sexta-feira, 5 de agosto de 2016

OPINIÃO - ANO XXIII - Nº 243 AGOSTO 2016

Muitas vidas, muitos enfoques
O lançamento do livro “Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação” abre a possibilidade para diferentes leituras sobre um dos fenômenos mais complexos da vida do espírito imortal: a reencarnação.

O legado do Congresso de Santos
“Ânimo, caro leitor, venha saborear momentos instigantes de reflexão”, escreveram Ademar Arthur Chioro dos Reis e Ricardo de Morais Nunes, na conclusão do artigo de apresentação do livro “Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação”, uma coletânea de trabalhos que expressam muito bem o espírito do XXI Congresso Espírita Pan-Americano (Santos, SP, 2012). O evento passou para a história do espiritismo com singular significado. Nunca, antes, um congresso espírita tratou tão profundamente do tema reencarnação, enfocando-o sob os mais diversificados aspectos, em conferências, painéis, debates e mesas redondas com a participação de estudiosos e pensadores de vários países.
A Comissão Organizadora, presidida pelo médico e professor universitário Ademar Arthur Chioro do Reis, selecionou onze dos trabalhos ali apresentados para compor o livro. Em homenagem aos patronos do congresso, Jaci Regis e José Rodrigues, pensadores espíritas desencarnados em anos que antecederam o evento, a obra também inclui artigos por eles deixados, sobre o tema reencanação.

Temas e autores
Segue a relação dos trabalhos apresentados no congresso e editados no livro, com seus respectivos autores:
Teoria Espírita da Reencarnação: uma visão laica e livre-pensadora: Mauro de Mesquita Spínola (Brasil); Evidências Científicas da Reencarnação: Raúl Drubich (Argentina); A Reencarnação na Cultura Ocidental: Félix José Ortega (Venezuela); Os Espiritualistas e a Reencarnação: Yvonne Crespo Limoges (Estados Unidos); Reflexões Inquietantes sobre a Reencarnação: Homero Ward da Rosa (Brasil); O Esquecimento do Passado: Brutus Fratuce Pimentel (Brasil); Direito Natural, Lei Natural, Justiça Social e Reencarnação: Milton Medran Moreira (Brasil); A Reencarnação e o Desenvolvimento Sustentável do Planeta: Gustavo Molfino (Argentina); Implicações Psicofisiológicas da Reencarnação no Plano Individual: Alejandro Diaz (Argentina); A Reencarnação como Dispositivo de Construção de Autonomia – Uma Visão Laica e Livre-Pensadora: Ademar Arthur Chioro dos Reis (Brasil); Modelo Computacional da Evolução Espiritual através da Reencarnação: Vital Cruvinel Ferreira (Brasil).

ServiçoComo adquirir a obra? “Perspectivas Contemporâeas da Reencarnação”,  livro de 236 páginas, editado pelo CPDoc – Centro de Pesquisa e Documentação Espírita, em conjunto com a CEPABrasil – Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA, pode ser adquirido, via internet, acessando o site da CEPABrasil - http://www.cepabrasil.org.br/portal/fale-conosco.html ou pelo e-mail cepabrasil@gmail.com . Valor unitário: 30 reais. Para a compra de mais de 10 exemplares é oferecido desconto de 25%. O Centro Cultural Espírita de Porto Alegre dispõe de alguns exemplares à venda.







Para além da culpa e da punição
O fenômeno da reencarnação é, habitualmente, mostrado nos romances espíritas e, mesmo, a partir da visão marcadamente evangélico/cristã do movimento, como impulsionado pelo sentimento da culpa. O livro “Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação” permite vislumbrar na palingênese outros vetores tão ou bem mais importantes que a culpa.
Em artigo póstumo de José Rodrigues, inserido na obra, o saudoso jornalista e pensador santista classificava como um “pensamento atávico”, presente nos meios doutrinários espíritas, aquele que atribui à reencarnação uma “função punitiva”. Asseverava que “o determinismo, levado ao extremo por nossos conceitos punitivos, acaba tendo o valor de fatalismo, uma ideia que o espiritismo não aceita”.
Também artigo de Jaci Regis, reportando-se à questão 132 de O Livro dos Espíritos, recorda que “todos são submetidos ao processo e é preciso renovar a mente, eliminando resíduos antiespíritas, que querem atrelar a reencarnação aos princípios da queda do espírito e outras formas superadas de ver a vida e o homem”.
O livro recém lançado no Congresso da CEPA, em Rosário, é, justamente, um convite à renovação da mente, agregando a conceitos que nosso atavismo religioso sedimentou por várias encarnações, outros valores emergidos da contemporaneidade.  A obra sintetiza esforços envolvendo pesquisas com metodologia científica, um profundo refletir filosófico, o cultivo do livre pensamento e, acima de tudo, a vivência do espírito progressista de seus autores. Estes, em sua totalidade, são reconhecidos como bons conhecedores da obra de Allan Kardec, onde está a base de suas fundamentações teóricas.
Portanto, vale repetir: “Ânimo, venha saborear momentos instigantes de reflexão”. (A Redação).




Mediunidade sem mistério
“...manifestações espíritas, qualquer que seja a sua natureza, nada têm de sobrenatural, nem de maravilhoso.” (Allan Kardec, ”O que é o Espiritismo”)

Inauguramos, na página 5 desta edição, a secção “Registros da Grande Imprensa”. É nosso propósito, ali, repercutir matérias de grandes periódicos, brasileiros ou do Exterior, que se ocupem de temas com alguma vinculação ao espiritismo ou a fenômenos por ele estudados. De antemão, sabemos que as sempre escassas notícias aludindo ao que possa ser entendido pela mídia como “espiritismo” se hão de referir a fenômenos de cura ou à atuação de paranormais famosos, a maioria dos quais sem relação direta com a doutrina sistematizada por Allan Kardec. Este, aliás, segue, como disse Herculano, sendo o grande desconhecido.

 Mesmo assim, entendemos que tais registros merecem ser feitos, porque a ocorrência e a divulgação de fenômenos dessa natureza servem àquilo que Kardec qualificou com a fase da “curiosidade”. Quando alguém se mostra curioso relativamente a um fenômeno por ele desconhecido e cujas causas ignora, poderá estar sendo motivado a melhor estudá-lo e retirar dali, quiçá, lições úteis a seu crescimento.

Nesta primeira edição, registramos matéria de capa da revista Veja, sobre médium goiano conhecido como João de Deus. Ele tem se celebrizado pelo atendimento a multidões que o buscam por problemas de saúde. À sua ação, como médium da entidade espiritual identificada como Dr. Fritz, atribuem-se curas extraordinárias, inclusive por meio de delicadas cirurgias, feitas com métodos não convencionais na medicina.

Característica comum a esse tipo de atuação, quase sempre envolvendo médiuns pouco conhecedores da doutrina espírita, é a de guindar tais fenômenos ao domínio do sobrenatural. Os próprios agentes dotados desse tipo de mediunidade costumam afirmar: “Não sou eu que curo, é Deus”. Nesse contexto, situam a divindade, como o fazem as religiões, numa dimensão sobrenatural. Fenômenos mediúnicos teriam como verdadeiro protagonista um deus pessoal, operando diretamente sobre o mundo material, e de forma dissociada da ação, da vontade e das aptidões humanas. A mediunidade, entretanto, é fenômeno genuinamente humano, que se opera por leis naturais, envolvendo a humanidade encarnada e desencarnada. Não é, em si, nem boa, nem má; nem divina nem diabólica; nem miraculosa, nem sobrenatural. Tampouco está subordinada a rituais religiosos ou vinculada à fé de quem a pratica ou de quem é por ela beneficiado. Exige, isto sim, como todo o agir humano, motivação e direcionamento éticos, para, dessa forma, contribuir com o progresso integral da humanidade. É por esse ângulo que a estuda e a interpreta o espiritismo.

Reconhece-se, no entanto, que, a partir do paradigma vigente, alimentado conjuntamente por ciência e religião, fenômenos mediúnicos despertam sempre admiração e curiosidade. Admiração é o fator desencadeador do refletir filosófico. Curiosidade é o primeiro degrau do conhecimento espírita. Daí a importância de divulgá-los, mesmo quando ocorram fora dos parâmetros adotados pelo espiritismo. Que o tempo, a razão e o bom senso dos leitores cuidem do restante.







O poeta e a menina
Ferreira Gullar, talvez o maior poeta vivo do Brasil, longe de ser um espiritualista, define-se como um agnóstico. Costuma dizer que o homem inventou Deus para que Deus o criasse. Mas, ele não cansa de confessar sua perplexidade perante a vida. Em sua crônica “O Banal Maravilhoso” (Folha, 10/7), por exemplo, narra a cena da menininha de dois anos, vista no elevador a gritar com a mãe: “Lá eu não vou, eu não vou”! A última vez que a vira, era uma recém-nascida, chupeta na boca, ao colo da mãe. Agora, lá estava a garota, capaz de falar, de gritar e. de ter opinião! E opinião diferente da mãe. Pergunta-se, então, o poeta: “O que chamamos de gente nascida de um óvulo e um espermatozoide já traz em si tudo isso que definimos como ser humano?”.

O poeta e a admiração
Para Gullar essa coisa de, num embrião, já estar “potencialmente a capacidade de pensar, de falar, de inventar coisas como computadores, sinfonias e poemas”, é um grande e espantoso mistério que o leva à perplexidade. O poeta não se conforma com aqueles a quem essas coisas não causam admiração. Simplesmente dizer que as habilidades que um cão demonstra ou a esperteza, a bondade ou a maldade de uma criança “nasceram com eles” não explica o mistério. Como já nascem sabendo, se ninguém lhes ensinou antes? Pergunta.

O médico e a genética
No início do Século XX, Gustavo Geley, médico eminente que dirigiu o Instituto de Metapsíquica, na França, assinalava que a genética não poderia explicar jamais as nuanças todas da personalidade humana. O início do Século XXI marcou um avanço ímpar da genética com o mapa do sequenciamento do genoma humano. Mas nada pode explicar, por exemplo, como dois irmãos, filhos do mesmo pai e da mesma mãe, com idênticas cargas genéticas, são, às vezes, tão diferentes em tudo e diante de tudo. Sequer a educação, muitas vezes, os modifica. Nem os hábitos sociais, nem a cultura vigente, nem a religião ou o exemplo.

O homem e o mistério
Para Geley e para o espiritualismo evolucionista filosófico e científico, onde se situa o espiritismo, a chave daquilo que o poeta classifica como mistério é a teoria da preexistência do espírito, suas vivências anteriores, seu aprendizado nas vidas sucessivas. Platão sugeriu a adoção desse paradigma, com sua célebre teoria das ideias. Kardec propôs que o estudo e o desenvolvimento prático e metódico da mediunidade se tornassem meios eficazes a comprovar cientificamente a existência, sobrevivência e comunicabilidade do espírito.
Em vez disso, o homem contemporâneo estacionou no paradigma materialista. Seja ele religioso ou se classifique como ateu, agnóstico ou cético, questões como aquelas levantadas pelo poeta são jogadas ao vasto campo do mistério. Até quando?





A marca do CCEPA na FERGS
Maurice Jones assumiu a direção da SELC (hoje CCEPA) em 1968, sendo convidado a integrar o Conselho Executivo da FERGS em 1974, na gestão de Hélio Burmeister, como diretor do departamento Doutrinário. Em 1976 assume a vice-presidência e, em 01 de janeiro de 1978, é empossado como presidente da FERGS.

Durante o tempo em que integrou o Conselho Executivo da FERGS, Jones deu muita importância à interiorização administrativa. É um período de forte incremento da presença da FERGS no interior do Estado. Reuniões regionais, cursos, seminários, visitas de oradores convidados motivaram frequentes viagens de equipes departamentais para eventos nas mais diversas localidades, especialmente em cidades-polo. Na área do Departamento Doutrinário, então sob minha responsabilidade, onde mais foi aproveitada a experiência da SELC, realizamos – Jones e eu – inúmeros eventos federativos, tais como treinamento para coordenadores de grupos de estudo sistematizado, para dirigentes e colaboradores das atividades de passes, desobsessão, educação mediúnica, para expositores, além de seminários voltados para a dinamização dos Centros Espíritas.
Em janeiro/86, no discurso de posse do meu segundo mandato presidencial na FERGS, lancei o Projeto: Kardequizar, contendo uma análise crítica do movimento espírita, alertando para o processo de sectarização em curso e convocando as forças vivas do movimento espírita gaúcho a um esforço de reversão dos desvios apontados.

Milton Medran Moreira era Diretor de Difusão da FERGS e da revista “A Reencarnação”, cuja linha editorial buscava o aprofundamento de um determinado tema em cada uma de suas edições. Naquele momento, era examinado o chamado "tríplice aspecto" a partir, principalmente, do estudo mais acurado do pensamento de Kardec, pela Revista Espírita. Já havia sido editado um número tratando especificamente do caráter científico do espiritismo e outro sobre o seu caráter filosófico. Finalmente, lançamos o número 402, em outubro/86, sob o título Espiritismo: Ciência e Filosofia. Até que ponto é Religião?
Dessa edição, o único texto que afirmava não ser o espiritismo religião era uma antologia, coordenada por Maurice Herbert Jones, reunindo textos de Allan Kardec, sem nenhum comentário adicional. Outras matérias analisavam moderadamente a questão. Mesmo assim, o fato de ousarmos questionar se o Espiritismo era ou não uma religião (ainda que o fizéssemos escudados em Kardec) nos custou muito caro. Eu, que era presidente da FERGS, fui advertido publicamente por Francisco Thiesen, presidente da FEB, numa reunião regional do CFN, em Curitiba, e na Plenária realizada na sede da FEB, em Brasília, em novembro/86. Em 1987, a chapa encabeçada por Milton Medran Moreira perderia as eleições na FERGS.

A principal marca da presença da SELC/CCEPA na FERGS, todavia, é o lançamento do ESDE, assunto da próxima edição.





Sobre o Dualismo Cartesiano
Eugenio Lara, arquiteto e designer gráfico, é membro-fundador do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita (CPDoc), editor-fundador do site PENSE – Pensamento Social Espírita e autor de Breve Ensaio Sobre o Humanismo Espírita. Publicou também, em edição digital, os seguintes livros: Racismo e Espiritismo; Milenarismo e Espiritismo; Amélie Boudet, uma Mulher de Verdade - Ensaio Biográfico; Conceito Espírita de Evolução; Os Celtas e o Espiritismo e Os Quatro Espíritos de Kardec. E-mail: eugenlara@hotmail.com

A separação radical entre mente e corpo teve em René Descartes (1596-1650) um de seus maiores defensores e expoentes, influenciando até hoje todo o pensamento ocidental. Para o filósofo francês, certamente o primeiro grande pensador da modernidade, em seu pensamento dualista a substância-alma (res cogitans) é distinta da substância-corpo (res extensa). Alma e corpo são essencialmente diferentes, cada qual em sua condição natural, irredutível e inconciliável.

Sobre a natureza da alma, Descartes diz que é “uma substância cuja essência ou natureza consiste apenas no pensar, e que, para ser, não necessita de nenhum lugar, nem depende de qualquer coisa material. De sorte que esse eu, isto é, a alma, pela qual sou o que sou, é inteiramente distinta do corpo e, mesmo, que é mais fácil de conhecer do que ele, e, ainda que este nada fosse, ela não deixaria de ser tudo o que é. ” (Discurso do Método, 4ª parte - Os Pensadores, Ed. Abril. Grifo meu).

Deísta e racionalista, Descartes 9foto) sustentava que a união plena entre essas duas substâncias, corpo (matéria) e alma (espírito), seria possível, concebível e somente se efetivaria integralmente em Deus. Por conta dessa concepção dualista que dominou por séculos a visão do ser humano, estudos sobre a mente quase sempre eram relegados ao território da religião ou da filosofia, mesmo com o surgimento da psicologia. O estudo científico da mente no campo da biologia, da medicina e da neurociência é bem recente.
O pensamento cartesiano é dualista, assim como o pensamento kardecista, cuja dualidade não é estática, estanque. Espírito e matéria, as duas substâncias básicas e estruturantes do universo que o Kardecismo postula, jamais se encontram dissociadas. Não existe espírito sem matéria e nem matéria sem espírito, como na frase célebre do grande metapsiquista Gustave Geley (1865-1924): “Tudo nos leva a crer que não há matéria sem inteligência, nem inteligência sem matéria.” (Resumo da Doutrina Espírita, 1ª parte - LAKE).
O dualismo kardecista é radicalmente diferente do dualismo cartesiano. A tese kardecista estabelece uma ruptura evidente com o pensamento de Descartes, onde espírito e matéria são inconciliáveis. É como se houvesse uma inversão no cogito cartesiano: existo, logo penso. Sustentar que a Filosofia Kardecista seja cartesiana é um disparate, uma meia verdade.

Na Filosofia Kardecista, a conciliação entre essas duas substâncias universais (espírito e matéria) se dá mediante uma espécie de continuum material, entre a forma mais bruta de matéria até a mais sutil e quintessenciada, havendo uma certa gradação energética, um tipo de gradiente entre o espírito e a matéria — fenômeno teoricamente possível em função da suposta existência da energia cósmica primordial (fluido cósmico universal), espécie de matéria sutil, plasmável pela ação mental, derivada da matéria propriamente dita, ainda impossível de ser aferida, de ser medida por aparelhos.

Por outro lado, o dualismo kardecista nos conduz, quase que inevitavelmente, ao rumo próximo de teorias monistas, holísticas como as de Hegel, Pietro Ubaldi, Huberto Rohden etc. Pode-se dizer que a Filosofia Kardecista possui características monistas e/ou holísticas em sua cosmogonia, no entanto, sua feição dualista se impõe epistemologicamente porque para o Kardecismo, Deus não é uma substância, mas um conceito, concebível e perceptível devido ao instinto de adoração e ao meio cultural. O deísmo kardecista é, ao mesmo tempo, imanente e transcendente. Pegando carona no panenteísmo krausista, neologismo criado pelo filósofo alemão Friedrich Krause (1781-1832), a concepção kardecista de Deus é panendeísta porque é, ao mesmo tempo, imanente e transcendente.
Deus é a Inteligência Suprema, definiu assim Allan Kardec (1804-1869). Ele não é a Substância Suprema segundo seria em Descartes ou principalmente em Baruch Espinosa (1632-1677), que o concebia sim como uma substância, segundo uma visão nitidamente panteísta.

A filosofia kardecista não é panteísta. As substâncias que admite são o espírito e a matéria e é a partir desses dois pilares de sua cosmogonia, que ela concebe os seres e as coisas, o homem e o mundo, sempre sob uma ótica evolucionista porque este Universo, desde o Bigue-Bangue, em sua totalidade, encontra-se sujeito à evolução contínua. A matéria também evolui.

Todavia, o espírito não evolui sem a matéria e a matéria não evolui sem o espírito. Por isso que o espírito é o corpo e o corpo é o espírito. Eu não tenho um espírito, eu sou o espírito, assim como sou também o corpo. Mente e corpo são indissociáveis, mas ao mesmo tempo, são de natureza diferenciada, com finalidades ontológicas completamente distintas. Como diria o poeta-filósofo, mens sana in corpore sano.





“O Livro dos Espíritos” analisado e discutido
Na edição de março de 2013, noticiávamos o início de uma nova atividade no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre. Um novo grupo – GEALE Grupo de Estudo Analítico de O Livro dos Espíritos – começava a se reunir nas sextas-feiras, à tarde.

O idealizador da atividade, Salomão Jacob Benchaya, Diretor de Estudos e Eventos do CCEPA, e hoje também Presidente da Casa, esclarecia que o grupo estaria destinado “a estudiosos da doutrina fundada por Allan Kardec que tenham interesse numa apreciação crítica dessa obra básica da filosofia espírita num contexto de atualização”.

A atividade teve pleno êxito e, hoje, decorridos mais de três anos, segue atraindo estudiosos de O Livro dos Espíritos dispostos a analisá-lo e discuti-lo, à luz dos conhecimentos da contemporaneidade.

Sem necessidade de prévia inscrição, e aberto inclusive a interessados não vinculados ao CCEPA ou a qualquer instituição espírita, o GEALE se reúne às sextas-feiras, das 15 às 16 h, sob a coordenação de Salomão e contando entre seus debatedores e principal provocador, o pensador espírita Maurice Herbert Jones, ex-presidente do CCEPA e também da Federação Espírita do Rio Grande do Sul.

Breve História do Pacto Áureo
A partir da afirmação de que “o Pacto Áureo sempre esteve longe de ser uma unanimidade”, o historiador espírita Mauro Quintella, ativo debatedor da Lista de Debates da CEPA, na Internet, está convidando para que os estudiosos da história do espiritismo no Brasil visitem seu blog espiritismocomoeuvejo.blog.br , onde está publicando uma “breve história do Pacto Áureo”.
No seu trabalho, Mauro resgata a opinião de pensadores espíritas da época (ano de 1949) que, em periódicos espíritas então editados, posicionaram-se contra a iniciativa de unificação do espiritismo, então promovida pela Federação Espírita Brasileira.
Na opinião de Mauro Quintella sobre aquele evento histórico que completa 67 anos, em outubro próximo, “a ideia de subordinar um conjunto de federativas estaduais aos dirigentes de um gigantesco centro espírita – cheio de idiossincrasias e chamado de ‘federação’ quando hospeda um colegiado de federações – é ilógica e esdrúxula. Segundo o historiador, “a única saída para essa histórica incongruência é o CFN desalojar-se da FEB e transformar-se na tão sonhada Confederação Espírita Brasileira”.


Lançamento em São Paulo:
“Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação”
O livro “Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação” está com lançamento programado para o dia 12 de agosto, em São Paulo.
A obra contém uma coletânea dos principais trabalhos originariamente apresentados no XXI Congresso Espírita Pan-Americano, realizado em Santos/SP, em 2012. Nele o leitor vai se deparar com apresentações relativas às distintas visões da reencarnação na cultura universal de todos os tempos, discutindo também a contribuição da cosmovisão reencarnacionista para o desenvolvimento ético do indivíduo e das coletividades.
Veja convite para o lançamento:
        
Brasileiros no II Congresso
Espírita Internacional de Madri
O boletim Andalucia Espiritista, nº 52, editado pela Asociación Espírita Amalia Domingo Soler, que pode ser acessado no site da entidade -http://www.andaluciaespiritista.org/ -, publica a programação completa do II Congresso Espírita Internacional, promovido pela AIPE – Asociación Internacional para el Progreso del Espiritismo, de 16 a 18 de setembro próximo, com a temática central “Um Mun do Nuevo”.

Dois expositores brasileiros, ambos colaboradores da CEPA, participarão como conferencistas do evento, que acontece em Torrejón de Ardoz, Madri. São eles: os escritores Wilson Garcia (Recife/PE), com o tema “Noções e Percepções da Liberdade segundo a Doutrina Espírita”, e Moacir Costa de Araújo Lima  (Porto Alegre/RS) que abordará “Afinal, quem somos?”.

Da programação consta uma mesa redonda, coordenada por Mercedes Garcia de la Torre, com a temática “Atualidade Internacional do Movimento Espírita”, que deverá ter a participação de dirigentes ou representantes da CEPA – Associação Espírita Internacional.
Dentre outros temas a serem abordados no II Congresso Espírita Internacional, destaque-se a participação de Yolanda Clavijo, Dirigente do Movimento de Cultura Espírita CIMA, da Venezuela, com “Magnetismo e Mediunidade Curativa”, e “A Vida no Mundo Espiritual – De Kardec a André Luiz”, tema a ser exposto por David Santamaría, Presidente do Centro Barcelonês de Cultura Espírita (Barcelona, Espanha)

Para conhecer a programação completa, assim como informações úteis aos interessados em participar do Congresso, acessar o boletim ANDALUCIA ESPIRITISTA Nº 52 no site andaluciaespiritista.org > publicaciones > boletines. 


O Futuro da Humanidade – Uma abordagem  genuinamente espírita
Palestra “O Futuro da Humanidade: Qual Transição? O Pensamento de Allan Kardec” será proferida em São Paulo, no próximo dia 13 de agosto, numa iniciativa do CPDOC – Centro de Pesquisa e Documentação Espírita, e CEPABrasil – Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA.
O palestrante convidado, Eduardo Ferreira Valério (foto), é promotor de Justiça em São Paulo, há 30 anos, titular da Promotoria de Direitos Humanos. Espírita, preside a AJE, Associação Jurídico Espírita do Estado de São Paulo.
Veja abaixo os detalhes do evento:















CEPABrasil com novo site na Internet
O novo portal da CEPABrasil – Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA – já está disponível na rede: http://www.cepabrasil.org.br/portal/ .
Com design moderno e dinâmico, o sítio está sendo desenvolvido pelo Web designer Daniel Alves da Cruz, cuja interlocução e acompanhamento é feito por Néventon Vargas, do setor de Comunicação da CEPA e CEPABrasil”.
Ali, o internauta fica a par de todas as notícias do movimento espírita livre-pensador. Encontra também, em “loja virtual”  uma ampla relação de livros de autores vinculados à CEPA e à CEPABrasil, e a forma de adquiri-los (“Fale conosco”).

A edição virtual de CCEPA Opinião também pode ser acessada no site.






















“Veja” enfoca mediunidade de João de Deus
A revista Veja, que há tanto tempo dá destaque ao noticiário político, em sua edição nº 2485, de 6/7, mudou de assunto. Publicou, como matéria de capa, reportagem exclusiva sobre o médium João de Deus, de Abadiânia, Goiás, que acaba de ser curado de um gravíssimo câncer.

A matéria, com o título de “A luta de João de Deus contra o câncer” tem como pano de fundo relato da editora de saúde da revista, Adriana Dias Lopes, de como o médium livrou-se da doença que, segundo um médico, o levaria à morte em 5 a 15 dias, desde que foi diagnosticada. Em cirurgia de 10 horas, realizada pelo médico Raul Cutait, em agosto de 2015, lhe foi retirado do abdômen um gravíssimo tumor (denocarcinoma gástrico), de 6 centímetros, localizado abaixo da metade do estômago, órgão do qual 50% foi extirpado.
A reportagem, entretanto, vai muito além do relato do episódio, estendendo-se em ampla abordagem do trabalho que João de Deus realiza em Abadiânia. A repórter acompanhou o tratamento no hospital paulista e as subsequentes sessões de quimioterapia, sob o compromisso de não noticiar o fato até que o médium a autorizasse. Depois de curado, João de Deus solicitou a ela que visitasse seu local de trabalho, a Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, para constatar o que lá se fazia.

Por vários dias, Adriana esteve na cidade goiana, onde presenciou a multidão de peregrinos que buscam o paranormal. Este, habitualmente, indica passiflora ou cirurgia espiritual, que, muitas vezes, realiza ali mesmo, ou simplesmente orações. A jornalista descreve o ambiente como de sincretismo: “Há de tudo um pouco, para todos os fiéis. Nossa Senhora, crucifixos, pedras esotéricas”. Perguntado qual sua religião, o médium respondeu: “Fui batizado na Igreja Católica. Acredito em Santa Rita de Cássia e em João Batista.”

A reportagem, além de incluir vários depoimentos de pessoas que se disseram curadas pela ação do médium, refere nomes famosos que se submeteram, com sucesso, a tratamentos com ele: a apresentadora americana Oprah Winfrey, os ex-presidentes Lula e Hugo Chávez, da Venezuela, e a atriz Giovanna Antonelli. Reproduz depoimento do ministro Luís Roberto Barroso, do STF: “Conheci João de Deus por meio de Carlos Ayres (ex-ministro do Supremo), em 2012. Sofria de um câncer de esôfago, e sua força foi essencial no tratamento de minha doença. Há algo totalmente transcendente nesse homem”, declarou Barroso.

A repórter perguntou por que tinha procurado a medicina, em vez de recorrer às entidades espirituais com quem trabalha, ao que João de Deus respondeu com uma outra pergunta: “O barbeiro corta seu próprio cabelo?”. Em entrevista gravada - http://veja.abril.com.br/multimidia/video/a-luta-de-joao-de-deus-contra-o-cancer - declarou acreditar no “poder de Deus” e nos médicos, que são seus instrumentos.
O site de Veja exibe resumo da reportagem:

  



Léon Denis
“A ação do Espiritismo deve, então, se exercer em todos os domínios: experimental, doutrinário, moral e social. Existe no Espiritismo um elemento regenerador do qual podemos tudo esperar. Eu creio poder dizer que o Espiritismo é chamado a tornar-se o grande libertador do pensamento, o pensamento humano, subjugado há tantos séculos. Caberá ao Espiritismo lançar no mundo, cada vez mais, os germens da verdade, da bondade, da fraternidade humana. E esses germens frutificarão, mais cedo ou mais tarde”. (Da conferência pronunciada no Congresso Espírita de Liège, em 11 de junho de 1905).






Caminhando
Prezados amigos da redação de CCEPA Opinião:
Gostaria de parabenizá-los pelo excelente texto “Caminhando”, editorial da primeira página da edição de junho, explicitando o pensamento da CEPA.
Concordo plenamente com a citação ali feita do poeta andaluz Antonio Machado: “Caminante, no hay caminho, se hace caminho al andar”. Maravilhoso!
Mas também quero lamentar a última edição do encarte América Espírita. Foram 18 anos de dedicação incondicional desta equipe, que muito nos honra com seu excelente trabalho. Muito obrigada por tudo.
Alcione Moreno – São Paulo/SP

Espiritismo laico
Pertenço ao Teatro Espírita Leopoldo Machado, casa fundada aqui em Salvador, por Carlos Bernardo Loureiro, que era Delegado da CEPA.
Temos recebido Opinião, sempre lido com muito entusiasmo, por seu conteúdo sério e laico, o que também almejamos para essa doutrina que tanto amamos.  Celebramos, juntamente com todo esse segmento espírita, a nova denominação e abrangência da CEPA.
Estamos, agora, planejando um evento de celebração de 10 anos de imortalidade de nosso professor Bernardo e, inclusive, pensamos em convidar o amigo Jon Aizpúrua que com ele manteve constante correspondência.
Lucas Sampaio – Salvador/BA

Dr. Fritz, outra vez
Lendo Opinião em Tópicos, na edição de julho desse periódico, sobre um novo médium, desta vez no interior do Rio Grande do Sul, incorporando o espírito do médico alemão Dr. Fritz, não pude deixar de lembrar os tantos outros médiuns, a partir de Zé Arigó, que o antecederam com essas mesmas práticas. Interessante que todos eles tiveram um fim trágico. Seria isso carma? Estaria ligado à trajetória anterior daquele espírito? Qual a possível relação daquele espírito com seus médiuns? Sugiro uma discussão em torno disso, nesse mesmo jornal.
Anacleto Peró da Silveira – Campinas/SP.


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