CCEPA
- 80 anos de renovação!
O Centro Cultural Espírita
de Porto Alegre, CCEPA, completa 80 anos de fundação. Uma história marcada por
sucessivas mudanças impulsionadas por sua vocação livre-pensadora e inspiradas
no caráter progressista da filosofia espírita.
Do
sincretismo religioso ao kardecismo
Fundado em 23.4.1936, com o
nome de Centro Espírita Luz e Caridade, mudado, após, para Sociedade Espírita
Luz e Caridade, o atual Centro Cultural
Espírita de Porto Alegre, assim se denomina desde 1991. Na década de 60,
com a chegada à instituição de Maurice
Herbert Jones e sua esposa Elba (foto) seriam
lançadas as sementes de sua singular história no cenário espírita do Rio Grande
do Sul e do Brasil. No livro Da Religião
Espírita ao Laicismo – A Trajetória do Centro Cultural Espírita de Porto
Alegre, Salom ão Jacob Benchaya
identifica 1968, ano em que, pela primeira vez, Jones assumiu sua presidência,
como um “divisor histórico que marca o início de uma nova fase da vida
institucional” da então SELC. De acordo com o autor, a partir daí, “Jones
imprime nova dinâmica de trabalho na busca de maior identificação com o
espiritismo kardecista”. Disso resultaria o afastamento de considerável parte
de antigos colaboradores, habituados, segundo Benchaya, “a práticas de
sincretismo religioso”, até ali marcante da na antiga instituição do bairro
Menino Deus.
Um
laboratório para o estudo sistematizado do espiritismo
Seria, entretanto, nas
décadas 70/80 que a antiga SELC assumiria seu importante papel histórico, como
protagonista de um programa de estudos sistematizados do espiritismo.
Elaborado, inicialmente, para seus trabalhadores, internamente, o programa
serviu de laboratório para a memorável Campanha de Estudo Sistematizado da
Doutrina Espírita, lançada pela Federação Espírita do Rio Grande do Sul, em
1978, quando Maurice Jones presidia aquela instituição, e Benchaya ocupava a
direção de seu Departamento Doutrinário. Posteriormente, a Federação Espírita
Brasileira, lançaria a campanha, até hoje existente, para todo o movimento
espírita brasileiro. O período entre 1978 a 1987 foi de forte influência
exercida pela ação e pelo pensamento da antiga SELC no movimento espírita
gaúcho. Quatro administrações consecutivas, duas de cada um, tiveram a
presidência, respectivamente de Maurice Herbert Jones e Salomão Jacob Benchaya.
Da
religião ao laicismo
O amadurecimento de uma
visão marcadamente laica e livre-pensadora, desenvolvida no hoje Centro
Cultural Espírita de Porto Alegre, iria redundar, nos anos seguintes, em seu
afastamento dos quadros da Federação Espírita do Rio Grande do Sul e adesão, em
1995, à Confederação Espírita Pan-Americana. Posteriormente, um integrante do
CCEPA, Milton Rubens Medran Moreira,
seria conduzido à presidência da CEPA, cargo exercido por Medran, em dois
períodos consecutivos, entre 2000 e 2008.
CEPA e CCEPA comungam, hoje, de ideais e
programas marcados por uma plena integração, o que permite à octogenária
instituição porto-alegrense seguir trilhando, juntamente com espíritas de
vários países, tanto na América, como na Europa, onde cresce a visão laica e
livre-pensadora de espiritismo, a consciência e a ação em favor do progresso e
da permanente atualização das propostas lançadas, em abril de 1857, por Allan
Kardec, ao publicar sua obra fundamental: O
Livro dos Espíritos.
Para
saber mais: O
livro Da Religião Espírita ao Laicismo –
A Trajetória do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre está disponível na
internet em:
https://drive.google.com/file/d/0B9CFzVtKHMeYWVRFcUJvUVZOenM/edit
Mensagem
do Presidente, nos 80 anos do CCEPA
Compromisso
com o laicismo
Ao reassumir, no início
deste 2016, a presidência desta Casa, destaquei, em meu pronunciamento, o papel
que o CCEPA desempenhou na volta do debate acerca do caráter laico do
Espiritismo, iniciado pelo jornalista e psicólogo catarinense Jaci Régis e o
chamado “Grupo de Santos”, no final da década de 70, e o compromisso que, desde
então, a nossa Instituição assumiu junto ao segmento não religioso do movimento
espírita.
O processo de laicização do
CCEPA, então Sociedade Espírita Luz e Caridade (SELC), inicia-se quando, na
Federação Espírita do Rio Grande do Sul, durante as consecutivas gestões de
Maurice Herbert Jones e Salomão Jacob Benchaya – período de 1978/87 – bafejados
pelas ideias dos companheiros paulistas, a FERGS lança, ao início do meu 2º
mandato, o “Projeto: Kardequizar”, uma análise crítica dos rumos do movimento
espírita e uma convocação à comunidade espírita gaúcha para um esforço de
“kardequização”, à semelhança do que Jaci Régis propunha com sua campanha de
“espiritização”. O Projeto suscitaria controvérsias que se acentuaram após uma
palestra de Maurice Herbert Jones na S.E. Paz e Amor, de Porto Alegre onde,
através da projeção de textos de Allan Kardec, reproduzia as afirmações do
codificador contrárias à natureza religiosa do espiritismo, e com o lançamento,
em outubro/86, da revista “Reencarnação”, da FERGS, trazendo na capa uma
afirmativa e uma pergunta: “Espiritismo – Ciência e Filosofia. Até que ponto
Religião?”. A forte reação da comunidade espírita e uma nova eleição redundaram
no afastamento do nosso pequeno grupo da FERGS, em 1987.
A partir daí, com o
andamento do projeto de kardequização adotado desde 1986, a SELC se
transformaria em CCEPA, em 1991. Em 1993, Milton Medran e eu tivemos contato
com o recém-eleito presidente da CEPA, Jon Aizpúrua, durante o III Simpósio
Brasileiro do Pensamento Espírita, em Santos-SP, quando o CCEPA é convidado a
se filiar à CEPA. Tal convite é aceito formalmente em 25.11.1994, pela A. Geral
do CCEPA, decisão que motivou o nosso desligamento da FERGS, por decisão
unilateral desta, em 25.03.1995.
Desde então, os laços do
CCEPA com a Confederação Espírita Pan-americana tornam-se cada vez mais
estreitos. Expressivas delegações de integrantes do CCEPA participam dos
eventos internacionais, nosso companheiro Milton Medran Moreira assume uma das
vice-presidências da confederação, o CCEPA passa a encartar no OPINIÃO um
Boletim Informativo das atividades cepeanas, organiza e promove, em 2000, o
XVIII Congresso Espírita Pan-americano onde Medran é eleito novo presidente da CEPA
e esta passa a ter sede no Brasil, até 2008. Dois livros – “A CEPA e a
Atualização do Espiritismo” e “O Pensamento Atual da CEPA” – são organizados e
publicados pelo CCEPA.
Todos esses fatos, sem
desconsiderar o trabalho coletivo que os delegados e demais instituições
vinculados à CEPA realizam por todo o Brasil, sob a liderança da
CEPABrasil-Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA, destacam,
todavia, o importante papel de nossa Casa na consolidação dos ideais e do
projeto da CEPA, inclusive na sua modernização institucional, com as propostas
encaminhadas por ocasião da reforma estatutária de 2004 e da que se avizinha,
com a realização do XXII Congresso da CEPA, no próximo mês de maio, em
Rosario-AR.
Isso talvez seja suficiente
para qualificar o CCEPA, que no dia 23 deste mês completa 80 anos de fundação,
como um importante baluarte da CEPA no Brasil, papel que pretendemos levar em
frente, ainda por muito tempo.
Salomão Jacob Benchaya
Presidente
do CCEPA
“Coxinhas” e “petralhas”
Em meio à turbulência vivida
pelo país, só reivindico meu direito de pensar livremente. Assisto com
preocupação a essa polarização política que cega “coxinhas” e “petralhas”.
Ouvindo uns e outros, fico com a impressão de que, no universo interior de cada
um deles, não está sobrando lugar para o pensamento livre, o exame isento e o
reconhecimento de que há acertos e erros em quaisquer posições políticas ou
ideológicas a que viermos a aderir.
As coisas realmente se
complicam quando sobrevém a convicção de que a verdade está num lado apenas. E
assumem trágica condição no instante em que, em nome da defesa de uma posição
ideológica, se justificam coisas como a corrupção política, a violência, o ódio
e o desprezo a conquistas institucionais históricas como a democracia, a
justiça e a igualdade de todos perante a lei.
Isenção
e justiça
Vejo que baixa sobre a
sociedade brasileira uma nuvem cinzenta esculpindo no céu da Nação esta
sentença: “É proibido ser isento”. Ser isento não significa ficar em cima do
muro. É perfeitamente legítimo escolher uma ideologia política e, para
instrumentalizar a ação social dela derivada, aderir a uma agremiação
partidária. Ideologias estão distantes de representarem verdades absolutas. São
alternativas válidas para traçarem políticas de ação em favor da sociedade.
Partidos são, no sistema vigente, instrumentos a serviço da viabilização dessas
idealizações. Ao cidadão honesto e bem-intencionado cabe, no entanto, seja qual
for sua ideologia, e para além de seus compromissos partidários, rechaçar todo
e qualquer comportamento que atente contra o objetivo central da política: a
busca do bem comum.
Sobrepor ideologia política
ou compromisso partidário ao interesse público é grave violação ao bem comum de
uma nação. É renunciar à isenção, sem a qual não se contribui com a justiça.
Partidos
amorfos
O mais trágico do momento
que vivemos é, porém, o fato de os partidos políticos terem deixado escoar pelo
ralo do fisiologismo aqueles princípios ideológicos que lhes deram origem. O
aspecto mais fascinante das ideologias era a sua capacidade de luta pelos
valores programáticos nelas contidos. Por eles, ia-se ao sacrifício pessoal, e
até a vida se poderia dar. O que vemos,
hoje, são agrupamentos partidários totalmente amorfos. Seus mentores são
capazes até de produzir um discurso doutrinariamente coerente. Mas, na prática,
não passam os partidos, em sua maioria, de aparelhamentos calculadamente
voltados a projetos de poder, muito distantes de autênticos e bem-intencionados
projetos políticos. Estamos carentes de estadistas, substituídos que foram por
ídolos. E estes passarão.
A
verdadeira Política
Allan Kardec sustentava que
o orgulho e o egoísmo eram as grandes chagas da humanidade. Orgulho e egoísmo
conduzem à ganância. Esta, em nosso tempo, se traveste de partidos que
manipulam ideais políticos, de igrejas que mercantilizam a fé, ou de
conglomerados empresariais que fraudam a economia pública. Tudo com o objetivo
da obtenção de fortunas ardilosamente desviadas de suas verdadeiras finalidades
sociais ou da cobertura de necessidades básicas de cidadãos oprimidos pela
ignorância. O fenômeno não é exclusivo da política. É claro sintoma da ausência
de compreensão do que verdadeiramente somos, do genuíno sentido da vida. Sem a
virtude, que emana, naturalmente, dessa compreensão não estaremos aptos a fazer
verdadeira Política.
Wilson
Garcia:
“Lamentável que a
fragmentação do Espiritismo venha acompanhada da negação do diálogo.”
Em
sua edição de janeiro/fevereiro últimos, CCEPA
Opinião relembrou o pensamento de Deolindo Amorim, resgatando o artigo de
sua autoria Desunião e Divergência. O
escritor Wilson Garcia escreveu-nos dizendo haver gostado muito da matéria.
Tanto assim que resolveu aplicar a tese de Deolindo, contextualizando uma
pequena divergência. Leia, a seguir seu artigo:
Deolindo
e os diversos espiritismos
WGarcia,
Recife, PE.
CCEPA
Opinião, a pílula do Dr. Ross do jornalismo espírita, republica
em sua edição de jan./fev. 2016 interessante artigo do saudoso e respeitável
Deolindo Amorim (foto), intitulado “Desunião e divergência”. Ali está todo o espírito
conciliador, dialógico e acima de tudo humanista do grande amigo baiano de
nascimento e carioca por opção.
A essência do artigo está
centrada na percepção de que as divergências não podem ser argumento para a
desunião e o diálogo é o fundamento das relações humanas. Era o que fazia e
vivia Deolindo.
O último parágrafo do texto
deolindando permite, contudo, exercer aquilo mesmo que transparece dos seus
argumentos, isto é, divergir. Ali, Deolindo afirma que as divergências que
estão no interior do movimento espírita desde o seu surgimento não quebraram a
“unidade doutrinária, que é fundamental” (sic).
Por unidade doutrinária
podemos entender dois aspectos: os princípios básicos em torno dos quais todo o
edifício doutrinário está erguido, do que se conclui que um só desses
princípios negados redunda em negação do todo. O segundo aspecto é o mundo da
vida, onde os princípios são elevados ao nível das experiências e das ideias
defesas.
Se considerarmos que a obra
de Kardec mantém seu conteúdo e sua forma inalterados em todas as traduções,
apesar das tentativas de modificar aqui e ali conceitos que imaginam
ultrapassados, pode-se argumentar com segurança que a unidade doutrinária se
mantém. Nesse campo de discussões e divergências os princípios básicos do
Espiritismo prosseguem incólumes e passam de geração a geração.
Entretanto, é no mundo da
vida que se encontra o nó da questão. É aqui que parte desses mesmos princípios
são negados ou têm seu valor reduzido, constituindo-se em ameaça constante à
obra física. Não custa recordar que muito do que se discutia até há pouco tempo
sob o título de “pureza doutrinária” dizia respeito, exatamente, a esses dois
aspectos.
Os fatos corroboram esta
afirmação. Já nos círculos de Kardec as divergências se fizeram presentes, mas
são alguns fatos marcantes que melhor revelam que a unidade doutrinária balança
entre os registros textuais e o mundo da vida.
Fiquemos com alguns desses
fatos.
A obra de Colignon e Roustaing
deve ser vista como divergência de grande repercussão ainda no século XIX que
no mundo da vida se coloca do lado oposto à obra de Kardec. Não são meros
aspectos que fundamentam a divergência, mas, sim, negações de princípios
básicos, que dizem respeito à reencarnação, à evolução etc. e que, apesar
disso, marcam também a ambiguidade das instituições que promovem Kardec e
Roustaing ao mesmo tempo, as quais contam com expressiva representatividade no
Brasil.
Se nos ativermos ao nosso
país apenas, podemos recordar os movimentos que ainda vigoram, com maior ou
menor representatividade, cujas doutrinas derivam do Espiritismo mas negam
também ou subvertem determinados princípios básicos, tais como o Racionalismo
Cristão, de Luiz de Matos, o polidorismo, de Oswaldo Polidoro e, no limite –
que ninguém fique pasmo – diversos dos movimentos em torno do médium Chico
Xavier, que se ancoram na ideia de ter sido ele a reencarnação de Allan Kardec
e, portanto, maximizam a noção da legitimação de sua obra como avanço em relação
à do codificador, o que significa atribuir-lhe valor maior que a de Kardec.
Aqui, não só o princípio da reencarnação é subvertido como, também, a razão
espírita, que se apresenta quase que como um princípio básico doutrinário,
desce ao nível do desprezo pelos assim auto reconhecidos chiquistas.
Deolindo tem plena razão no
mais, a meu ver. Lamentável, apenas, que, cada vez mais, a fragmentação do
Espiritismo vem acompanhada da negação do diálogo, empurrando cada grupo para o
seu canto, o que, para ele, Deolindo, como para qualquer criatura humana no sentido
lato dessa expressão, significa irrecuperável prejuízo ao progresso da
sociedade e ao desenvolvimento do conhecimento.
Curso
de Mediunidade, um êxito.
Ministrado por Salomão Jacob Benchaya e Donarson Floriano Machado (foto),
começou, dia 23 de março, e se estenderá por todo o ano, até 14 de dezembro,
sempre às quartas-feiras, o Curso
Espírita de Mediunidade, gratuito e inteiramente aberto ao público. O curso
marca a passagem do 80º aniversário de fundação do Centro Cultural Espírita de
Porto Alegre, tendo atraído cerca de 50 inscrições e com o comparecimento médio
de 40 participantes por aula. Segundo declarou Benchaya a CCEPA Opinião, “como é natural, diante da visão que o CCEPA tem de
espiritismo, o curso está permeado pelo enfoque não religioso, livre-pensador,
humanista, pluralista e progressista, o que não significa que haja um desprezo
pelas diferentes maneiras como os participantes, oriundos de diversas áreas,
percebem a doutrina”.
Convidado pela Sociedade Espírita Amor e Caridade
(Osório/RS), o Diretor do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, Milton Medran Moreira, proferirá
conferência naquela instituição, no próximo dia 18 de abril (20h), com o título
“Surge o Livro dos Espíritos”, alusiva à passagem, naquela data, dos 159 anos
do lançamento, em Paris, da obra fundamental de Allan Kardec.
Desencarna Henrique Diegues
Desencarnou, dia 15 de
março, Henrique Diegues, em
Santos/SP, ex-dirigente do Centro Espírita Ângelo Prado. Integrante do chamado
“Grupo de Santos”, Diegues teve histórica participação no movimento que, nas
décadas de 70/80, lançou debate sobre a chamada “questão religiosa” do
espiritismo. Figura estimada por sua amabilidade e pela dedicação à causa
espírita, sua partida deixa imensa saudade.
Geraldo de Souza Spínola
Agradeço
ao Medran e à equipe responsável por CCEPA
Opinião e América Espírita, pela
referência feita a meu pai, Geraldo de Souza Spínola, na matéria que reproduz
sua declaração à revista “IntegrAÇÃO”: “a importância da união entre os
espíritas é inegável” (América Espírita,
março/2016).
A
carinhosa referência deixou muito feliz meu pai, que acaba de completar 90
anos, tendo dedicado praticamente a vida toda à causa espírita, tanto na USE como
na CEPA.
Paula
de Mesquita Spínola – São Paulo/SP.
Espiritismo
científico - parcerias
Amigos:
procuro contato com queira escrever e falar sobre espiritismo científico.
José Roberto de Oliveira - 55.9638.
Joseroberto_deoliveira@yahoo.com.br
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