “Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao
homem, para lhe servir de guia e modelo?”, e a resposta deles é direta e incisiva: “Vede Jesus”. E
Kardec acrescenta: “Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral
a que a Humanidade pode aspirar na Terra (...)”.
Por estas e outras
razões aqui omitidas, ficamos com Kardec, que esclarece no seu terceiro
diálogo do livro “O que é o Espiritismo”:
"O Espiritismo é, antes de tudo, uma ciência e não se ocupa de questões
dogmáticas. Esta ciência tem consequências morais, como todas as ciências
filosóficas. (...) Seu verdadeiro caráter é, portanto, o de uma ciência e não o
de uma religião”.
Um olhar sobre “O Céu e o Inferno”
Durante o presente mês de agosto, em
homenagem aos 150 anos de lançamento de “O Céu e o Inferno” (Allan Kardec,
Paris/1865), os grupos de estudos do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre
dedicarão um espaço especial, em suas reuniões, para o estudo daquela obra à
qual Kardec deu o subtítulo de “A Justiça Divina Segundo o Espiritismo”.
Na foto, em uma de suas reuniões de todas as
quartas-feiras (15h), o Grupo de CIBEE – Ciclo Básico de Estudos Espíritas -,
coordenado por Marcelo Cardoso Nassar e
Dirce Terezinha de Carvalho Leite. O
mais novo grupo de estudos do CCEPA resultou de um Curso Básico de Espiritismo,
ministrado na instituição, em março último. Interessados em estudar
regularmente a doutrina espírita permaneceram na instituição, formando o grupo
que segue aberto a novas adesões.
Sexta é
dia de “O Livro dos Espíritos”
Em reunião inteiramente aberta ao público,
mesmo sem o compromisso de comparecimento regular, todas as sextas-feiras, às
15h, acontece no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, um estudo analítico,
questão por questão, de “O Livro dos Espíritos” (Allan Kardec, Paris/1857),
obra fundamental da filosofia espírita.
O trabalho é coordenado por Salomão Jacob Benchaya, diretor do
Departamento Doutrinário do CCEPA, e tem a participação de Maurice Herbert Jones, como debatedor das questões estudadas,
sempre numa perspectiva atualizada, livre-pensadora e aberta a contribuições de
outras áreas do pensamento.
Opinião
do Leitor
Parabenizamos
o nobre escritor Medran, pela clareza de raciocínio nos textos de Opinião em
Tópicos (edição maio/2015).
“Cada
espírito permanece exatamente no patamar construído por seu próprio psiquismo.
Está na hora de exorcizarmos da reflexão espírita um pouco da culpa
judaico-cristã, substituindo-a por noção de responsabilidade”, conclui o texto.
Na
realidade, somos os construtores de nosso destino, num processo infinito. Nada
de céu e inferno – com suas fantasias – e tantas outras ‘propagandas
enganosas’ elaboradas pela Teologia. Tudo ocorre no foro íntimo da consciência. “O Universo e a vida têm complexidade
suficiente. Não precisamos importar a complexidade inventada da teologia”
(Dawkins: Veja 27 de maio, 2015). Em nosso livro O Código Penal dos
Espíritos – a justiça do Tribunal da consciência, no qual citamos, em
vários momentos, o articulista, dizemos: Somos os nossos próprios juízes,
promotores e advogados, diante das Leis do Universo. Pela nossa ótica, o julgamento
se dá no plano da consciência, sempre em consonância com o despertar do
entendimento, e ocorre no foro íntimo de cada criatura, de acordo com o grau de
evolução. Independe, portanto, de local especial ou de tempo determinado, para
que esta justiça funcione, quer o Espírito esteja no corpo físico quer fora
dele, pois cada um é julgado por si mesmo, mediante a consciência de seus
erros. No dizer de Emmanuel (Fonte Viva, lição 160): “Não é preciso
atravessar a sombra do túmulo para encontrar a justiça face a face. Nos
princípios de causa e efeito, achamo-nos incessantemente sob a orientação dela,
em todos os instantes de nossa vida”.
Com
nosso abraço, agradecido.
José
Lázaro Boberg – Jacarezinho/PR.