O
espiritismo é uma religião?
Ampla pesquisa de opinião, feita exclusivamente entre
espíritas brasileiros, aponta que para 63,3% dos entrevistados, o espiritismo
“não é uma religião”, e sim, “uma doutrina ou filosofia com consequências
morais”.
A
pesquisa
Promovida
por Ivan Franzolim (foto), destacado
comunicador espírita paulista, pós-graduado em Comunicação Social e Marketing
de Serviços, a pesquisa é bastante abrangente. Realizada via Internet, em
formulário Google próprio para pesquisas, ouviu 4.802 espíritas de todos os
estados brasileiros. Eles responderam a 40 questões. Perguntas versando sobre o
grau de liberdade de opinar em seus centros espíritas, ou acerca da leitura ou
da influência de autores espíritas, ou ainda sobre as principais instituições
espíritas brasileiras, assim como acerca da frequência a cursos teóricos de
conhecimento espírita, foram formuladas pelo autor da pesquisa.
A
questão da religião
O
organizador da pesquisa, comentando-a, mostrou-se surpreso com o fato de 63.3%
dos entrevistados haverem respondido que o espiritismo não é uma religião, mas
“uma doutrina filosófica com consequências morais” (uma das alternativas
sugeridas na pergunta). A surpresa de Franzolim decorre, segundo escreveu, de
que “quem atua no movimento espírita percebe o contrário”, pois “a maioria das
casas segue o chamado ‘espiritismo religioso’, onde se dá mais ênfase nesse
aspecto, privilegiando as citações dos evangelhos sobre a codificação e
enaltecendo a autoridade de Jesus, intensificando as orações tradicionais e
utilizando músicas com letras claramente religiosas”.
O
caráter surpreendente da resposta aumenta, se a confrontarmos com o resultado
de outro questionamento da pesquisa: foi pedido ao entrevistado referir as
instituições espíritas de abrangência nacional por ele conhecidas e a respeito
das quais já tivesse lido algo. Nesse item, a FEB, que defende ardorosamente o
caráter religioso do espiritismo, colocou-se em primeiro lugar, com 92,8% de
citações, seguida da AME (38,1%) e da Aliança Espírita Evangélica (18%). Esta
última tem perfil ainda mais religioso que a FEB, e é responsável pelo segmento
mais místico do espiritismo brasileiro. Já a CEPA, que sustenta o caráter laico
e livre-pensador do espiritismo, ocupou a 9ª colocação (5,2% dos entrevistados
a citaram) na pesquisa, entre as 24 instituições referenciadas pelos
entrevistados.
Outros
dados
A
sondagem é bastante ampla. Envolve dados sobre áreas de atuação dos centros,
suas orientações quanto a métodos de estudo e realização de cursos, atividades
mediúnicas, assim como a literatura preferida pelos entrevistados e os autores
mais lidos. Traz também dados sobre o perfil socioeconômico dos entrevistados,
dividindo-os por regiões, faixas de idade e sexo. Para conhecer todos os dados
da pesquisa e os comentários de seu autor, acessar: http://franzolim.blogspot.com.br/ .
Sinais
de mudança
Allan
Kardec admitiu que o espiritismo passaria por uma fase religiosa. Nem era de se
esperar algo diferente, em especial num país como o Brasil, de arraigadas
tradições cristãs e de cultura formatada pelos reis católicos que governavam os
países ibéricos ao tempo do descobrimento. Mas, o próprio Kardec previa a
superação do “período religioso”, quando melhor compreendido o espiritismo.
A
pesquisa demonstra que os estudiosos do espiritismo, aqueles que frequentam
suas instituições e se aprofundam em sua filosofia, com o tempo passam, de
fato, a redimensionar sua identidade, deixando de vê-lo sob o prisma da fé,
para nele reconhecerem a verdadeira dimensão racional e filosófica. Exatamente
como queria Kardec.
Mas,
nem sempre as instituições acompanham a inquietude do espírito humano,
vocacionado que está ao progresso e à mudança de ideias. Instituições,
notadamente quando nascidas sob o formato religioso, tendem a perpetuar o
conservadorismo inerente às religiões.
Talvez
isso explique a contradição estampada na pesquisa: um forte contingente de
espíritas, de pouco tempo para cá, vem mudando sua concepção de espiritismo,
embora continue integrando casas e se filiando a instituições que não conseguem
romper com o formato igrejeiro introjetado em suas bases. A maioria dessas
pessoas sequer sabe da existência de um segmento laico cujos núcleos melhor
atenderiam suas expectativas. Está aí um campo a ser trabalhado pelas novas
instituições construídas sobre bases genuinamente kardecistas, progressistas e
livre-pensadoras. (A Redação)
A flor e o fruto
“Os maiores crimes de hoje indicam muito mais
manchas de tinta que de sangue”. Thomas Lynch – ensaísta
americano.
Sob qualquer ângulo político,
entretanto, em que se visualizar a crise, um fator parece claro: fomos, como
povo – ou, numa perspectiva espiritualista, como comunidade de espíritos
comprometidos com seu progresso coletivo-, demasiadamente lenientes na condução
de nosso crescimento integral.
À luz da filosofia espírita, o
progresso humano se dá pelo aprimoramento de dois atributos do espírito: a
inteligência e a moralidade. Allan Kardec, a propósito, escreveu em “Obras
Póstumas”: “A Inteligência nem sempre é penhor da moralidade e o homem mais
inteligente pode fazer uso pernicioso de sua faculdade. Por outro lado, a
simples moralidade pode não ter capacidade. É, pois, necessária a união da
inteligência e da moralidade”.
Na raiz da crise hoje vivida
desponta a constatação de que cidadãos integrantes de uma elite cultural
avançaram significativamente no campo da inteligência, estacionando, entretanto,
no seu aperfeiçoamento ético. De repente, nos demos conta de que, justamente em
determinados setores da política e do empresariado do país, se haviam
desenvolvido sofisticadas formas de criminalidade para cujo combate, em um
primeiro momento, a sociedade parecia despreparada. Teorias e práticas
jurídico-penais voltavam-se quase que exclusivamente ao combate de crimes
comumente praticados por agentes pertencentes a classes sociais mais modestas,
onde a educação custa a chegar e a inteligência, assim, carece de estímulos ao
melhor desenvolvimento.
Esse panorama mudou, na mesma
medida em que a reconquista democrática foi permitindo o aprimoramento de
instituições e a busca da justiça para todos. Hoje temos leis e instituições
mais aptas ao combate da chamada criminalidade do “colarinho branco”, até
porque a estas se garantiu a independência funcional. Assim, se a inteligência
sofisticou o crime, deu-se, por outro lado, a correspondente sofisticação nos
instrumentos de seu combate. E mesmo que, nesse afã, possam ocorrer equívocos e
injustiças pontuais que a História e a vida, na sua infinitude, se encarregarão
de corrigir, caminhamos para um estágio onde, presume-se, se há de melhor
valorizar a ética pública. O Brasil não será o mesmo nas próximas décadas.
Momentos de crise profunda como este são convites a transformações igualmente
profundas.
Na questão 791 de O Livro dos
Espíritos, os interlocutores de Kardec advertiram que a otimização
civilizatória só se daria quando o elemento moral estivesse tão desenvolvido
quanto a inteligência. Até porque o “fruto” (desenvolvimento ético) não pode
vir antes da “flor” (inteligência).
Estaremos a caminho dessa
estação onde flores e frutos produzirão um novo cenário para este, até aqui,
tão sofrido Brasil? Bem, isso depende, fundamentalmente, da faina de todos nós.
O
vôlei e o véu
A imagem das atletas egípcias vestindo
véu islâmico e calças compridas, no vôlei de praia da Olimpíada do Rio, pode
simbolizar o caráter plural e universalista dos jogos. Mas, também permite
refletir sobre o tema da moral religiosa e moral laica.
A moral de um povo é fruto dos
valores que lhe são impostos ou que são ali construídos. Quando impostos,
partem de crenças ou ideologias muitas vezes contrárias às leis da natureza.
Quando livremente construídos, esses valores aproximam-se da natureza e da
razão a ela inerente.
Pode-se imaginar coisa mais
antinatural do que disputar um esporte genuinamente praiano, nas areias de
Copacabana, que não seja com roupa de banho?
Religião
e moral
Moral vem da expressão latina mos-mores, que significa costume. Nem sempre os costumes evoluem.
Às vezes, sofrem processos involutivos. Ideologias totalitárias e
fundamentalismos religiosos são responsáveis por tais retrocessos. No Antigo
Egito, as mulheres gozavam de independência financeira e jurídica. Podiam
trabalhar e recebiam salários iguais aos dos homens. O fundamentalismo
islâmico, que hoje domina o país, colocou-as em posição de submissão. Mostrar o
corpo é pecaminoso, como o foi no Ocidente, enquanto dominado pelas teocracias
cristãs.
Livros sagrados, vistos pela
religião como revelações divinas, não são mais que expressões dos costumes
vigentes no tempo e no espaço em que surgiram. Tomá-los como mandamentos de uma
moral universal e imutável tem sido, na História, causa de retrocesso e de
estagnação cultural.
A
“moral espírita”
A chamada moral espírita não tem características religiosas. Ao identificá-la
com a lei natural, gravada na consciência do ser humano, Allan Kardec
recusou proviesse ela da revelação,
conferindo-lhe caráter eminentemente racional, humano, progressista e laico.
Por lidar o espiritismo com valores universais e atemporais, rigorosamente não
existe uma moral espírita. O fato de O Livro dos Espíritos apontar Jesus de
Nazaré como “modelo e guia da humanidade” não atrela sua filosofia à chamada moral cristã. Esta, historicamente,
mostrou-se, em inúmeros aspectos, divorciada da racionalidade e preservadora de
costumes que obstaculizaram o progresso humano.
Espiritismo
e modernidade
A proposta espírita, em meados
do Século XIX, opôs-se corajosamente a arraigadas concepções que integravam a moral cristã. Proclamou a plena
igualdade de direitos entre homens e mulheres; demonstrou que a
indissolubilidade do casamento contrariava a lei natural; defendeu a licitude
do aborto em circunstâncias como a da preservação da vida da genitora,
priorizando, assim, o princípio da dignidade da mulher; posicionou-se a favor
da inteira liberdade de pensamento, de opinião e de crença, quando a religião
se opunha à separação entre ela e o Estado e pregava que fora da Igreja não
haveria moral nem salvação.
CCEPA:
Laboratório do ESDE
Para os que não sabem, o ESDE
(Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita) surgiu no Rio Grande do Sul, mais
exatamente no CCEPA, que então se denominava Sociedade Espírita Luz e Caridade
(SELC).
Quando Maurice Jones assumiu a
presidência da SELC, em 1968, uma das primeiras decisões que tomou foi a de
compor um grupo para o estudo metódico das obras de Allan Kardec.
Na década de 70, a SELC já
mantinha grupos de estudo metódico do Espiritismo e que adotavam os programas
do COEM – Centro de Orientação e Estudo da Mediunidade – do Centro Espírita Luz Eterna, de Curitiba.
Com o tempo, a SELC elaborou seus próprios programas e sua experiência com
grupos de estudo constituiu-se no laboratório da campanha que seria lançada
pela FERGS.
Em 1978, Maurice Herbert Jones
assumira a presidência da Federação Espírita do Rio Grande do Sul e me
convidara para assumir o Departamento Doutrinário.
Em 26 de junho de 1978, em
reunião mediúnica do Conselho Executivo da FERGS, o espírito Angel Aguarod,
imigrante espanhol que, quando encarnado, fora presidente da FERGS,
manifestando-se, pela psicografia de Cecília Rocha, afirmou, em determinado
trecho: “Reiterando despretensiosa sugestão, recomendaríamos uma grande
campanha, para usar nomenclatura moderna, em torno da importância do estudo das
obras básicas da Doutrina Espírita”. Nos comentários que se seguiram à
comunicação, lembro-me de haver dado a sugestão, prontamente aceita, de se adotar
metodologia semelhante à empregada na então chamada “evangelização infantil” e
que consistia na elaboração de Planos de Aula pela Federação, remetidos pelo
correio às sociedades federadas e para outros Estados. Assumi o compromisso de
esboçar um plano a ser apresentado ao Conselho Executivo. Não havia dado
atenção à expressão “reiterando despretensiosa sugestão”, de Aguarod, até que,
dias depois, folheando exemplares antigos da revista “A Reencarnação”, da
FERGS, deparei-me, no exemplar de agosto/76, com a mensagem “Integridade
Doutrinária”, do mesmo espírito, recebida em 28 de abril de 1976. Alí,
efetivamente, já havia a recomendação explicita de Aguarod para “o estudo de um
plano amplo no sentido de esclarecer os mais responsáveis pela dinamização do movimento
espírita, da importância do estudo, da interpretação e da vivência do
Espiritismo.”
O ESDE foi lançado pelo
Conselho Deliberativo Estadual da FERGS, em 22 de julho de 1978 e logo as
sociedades federadas passaram a receber o material orientador. Jones e eu
passamos a ministrar cursos para preparação de monitores em várias cidades
gaúchas.
Somente após Jones haver
insistido, junto ao Conselho Federativo Nacional da FEB, para que lançasse
idêntica campanha em âmbito nacional e enfrentado uma surda resistência de
parte da maioria dos representantes estaduais, é que a proposta gaúcha foi
aprovada, pelo CFN, em 6 de julho de 1980. A campanha foi oficialmente lançada
pela FEB, com roteiros reelaborados, em 27 de novembro de 1983, com roteiros,
cartazes e, ainda, o aval mediúnico de Francisco Spinelli e Bezerra de Menezes.
Jiddu Krishnamurti
“Sustento
que a Verdade é uma terra sem caminhos, e vocês não podem aproximar-se dela por
nenhum caminho, por nenhuma religião, por nenhuma seita. Este é meu ponto de
vista e eu sigo absoluta e incondicionalmente... se compreenderam isso em
primeiro lugar, verão que é impossível organizar uma crença. A crença é uma
questão puramente individual, e não podemos, nem devemos organizá-la. Se assim
o fizermos, ela morrerá, ficará cristalizada; tornar-se-á um credo, uma seita,
uma religião para ser imposta aos outros. É isso que todos no mundo inteiro
estão tentando fazer! ” (Do discurso pronunciado por
Krishnamurti, em Ommen, Holanda, em 3/8/1929, dissolvendo a Ordem da Estrela do
Oriente, que havia se organizada em torno dele).
ZH ouve espíritas em matéria sobre práticas alternativas
Com manchete de capa de sua
edição de fim de semana, o jornal Zero
Hora de Porto Alegre, publicou, em seu caderno “Doc” de 23 e 24/7/16, ampla
reportagem intitulada “Médiuns, Pretos Velhos e Benzedeiras”.
A matéria inicia enfocando a
benzedeira Zeli da Rosa Neto, de
Capivari do Sul “uma negra de 85 anos, cabelos totalmente brancos” que, num
“lar humilde, com divisórias feitas de tábuas, sem pintura”, recebe gente de
todo o Estado, em busca de suas “benzeduras” que já teriam curado inúmeras
pessoas de doenças gravíssimas. Reporta-se a “um preto velho, um padre
psicólogo, um ‘arrumador de gente’, e um médium que encarna o Dr.Fritz”. Todos
eles famosos no Estado, por se dedicarem a “curas do além”.
A matéria se estende por 10 páginas da edição
de fim de semana do mais importante jornal gaúcho. As duas páginas finais se
ocupam do servente de pedreiro Mauro
Pacheco Vieira, 33 anos, que diz
incorporar o médico alemão Adolph Fritz e “se dedica à mais impressionante e
controversa das modalidades não-reconhecidas de terapia: as cirurgias
espirituais, que envolvem cortar e espetar objetos no corpo dos doentes, sem
qualquer forma visível de anestesia ou assepsia”, diz o jornal.
A
palavra dos espíritas
Sobre a atuação de Mauro, ZH
ouviu duas lideranças espíritas. Para a vice-presidente da Federação Espírita
Brasileira, Marta Antunes, “as
cirurgias espirituais não são uma prática relacionada com a doutrina” já que a
finalidade desta “é a transformação moral”. Segundo ela, “essas cirurgias podem
funcionar, mas quando envolvem cortes são ilegais”, classificando-se como
“curandeirismo”. Adverte Marta: “Chico Xavier, que foi uma pessoa muito
enferma, não ia nesses médiuns, recorria aos médicos. Ela vê incongruências nas
ações atribuídas ao Dr. Fritz, pois “não seria de esperar que o alemão
permanecesse tantas décadas na condição de espírito”, e também acha muito
difícil que se utilize simultaneamente de tantos médiuns, “porque ele tem de
estar ali presente para fazer as incisões, para tirar o tumor”.
Mais enfático, o presidente do
Instituto Espírita Dias da Cruz, Geraldo
Cardoso, afirmou que “um espírito não tem como realizar manipulações no
mundo físico”, e que “não existe incorporação, não existe um espírito entrar no
teu corpo, o que existe é uma ascendência”. Para Geraldo, “é muito complicada
essa questão das cirurgias, desses médiuns que tocam nas pessoas e que fazem
aquele teatro”, porque “para mim é um teatro”, diz, acrescentando: “A pessoa
que está no desespero terminal acredita em qualquer coisa, e aí os caras
abusam”.
Dois
pensadores espíritas tratam da educação sob perspectivas diferentes. Jerri
Almeida resgata o caráter essencialmente pedagógico da doutrina espírita.
Flaviano Silva vê no sofrimento um instrumento educativo, na trajetória
evolutiva do espírito.
O espiritismo e sua função educadora
Jerri Almeida,
Professor de História. Presidente da Sociedade Espírita Amor e
Caridade,Osório/RS.
A
filosofia espírita, por sua natureza dinâmica, racional e ética, constitui uma
educação profunda, capaz de estimular uma nova concepção do homem e da vida,
posto que depositária de uma ordem de ideias essencialmente humanista. Não
seria demais afirmarmos que Kardec, na sua condição de pedagogo, imprimiu no
espiritismo uma essência pedagógica com dimensões muito amplas.
Discutiu,
por vezes, o impacto dessas novas ideias na formação infantil.
Ele
(o espiritismo) já prova sua eficácia pela maneira mais racional pela qual são
educadas as crianças nas famílias verdadeiramente espíritas. Os novos
horizontes que abre o Espiritismo fazem ver as coisas de modo bem diverso;
sendo o seu objetivo o progresso moral da Humanidade, forçosamente deverá
projetar luz sobre a grave questão da educação moral, fonte primeira da
moralização das massas.¹
A teoria espírita lançando significativos
esclarecimentos sobre o mistério da existência agrega, inevitavelmente, novos
elementos na estrutura familiar, especialmente na educação de pais e filhos. A
dimensão educacional do espiritismo, segundo Kardec, teria efeitos na
composição de novos elementos culturais através das gerações. Não se trata
apenas de limitarmos os efeitos dessa filosofia ao aspecto moral, mas de
ampliarmos tais efeitos para o universo da própria cultura.
Desde
a infância, o ser começa a absorver a herança cultural que assegura sua
formação e orientação ao longo do tempo. Quando essa herança é limitada ao
pensamento materialista ou aos elementos mítico-religiosos, ela fecha o sujeito
para voos mais amplos de compreensão e inserção mais plena na vida. Nesse
sentido, o espiritismo, em sua perspectiva educacional, abre a cultura para os
aspectos mais profundos da identidade espiritual e para o aperfeiçoamento integral
do Ser.
Assim
como, no dizer do sociólogo francês Edgar Morin, o patrimônio hereditário do
indivíduo está inscrito no código genético, o patrimônio cultural está
inscrito, primeiro, na memória (individual e coletiva) e, depois, na cultura
formal (leis, literatura, artes, religião, educação, etc). Segundo Morin, a
cultura é fechada e, ao mesmo tempo, aberta, pois enquanto o dogmatismo do
pensamento enclausura o conhecimento, o dinamismo cultural o abre para novas
possibilidades.
Nesse
sentido, percebemos uma valiosa contribuição do espiritismo no campo
educacional do espírito humano, abrindo a cultura para novas possibilidades de
ver o mundo num contínuo dinamismo conceitual. Dessa ação pedagógica profunda
(não formal), emergem novos significados sobre as leis da natureza, sobre a
felicidade humana, sobre a morte, sobre o complexo familiar, sobre os conflitos
e sofrimentos humanos, individual e coletivo.
Dessa
forma, a essência pedagógica do espiritismo, sem nenhuma pretensão proselitista
ou salvacionista, estabelece uma ação educativa no momento em que nos desafia
para uma mudança de percepção sobre nós mesmos, nos oferecendo horizontes mais
amplos de compreensão sobre a admirável estrutura das leis naturais e morais da
vida, garantidoras de felicidade e paz.
[1] KARDEC, Allan. Primeiras Lições de
Moral na Infância. In. Revista Espírita,
fevereiro de 1864.
O sofrimento: uma perspectiva espírita
Flaviano
Silva – Servidor
Público, Professor, graduado e pós-graduado em Gestão Pública. Membro da ASSEPE
- Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa.
Ao
analisarmos a trajetória da nossa sociedade, observamos o homem comprometido
com uma busca constante pela prosperidade. Esta busca nem sempre representa
progresso de um ponto de vista individual ou coletivo, mas atesta uma
característica humana intrigante: o medo de sofrer.
O
dicionário Houaiss define sofrimento
como sendo dor moral, vida miserável, dificuldade. É evidente o esforço dos
indivíduos para estarem longe dessas situações, entretanto, quase sempre
ignoramos os princípios que nos distanciam delas.
No
livro “O problema do ser, do destino e da
dor”, Léon Denis diz: “Se há na Terra
menos alegria do que sofrimento, é que este é o instrumento por excelência da
educação e do progresso, um estimulante para o ser, que, sem ele, ficaria
retardado nas vias da sensualidade. A dor, física e moral, forma a nossa
experiência. A sabedoria é o prêmio”.
Léon
Denis define com maestria a finalidade da dor para o homem. Ao conceituá-la,
essencialmente, como educativa e progressista, ele nos remete a uma visão
consoladora das vicissitudes em nossa existência. A partir disto, é possível
perceber que as aflições humanas possuem uma função aparentemente paradoxal:
privar o ser humano destas mesmas aflições no futuro.
O
contrassenso só existe perante a inobservância para com esses fatos da vida.
É
imperiosa uma visão diferenciada acerca de nossas relações com o mundo, e das
leis que estabelecem essas relações. Percebendo os mecanismos que regulam e
direcionam a nossa existência, penetramos um pouco mais no conhecimento de nós
mesmos.
Compreender
a expiação como um instrumento de transformação íntima do homem, é enxergar o
mundo sob outro prisma, no qual somos responsáveis pelas nossas desventuras, e
que a dor atual é consequência do ontem, mas pode converter-se em ventura
no amanhã.
Jon Aizpúrua no Brasil
A convite do Teatro Espírita
Leopoldo Machado, tradicional instituição sediada em Salavador, BA, o escritor
e conferencista venezuelano Jon Aizpúrua (foto),
ex-presidente da CEPA, estará no Brasil, neste mês de setembro.
Na capital baiana, Aizpúrua
será um dos conferencistas do Seminário “O
Pensamento Espírita de Carlos Bernardo Loureiro” (veja, abaixo, a
programação completa do Seminário, que acontece no dia 17/9), evento programado
em memória de Carlos Bernardo Loureiro,
destacado pensador espírita, que foi fundador da entidade promotora do
acontecimento. O convite dirigido a Jon Aizpúrua foi feito em razão da amizade
e da sintonia de pensamento dele com Loureiro, ao curso da fecunda atividade
desenvolvida pelo líder e escritor espírita baiano, desencarnado há 10 anos. Carlos Bento Loureiro foi um dos
primeiros delegados da CEPA no Brasil, nomeado para essa função, justamente
durante o mandato de Aizpúrua na Confederação Espírita Pan-Americana, hoje CEPA
– Associação Espírita Internacional.
Jon
na Unisanta
Antes de sua atividade em
Salvador, Jon Aizpúrua estará em São Paulo, onde deverá fazer palestra, na
noite de 14/9 (20h), no Centro Espírita José Barroso. Tema: “O Pensamento
Social Espírita – Por uma sociologia de base espiritual”.
Na Universidade Santa Cecília, de Santos/SP,
pronunciará conferência pública sobre “Reencarnação e Espiritualidade”, às 20h
do dia 15 de setembro. Na mesma oportunidade, será lançada naquela Universidade
a obra “Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação”, livro que reúne trabalhos
apresentados no Congresso da CEPA de 2012, sediado justamente em Santos, na
Unisanta.
Dirigentes
da CEPA no Congresso da AIPE
A presidente da CEPA, Jacira Jacinto da Silva, e seu diretor
administrativo, Mauro de Mesquita
Spínola, participarão do II Congresso Espírita Internacional, promovido
pela Asociación Internacional para el Progreso del Espiritismo – AIPE -, a
realizar-se de 16 a 18 deste mês de setembro, em Torrejón de Ardóz, Madri.
Jacira e Mauro integrarão a
mesa redonda que acontece na noite de 16/9, coordenada por Mercedes Garcia de la Torre, versando sobre atualidade do movimento
espírita internacional. Como expositores, também deverão apresentar trabalho
com a temática “Solidariedade, Justiça e Espiritualidade, no sábado, às 12h45.
Homero fala sobre o lançamento de “Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação”
Presente
no ato de lançamento obra, na Livraria Martins Fontes, de São Paulo, o
presidente da CEPABrasil, Homero Ward da
Rosa, enviou-nos o seguinte relato:
“Na noite de 12 de agosto,
aconteceu o lançamento do livro “Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação”,
na Livraria Martins Fontes da Avenida Paulista, em São Paulo. Organizada por Ademar Arthur Chioro dos
Reis e Ricardo de Morais Nunes,
com projeto gráfico, editoração, capa e revisão final de Eugenio Lara, revisão de textos de Milton Rubens Medran Moreira e tradução de Eliana Pantoja, a obra reúne alguns trabalhos apresentados durante
o XXI Congresso da CEPA (Associação Espírita Internacional), realizado em
Santos, em 2012. A edição resultou de uma parceria entre a CEPABrasil –
Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA-Associação Espírita
Internacional e CPDoc – Centro de Pesquisa e Documentação Espírita.
São doze autores, do Brasil,
Argentina, Venezuela e Estados Unidos da América. Além deles, o livro
homenageia dois importantes autores espíritas, já falecidos: Jaci Régis e José Rodrigues, que dedicaram uma relevante contribuição ao
Espiritismo laico, humanista, universalista e livre-pensador. O evento reuniu
vários amigos e simpatizantes do Espiritismo e de outras filosofias
espiritualistas, um público que prestigiou, confraternizou, dialogou e
questionou os autores, demonstrando interesse pelo tema reencarnação. Foram
mais de três horas de uma conversa agradabilíssima que se ampliará, tão logo o
conteúdo do livro se torne conhecido”.
Na
foto, por ocasião do lançamento, a partir da esquerda: Ademar, seu filho André,
Ricardo e Homero.
“Seja
Você Mesmo”
Acusamos o recebimento de um
exemplar de livro recentemente lançado pela Editora EME “Seja Você Mesmo”, do
autor espírita José Lázaro Boberg,
(Jacarezinho/PR).
Advogado, pedagogo e professor
universitário, Boberg é autor de dezenas obras com temáticas espíritas.
Em “Seja Você Mesmo”, o
escritor discorre sobre a questão do que chama de “sequestro da subjetividade”,
descortinando, numa perspectiva espírita, um mundo novo onde podemos e devemos
manter as rédeas de nossas vidas em nossas próprias mãos. Adverte sobre os
riscos de entregar nossos destinos nas mãos de outros (sejam as religiões, o
inconsciente coletivo, familiares, etc). A obra alerta sobe os cuidados que
devemos ter com nossos próprios pensamentos e atitudes para que não sejamos nós
mesmos os “ladrões” de nossos sonhos.
O novo livro de Boberg pode
ser adquirido diretamente da Editora EME, pelo e-mail: http://www.editoraeme.com.br/
Entrevista
de Ademar ao Programa Amaury Jr.
No último dia 25 de agosto, o
ex-vice-presidente da CEPA, Ademar
Arthur Chioro dos Reis, concedeu longa entrevista ao apresentador Amaury Jr. (Rede TV), transmitido em
rede para todo o Brasil.
O entrevistador destacou,
especialmente, a condição de espírita do ex-ministro da Saúde Arthur Chioro,
enfatizando o lançamento recente da obra “Perspectivas Contemporâneas da
Reencarnação” da qual Ademar, juntamente com Ricardo de Morais Nunes, é um dos organizadores e que apresenta
artigos de pensadores de diversos países sobre o tema. A entrevista,
entretanto, abrangeu diversos aspectos ligados ao espiritismo, tais como: a
questão da imortalidade do espírito, o fenômeno da quase morte, a mediunidade e
outros. O entrevistado, indagado pelo apresentador, também traçou as distintas
perspectivas pelas quais os espíritas religiosos e os, como ele, laicos e
livre-pensadores visualizam o espiritismo.
A entrevista pode ser assistida na Internet, no site do
programa, onde está armazenada - http://www.amauryjr.com.br/principal.asp?id=8189
Revista
“A la luz del Espiritismo”
A “Escuela Espírita Allan Kardec”, de Porto
Rico, http://www.educacionespirita.com/ - entidade
filiada à CEPA, disponibilizou, pela Internet, a edição comemorativa aos 10
anos da revista “A la luz del Espiritismo”, publicação que tem como responsável
o vice-presidente da CEPA para a região da América Central e Caribe, José Arroyo. A revista, que pode ser
lida inteiramente pela rede, tem como temática central “o mundo espiritual”,
enfocando, na matéria de capa “a angústia e o estado de nossos familiares e
amigos desencarnados”, assim como, “a ação como evidência do Amor e do Bem”. Na
edição comemorativa, encontra-se também noticiário do Congresso da CEPA, na
cidade argentina de Rosário, realizado no último mês de maio e que contou com
numerosa delegação de Porto Rico.
A revista pode ser lida no
computador, acessando este endereço:
Opinião e entrevista
A partir da divulgação pelo
Facebook, nós, aqui em casa, já fizemos nossa assinatura do “Opinião” e
aguardamos o recebimento do próximo jornal. Também tomei conhecimento da
entrevista do ex-ministro da Saúde Arthur Chioro sobre o tema reencarnação, que
terminei assitindo. Pessoalmente, tinha algumas dúvidas acerca da reencarnação,
que foram dirimidas com a excelente participação de Ademar Arthur Chioro dos
Reis, no Programa Amaury Jr. Obrigada!
Alda Rodrigues – Lavras do Sul/RS.
ESTE ESPAÇO ESTÁ DESTINADO A
RECEBER SUA OPINIÃO, ESPECIALMENTE A RESPEITO DE MATÉRIAS PUBLICADAS NESTE
PERIÓDICO. SUA PARTICIPAÇÃO É IMPORTANTE, POIS UM DOS OBJETIVOS DESTA
PUBLICAÇÃO É A INTERLOCUÇÃO COM NOSSOS LEITORES, MESMO DISCORDANDO DE NÓS.
CARTAS PODEM SER ENVIADAS PARA: ccepars@gmail.com ou medran@via-rs.net (A
Redação)
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