segunda-feira, 30 de novembro de 2009

OPINIÃO - ANO XVI - N° 170 -DEZEMBRO 2009

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ESTAMOS SOZINHOS NO UNIVERSO?
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A Igreja Católica começa a rever a histórica oposição à hipótese da pluralidade dos mundos habitados. Seminário sobre astrobiologia no Vaticano abre caminho para a aceitação da tese defendida pelo espiritismo desde seu nascimento.
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Um evento histórico na Santa Sé
Um seminário sobre astrobiologia promovido em novembro pela Pontifícia Academia de Ciências, no Vaticano, acaba de abrir caminho para a aceitação pela Igreja de um princípio historicamente combatido pelo catolicismo: o da pluralidade dos mundos habitados.
Segundo a Rádio do Vaticano, a Santa Sé levantou a questão da possibilidade de vida inteligente extraterrestre, em seminário sobre astrobiologia encerrado em 10 novembro. Um dos participantes expressou a convicção de que essa descoberta estava relativamente próxima. O Padre Chris Impey, astrônomo da Universidade do Arizona, disse que "em alguns anos, serão encontradas formas de vida no universo, seja no sistema solar ou fora dele". Também destacou que "progressos incríveis foram feitos na pesquisa sobre os planetas". E lembrou: “Foi apenas em 1995 que encontramos o primeiro planeta fora do sistema solar e agora conhecemos mais de 400”.
Já em 2008, o jesuíta José Gabriel Funes, diretor do Observatório Astronômico do Vaticano surpreendeu a todos os que acompanham a história da Igreja e, principalmente, a outras igrejas cristãs mais conservadoras, quando, em entrevista a “L'Osservatore Romano”, admitiu a existência de “outros seres inteligentes, criados por Deus, fora da Terra”. Sustentou, na ocasião: “Isso não contradiz nossa fé porque não podemos colocar limites à liberdade criadora de Deus".
Na ocasião, a Igreja Ortodoxa Russa, através do teólogo Alexei Osipov, catedrático da Academia Espiritual de Moscou, expressou que sua igreja descarta a existência de civilizações extraterrestres inteligentes e que a declaração de Funes contrariava frontalmente o Antigo e o Novo Testamento.

Hipóteses não descartam a existência de vida no sistema solar
Embora realizado por um órgão ligado à estrutura do Vaticano, o seminário contou com a participação de estudiosos da matéria não vinculados à Santa Sé, como a doutora Athena Cosutenis, astrônoma do observatório de Paris. Ela se referiu aos diversos elementos compatíveis com a vida espalhados no universo. Recordou que, sob a superfície da lua Europa, no sistema de Júpiter, pode haver grande quantidade de água em estado líquido. Neste oceano, poderiam existir diversas formas de vida. A astrônoma indicou que há dois satélites que despertam particular interesse dos astrobiólogos. Encontram-se no sistema de Saturno e são Titã e Encelado. Titã apresenta características similares às da Terra e Encelado parece oferecer condições aptas para a vida, segundo a professora Cosutenis.

Nossa Opinião

Revelação, Ciência e Espiritualidade
Mesmo que a Igreja faça, nas últimas décadas, notável esforço para conciliar fé e ciência, não há como negar a profunda discrepância entre a “verdade revelada” e as descobertas ou tendências científicas atuais. A começar que, para a Bíblia, sequer outros mundos poderia haver. Muito menos, vida fora da Terra. A criação foi ato pessoal de Jeová e a vida na Terra um castigo a Adão, Eva e toda sua descendência pela prática do pecado original.
Apesar disso, é de se festejar, sempre, esses movimentos da Igreja em se adaptar à ciência. No fundo, eles consolidam o processo de laicização do conhecimento, reservando-se para a religião nada mais do que o simbolismo e a tradição.
A tese da pluralidade dos mundos habitados, ainda quando do surgimento do espiritismo, era vista pelo Vaticano como uma verdadeira heresia. Mesmo que a chamada “revelação espírita” possa conter equívocos pontuais, assinalando a presença de vida inteligente e civilizações em planetas de nosso sistema solar, hipótese de remotíssima possibilidade nos dias atuais, o princípio como tal segue confortado por plena razoabilidade. O universo hoje observável já registra a existência de cerca de 100 bilhões de galáxias. Cada uma delas, como a nossa Via Láctea, assinala a existência de cerca de 100 bilhões de estrelas da mesma ou de maior grandeza que o nosso Sol. Em suas órbitas, já se descobriram planetas muito parecidos com a Terra. É bem razoável que em muitos deles existam formas de vida semelhante ou bem mais avançada que a humana.
Diferentemente da religião, que a cada passo precisa retificar posições oficiais antes assumidas, o espiritismo deve acompanhar todos os movimentos da ciência. É certo que cada vez se faz mais fundo o fosso entre religião e ciência. Mas a proposta espírita é de que entre espiritualidade e ciência não há qualquer barreira. (A Redação)

Mensagem do Presidente

Missão Cumprida

"Aglutinamos pessoas que, embora em menor número, fazem a diferença".

Aproximando-se o ano de 2010, cabe uma avaliação das atividades da nossa instituição durante o presente ano. Impõe-se uma reflexão a todos nós, integrantes do CCEPA, sobre nosso desempenho em 2009, projetando já uma atuação para o próximo ano. Como tem se verificado nos últimos anos, o CCEPA direcionou suas atividades para a manutenção dos seus grupos permanentes de estudos e para funcionamento de cursos, notadamente os Cursos de Iniciação ao Espiritismo (CIESP) e Ciclos Básicos Estudos Espíritas (CIBEE). Contando, para isso, com a dedicação e perseverança dos seus trabalhadores. Temos enfrentado dificuldade em atrair público e renovar nosso quadro de associados, porquanto nossas atividades não têm as características daquelas que normalmente as pessoas buscam numa casa espírita. Contudo, aglutinamos pessoas que, embora em muito menor número, fazem a diferença.

Trabalhamos sempre para a consolidação da identidade da nossa casa, que se traduz pela visão do Espiritismo como doutrina filosófica livre-pensadora, progressista, libertadora, absolutamente otimista em relação ao ser humano. Fundados nos princípios básicos da obra e do pensamento de KARDEC, defendemos (e protagonizamos) uma atualização do Espiritismo, consistente num processo de amplo, dialético, perseverante e contínuo de estudos, debates e de construção do conhecimento por todos os espíritas integrados ao segmento laico e livre-pensador. Neste contexto, o CCEPA tem participado, incansavelmente, ao lado da Confederação Espírita Pan-Americana e da Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA (CEPA BRASIL), desta tarefa de difundir este propósito, que é o de dar vigor, atualidade e efetividade ao Espiritismo para sua atuação na sociedade hoje, como instrumento de reflexão, esclarecimento e aprimoramento do homem na sua dimensão humana e espiritual.
Em nome pessoal e dos companheiros de diretoria, um agradecimento especial pela colaboração de todos e o desejo de que nos mantenhamos unidos, solidários e entusiasmados no ideal de fazer do CCEPA um centro de livre reflexão, produção e difusão das idéias espíritas.

Rui Paulo Nazário de Oliveira
Presidente do CCEPA

Opinião em Tópicos.

Milton R. Medran Moreira

Por entre trigais
O carro da Prefeitura Municipal de Ciríaco que fora me buscar na cidade de Passo Fundo, naquela manhã de novembro, serpenteava pelas colinas da região, no extremo norte do Estado. Extensas lavouras de trigo douravam a paisagem. Em algumas delas já operavam as colheitadeiras, inaugurando o período de safra do precioso cereal. O cheiro agreste que emanava da lavoura trouxe-me à mente os versos de Milton Nascimento: “Debulhar o trigo/recolher cada bago de trigo/forjar no trigo o milagre do pão/ e se fartar de pão”.
Daí a poucas horas, eu teria de enfrentar, em uma pequena cidade de agricultores, o desafio de falar sobre “espiritualidade e convivência” a dois grupos de estudantes de escolas públicas. A Secretaria de Educação e Cultura de Ciríaco promovia uma jornada de literatura e uma feira do livro. Em decorrência do lançamento de meu livro “O Espírito de um Novo Tempo ou Um Novo Tempo para o Espírito”, dias antes autografado na 55ª Feira do Livro de Porto Alegre, fui honrado com o convite para patrono daquele evento. Ali, pois, compareceria como escritor e não como espírita, até porque de espiritismo pouco ou nada se sabe por lá.

Semeadura de ideias
A aproximação da cidade é assinalada pela visão de uma réplica do Cristo Redentor, na parte mais elevada da região. Um símbolo da cidade, atestando a religiosidade tradicional de seu povo.
Apesar disso, o evento, inteiramente laico, promovido pelo Poder Público oportunizava-me falar sobre temas que nos são familiares, a partir da ideia geral de espiritualidade e suas naturais consequências no campo do relacionamento humano. O desafio, pois, não era exatamente a temática, mas a forma de apresentá-la. Não que me houvesse sido imposta qualquer limitação, mas – pensava eu – não seria apropriado usar ali típicas terminologias “espíritas”. De certa forma, nós, espíritas, vivemos um paradoxo: trabalhamos com ideias que assimilamos como universais, mas, desde que permitimos se classificasse o espiritismo como uma crença, somos levados a divulgar essas mesmas ideias sob a roupagem de uma revelação religiosa. Nossa postura interna enquanto movimento organizado terminou, por natural consequência, formatando nossa imagem externa: veem-nos como uma religião. Por isso, creio, são menos frequentes do que desejaríamos essas oportunidades de falarmos de nossas propostas e de nossa visão de homem e de mundo, em ambientes laicos. E elas diminuem na exata proporção em que a influência religiosa se reduz na cultura humana. Por isso, nós próprios nos acomodamos e nos sentimos confortáveis em falar para nós mesmos. Quase como uma seita.

Os desejos da terra
Busquei, como tenho feito ao escrever e ao falar para públicos não espíritas, quebrar essa barreira. Fiz duas palestras, uma para crianças do nível primário, outra para jovens próximos de concluírem o 2º grau, sem jamais usar o substantivo espiritismo, ou o adjetivo espírita e sem qualquer referência a Allan Kardec ou qualquer de suas obras. Tenho a convicção, assim mesmo, que fiz duas palestras com conteúdos genuinamente espíritas.
Não fosse a presença de uma senhora, que já viveu em Porto Alegre, tendo lido sobre a doutrina e frequentado centros espíritas, e com quem tive a oportunidade de dialogar privadamente e de forma explícita sobre espiritismo, provavelmente ninguém teria detectado o meu comprometimento com a doutrina sistematizada por Allan Kardec. Avaliando os resultados, diante da atenção que consegui obter dos jovens ouvintes e do entusiasmo dos promotores do evento, recordei outra estrofe da linda canção de Milton: “Afagar a terra/Conhecer os desejos da terra/Cio da terra, a propícia estação/E fecundar o chão”.

A propícia estação
A incapacidade de a ciência materialista explicar a vida ou de lhe dar um sentido realmente confortador e racionalmente aceitável deve se constituir em estímulo para a semeadura, cuidadosa, de nossas ideias em qualquer ambiente. Mas, precisamos, definitivamente, nos convencer de que não atingiremos esse objetivo querendo rivalizar com as religiões. Estas, com seus dogmas e com a prevalência da fé sobre o conhecimento, já nada mais podem fazer em prol do progresso da humanidade. Já não dá para falar em religião nem para crianças de pequenas comunidades agrícolas. Elas estão ligadas ao mundo e aos seus anseios pelos mesmos fios condutores, ou, dizendo melhor, pelos mesmos mecanismos “wireless” que globalizam o conhecimento e aproximam homens, mulheres e crianças de todos os quadrantes da Terra. Mas dá para lhes falar em espírito. A compreensão deste é justamente o que pode encaminhar o ser humano a um novo paradigma do conhecimento que liberta.
Se nós, espíritas, não compreendermos que vivemos a propícia estação à semeadura dessas ideias, estaremos desbaratando o patrimônio que Kardec e seus interlocutores espirituais nos legaram.

Notícias

Encontro dos Amigos da CEPA
Firmado contrato com hotel de Bento Gonçalves

O Centro Cultural Espírita de Porto Alegre firmou recentemente contrato com o Hotel Dall’Onder, da cidade gaúcha de Bento Gonçalves, capital da uva e do vinho, para sediar o II Encontro dos Amigos da CEPA. O evento, que terá a organização do CCEPA, acontece de 3 a 6 de Setembro de 2010. A partir do próximo mês de janeiro, estarão abertas as inscrições para todos os espíritas interessados. Em nossa próxima edição, daremos amplas informações.

“O Espírito de Um Novo Tempo” lançado oficialmente em Porto Alegre
O livro do jornalista e advogado Milton Medran Moreira, Diretor de Comunicação Social do CCEPA, “O Espírito de um Novo Tempo ou Um Novo Tempo para o Espírito” teve lançamento oficial na 55ª Feira do Livro de Porto Alegre.
Na noite de 6 de novembro, no Memorial do Rio Grande do Sul, junto à praça da feira, Medran, com outros 33 advogados gaúchos autores de obras literárias ou jurídicas, participou do ato “OAB Autografa”, com lançamento para convidados da Secção Gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil.
Na tarde de 7 de novembro, no Pavilhão Central da 55ª Feira do Livro de Porto Alegre, tradicional evento da Câmara Rio-Grandense do Livro, Medran autografou seu novo livro de crônicas para dezenas de pessoas que o foram prestigiar, apesar do intenso temporal que se abateu sobre Porto Alegre, naquele sábado.
A obra, oficialmente lançada na Feira do Livro de Porto Alegre, teve pré-lançamentos na capital gaúcha, especialmente para a comunidade espírita, com palestras do autor sobre algumas temáticas exploradas no livro, em duas oportunidades: em 15 de outubro, no Instituto Espírita Terceira Revelação Divina, e na noite de 2 de novembro no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre.
O livro, contendo 100 crônicas ambientadas nos 10 primeiros anos 2.000, a partir de um enfoque espírita, pode ser encontrado no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, na Livraria Saraiva (Shoppings Praia de Belas e Barra Sul), na Loja Kalila (Av.Tramandaí, 480, loja 4, Ipanema, Porto Alegre), ou por encomenda à editora – imprensalivre@imprensalivre.net – ou diretamente com o autor: medran@via-rs.net .
Medran (C) na foto com companheiros do CCEPA na Sessão de Autógrafos da 55ª Feira do Li vro de Porto Alegre.

Enfoque

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Verão


Paulo Cesar Fernandes - Jornalista, Santos-SP

O verão chega. Como na letra da música traz novidades.
Novos passos, novos vôos...
Uma flor cai.
Um avanço pessoal, muitas vezes social, como nos tempos da música “Alegria, alegria” de Caetano Veloso, um típico exemplo.

Do ônibus para fora, ouvindo Rio Reiser, pensava não ser o verão, principalmente o verão da Europa, tal qual a reencarnação.
O tapa do médico nos fazendo chorar poderia se assemelhar ao canto do primeiro grilo. O canto anuncia a nova estação; nosso choro, uma nova experiência.
O começo, o início de uma bela e sensível vida, pode ser que não, mas por certo algo novo.

O luar do verão, iluminando as frases dos amantes, poderia ser comparado aos nossos momentos de altruísmo, quando iluminamos o mundo. E corajosamente nos lançamos de peito aberto em direção aos nossos semelhantes, rompendo toda sorte de preconceitos. Momentos em que somos apenas amor.
Por certo os momentos de egoísmo são algo ainda presente, uma discrepância a se dissipar no transcurso do tempo.
Pode ser uma idéia maluca estabelecer relação entre a chegada do verão e a reencarnação. Mas convenhamos que ambas dão início a um novo ciclo, propondo possibilidades, e ambas terão um final de ciclo contabilizando realizações.
A vida é fundamentalmente cíclica. Ciclos de presença e ausência se alternam. Criatividade e estupidez. Egoísmo e altruísmo. Assim é a coisa.
Errado?
Nada disso!
Apenas as condições materiais e psicológicas de nosso momento existencial se mostrando de forma clara e evidente.
A santidade e sua busca? Uma tolice.
Já o equilíbrio não.
Na presença dos aspectos claros e obscuros de nossa personalidade, na coragem de encará-los frente a frente caminhamos na direção da necessária sabedoria.
Ciclos são da vida, tal qual o verão, quando uma estrela brilha no horizonte, e as aves podem cantar e voar além de suas limitações.
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Der sommer kommt (O verão chegou)
A chuva desfez o gelo, o mundo está de volta
Pessoas saem, o ar está claro
Uma ave canta, uma nova lua
O primeiro grilo, chegou o verão

A chuva desfez o gelo, o céu se aquieta
O dia se alonga, a neblina sobe
Uma estrela some no horizonte
A primavera foi, e o verão chegou

A chuva desfez o gelo, o mundo está molhado
Uma flor de cerejeira vem ao solo
Uma ave canta e alça vôo
Você avança, o verão chegou.
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Opinião do Leitor

Conceitos do CCEPA Opinião
Ao renovar minha assinatura anual deste periódico, é oportuno dizer que agradeço sempre a luz que se renova mensalmente, clareando meu discernimento. Luz que se irradia dos conceitos sempre emitidos por esse jornal. Privilegiada que sou por poder lê-los todos os meses!
Gislaine Pinto de Quadros – Dom Pedrito/RS .

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