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TRANSCOMUNICAÇÃO NA UNIVERSIDADE
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Pesquisadora Sonia Rinaldi prepara-se para apresentar tese de mestrado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo sobre transcomunicação. Em entrevista, sustenta que não há fenômeno mais concreto para comprovar cientificamente a vida após a morte do que a transcomunicação instrumental.
O que é transcomunicação
A paulistana Sonia Rinaldi, que há mais de 20 anos, pesquisa o fenômeno, conceitua a transcomunicação instrumental como “um recurso que permite a comunicação entre encarnados e desencarnados por meio de aparelhos eletrônicos” (entrevista publicada no site do Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas, maio/2005 – http://www.ibp.org.br/br/). Segundo afirmava na entrevista, a transcomunicação “pode ser utilizada como prova científica de que realmente a morte não existe”.
Para Sonia e seus colaboradores do Instituto de Pesquisas Avançadas em Transcomunicação Instrumental, segundo consta em ampla reportagem recentemente publicada na revista eletrônica Nova E -http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1242 – “o assunto nada tem a ver com religião, apesar de falar em vida após a morte”. Por isso mesmo, Sonia se mostra otimista com a oportunidade agora surgida. Ela vai defender, a partir deste ano, uma tese de mestrado na PUC – Pontifícia Universidade Católica, de São Paulo, na qual pretende comprovar que, após a morte do corpo físico, a consciência sobrevive.
Pesquisadora Sonia Rinaldi prepara-se para apresentar tese de mestrado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo sobre transcomunicação. Em entrevista, sustenta que não há fenômeno mais concreto para comprovar cientificamente a vida após a morte do que a transcomunicação instrumental.
O que é transcomunicação
A paulistana Sonia Rinaldi, que há mais de 20 anos, pesquisa o fenômeno, conceitua a transcomunicação instrumental como “um recurso que permite a comunicação entre encarnados e desencarnados por meio de aparelhos eletrônicos” (entrevista publicada no site do Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas, maio/2005 – http://www.ibp.org.br/br/). Segundo afirmava na entrevista, a transcomunicação “pode ser utilizada como prova científica de que realmente a morte não existe”.
Para Sonia e seus colaboradores do Instituto de Pesquisas Avançadas em Transcomunicação Instrumental, segundo consta em ampla reportagem recentemente publicada na revista eletrônica Nova E -http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1242 – “o assunto nada tem a ver com religião, apesar de falar em vida após a morte”. Por isso mesmo, Sonia se mostra otimista com a oportunidade agora surgida. Ela vai defender, a partir deste ano, uma tese de mestrado na PUC – Pontifícia Universidade Católica, de São Paulo, na qual pretende comprovar que, após a morte do corpo físico, a consciência sobrevive.
A tese
Na entrevista, concedida ao jornalista Manoel Fernandes Neto, a pesquisadora sustenta que “nenhum fenômeno é mais concreto - e, portanto, suscetível de toda sorte de análises e investigação, como requer a Ciência - do que a Transcomunicação Instrumental – ou seja, a comunicação com o Outro Lado da Vida através de gravações em computador e vídeo”.
Sônia classifica o fato de sua tese haver sido aceita na PUC como uma “nova rota para nossa pesquisa”, pois “levar a Transcomunicação ao meio acadêmico é coisa que jamais ocorreu na História”. A tese terá por título “Transcomunicação: Interconecctividade entre Múltiplas Realidades e a Convergência de Ciências para a Comprovação Científica da comunicabilidade Interplanos.
Sônia classifica o fato de sua tese haver sido aceita na PUC como uma “nova rota para nossa pesquisa”, pois “levar a Transcomunicação ao meio acadêmico é coisa que jamais ocorreu na História”. A tese terá por título “Transcomunicação: Interconecctividade entre Múltiplas Realidades e a Convergência de Ciências para a Comprovação Científica da comunicabilidade Interplanos.
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Um estudo multidisciplinar
Relata Sonia Rinaldi que enfrentou sérias dificuldades para alcançar esse objetivo: “Chegaram a me chamar na PUC para eu mudar minha tese, mas não aceitei”, diz.
Afirma que sua proposta é de uma “megatese multidisciplinar”, com a participação de engenheiros, físicos e matemáticos – todos com doutorado, para que eles e não a autora da tese avaliem, dentro dos parâmetros requeridos pela ciência, que o fenômeno é real: “A minha parte é levantar a ocorrência do fenômeno – a deles será endossar a autenticidade e – dentro das possibilidades –, tentar explicá-lo”, justifica.
Sonia Rinaldi vai apresentar tese de mestrado sobre transcomunicação na PUC de São Paulo.
Afirma que sua proposta é de uma “megatese multidisciplinar”, com a participação de engenheiros, físicos e matemáticos – todos com doutorado, para que eles e não a autora da tese avaliem, dentro dos parâmetros requeridos pela ciência, que o fenômeno é real: “A minha parte é levantar a ocorrência do fenômeno – a deles será endossar a autenticidade e – dentro das possibilidades –, tentar explicá-lo”, justifica.
Sonia Rinaldi vai apresentar tese de mestrado sobre transcomunicação na PUC de São Paulo.
Para saber mais:
O site oficial do Instituto de Pesquisas Avançadas em Transcomunicação Instrumental é http://www.ipati.org/.
- A entrevista completa com Sônia Rinaldi pode ser lida em http://www.novae.inf.br/ .
O site oficial do Instituto de Pesquisas Avançadas em Transcomunicação Instrumental é http://www.ipati.org/.
- A entrevista completa com Sônia Rinaldi pode ser lida em http://www.novae.inf.br/ .
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NOSSA OPINIÃO
Tempo de quebrar preconceitos
Há um século e meio atrás, quando, na França, editava seus livros e a Revista Espírita, Allan Kardec guardava a convicção plena de que, em poucos anos, graças à pratica da mediunidade, acompanhada esta por um sério estudo dos homens de ciência, o fenômeno da sobrevivência do espírito haveria de estar cientificamente comprovado.
O período situado entre o fim do Século XIX e todo o Século XX foi pródigo em fenômenos mediúnicos e não foram poucos os homens de ciência que sobre eles se debruçaram, pessoalmente abonando sua autenticidade. Crookes, Zöllner, Myers, Aksakov, Bozzano, Geley, Guimarães Andrade e dezenas de outros, enfrentando, alguns, sua própria inicial incredulidade, acabaram por reunir provas cabais da ocorrência da comunicação entre os planos material e espiritual. Nem por isso a ciência deixou de ser materialista.
Por força do paradigma ainda vigente, questões que dizem com a vida após a morte são relegadas ao domínio da fé, insuscetíveis de serem examinadas à luz da pesquisa científica. O espírito e suas manifestações, por uma arbitrária decisão da contemporaneidade, estão engessados à religião, e os próprios religiosos fazem questão que assim o seja, aprisionando no domínio de suas mais íntimas crenças os temas que se convencionou definir como sagrados. Sobre eles não devem incidir nem a razão, nem a experiência científica.
O trabalho de Sonia Rinaldi na PUC São Paulo, não mais pela mediunidade convencional, mas pela intervenção direta dos espíritos via equipamentos eletrônicos, é mais uma tentativa de furar esse bloqueio. Conseguirá? Einstein afirmou ser mais fácil quebrar um átomo do que um preconceito. O átomo já foi quebrado, dividido e subdividido. Estará chegando a hora de quebrar o preconceito ainda vigente relativo ao espírito?
(A Redação)
O período situado entre o fim do Século XIX e todo o Século XX foi pródigo em fenômenos mediúnicos e não foram poucos os homens de ciência que sobre eles se debruçaram, pessoalmente abonando sua autenticidade. Crookes, Zöllner, Myers, Aksakov, Bozzano, Geley, Guimarães Andrade e dezenas de outros, enfrentando, alguns, sua própria inicial incredulidade, acabaram por reunir provas cabais da ocorrência da comunicação entre os planos material e espiritual. Nem por isso a ciência deixou de ser materialista.
Por força do paradigma ainda vigente, questões que dizem com a vida após a morte são relegadas ao domínio da fé, insuscetíveis de serem examinadas à luz da pesquisa científica. O espírito e suas manifestações, por uma arbitrária decisão da contemporaneidade, estão engessados à religião, e os próprios religiosos fazem questão que assim o seja, aprisionando no domínio de suas mais íntimas crenças os temas que se convencionou definir como sagrados. Sobre eles não devem incidir nem a razão, nem a experiência científica.
O trabalho de Sonia Rinaldi na PUC São Paulo, não mais pela mediunidade convencional, mas pela intervenção direta dos espíritos via equipamentos eletrônicos, é mais uma tentativa de furar esse bloqueio. Conseguirá? Einstein afirmou ser mais fácil quebrar um átomo do que um preconceito. O átomo já foi quebrado, dividido e subdividido. Estará chegando a hora de quebrar o preconceito ainda vigente relativo ao espírito?
(A Redação)
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Editorial
ESPIRITISMO - UMA DENOMINAÇÃO ADEQUADA
Editorial
ESPIRITISMO - UMA DENOMINAÇÃO ADEQUADA
O nome é em certo sentido a própria coisa; dar nome às coisas é conhecê-las e apropriar-se delas; a denominação é o ato da posse espiritual. (Miguel de Unamuno)
Não é de hoje que os estudiosos e cultivadores do espiritismo preocupam-se com o imenso caudal de distorções a que foi ele submetido. Criado como uma “ciência que trata da natureza, origem e destino do espírito e de suas relações com o mundo material” (Definição de Allan Kardec em “O que é o Espiritismo”), o espiritismo chamou a si, para dele ocupar-se como uma realidade cientificamente observável e comprovável, o fenômeno do espírito, suas manifestações e consequências.
Fazer ciência, diversamente do que praticar uma religião, exige, acima de tudo, liberdade de pensamento e de ação, distanciamento de dogmas e preconceitos de qualquer espécie. Por isso mesmo, a liberdade foi um valor destacado e prestigiado em toda a obra de Kardec. Como tantas vezes afirmou, o espiritismo não seria um fechado sistema de fé, mas um campo aberto à investigação que, no entanto, em momento algum, poderia distanciar-se da ética, do bom-senso e da razão, consubstanciados na lei natural.
Contudo, as questões alusivas ao espírito, por força das crenças e dos mitos que historicamente o cercaram, sempre foram, e continuam sendo, um terreno fértil para nele medrarem o misticismo, as crendices e práticas as mais esdrúxulas e irracionais. O espiritismo não ficou infenso a esse tipo de influência, fácil de nele penetrar até mesmo em razão de sua qualificação como um movimento livre-pensador. Por conta da interpretação de que, ao lado de seus reconhecidos aspectos científico e filosófico, poderia nele se vislumbar também um aspecto religioso, transformaram-no simplesmente em mais uma seita cristã. Herculano Pires, eminente pensador espírita brasileiro, registra em seu “Curso Dinâmico de Espiritismo”: “O que impediu a expansão do Espiritismo na Europa do século passado (Séc.XIX), de maneira a poder renovar a velha concepção de mundo ainda dominante, foi simplesmente seu aspecto religioso. Como o Cristianismo Primitivo, o Espiritismo foi acolhido com ansiedade pelas camadas pobres da população que o converteram por toda a parte numa nova seita cristã”.
Exatamente por constatarem e lamentarem essa triste distorção, honestos e irrequietos pensadores espíritas, em diferentes momentos, chegaram a propor alguns neologismos, substitutivos da palavra “espiritismo”, para melhor qualificar esse movimento de ideias que, bem mais do que uma ciência, se desenvolveu - de acordo com o que, aliás, pretendia Kardec - como uma nova e sempre progressiva e progressista visão de universo, de homem e de mundo. Cada vez, entretanto, que se somam esforços em busca de uma adequada denominação para esse movimento de ideias, termina-se por concluir, quase num consenso, que não há melhor designação do que aquela que lhe deu Kardec: espiritismo. E que, se há, não convém aos verdadeiros espíritas renunciar ao rico patrimônio até aqui construído sob esse nome, apesar dos que sobre ele se equivocam, distorcem-no e até o envergonham.
Não se pode deixar de reconhecer que é hora de retificar rumos. Que é tempo de se expungir do campo doutrinário espírita crendices e visões distorcidas que afetaram, inclusive, respeitáveis instituições autodenominadas gestoras do movimento espírita. Que já não é mais tempo de confundir a ciência, a filosofia e a ética do espiritismo com a religião cristã, tão distantes e radicalmente opostos estão os postulados teóricos de um e de outra. Mas, para tanto, é preciso reconhecermo-nos como verdadeiros espíritas, dispostos a preservar esse rico patrimônio chamado, originária e originalmente de espiritismo. Esta, aliás, é uma boa denominação. Tão boa e tão eloquentemente fiel aos objetivos de seu fundador que não convém de substituí-la por outra. Até porque não será nada fácil encontrá-la.
Cada vez que se somam esforços em busca de uma nova denominação para esse movimento de ideias, conclui-se não haver outra melhor do que espiritismo.
Não é de hoje que os estudiosos e cultivadores do espiritismo preocupam-se com o imenso caudal de distorções a que foi ele submetido. Criado como uma “ciência que trata da natureza, origem e destino do espírito e de suas relações com o mundo material” (Definição de Allan Kardec em “O que é o Espiritismo”), o espiritismo chamou a si, para dele ocupar-se como uma realidade cientificamente observável e comprovável, o fenômeno do espírito, suas manifestações e consequências.
Fazer ciência, diversamente do que praticar uma religião, exige, acima de tudo, liberdade de pensamento e de ação, distanciamento de dogmas e preconceitos de qualquer espécie. Por isso mesmo, a liberdade foi um valor destacado e prestigiado em toda a obra de Kardec. Como tantas vezes afirmou, o espiritismo não seria um fechado sistema de fé, mas um campo aberto à investigação que, no entanto, em momento algum, poderia distanciar-se da ética, do bom-senso e da razão, consubstanciados na lei natural.
Contudo, as questões alusivas ao espírito, por força das crenças e dos mitos que historicamente o cercaram, sempre foram, e continuam sendo, um terreno fértil para nele medrarem o misticismo, as crendices e práticas as mais esdrúxulas e irracionais. O espiritismo não ficou infenso a esse tipo de influência, fácil de nele penetrar até mesmo em razão de sua qualificação como um movimento livre-pensador. Por conta da interpretação de que, ao lado de seus reconhecidos aspectos científico e filosófico, poderia nele se vislumbar também um aspecto religioso, transformaram-no simplesmente em mais uma seita cristã. Herculano Pires, eminente pensador espírita brasileiro, registra em seu “Curso Dinâmico de Espiritismo”: “O que impediu a expansão do Espiritismo na Europa do século passado (Séc.XIX), de maneira a poder renovar a velha concepção de mundo ainda dominante, foi simplesmente seu aspecto religioso. Como o Cristianismo Primitivo, o Espiritismo foi acolhido com ansiedade pelas camadas pobres da população que o converteram por toda a parte numa nova seita cristã”.
Exatamente por constatarem e lamentarem essa triste distorção, honestos e irrequietos pensadores espíritas, em diferentes momentos, chegaram a propor alguns neologismos, substitutivos da palavra “espiritismo”, para melhor qualificar esse movimento de ideias que, bem mais do que uma ciência, se desenvolveu - de acordo com o que, aliás, pretendia Kardec - como uma nova e sempre progressiva e progressista visão de universo, de homem e de mundo. Cada vez, entretanto, que se somam esforços em busca de uma adequada denominação para esse movimento de ideias, termina-se por concluir, quase num consenso, que não há melhor designação do que aquela que lhe deu Kardec: espiritismo. E que, se há, não convém aos verdadeiros espíritas renunciar ao rico patrimônio até aqui construído sob esse nome, apesar dos que sobre ele se equivocam, distorcem-no e até o envergonham.
Não se pode deixar de reconhecer que é hora de retificar rumos. Que é tempo de se expungir do campo doutrinário espírita crendices e visões distorcidas que afetaram, inclusive, respeitáveis instituições autodenominadas gestoras do movimento espírita. Que já não é mais tempo de confundir a ciência, a filosofia e a ética do espiritismo com a religião cristã, tão distantes e radicalmente opostos estão os postulados teóricos de um e de outra. Mas, para tanto, é preciso reconhecermo-nos como verdadeiros espíritas, dispostos a preservar esse rico patrimônio chamado, originária e originalmente de espiritismo. Esta, aliás, é uma boa denominação. Tão boa e tão eloquentemente fiel aos objetivos de seu fundador que não convém de substituí-la por outra. Até porque não será nada fácil encontrá-la.
Cada vez que se somam esforços em busca de uma nova denominação para esse movimento de ideias, conclui-se não haver outra melhor do que espiritismo.
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OPINIÃO EM TÓPICOS
Milton R. Medran Moreira
O pastor e a Paixão
Estávamos na praia no sábado, véspera da Páscoa. Acordei cedo e liguei o rádio. Um pastor falava sobre os mistérios da Semana Santa. Dizia que a Sexta-Feira da Paixão era uma data triste porque ali Satanás havia vencido Jesus. Mas que a Páscoa marcava a vitória de Cristo e por isso tinha de ser comemorada. Ele morrera para nos salvar e ressuscitara. Mas que devíamos permanecer vigilantes porque o diabo era muito tinhoso e poderia obter outras vitórias conquistando nossas almas. Depois, começou a deitar falação sobre a criação do mundo, a expulsão do Paraíso, perorando o sermão com esta preciosidade: “A ciência quer colocar o início do mundo para muito antes disso. Mas não creiam. É mais uma artimanha de Satanás. Tudo o que contraria a Bíblia é falso”. Fiquei pensando: como, em pleno Século XXI, podem subsistir concepções típicas da Idade Média? E gente, muita gente, que ainda segue essas crendices!
A Páscoa faz mal
Depois do café, fui conferir as mensagens no computador. Na lista da CEPA, um texto vigoroso da amiga Nícia Cunha. Seu título: “A Páscoa faz mal”. “Não só pelo excesso de chocolate”, dizia, mas “o mal muito mais insidioso que a Páscoa faz é essa insânia mundial, chamada de fé, amor a Deus e às tradições, agora mostradas ao que seguem crendo nas “versões cristãs montadas ao longo dos séculos para torná-las submissas”. Pessoas simplórias que “caminham em intermináveis procissões, seguem andores com imagens de Jesus morto, mutilado, e de sua mãe dolorosa, vestida de roxo. Movem-se ajoelhadas em pedras, praticam autossuplícios com instrumentos medievais de tortura, crucificam-se de verdade. Tudo para se penitenciarem”. Aí, Nícia pergunta: “Mas penitenciarem-se de quê, meu Deus?” e complementa: “Cvivo pela televisão e pela Internet”. Minha amiga estava indignada com as imagens chocantes protagonizadas por pessoas de boa-fé riminosos não são, certamente, pois se o fossem, ali não estariam. A imensa maioria destas pessoas já vive na tortura da pobreza, na escuridão da mente estreita, da fé irracional que as leva a ter medo de Deus, inclinando-as a bajulá-lo e com ele praticar barganhas”.
O pecado original
Fiquei pensando: é bem possível que o pastor evangélico da rádio do meu pequeno balneário ainda creia que o mundo foi feito por Deus, do nada, há cerca de 6.000 anos atrás. E que, no 6º dia, como diz a Bíblia, tenha criado Adão e, de sua costela, tirado Eva. Afinal, o pastor de minha praia não deve ter sequer o curso primário. Faz muito sentido para ele que o primeiro casal tenha mesmo sucumbido à tentação da serpente e comido do fruto proibido. Daí o pecado original, a expulsão do Paraíso e toda a maldição divina ao ser humano, só remissível pela terceira pessoa da trindade, encarnada, oferecendo-se como “cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”.
Agora, o que não entra na minha cabeça é que papas, bispos, teólogos ilustres e ilustrados, sigam baseando toda sua teologia nesses mitos. São meras alegorias, dizem uns. Mas, convenhamos, alegorias que só nos afastam da racionalidade e que contrariam frontalmente as verdades científicas. Tire-se o pecado original da teologia cristã e não sobra nada a justificar todos os demais dogmas, da criação à redenção. Desmorona tudo.
Religião também faz mal
Para Nícia, a “exploração da culpa coletiva” - aquela que tem sua matriz justamente no dogma do pecado original – ainda hoje serva “para subjugar os fiéis às normas e hierarquias da classe sacerdotal”. Mesmo considerando que se devam respeitar todas as crenças, sustenta que “é necessário tirar das religiões o privilégio acrítico, pois nenhuma outra manifestação humana está livre de criticas, seja no campo conceitual, autoral ou de costumes”,
Ou seja, Nícia propõe que tratemos as ideias religiosas com mesmo rigor racional com que tratamos todas as demais manifestações humanas. E tem razão. Em nome da liberdade de crença, temos, inclusive os espíritas, nos omitido da tarefa de mostrar os absurdos que se pregam em nome da fé. Kardec chamou a atenção para isso em “O Céu e o Inferno”, ao afirmar que a religião “apropriada, ao início, aos conhecimentos limitados do homem”, tornou-se ultrapassada por não acompanhar o progresso e com isso contribui para o aumento dos incrédulos.
Compete a nós demonstrar que espiritualidade não é o mesmo que religião. E que esta, quando não iluminada pelas luzes da razão e do progresso, também faz mal.
Milton R. Medran Moreira
O pastor e a Paixão
Estávamos na praia no sábado, véspera da Páscoa. Acordei cedo e liguei o rádio. Um pastor falava sobre os mistérios da Semana Santa. Dizia que a Sexta-Feira da Paixão era uma data triste porque ali Satanás havia vencido Jesus. Mas que a Páscoa marcava a vitória de Cristo e por isso tinha de ser comemorada. Ele morrera para nos salvar e ressuscitara. Mas que devíamos permanecer vigilantes porque o diabo era muito tinhoso e poderia obter outras vitórias conquistando nossas almas. Depois, começou a deitar falação sobre a criação do mundo, a expulsão do Paraíso, perorando o sermão com esta preciosidade: “A ciência quer colocar o início do mundo para muito antes disso. Mas não creiam. É mais uma artimanha de Satanás. Tudo o que contraria a Bíblia é falso”. Fiquei pensando: como, em pleno Século XXI, podem subsistir concepções típicas da Idade Média? E gente, muita gente, que ainda segue essas crendices!
A Páscoa faz mal
Depois do café, fui conferir as mensagens no computador. Na lista da CEPA, um texto vigoroso da amiga Nícia Cunha. Seu título: “A Páscoa faz mal”. “Não só pelo excesso de chocolate”, dizia, mas “o mal muito mais insidioso que a Páscoa faz é essa insânia mundial, chamada de fé, amor a Deus e às tradições, agora mostradas ao que seguem crendo nas “versões cristãs montadas ao longo dos séculos para torná-las submissas”. Pessoas simplórias que “caminham em intermináveis procissões, seguem andores com imagens de Jesus morto, mutilado, e de sua mãe dolorosa, vestida de roxo. Movem-se ajoelhadas em pedras, praticam autossuplícios com instrumentos medievais de tortura, crucificam-se de verdade. Tudo para se penitenciarem”. Aí, Nícia pergunta: “Mas penitenciarem-se de quê, meu Deus?” e complementa: “Cvivo pela televisão e pela Internet”. Minha amiga estava indignada com as imagens chocantes protagonizadas por pessoas de boa-fé riminosos não são, certamente, pois se o fossem, ali não estariam. A imensa maioria destas pessoas já vive na tortura da pobreza, na escuridão da mente estreita, da fé irracional que as leva a ter medo de Deus, inclinando-as a bajulá-lo e com ele praticar barganhas”.
O pecado original
Fiquei pensando: é bem possível que o pastor evangélico da rádio do meu pequeno balneário ainda creia que o mundo foi feito por Deus, do nada, há cerca de 6.000 anos atrás. E que, no 6º dia, como diz a Bíblia, tenha criado Adão e, de sua costela, tirado Eva. Afinal, o pastor de minha praia não deve ter sequer o curso primário. Faz muito sentido para ele que o primeiro casal tenha mesmo sucumbido à tentação da serpente e comido do fruto proibido. Daí o pecado original, a expulsão do Paraíso e toda a maldição divina ao ser humano, só remissível pela terceira pessoa da trindade, encarnada, oferecendo-se como “cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”.
Agora, o que não entra na minha cabeça é que papas, bispos, teólogos ilustres e ilustrados, sigam baseando toda sua teologia nesses mitos. São meras alegorias, dizem uns. Mas, convenhamos, alegorias que só nos afastam da racionalidade e que contrariam frontalmente as verdades científicas. Tire-se o pecado original da teologia cristã e não sobra nada a justificar todos os demais dogmas, da criação à redenção. Desmorona tudo.
Religião também faz mal
Para Nícia, a “exploração da culpa coletiva” - aquela que tem sua matriz justamente no dogma do pecado original – ainda hoje serva “para subjugar os fiéis às normas e hierarquias da classe sacerdotal”. Mesmo considerando que se devam respeitar todas as crenças, sustenta que “é necessário tirar das religiões o privilégio acrítico, pois nenhuma outra manifestação humana está livre de criticas, seja no campo conceitual, autoral ou de costumes”,
Ou seja, Nícia propõe que tratemos as ideias religiosas com mesmo rigor racional com que tratamos todas as demais manifestações humanas. E tem razão. Em nome da liberdade de crença, temos, inclusive os espíritas, nos omitido da tarefa de mostrar os absurdos que se pregam em nome da fé. Kardec chamou a atenção para isso em “O Céu e o Inferno”, ao afirmar que a religião “apropriada, ao início, aos conhecimentos limitados do homem”, tornou-se ultrapassada por não acompanhar o progresso e com isso contribui para o aumento dos incrédulos.
Compete a nós demonstrar que espiritualidade não é o mesmo que religião. E que esta, quando não iluminada pelas luzes da razão e do progresso, também faz mal.
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NOTÍCIAS
Encontro com Jaci e Marcelo Henrique em tarde de aniversário
.NOTÍCIAS
Encontro com Jaci e Marcelo Henrique em tarde de aniversário
A tarde de sábado, 25 de abril, reuniu no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre os dirigentes da instituição e associados mais comprometidos com as diversas atividades da Casa com os companheiros Jaci Regis, do Instituto Cultural Kardecista de Santos e Marcelo Henrique, assessor administrativo da ABRADE – Associação Brasileira de Divulgadores Espíritas.
Jaci visitou o CCEPA com o objetivo de detalhar aos dirigentes da Casa o seu “Modelo Conceitual da Doutrina Kardecista”, documento que reúne ideias que, nos últimos anos, aquele dirigente santista tem exposto em vários escritos e pronunciamentos e que terminam por propor novos rumos, a partir de uma postura laica. Em debate que se seguiu à exposição, vários membros do CCEPA se manifestaram apoiando os fundamentos trazidos por Jaci, embora com rejeição à designação “doutrina kardecista”. Do encontro participaram também os dirigentes da S.E.Casa da Prece, de Pelotas: Dora Helena, Homero Ward e esposa Regina, Octaviano e esposa Suedi.
A segunda parte do encontro esteve a cargo de Marcelo Henrique Pereira (São José/SC) que visitou o CCEPA acompanhado de Júlia, sua esposa. Marcelo fez exposição sobre a reestruturação da ABRADE que acaba de substituir o modelo presidencialista adotando novo formato de gestão colegiada. Marcelo Henrique finalizou sua exposição com um convite ao CCEPA para que participe desse esforço renovador da ABRADE associando-se a ela. O convite foi bem aceito pelo grupo presente que irá submetê-lo à Assembléia Geral da instituição.
Jaci visitou o CCEPA com o objetivo de detalhar aos dirigentes da Casa o seu “Modelo Conceitual da Doutrina Kardecista”, documento que reúne ideias que, nos últimos anos, aquele dirigente santista tem exposto em vários escritos e pronunciamentos e que terminam por propor novos rumos, a partir de uma postura laica. Em debate que se seguiu à exposição, vários membros do CCEPA se manifestaram apoiando os fundamentos trazidos por Jaci, embora com rejeição à designação “doutrina kardecista”. Do encontro participaram também os dirigentes da S.E.Casa da Prece, de Pelotas: Dora Helena, Homero Ward e esposa Regina, Octaviano e esposa Suedi.
A segunda parte do encontro esteve a cargo de Marcelo Henrique Pereira (São José/SC) que visitou o CCEPA acompanhado de Júlia, sua esposa. Marcelo fez exposição sobre a reestruturação da ABRADE que acaba de substituir o modelo presidencialista adotando novo formato de gestão colegiada. Marcelo Henrique finalizou sua exposição com um convite ao CCEPA para que participe desse esforço renovador da ABRADE associando-se a ela. O convite foi bem aceito pelo grupo presente que irá submetê-lo à Assembléia Geral da instituição.
Comemorados os 73 anos do CCEPA
Na tarde em que recebeu Jaci e Marcelo Henrique, o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre comemorou também seu 73º aniversário, transcorrido no dia 12/4. No intervalo entre uma e outra exposições dos convidados, foi servido o bolo de aniversário, acompanhado de salgadinhos e refrigerantes.
Na tarde em que recebeu Jaci e Marcelo Henrique, o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre comemorou também seu 73º aniversário, transcorrido no dia 12/4. No intervalo entre uma e outra exposições dos convidados, foi servido o bolo de aniversário, acompanhado de salgadinhos e refrigerantes.
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MEDRAN ENCERRA CURSO DE INICIAÇÃO NO CCEPA
Na quinta-feira, 14 de maio, o Diretor de Comunicação Social do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, Milton Medran Moreira encerra o Curso de Iniciação ao Espiritismo 2009, promovido pelo Centro Cultural Espírita de Porto Alegre.
Ministrado em cinco módulos, nas quintas-feiras à noite, o curso tratou dos seguintes temas: 1) O Que é o Espiritismo (a cargo de Maurice Herbert Jones); 2) Sobrevivência, Imortalidade e Evolução do Espírito (Carlos Grossini); 3) A Comunicação Mediúnica (idem); 4)Pluralidade das existências e dos mundos habitados (Medran).
O CIESP é coordenado pelo Departamento de Eventos do CCEPA, sob a coordenação de Salomão Jacob Benchaya.
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Enfoque
ESPIRITISMO E CIÊNCIA
Ministrado em cinco módulos, nas quintas-feiras à noite, o curso tratou dos seguintes temas: 1) O Que é o Espiritismo (a cargo de Maurice Herbert Jones); 2) Sobrevivência, Imortalidade e Evolução do Espírito (Carlos Grossini); 3) A Comunicação Mediúnica (idem); 4)Pluralidade das existências e dos mundos habitados (Medran).
O CIESP é coordenado pelo Departamento de Eventos do CCEPA, sob a coordenação de Salomão Jacob Benchaya.
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Enfoque
ESPIRITISMO E CIÊNCIA
Gilberto Schoereder *
O desenvolvimento científico e tecnológico trouxe uma série de ingredientes importantes para as pesquisas relacionadas ao mundo espiritual. Ainda não se atingiu o ponto ideal nas investigações, mas a aproximação com a ciência tem se mostrado como o caminho mais adequado.
Muitos pesquisadores do espiritismo, espíritas e não-espíritas, entendem que não são realizados experimentos científicos suficientes relativos ao assunto. Na verdade, essa aproximação com a ciência foi um dos preceitos básicos apresentados por Kardec e é uma busca incessante da maior parte dos espíritas.
No entanto, sendo as experiências suficientes ou não, não resta dúvida de que existem muitas pessoas procurando estreitar essa ligação, procurando novos métodos de pesquisa e experimentação científica, assim como de comprovação dos fenômenos ligados ao espiritismo. Exemplos claros dessa busca são os trabalhos do dr. Ian Stevenson, nos EUA, e as pesquisas relacionadas à transcomunicação instrumental que, no Brasil, tem Sonia Rinaldi como destaque.
Desde que os fenômenos começaram a se tornar mais populares, em meados do século XIX, inúmeros cientistas dedicaram seu tempo e esforços para tentar registrar, mensurar e determinar parâmetros cientificamente aceitáveis para eles. A Sociedade Psíquica da Inglaterra foi um dos pontos centrais dessas pesquisas, realizando dezenas, senão centenas de experiências. Desse empreendimento originaram-se tanto as pesquisas parapsicológicas atuais, quanto as que se encontram mais ligadas ao espiritismo propriamente dito.
Mas, hoje, muitos espíritas reclamam que essas mesmas experiências, já com mais de cem anos de vida, continuam sendo apresentadas como referência e comprovação dos fenômenos, o que não é mais aceitável tendo em vista a evolução da ciência e da própria tecnologia que pode ser aplicada nas investigações.
A realização de experimentos com transfotos, transcomunicações, experiências de quase-morte, reencarnação, terapia de vidas passadas e algumas aproximações entre a ciência moderna e as ideias espíritas, mostra que existem, de fato, pessoas e grupos procurando renovar esse aspecto do espiritismo. O problema maior, parece, é a dificuldade em fazer com que esses esforços sejam reconhecidos pela chamada “ciência oficial”.
Em muitos casos, também, as pesquisas são realizadas por grupos autônomos, não reconhecidos pela ciência e, mesmo quando os resultados apresentados são muito interessantes, as pesquisas não são absorvidas pelos grandes centros de pesquisa, como as universidades, não ganhando o “status de credibilidade” e visibilidade necessários no mundo acadêmico.
Reencarnação
Uma pesquisa que chamou a atenção do mundo acadêmico foi a do dr. Ian Stevenson, médico psiquiatra que, por 37 anos pesquisou possíveis casos de reencarnação, viajando o mundo inteiro à procura de relatos e evidências, coletando histórias de crianças que afirmam terem recordações de vidas passadas.
Dr. Stevenson ouvia o que as crianças tinham a dizer, guardava as informações importantes referentes a lugares e pessoas com as quais elas teriam entrado em contato numa vida anterior, e se dirigia a esses locais para nova coleta de dados, que comparava com os anteriores. As crianças não se encontravam sob hipnose – um aspecto que é bastante combatido, por exemplo, quando se fala de regressão a vidas passadas – e as informações podiam, em geral, ser facilmente comprovadas, uma vez que elas não se referiam a épocas muito distantes como o antigo Egito.
Tom Shroder, editor do jornal The Washington Post, escreveu o livro Almas Antigas relatando sua experiência com o dr. Stevenson, a quem acompanhou em suas peregrinações pelo mundo. Segundo ele, uma das coisas que chamaram sua atenção no trabalho do cientista foi a forma minuciosa com que ele checa todas as informações. Além disso, percebeu que cientistas de vários países tinham o dr. Stevenson em alta consideração, ainda que o assunto que ele tratava fosse considerado “difícil”. Claro que não se trata de uma postura que se estende a toda a comunidade científica: alguns colegas o consideraram um precursor, por estar pesquisando a reencarnação sob bases científicas e enfrentando um verdadeiro tabu; outros se colocaram totalmente contrários às pesquisas, e até mesmo à idéia de se pesquisar um assunto como esse.
Dificuldades
Dr. Ian Stevenson também tem uma postura incomum entre os cientistas, criticando a postura da ciência em muitos casos. “Para mim”, ele diz, “tudo em que os cientistas acreditam agora está aberto a mudanças, e eu fico consternado ao perceber que muitos cientistas aceitam o conhecimento atual como algo imutável”. Ele lembra que, no passado, os hereges que negassem a existência das almas eram queimados; hoje, os cientistas “queimam” aqueles que afirmam que as almas existem.
Shroder levanta algumas questões pertinentes no que diz respeito à relação da ciência com temas como a reencarnação. Uma é que esse tipo de pesquisa não permite que se faça uma investigação em laboratório, uma vez que estamos nos referindo a fenômenos ou declarações espontâneas. “Tais casos”, ele explica, “só podem ser investigados como se faria com um crime, ou um processo legal – com entrevistas, cruzando informações de várias testemunhas com evidências documentadas. Embora isso possa ser feito com bastante cuidado, alguém sempre pode descartar o caso como ‘evidência fantasiosa’ e, portanto, não confiável”.
Também faltam evidências sobre quaisquer mecanismos através dos quais a reencarnação de tornaria possível, e o próprio dr. Stevenson não afirma possuí-las ou que possa detectar a alma com instrumentos objetivos. Junta-se a isso o já conhecido conservadorismo da ciência, “uma tendência de não encarar com seriedade qualquer evidência que desafie o atual entendimento de como o mundo funciona”.
As dificuldades são reais, uma vez que, para a ciência, o que conta é a experimentação, a existência de provas conclusivas e a possibilidade de repetir experimentos em ambientes diferentes. O problema surge quando se fala da maioria dos fenômenos paranormais, mas dr. Stevenson – como outros pesquisadores da área, inclusive o brasileiro Hernani Guimarães Andrade – sabe que para tratar desses assuntos é preciso agir e pensar de maneira heterodoxa, caso contrário não se chega a lado algum.
Tecnologia Para o Além
A utilização de novas tecnologias nas investigações do mundo espiritual começou, na verdade, no final do séc. XIX, com ninguém menos do que Thomas Alva Edison (1847-1931). Afirma-se que Edison, que desenvolveu a lâmpada, inventou o fonógrafo, em 1877, movido pelo desejo de gravar a voz de sua falecida mãe, o que não conseguiu principalmente devido à precariedade do aparelho.
Já em 1936, o físico Oliver Lodge (1851-1940), um dos precursores da radiocomunicação, afirmou que os progressos na área da eletrônica tornariam possível desenvolver um aparelho que captasse a voz dos mortos. Essa “previsão” começou a se tornar realidade em 1959, quando o psíquico sueco Friedrich Jurgenson conseguiu gravar em fita o que chamou de “vozes paranormais” ou “psicofonia”. Ele chegou a isso por acaso, quando gravava cantos de pássaros num bosque e, ao ouvir a reprodução, percebeu murmúrios semelhantes a vozes humanas. A partir daí, realizou uma série de experiências tentando tornar aquelas vozes mais nítidas, conseguindo identificar mensagens e informações em vários idiomas.
O psicólogo Konstantin Raudive deu seqüência aos experimentos, realizando milhares de gravações de vozes; e outros pesquisadores conseguiram aprimoramentos dos aparelhos, como foi o caso do engenheiro austríaco Franz Seidl, com seu psychofon, e do norte-americano George Meek, com o spirocom.
Entretanto, para a brasileira Sonia Rinaldi, esses aparelhos já estão ultrapassados. Sonia é coordenadora da Associação Nacional dos Transcomunicadores e, provavelmente, a maior autoridade nacional em transcomunicação. Ultimamente, a comunicação com os espíritos tem sido feitas por meio de computadores e aparelhos bem mais sofisticados, que eliminam a possibilidade de interferência externa. As gravações de vozes em computador são realizadas sem microfone, com o registro sendo feito diretamente no hardware. Da mesma forma, no computador também podem surgir imagens. Utiliza-se um tubo de raios catódicos e não uma televisão, que poderia captar imagens emitidas aqui mesmo da Terra. Para obter a credibilidade necessária, Sonia envia os resultados desses contatos realizados através de aparelhos para uma análise rigorosa de especialistas de universidades, e os laudos técnicos são colocados à disposição de quem se interessar.
Busca Incessante
O próprio George Meek já havia sugerido que os sistemas eletromagnéticos não seriam uma ponte confiável com o mundo dos espíritos, que deveria possuir um tipo de energia ainda desconhecido para nós. A parapsicologia segue por um caminho semelhante ao analisar a questão, entendendo que a transcomunicação pode estar sendo feita por meio de um tipo de energia mental, psíquica ou espiritual, que ainda não conseguimos captar, medir e estudar convenientemente, por não possuirmos a aparelhagem necessária.
Muitos dizem, ainda, que o fenômeno diz respeito à própria mente humana, atuando no ambiente que a cerca. Assim, as mensagens poderiam estar vindo dos vivos, e não dos mortos. Seja como for, mesmo no ambiente espírita a transcomunicação não é aceita de forma incontestável, mas é considerada a proposta cientificamente mais bem embasada até agora, e pode ser o caminho para se estabelecer uma relação com o mundo dos espíritos que não dependa da intermediação dos médiuns.
Também foi pensando no estabelecimento dessa ponte entre os dois mundos que Geraldo Medeiros também começou a se dedicar às chamadas transfotos, que ele define como “a capacidade ou a possibilidade que um filme fotográfico tem de se sensibilizar com a exposição, captando uma imagem que não estaria dentro do contexto visual normal daquele cenário”.
O fato é que, muitas vezes, têm-se tirado fotos em que aparecem imagens estranhas, geralmente pontos de luz ou imagens esbranquiçadas, e até mesmo imagens de pessoas já falecidas. O que Medeiros procurou fazer é obter um controle mais rigoroso dessas fotos, justamente porque é comum se dizer que não existe um controle científico adequado. “Operamos dentro de um ambiente totalmente controlado”, ele explica. A máquina fotográfica é colocada dentro de uma sala sem pessoas, isolada eletrônica e termicamente, evitando influências externas. O resultado é a obtenção de imagens que não deveriam estar ali, como se existisse a presença de alguém no local.
Para muitos cientistas, isso pode não parecer suficiente, mas todas essas pesquisas que estão sendo realizadas mostram, no mínimo, que um fenômeno importante está ocorrendo, e que merece mais atenção.
Para a maioria dos investigadores ligados ao espiritismo, os resultados obtidos não só podem como devem ser entendidos como provas da existência de outras dimensões de existência, e as dificuldades no contato com essas dimensões devem ser creditadas à nossa incapacidade em acessá-las.
Seguindo essa linha de raciocínio, portanto, é uma questão de tempo até que se desenvolvam os instrumentos e conhecimentos mais adequados para esse desafio.
Artigo originariamente publicado em:
O desenvolvimento científico e tecnológico trouxe uma série de ingredientes importantes para as pesquisas relacionadas ao mundo espiritual. Ainda não se atingiu o ponto ideal nas investigações, mas a aproximação com a ciência tem se mostrado como o caminho mais adequado.
Muitos pesquisadores do espiritismo, espíritas e não-espíritas, entendem que não são realizados experimentos científicos suficientes relativos ao assunto. Na verdade, essa aproximação com a ciência foi um dos preceitos básicos apresentados por Kardec e é uma busca incessante da maior parte dos espíritas.
No entanto, sendo as experiências suficientes ou não, não resta dúvida de que existem muitas pessoas procurando estreitar essa ligação, procurando novos métodos de pesquisa e experimentação científica, assim como de comprovação dos fenômenos ligados ao espiritismo. Exemplos claros dessa busca são os trabalhos do dr. Ian Stevenson, nos EUA, e as pesquisas relacionadas à transcomunicação instrumental que, no Brasil, tem Sonia Rinaldi como destaque.
Desde que os fenômenos começaram a se tornar mais populares, em meados do século XIX, inúmeros cientistas dedicaram seu tempo e esforços para tentar registrar, mensurar e determinar parâmetros cientificamente aceitáveis para eles. A Sociedade Psíquica da Inglaterra foi um dos pontos centrais dessas pesquisas, realizando dezenas, senão centenas de experiências. Desse empreendimento originaram-se tanto as pesquisas parapsicológicas atuais, quanto as que se encontram mais ligadas ao espiritismo propriamente dito.
Mas, hoje, muitos espíritas reclamam que essas mesmas experiências, já com mais de cem anos de vida, continuam sendo apresentadas como referência e comprovação dos fenômenos, o que não é mais aceitável tendo em vista a evolução da ciência e da própria tecnologia que pode ser aplicada nas investigações.
A realização de experimentos com transfotos, transcomunicações, experiências de quase-morte, reencarnação, terapia de vidas passadas e algumas aproximações entre a ciência moderna e as ideias espíritas, mostra que existem, de fato, pessoas e grupos procurando renovar esse aspecto do espiritismo. O problema maior, parece, é a dificuldade em fazer com que esses esforços sejam reconhecidos pela chamada “ciência oficial”.
Em muitos casos, também, as pesquisas são realizadas por grupos autônomos, não reconhecidos pela ciência e, mesmo quando os resultados apresentados são muito interessantes, as pesquisas não são absorvidas pelos grandes centros de pesquisa, como as universidades, não ganhando o “status de credibilidade” e visibilidade necessários no mundo acadêmico.
Reencarnação
Uma pesquisa que chamou a atenção do mundo acadêmico foi a do dr. Ian Stevenson, médico psiquiatra que, por 37 anos pesquisou possíveis casos de reencarnação, viajando o mundo inteiro à procura de relatos e evidências, coletando histórias de crianças que afirmam terem recordações de vidas passadas.
Dr. Stevenson ouvia o que as crianças tinham a dizer, guardava as informações importantes referentes a lugares e pessoas com as quais elas teriam entrado em contato numa vida anterior, e se dirigia a esses locais para nova coleta de dados, que comparava com os anteriores. As crianças não se encontravam sob hipnose – um aspecto que é bastante combatido, por exemplo, quando se fala de regressão a vidas passadas – e as informações podiam, em geral, ser facilmente comprovadas, uma vez que elas não se referiam a épocas muito distantes como o antigo Egito.
Tom Shroder, editor do jornal The Washington Post, escreveu o livro Almas Antigas relatando sua experiência com o dr. Stevenson, a quem acompanhou em suas peregrinações pelo mundo. Segundo ele, uma das coisas que chamaram sua atenção no trabalho do cientista foi a forma minuciosa com que ele checa todas as informações. Além disso, percebeu que cientistas de vários países tinham o dr. Stevenson em alta consideração, ainda que o assunto que ele tratava fosse considerado “difícil”. Claro que não se trata de uma postura que se estende a toda a comunidade científica: alguns colegas o consideraram um precursor, por estar pesquisando a reencarnação sob bases científicas e enfrentando um verdadeiro tabu; outros se colocaram totalmente contrários às pesquisas, e até mesmo à idéia de se pesquisar um assunto como esse.
Dificuldades
Dr. Ian Stevenson também tem uma postura incomum entre os cientistas, criticando a postura da ciência em muitos casos. “Para mim”, ele diz, “tudo em que os cientistas acreditam agora está aberto a mudanças, e eu fico consternado ao perceber que muitos cientistas aceitam o conhecimento atual como algo imutável”. Ele lembra que, no passado, os hereges que negassem a existência das almas eram queimados; hoje, os cientistas “queimam” aqueles que afirmam que as almas existem.
Shroder levanta algumas questões pertinentes no que diz respeito à relação da ciência com temas como a reencarnação. Uma é que esse tipo de pesquisa não permite que se faça uma investigação em laboratório, uma vez que estamos nos referindo a fenômenos ou declarações espontâneas. “Tais casos”, ele explica, “só podem ser investigados como se faria com um crime, ou um processo legal – com entrevistas, cruzando informações de várias testemunhas com evidências documentadas. Embora isso possa ser feito com bastante cuidado, alguém sempre pode descartar o caso como ‘evidência fantasiosa’ e, portanto, não confiável”.
Também faltam evidências sobre quaisquer mecanismos através dos quais a reencarnação de tornaria possível, e o próprio dr. Stevenson não afirma possuí-las ou que possa detectar a alma com instrumentos objetivos. Junta-se a isso o já conhecido conservadorismo da ciência, “uma tendência de não encarar com seriedade qualquer evidência que desafie o atual entendimento de como o mundo funciona”.
As dificuldades são reais, uma vez que, para a ciência, o que conta é a experimentação, a existência de provas conclusivas e a possibilidade de repetir experimentos em ambientes diferentes. O problema surge quando se fala da maioria dos fenômenos paranormais, mas dr. Stevenson – como outros pesquisadores da área, inclusive o brasileiro Hernani Guimarães Andrade – sabe que para tratar desses assuntos é preciso agir e pensar de maneira heterodoxa, caso contrário não se chega a lado algum.
Tecnologia Para o Além
A utilização de novas tecnologias nas investigações do mundo espiritual começou, na verdade, no final do séc. XIX, com ninguém menos do que Thomas Alva Edison (1847-1931). Afirma-se que Edison, que desenvolveu a lâmpada, inventou o fonógrafo, em 1877, movido pelo desejo de gravar a voz de sua falecida mãe, o que não conseguiu principalmente devido à precariedade do aparelho.
Já em 1936, o físico Oliver Lodge (1851-1940), um dos precursores da radiocomunicação, afirmou que os progressos na área da eletrônica tornariam possível desenvolver um aparelho que captasse a voz dos mortos. Essa “previsão” começou a se tornar realidade em 1959, quando o psíquico sueco Friedrich Jurgenson conseguiu gravar em fita o que chamou de “vozes paranormais” ou “psicofonia”. Ele chegou a isso por acaso, quando gravava cantos de pássaros num bosque e, ao ouvir a reprodução, percebeu murmúrios semelhantes a vozes humanas. A partir daí, realizou uma série de experiências tentando tornar aquelas vozes mais nítidas, conseguindo identificar mensagens e informações em vários idiomas.
O psicólogo Konstantin Raudive deu seqüência aos experimentos, realizando milhares de gravações de vozes; e outros pesquisadores conseguiram aprimoramentos dos aparelhos, como foi o caso do engenheiro austríaco Franz Seidl, com seu psychofon, e do norte-americano George Meek, com o spirocom.
Entretanto, para a brasileira Sonia Rinaldi, esses aparelhos já estão ultrapassados. Sonia é coordenadora da Associação Nacional dos Transcomunicadores e, provavelmente, a maior autoridade nacional em transcomunicação. Ultimamente, a comunicação com os espíritos tem sido feitas por meio de computadores e aparelhos bem mais sofisticados, que eliminam a possibilidade de interferência externa. As gravações de vozes em computador são realizadas sem microfone, com o registro sendo feito diretamente no hardware. Da mesma forma, no computador também podem surgir imagens. Utiliza-se um tubo de raios catódicos e não uma televisão, que poderia captar imagens emitidas aqui mesmo da Terra. Para obter a credibilidade necessária, Sonia envia os resultados desses contatos realizados através de aparelhos para uma análise rigorosa de especialistas de universidades, e os laudos técnicos são colocados à disposição de quem se interessar.
Busca Incessante
O próprio George Meek já havia sugerido que os sistemas eletromagnéticos não seriam uma ponte confiável com o mundo dos espíritos, que deveria possuir um tipo de energia ainda desconhecido para nós. A parapsicologia segue por um caminho semelhante ao analisar a questão, entendendo que a transcomunicação pode estar sendo feita por meio de um tipo de energia mental, psíquica ou espiritual, que ainda não conseguimos captar, medir e estudar convenientemente, por não possuirmos a aparelhagem necessária.
Muitos dizem, ainda, que o fenômeno diz respeito à própria mente humana, atuando no ambiente que a cerca. Assim, as mensagens poderiam estar vindo dos vivos, e não dos mortos. Seja como for, mesmo no ambiente espírita a transcomunicação não é aceita de forma incontestável, mas é considerada a proposta cientificamente mais bem embasada até agora, e pode ser o caminho para se estabelecer uma relação com o mundo dos espíritos que não dependa da intermediação dos médiuns.
Também foi pensando no estabelecimento dessa ponte entre os dois mundos que Geraldo Medeiros também começou a se dedicar às chamadas transfotos, que ele define como “a capacidade ou a possibilidade que um filme fotográfico tem de se sensibilizar com a exposição, captando uma imagem que não estaria dentro do contexto visual normal daquele cenário”.
O fato é que, muitas vezes, têm-se tirado fotos em que aparecem imagens estranhas, geralmente pontos de luz ou imagens esbranquiçadas, e até mesmo imagens de pessoas já falecidas. O que Medeiros procurou fazer é obter um controle mais rigoroso dessas fotos, justamente porque é comum se dizer que não existe um controle científico adequado. “Operamos dentro de um ambiente totalmente controlado”, ele explica. A máquina fotográfica é colocada dentro de uma sala sem pessoas, isolada eletrônica e termicamente, evitando influências externas. O resultado é a obtenção de imagens que não deveriam estar ali, como se existisse a presença de alguém no local.
Para muitos cientistas, isso pode não parecer suficiente, mas todas essas pesquisas que estão sendo realizadas mostram, no mínimo, que um fenômeno importante está ocorrendo, e que merece mais atenção.
Para a maioria dos investigadores ligados ao espiritismo, os resultados obtidos não só podem como devem ser entendidos como provas da existência de outras dimensões de existência, e as dificuldades no contato com essas dimensões devem ser creditadas à nossa incapacidade em acessá-las.
Seguindo essa linha de raciocínio, portanto, é uma questão de tempo até que se desenvolvam os instrumentos e conhecimentos mais adequados para esse desafio.
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