sábado, 14 de maio de 2016

OPINIÃO - ANO XXII - Nº 240 MAIO 2016

XXII Congresso da CEPA, Rosario/AR:

Um Olhar sobre a Espiritualidade do Século XXI
De 25 a 28 deste mês de maio, acontece na cidade de Rosario, Argentina, o XXII Congresso Espírita Pan-Americano, com a temática central “A Espiritualidade no Século XXI”.

O tópico do momento
Raúl Drubich
Em mensagem publicada no boletim América Espírita, encartado neste jornal, o presidente da Comissão Organizadora do XXII Congresso da CEPA, Raúl Drubich (Rafaela, Argentina) faz um comentário sobre as diferentes vertentes de práticas espirituais da atualidade. Defendendo a necessidade de que essas manifestações sejam estudadas pelo espiritismo, justifica a decisão tomada pela Confederação Espírita Pan-Americana de eleger a “Espiritualidade do Século XXI” como “tópico do momento” e tema central de seu congresso de 2016. Um dos objetivos é contribuir no sentido de que “experiências vivenciais”, presentes nos mais diversos segmentos do espiritualismo, possam ajudar “a resolver questões existenciais atuais e, com isso, melhorar a qualidade de vida da população, elevando-lhe o olhar e restituindo os valores éticos intrínsecos do ser humano”.

Intercâmbio com outros saberes e experiências
O presidente da CEPA, o argentino Dante López (foto), que, no Congresso de Rosario, encerra seu segundo mandato frente à instituição e transmitirá o cargo a quem for eleito na Assembleia Geral do dia 25 próximo, também se manifestou sobre o assunto. Em artigo publicado no boletim do mês passado, destaca que, no evento, a CEPA irá pôr em prática o que sempre sustentou: “Vamos expor nossos pontos de vista, abrindo-nos ao intercâmbio com a Ciência e outras disciplinas que possam trazer aportes ao espiritismo, sem que este perca sua identidade”. Para tanto, mais de quarenta expositores, espíritas ou não, apresentarão trabalhos, todos versando sobre a espiritualidade e os respectivos rumos, no século em que vivemos.

Ainda é tempo de inscrever-se
O site oficial da CEPA - http://cepainfo.org/- oferece todas as informações para quem deseja participar do XXII Congresso Espírita Pan-Americano, nos dias 25 a 28 deste mês no Centro de Convenções do Hotel Puerto Norte, em Rosario.





O histórico papel da CEPA
A CEPA, que nasceu em um Congresso Espírita (Buenos Aires, 1946), tem toda sua trajetória de 70 anos orientada por tendências e consensos discutidos e obtidos justamente em eventos dessa natureza. Seus Congressos marcam o norte a ser percorrido no período seguinte. E esses períodos nunca são iguais. Nem poderiam ser. A vida é dinâmica, e o Espírito, princípio inteligente que rege a vida, convida-nos a incessantes processos de renovação.
O ato de renovar-se exige capacidade de interagir. O espiritismo, vertente moderna de um espiritualismo racional, livre-pensador e comprometido com o progresso do homem e do mundo, precisa manter-se permanentemente atento a todos os esforços humanos que visam esse mesmo objetivo.
No Congresso de Rosario, a CEPA, que tem firme base kardecista, fará um amplo exercício de intercâmbio com outras correntes espiritualistas. E isso não implicará em qualquer desvio de suas bases, pois, prioritariamente, reconhece na obra de Allan Kardec, na qual se inspira, uma forte vocação de síntese abarcando todos os esforços atinentes ao estudo do espírito e de sua essencialidade no processo da vida e da História. Mas, essa mesma vocação sintética restará inoperante se não souberem os espíritas dialogar com outras vertentes onde, igualmente, se semeiam ideias e valores capazes de contribuir com a busca dessa síntese.
Só um movimento de ideias maduro e consciente da necessidade do diálogo pode realizar essa tarefa. A CEPA, pensamos, nessa trajetória de 70 anos, habilitou-se a cumprir esse papel histórico, plenamente compatível com os tempos modernos. (A Redação).





Por um Brasil inteligente e ético
A união dessas duas faculdades, inteligência e moralidade, é, pois, necessária para criar uma preponderância legitima. -  Allan Kardec, em “Obras Póstumas”.

Um dos aspectos mais comentados, em meio aos episódios relativos ao impeachment presidencial das últimas semanas, foi o baixo nível cultural revelado pela média dos parlamentares, ao se manifestarem nas votações, especialmente da Câmara Federal.
Houve de tudo. Desde inflamadas rezas pedindo a misericórdia de Deus, às vezes proferidas por deputados sobre os quais pairam sérias acusações de atos de corrupção, a xingamentos dos mais baixos a opositores e, até, cusparadas, em plenário, direcionadas a adversários políticos. Foram cenas deploráveis, incompatíveis com a seriedade que se exige de homens públicos, chamados a debater e decidir sobre um dos mais graves momentos da história política do país.

“Eles não me representam”, disseram em coro, brasileiros de todos os quadrantes, reprovando cenas verdadeiramente circenses, ora carregadas de humor, ora trágicas, quando não reveladoras de clara hipocrisia religiosa. Mesmo, no entanto, que a pessoas sensatas e politizadas reste essa sensação de não se sentirem representadas naquele colegiado, diante de tantas distorções, inegável que os agentes daqueles disparates lá não caíram de paraquedas e ali se encontram respaldados pelos votos de consideráveis parcelas do povo brasileiro. Há, sim, quem aplauda a violência, quem se compraza com manifestações homofóbicas, quem prestigie a corrupção e quem torça, inclusive, para que o Parlamento caia em absoluto descrédito, situação que justificaria, pensam, a adoção de regimes de força, de onde a representação popular esteja ausente.

Mesmo com tantas distorções, a democracia, conquista da Modernidade, continua se impondo como indispensável ao progresso dos povos. Ela é o caminho do aprendizado. Um povo é, naturalmente, gerido por seus valores culturais. Estes são adquiridos, amadurecidos, mantidos ou desprezados e, sucessivamente, cultivados e substituídos, exatamente pelos frutos que produzem. Experiências boas ou más, entretanto, coletivamente construídas, fazem a história da comunidade de espíritos que constitui um povo ou uma nação. A prática da democracia é justamente o instrumento a possibilitar esse exercício.

Na visão filosófica espírita, inteligência e moralidade são os valores que aprimoram o gerenciamento de uma sociedade. Na medida em que, juntos e na mesma intensidade, se desenvolvam esses dois atributos do espírito, estará se assegurando o êxito da atividade político-administrativa. Allan Kardec previu o advento do estágio mais avançado desse processo com a fase por ele denominada “aristocracia intelecto-moral”.
Com certeza – e os últimos episódios de nossa vida institucional bem o demonstraram – estamos distantes dessa meta. Mas, não é de se esmorecer o ânimo. Experiências amargas como as que estamos vivendo no Brasil nos conduzirão à necessidade de mais se investir na integral educação de nossos cidadãos. Não há civilização sem inteligência, mas também não ocorre efetivo progresso humano sem que o iluminem a ética individual e coletiva.









No Jardim da Infância
Há alguns anos, um escritor muito popular dos Estados Unidos, Robert Fulghum, produziu um texto que percorreu seu país e o mundo todo, fazendo grande sucesso. Nada de muito profundo. Por demais singelo, aliás. Porém de extrema sabedoria.
Ele afirmava: “Tudo aquilo que hoje necessito saber, eu aprendi no Jardim da Infância”. E, a partir disso, Fulghum arrola atitudes fundamentais e algumas experiências primárias de vida que lhe foram transmitidas na pré-escola. Como, por exemplo, a do feijãozinho colocado em meio ao algodão molhado, trazendo a lição de que tudo morre, e nós também. E de que a palavra mais importante é “olhe”. Porque, segundo ele, tudo o que precisamos mesmo saber está em algum lugar. Sempre ao nosso alcance. É só procurar em volta.

Lições
Mas foi principalmente no Jardim de Infância que o autor norte americano também diz ter aprendido coisas como: “Não pegue nada que não for seu”. “Reparta o que tem com os outros”. “Quando magoar um coleguinha, peça-lhe desculpas”. “Limpe a bagunça que você fez”. “Puxe sempre a descarga”. “Ponha as coisas no lugar de onde as tirou”. “Jogue limpo”. “Não bata nos outros”.
O famoso texto complementa convidando-nos a imaginar como o mundo seria melhor se, à semelhança das crianças do Jardim da Infância, todos tirassem uma sonequinha depois do almoço e fizessem um lanchinho com leite e biscoitos às 3 da tarde. E que, enfim, todos se dessem as mãos e permanecessem juntos, brincando e dançando o restante do tempo.

Esquecidos
Cada vez que vem a público – e isso acontece praticamente todos os dias - mais uma notícia que trata de propinas, envolvendo milhões, dadas por grandes empreiteiras a políticos e governantes, ou de empresários que fraudam as finanças públicas, corrompendo agentes que deveriam zelar pelos bens de todos nós, recordo do texto de Fulghum. Será que essa gente toda, a maioria muito sabida, nunca frequentou o Jardim da Infância? Ou nunca olhou em seu redor para entender que tudo aquilo de que necessitamos para viver está em nossa volta? Que o melhor mesmo, para sermos felizes, é tratarmos sempre os outros de forma justa, solidária e responsável? E tratarmo-nos a nós próprios, enfim, na estrita medida da satisfação daquelas necessidades que, à semelhança do feijãozinho no algodão molhado, a vida requer de nós, nesta breve passagem pelo mundo? Se frequentaram o Jardim da Infância, teriam esquecido as lições lá recebidas?

As duas alternativas
Nego-me a pensar igual a J.J.Rousseau, para quem o homem nasce bom e é pela sociedade corrompido. Claro que a vida em sociedade oferece desafios: “O inferno é o outro”, dizia Sartre. Mas é justamente enfrentando os desafios da convivência que o indivíduo cresce.
O Jardim da Infância, na perspectiva filosófica espírita, é o desabrochar da consciência vivido pelo espírito, ao ser “criado” “simples e ignorante”.  A inteligência nele se desenvolve gradativamente e, teoricamente, deveria fazê-lo melhor compreender a lei natural, na base da qual estão todos aqueles valores apontados no texto do autor americano como ao alcance do olhar de cada um. Mas, a mesma inteligência capaz de apreender as excelências da virtude é, pelo orgulho, o egoísmo e a ganância, fustigada a postergar sua prática para gozar de prazeres bem mais imediatos, igualmente a seu alcance.
Chega o dia, na trajetória do espírito e de uma sociedade, que essas duas alternativas se põem em confronto. E, então, é tempo de mudar. Terá chegado esse tempo para o Brasil?




Aporia e Identidade
no Espiritismo
Eugenio Lara, arquiteto, membro-fundador do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita (CPDoc), editor do site PENSE - Pensamento Social Espírita e autor dos livros Breve Ensaio Sobre o Humanismo Espírita, Os Celtas e o Espiritismo, Racismo e Espiritismo, dentre outros. E-mail: eugenlara@hotmail.com

O debate acerca da natureza e da identidade do Espiritismo, exclusivamente no contexto kardequiano, da obra kardequiana, é o que se pode denominar de uma autêntica aporia.
Entendo aporia no sentido filosófico mesmo, kantiano, de que para certas questões, para certos debates não existe solução racional. Pode-se afirmar uma coisa e se (re)afirmar o contrário, a partir da mesma fonte, do mesmo fato. No caso da histórica questão da identidade do Espiritismo, nos vemos diante de um certo impasse filosófico, um beco sem saída. Não tem escapatória. Isso é aporia. É como se fosse no jogo de xadrez, o xeque perpétuo: fatalmente apontando para o empate forçado.
De modo que o velho jargão: "da discussão nasce a luz", não sei bem se no caso se aplicaria. Porque, por ser aporia, tal contenda é faísca, é relâmpago, é a energia radioativa que pode embolar o meio de campo, produzir confusão mental, moral, um embate aparentemente desnecessário e sobejamente apaixonado.

Gosto dessa palavra: aporia. Normalmente, a meu ver, as palavras portuguesas de origem grega são muito bonitas, sonoras. Aporia tem uma acepção interessante. Fui consultar primeiramente em meu dicionário predileto de língua portuguesa, o Caldas Aulete. Lá diz (no campo da filosofia) que se trata da “dificuldade de escolher entre duas opiniões igualmente racionais, mas contrárias”. Tem também, na retórica, o sentido de dúvida: “figura pela qual o orador parece hesitar acerca do que há de dizer”. Recurso, aliás, costumeiramente empregado pelos oradores oficiais do movimento espírita brasileiro, a exemplo do personagem shakespeariano Hamlet (to be or not to be).

No Houaiss, aporia é a “dificuldade ou dúvida racional decorrente da impossibilidade objetiva de obter resposta ou conclusão para determinada indagação filosófica”.  Aporia significa uma “situação insolúvel, sem saída”.

Já no Aurélio, aporia é a “dificuldade de ordem racional, aparentemente sem saída”.
Como se vê, o significado de aporia nos três dicionários citados é semelhante, com duas acepções básicas, uma no campo da retórica e outra, da filosofia.

Esse debate sobre a identidade do Espiritismo nos remete a essas duas acepções citadas. De um lado o incerto, a hesitação em relação ao caminho epistemológico a ser seguido. E de outro, por ser questão aparentemente insolúvel, carrega o estigma de visões contrárias entre si, contraditórias, inconciliáveis.

O alemão Immanuel Kant e o grego Zenão de Eleia foram os filósofos que mais se interessaram por esse desafio da lógica, da racionalidade, bem mais do que o enigma, porque não tem solução aparente.

Afinal, aporia tem a ver com paradoxo, com enigmas mentais insolúveis e contraditórios. E disso o Espiritismo é bem servido. A começar pela tese kardequiana da fé raciocinada, uma das muitas aporias espíritas que, no caso, está mais para um paradoxo do que qualquer outra coisa, porque intuição e razão operam por vias distintas, a subjetividade e a objetividade, respectivamente. Não tem como conciliar. Amor racional? Razão amorosa? Isso não tem sentido algum.

Todo esse histórico debate acerca da natureza e identidade do Espiritismo virou uma aporética doutrinária, porque é inconclusivo, indeterminado, impossível de se chegar ao consenso porque não é questão “política”, mas sim, filosófica. E consenso, em filosofia, é palavra pouco usual.
Coloco política em aspas porque é esse o tratamento que os vários segmentos de espíritas têm dado a tal questão, notadamente o segmento hegemônico, o chamado movimento unificacionista, ao agir como aparelho repressor, tentando expelir o suposto vírus kardecista que possa comprometer o sistema de pensamento religioso montado, sob a bênção da Federação Espírita Brasileira. Os fatores socioeconômicos são determinantes, mas não são os únicos agentes desse processo.

Por ser aporia então não deve ser abordado, criticado, debatido? De modo algum. Ao saber que a definição da identidade e da natureza do espiritismo é algo quase difícil de ser consensual, não significa que devamos evitar a abordagem de tal questão. Trata-se apenas de se ter consciência das condições teóricas que iremos enfrentar, sem ter o receio de rever conceitos, de redimensionar nossa concepção acerca da natureza e da identidade do Espiritismo.


CCEPA comemorou 80 anos
Mesa redonda rememorando a história do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, que completou 80 anos de existência, no último dia 23 de abril, foi realizada na sede da instituição, na tarde de 22 do mesmo mês.

Com a presença de dirigentes, colaboradores, associados e amigos, usaram da palavra: o presidente do CCEPA, Salomão Jacob Benchaya que recordou importantes realizações da instituição, destacando o projeto da Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, ideia ali nascida e que foi levada, posteriormente, à Federação Espírita do Rio Grande do Sul e, dali, estendida ao Brasil; Milton Medran Moreira, ex-presidente da CEPA, que se referiu à integração CCEPA/CEPA, irmanados em prol de uma visão laica e livre-pensadora de espiritismo; Maurice Herbert Jones, ex-presidente, e mais antigo colaborador da Casa, que rememorou a trajetória da antiga S.E.Luz e Caridade, o centro espírita de práticas sincréticas, onde aportou coma esposa Elba, há 50 anos, até o atual Centro Cultural Espírita em que se transformou a instituição; Dirce Maria H. de Carvalho Leite, dirigente de grupos de estudos, que recentemente se integrou à instituição, destacando valores que ali encontrou, tais como, acolhimento, generosidade, respeito às ideias alheias e preocupação com atualização; Marcelo Cardoso Nassar, também membro recente do CCEPA, que se disse atraído à instituição justamente por seus aspectos inovadores e progressistas, criticados em outros setores.

O ato contou com a presença de Homero Ward da Rosa, presidente da CEPABrasil, e sua esposa, Maria Regina. Na oportunidade, Homero saudou a instituição aniversariante, destacando, especialmente, a histórica ligação do CCEPA com a S.E.Casa da Prece, de Pelotas, a que pertence, e a importância do CCEPA e de seus integrantes no âmbito da CEPABrasil.
Em ato de confraternização, Jones foi convidado a apagar as velas do bolo comemorativo dos 80 anos do CCEPA.

Homero, Salomão e Medran na abertura do encontro.

Pronunciamento da pedagoga Dirce H. der Carvalho Leite

Jones e o bolo



























CCEPA oitenta anos (I)
Parabéns ao CCEPA!!  Que o trabalho desenvolvido por essa Casa continue firme e que se alardeie, que lance chamas de amor pela HUMANIDADE e pelas descobertas infinitas do ESPIRITISMO! Saudações calorosas à toda valorosa Equipe!
Maria Salete Silva – C.E.Anjo da Guarda – Itajaí/SC

CCEPA oitenta anos (II)
Parabéns ao Centro Cultural Espírita De Porto Alegre - Ccepa, esta instituição forte e progressista. Vida longa! Abraços a todos.
Jailson Mendonça – Centro Espírita Beneficente Ângelo Prado, Santos/SP.




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