terça-feira, 20 de maio de 2014

OPINIÃO - ANO XX - Nº 218 - MAIO 2014

A queda do catolicismo
na América Latina
Pesquisa do Instituto Latinobarometro registra queda de 80% para 67%do catolicismo entre a população da América Latina, no período de 1995 a 2013. Na maioria dos países, católicos migram para as igrejas evangélicas ou para o grupo dos “sem religião”.
         
Eram católicos, agora são evangélicos.
O Instituto Latinobarometro (Santiago, Chile) divulgou, no último mês de abril, os resultados da sondagem feita em toda a América Latina sobre religiões. Trata-se, possivelmente, da mais importante pesquisa já feita sobre crenças na América Latina.  O dado mais enfatizado mostra a acentuada queda do catolicismo nos últimos 18 anos: de 80% para 67%. No Brasil, a queda é ainda mais expressiva: apenas 63% das pessoas entrevistadas se declararam seguidoras da Igreja Romana, quando, em 1995, o índice era de 78%. Enquanto isso, registra-se uma crescente migração de crentes para as igrejas pentecostais e neopentecostais, em toda a América Latina e, especialmente no Brasil, onde os evangélicos eram 8% (1995) e hoje representam 21% da população. A queda fica ainda mais dramática na Nicarágua, onde o catolicismo perdeu 30 pontos percentuais, e também em Honduras, país em que a comunidade católica caiu de 76% para 47%: menos da metade da população que, no início do século passado, era, praticamente, toda católica.
         
Eram católicos, agora não têm religião.
Confirmando outra tendência não apenas da América como, e especialmente, da Europa, o levantamento da Latinobarometro acusou crescimento no índice dos que se dizem sem religião. No Brasil, por exemplo, esse grupo passou de 6 para 11%. No Uruguai, outro país antes cem por cento católico, 38% dos entrevistados responderam à pesquisa declarando-se sem qualquer religião. No Chile, cuja população em 1995 era constituída de 74% de católicos, hoje25% se declaram sem religião e apenas 57% seguem se afirmando católicos romanos.

Religião espírita: um pequeno contingente no mundo.
Na pesquisa do instituto chileno, não há referências ao espiritismo. Entretanto, em trabalho apresentado por Guillermo Reyes Pozo, do Centro Barcelonês de Cultura Espírita, intitulado “Retos del Espiirtismo em el Siglo XXI”, no II Encuentro Espírita Iberoamericano (Tarragona, Espanha, 1º a 4 de maio), é reproduzida pesquisa sobre crenças no mundo inteiro, publicada por The Association of Religion Data Archives (ARDA) - http://www.thearda.com/QuickLists/QuickList_125.asp - Ali, a classificação “espiritistas” aparece com o percentual de 0,2% dos habitantes pesquisados no mundo inteiro. Pela mesma fonte, os “sem-religião”, no ano da pesquisa (2005) perfaziam 12,08% da humanidade.






Tempos de laicização
A grande disputa religiosa no mundo ocidental, e particularmente na América Latina, segue sendo entre católicos e evangélicos, com visível avanço destes últimos, para cujo rebanho migram, anualmente, milhares de ovelhas do aprisco romano. Mas a pesquisa da Latinobarometro salienta que, apesar disso, cresce a popularidade do Papa argentino, Francisco. A mesma sondagem concluiu que a Igreja Católica é, hoje, a instituição com maior nível de confiabilidade, ultrapassando 60%, na maioria dos países pesquisados, percentagem só superada pela confiança na família.
 Contradição? Não, na medida em que se analisar a atuação do cardeal Bertoglio, desde que assumiu o papado. Seu discurso e sua ação em momento algum se detiveram na defesa dos dogmas da fé católica. Ao contrário, quando tomou medidas contra a corrupção do Banco Ambrosiano, ao punir a ostentação e o luxo de alguns prelados, ao combater com veemência os escândalos da pedofilia na Igreja, ao expressar tolerância e a compreensão com os homossexuais, o Papa afinou a prédica e a prática da Igreja com os anseios e as demandas da sociedade civil. A Igreja Romana, pouco a pouco, se seculariza, e, nesse processo de laicização, se distancia do dogma e do miraculoso, pontos fortes dos movimentos evangélicos. Do milagre, do mitológico, do sobrenatural e do fantástico, vão se apropriando cada vez mais as novas crenças evangélicas, especialmente nos países latino-americanos, onde crescem adubadas pelas carências sociais e no vácuo do descaso estatal com a educação. Enquanto isso, a Igreja, hábil e atenta às tendências de nosso tempo, ganha espaço com a fórmula: menos crença e mais humanismo.
Entretanto, mesmo que a Igreja minimize ou subestime as velhas questões da fé religiosa, porque superadas, subsistem na alma humana os naturais anseios pela espiritualidade. Temas como sobrevivência do espírito, sua imortalidade e evolução, passíveis de enfoque racional e científico, sempre serão objeto de íntima indagação humana, tanto de crentes como de descrentes. Nesse terreno podem se encontrar os religiosos de ontem com aqueles que duvidam ou já não são movidos pela fé, segmento que cresce aceleradamente. Esse é o terreno do espiritismo. Deixa de ser, no entanto, na medida em que ele se apresente como mais uma religião. Em tempos de laicização, é mister laicizar igualmente o espírito, enfocando-o, como propôs originariamente Allan Kardec, como o princípio inteligente do universo. Só assim, poderemos avançar, superando a minguada cifra de 0,2 por cento de partícipes dessas ideias que reputamos libertadoras e capazes de oferecer melhor compreensão acerca de Deus, do homem e do mundo. (A Redação).




Espiritismo e “espiritismos”
“O Espiritismo não encerra mistérios nem teorias secretas. Tudo nele tem de estar patente.” Allan Kardec – “A Gênese”. Introdução.

Há sensíveis diferenças entre o espiritismo que temos e o espiritismo que queremos. A ideia tem sido frequentemente expressa pelo presidente da Confederação Espírita Pan-Americana, Dante López, que a ratificou em discurso pronunciado no II Encontro Espírita Ibero-americano, ao início do fluente mês, em Salou, Catalunha, Espanha.
Quando se fala em espiritismo, costuma-se estabelecer a distinção entre doutrina e movimento. Aquela compreenderia o corpo teórico da obra proposta por Allan Kardec e que, segundo seu fundador, deveria se ampliar ao curso do tempo, incorporando aqueles conhecimentos humanos capazes de corroborar os princípios fundamentais alusivos ao espírito, sua comunicabilidade e evolução. Já por movimento espírita compreende-se o conjunto das organizações humanas envolvidas na prática e difusão das ideias espíritas.
Quem, no entanto, visita um centro, grupo ou instituição que se afirme espírita nem sempre apreenderá a distinção. Para ele, espiritismo será o que ali ele presenciar e as ideias e práticas com as quais ali tomar contato. Há, assim, um espiritismo teórico, cognoscível por aqueles que dedicarem ao seu estudo sério e à vivência da ética por ele proposta. Mas, há, de outra parte, uma gama de “espiritismos”, nem sempre ou em tudo compatíveis com o primeiro e que se fragmentam em práticas e ideias, por vezes demasiadamente esdrúxulas e, algumas, totalmente contrárias à lúcida proposta kardeciana.
Na Europa, onde, em conjunto com a Associação Internacional para o Progresso do Espiritismo – AIPE -, a CEPA promoveu, recentemente, o II Encontro Espírita Ibero-Americano, o espiritismo que floresceu e se desenvolveu rapidamente ao curso do Século XIX, experimenta hoje um forte processo de reavivamento, após ter praticamente desaparecido, em razão de duas grandes guerras e da perseguição sofrida por sangrentas ditaduras, justamente nos países onde tinha maior representatividade.
Nesse contexto, é digno de nota o esforço de núcleos e pessoas que, no Velho Continente, buscam o intercâmbio de ideias com os segmentos mais progressistas e livre-pensadores do espiritismo pan-americano. Enfrentam, fruto do criminoso processo de desprestígio do espiritismo, movido pelo establishment religioso e político por tanto tempo ali dominante, dificuldades enormes para a difusão do espiritismo, tal como o entendem e querem. O “espiritismo” com o qual se defrontam e que reside no imaginário popular não passa de um simulacro de ideias e práticas prenhes de mistério e de magia, em sentido diametralmente oposto à racionalidade kardeciana.
O Século XXI, aqui como lá, pois, nos está a oferecer imensos desafios para que se ponha no devido lugar o espiritismo que queremos, diante da imensa gama de “espiritismos” que, de fato, ainda temos, aqui e alhures. Um trabalho que só pode ser enfrentado com a união de esforços, nos moldes daquilo que alguns segmentos espíritas ibero-americanos estão fazendo.

 


O novo santo                                  
Eufórica, diante da câmera de TV, a moça dizia: “Maravilha! Agora, este país vai pra frente. Teremos um santo rogando a Deus pelo Brasil!”. Ela vibrava com a canonização do Padre José de Anchieta que o Papa havia procedido por decreto, mesmo sem a comprovação de dois ou três milagres, tradicionalmente exigíveis pela Igreja, quando se trata de elevar alguém às honras do altar.
Para quem supõe a existência de um Paraíso, onde mora Deus, sentado em um trono, rodeado de anjos e santos que disputam oportunidades de audiência para lhe pedir favores, a euforia da jovem fazia todo o sentido. Como santo, Anchieta estaria, agora, mais perto do trono de Deus e com mais chance de falar com ele. Por que não rogar pelo Brasil, país que ele viu nascer?
Um deus criado pelos homens
Os homens criaram Deus a partir de velhos modelos terrenos de hierarquia e poder. Para agradá-lo, prostram-se diante de sua imagem, entoam hinos de louvor, fazem oferendas, ritos e sacrifícios. Mesmo assim, nem sempre são ouvidos. Por isso, elegem intermediários: anjos, santos e espíritos protetores. Mais próximos do Senhor, eles poderão lhe encaminhar seus preitos. Assim como a gente costuma fazer quando tem um amigo influente nas altas esferas do poder.

Mudando conceitos
Mesmo nos dizendo espíritas, quase sempre nos pegamos pensando em Deus ou estabelecendo nossas relações com ele, a partir desse velho modelo. Entretanto, a questão número 1 de O Livro dos Espíritos, ao definir Deus como “Inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”, nos sugere avançar sobre os conceitos judaico-cristãos para concluir que as coisas não funcionam assim. Que Deus não está exatamente sentado em um trono e não necessitamos de “pistolões” para chegar a ele. Já nos é possível o conceber Deus como a suprema Inteligência, um Pensamento, uma Energia a impregnar o Universo e a nós próprios. Manifesta-se aos homens através de leis naturais, gravadas na consciência da gente. Se observadas, essas leis trazem paz e felicidade. Nossa saúde, o êxito profissional, a harmonia familiar e social, a vida e a morte, o progresso de um povo, tudo é regido por esse conjunto de leis naturais.

Santos laicos
Quando da morte de Betinho, o grande sociólogo brasileiro que concebeu uma ampla campanha para reduzir a fome no Brasil, Carlos Heitor Cony sugeriu, numa crônica, que ele fosse canonizado. Seria o primeiro santo laico brasileiro. Acho que a sugestão do cronista não chegou ao Vaticano que, em tempos de pluralismo e de reformas do Papa Francisco, bem que poderia fazer isso com outras grandes figuras da humanidade, reconhecidamente virtuosas, mesmo não sendo católicas ou religiosas, como Mahatma Gandhi, Albert Shcweitzer, Martin Luther King e Albert Einstein.
Este último, aliás, definiu Deus como sendo “a lei e o legislador do Universo”, um conceito com o qual concorda o espiritismo. Se estivermos errados, com certeza, Deus há de perdoar Einstein e os espíritas também.

 


Nota do Editor:
Este espaço é, normalmente, destinado a artigos inéditos, escritos, quase sempre, por espíritas. Abrimos hoje uma exceção, reproduzindo excelente artigo do jornalista David Coimbra, publicado no jornal Zero Hora, do último dia 18.4 – Sexta-Feira Santa dos cristãos. A exceção se justifica diante dos conceitos plenamente coincidentes com a filosofia espírita acerca de Jesus de Nazaré.

O sal da terra
“Vós sois o sal da terra”, disse Jesus no Sermão da Montanha. “Vós sois a luz do mundo”, enfatizou, e era para os seres humanos que falava. Para nós.

Nós somos o sal da terra.
Mas não vou em frente antes de falar do meu medo. Tenho medo de religiões e ideologias, porque umas e outras são matéria de fé. São dogma. No momento em que você se torna dogmático, você tem um lado e do seu lado está o Bem, enquanto o Mal está do lado de lá. Pessoas mataram e morreram, matam e morrem por causa de religiões e ideologias. Além do mais, aquelas certezas tantas e tão sólidas fazem com que as pessoas deixem de pensar. Não precisa, já está tudo pensado, basta seguir o prescrito e dividir o mundo em dois hemisférios, sem ponderações: aqui estão os certos, lá estão os errados.

Dito isso, que fique claro: não estou falando do Jesus religioso, nesta Sexta-Feira Santa; não estou falando do Jesus cristão. Estou falando de um dos mais revolucionários filósofos morais da História, e da peça central do seu pensamento, que foi aquele Sermão.

A filosofia de Jesus é tão inovadora que nenhuma de suas igrejas compreendeu ou aplicou o seu principal ensinamento. Ninguém entendeu essa passagem:

“Não oponhais resistência ao mau; se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. E se alguém quiser pleitear contigo para te tirar a túnica dá-lhe também a capa. (...) Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”.

Olhando assim, você pode achar humilhante tamanha resignação. Mas Jesus não está sugerindo submissão. Ele se põe acima disso. Está dizendo, simplesmente, que não vale a pena. Ou, como já disseram os Beatles, a vida é muito curta para perder tempo com brigas e confusões. Life is very short.

O Sermão da Montanha é surpreendente. O trecho do qual Erico Verissimo colheu o título de um de seus livros “olhai os lírios do campo”, é de rara sabedoria e de construção preciosa. Jesus dizia que o homem não deve se preocupar com acumulação de riquezas. Não deve se preocupar nem com seu sustento: “A cada dia basta o seu cuidado”. Que frase! O que ele queria dizer com isso? O mesmo que falou a respeito de brigas e confusões: que se preocupar não vale a pena. Ou, usando outro clássico dos Beatles, deixe estar. Let it be.

Mas não, não vou fazer uma exegese do Sermão da Montanha a partir dos Beatles. Não seria tão superficial. O Sermão da Montanha é profundo. Algumas nesgas dele você pode levar como regra. Como quando Jesus diz que cada um julga os outros com sua própria medida. Com essa sentença, ele diz o mais importante sobre a alma humana. Diz que o Mal é o que sai da boca do homem. E é.

Não são palavras santas. São palavras sábias. Mas, de todas elas, as que mais me intrigam foram as que citei lá em cima, na abertura do texto. Como o homem pode ser a luz do mundo, se há tanta crueldade, se pais que matam filhos, como se suspeita acerca daquele pai de Três Passos?

Vinha pensando nisso, vinha intrigado com isso toda a semana, até que, na quinta-feira, minha mulher me contou um caso prosaico. Ela é arquiteta. Naquele dia, havia ligado para o eletricista com quem trabalha, um homem muito sério, muito compenetrado. Assim que atendeu, ele se desculpou: não poderia falar, porque seu filho tinha caído na escola, machucara a boca e precisava ser levado ao hospital. E então, antes que ela conseguisse perguntar como estava o menino, aquele homem sisudo começou a chorar.

Ela me relatou essa história por telefone. Eu estava na redação. Desliguei com o coração apertado, pensando naquele pai, no quanto ele deve amar seu filho e em como devia estar sofrendo com o sofrimento do menino. E, ainda na redação, fechei os olhos e roguei em silêncio para que o pequeno estivesse bem, para que em breve os dois estejam de novo sorrindo, e pensei que é por causa de pais como esse, por causa de amores como esse que, sim, vós sois a luz do mundo. Vós sois o sal da terra.
              




Antropólogo faz pesquisa de Doutorado no CCEPA
O antropólogo Gustavo Ruiz Chiesa esteve durante vários dias do mês de abril acompanhando as atividades do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, tendo participado de suas reuniões de estudo, conferências públicas e sessões mediúnicas.
Gustavo (foto) defende tese sobre Ciência, Saúde e Espiritualidade na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde reside, e, entre outras instituições espíritas de todo o Brasil, nas quais colhe material para seu trabalho acadêmico, escolheu o CCEPA para algumas de suas pesquisas.

Nossa experiência em Salou
O Centro Cultural Espírita de Porto Alegre se fez representar no II Encuentro Espírita Iberoamericano (Salou, Tarragona, Espanha - 1º a 4 de maio), por seu Presidente, Milton Medran Moreira, acompanhado da esposa Sílvia; do Secretário de sua Diretoria Executiva, Rui Paulo Nazário de Oliveira e esposa, Raquel, e também do colaborador da instituição, Moacir Costa de Araújo Lima e esposa, Lúcia Helena (na foto, a delegação de Porto Alegre).
Medran participou do Painel de abertura, juntamente com o Presidente da CEPA, Dante López, e Guillermo Reyes, do Centro Barcelonês de Cultura Espírita. Os três, durante duas horas, responderam perguntas formuladas pelo auditório sobre o tema “O Espiritismo no Século XXI”.
Moacir, juntamente com Medran e David Estany, da Associação Espírita Otus y Neran, de Tárraga, Espanha, participou do Painel “Motores del Espiritismo”, onde desenvolveu o tema “Amor, el Arte de Vivir”. No mesmo painel, Medran abordou “La Ética Espírita en el Siglo XXI”.

CCEPA Opinião – Uma referência
do espiritismo laico e livre-pensador
Diversos expositores do “Encuentro” fizeram referência ao jornal CCEPA Opinião, destacando-se Yolanda Clavijo (de CIMA-Venezuela) que expôs o tema “Vigencia del Pensamiento de Amalia Domingo Soler”. Em sua exposição, Yolanda leu trechos de editoriais do periódico editado pelo CCEPA e destacou a sintonia de sua linha editorial com as ideias de Amalia.  Também a brasileira Jacira Jacinto da Silva (São Paulo, CPDoc), no trabalho “Criminalidad y Derechos Humanos”, fez a leitura de artigo do editor deste jornal, defendendo posições humanistas no campo do direito criminal. Por sua vez, o português José Carlos Miranda Lucas (da ADESP), que, pela primeira vez participou de um evento da CEPA, disse que tomou contato com o pensamento “espírita laico”, lendo matérias aqui publicadas por Milton Medran e Jon Aizpurua. Por fim, Jacques Peccatte (Cercle Spirite Allan Kardec, Paris) recordou ter conhecido a CEPA a partir de um contato com o Diretor deste jornal.
Para o presidente do CCEPA, “o mais importante foi a rica troca de experiências com pensadores espíritas de diferentes regiões do Planeta e a plena sintonia de ideias e propósitos”.

Opinião do Leitor   

O Evangelho Segundo o Espiritismo
Como sempre brilhante o artigo de Milton Medran, agora sobre o Evangelho Segundo o Espiritismo (CCEPA Opinião – abril) "O espiritismo propõe um novo olhar sobre Deus, a vida e o universo,sem, para isso, se valer do mistério e do sobrenatural . Inserimo-nos entre os crescentes segmentos culturais que, hoje, distinguem espiritualidade de religião " .
O texto fala de forma clara e distinta , como dizia Descartes , sobre a nossa posição diante da sociedade e do mundo. Entristece-me quando leio o Reformador e em vários editoriais está escrito Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas felicito-me de caminhar em companhia como a de Medran quando se trata de pensar o espiritismo.
Roberto Rufo -Santos/SP.

O golpe militar de 64
Prezado companheiro de ideal Medran,
Preciso parabenizá-lo quanto ao valor ético do editorial apresentado no Opinião de março a respeito do golpe civil-militar de 64, fundador de anos sombrios para a nossa Pátria. Anos de necrofilia, negação de direitos civis e de legitimação do desamor entre as gentes. Ansiava ver algum periódico espírita se manifestar com a lucidez e serenidade ali registrada.
Na Revista Espírita de abril de 1860, o sr. Allan Kardec teve ensejo de publicar profunda e sintética página do Espírito Abelardo (será aquele intelectual da Idade Média que protagonizou com Eloísa uma bela história de amor negada pelo dogmatismo de antes?) onde encontramos exarado algo bem em sintonia com o editorial escrito. Ali é dito: ”O reino do constrangimento e da opressão acabou; começa o da razão, da liberdade, do amor fraterno. Não é mais pelo medo e pela força que os poderes da Terra adquirirão, de agora em diante, o direito de dirigir os interesses morais, espirituais e físicos dos povos, mas pelo amor à liberdade.”.
Vinícius Lima Lousada – Bento Gonçalves/RS.


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