quarta-feira, 8 de novembro de 2017

OPINIÃO 257 - ANO XXIV - NOVEMBRO 2017

Vítimas da Intolerância
As chamadas “religiões de matriz africana” têm sido, de longe, as maiores vítimas da intolerância religiosa no Brasil. Escalada de atentados a adeptos e locais onde realizam seus cultos põe em alerta os praticantes daquelas religiões.

No Rio, os piores índices
Matéria assinada pelo jornalista Danilo Molina, em Carta Capital de 10 de outubro último -  https://www.cartacapital.com.br/diversidade/a-intolerancia-religiosa-nao-vai-calar-os-nossos-tambores - traz dados preocupantes sobre a intolerância sofrida por pessoas e templos ligados às religiões de matriz africana, especialmente umbanda e candomblé. Só este ano, no Rio de Janeiro, foram contabilizados, até o final de setembro, 79 ataques a terreiros ou adeptos daquelas religiões.

Na Baixada Fluminense, onde têm sido mais frequentes esses ataques, um vídeo que ganhou repercussão nas redes sociais e foi exibido no programa Fantástico, da Rede Globo, mostra uma “mãe de santo” sendo intimidada por invasores. Armados, eles a obrigam a quebrar imagens e objetos litúrgicos, ao mesmo tempo em que proclamam: “o sangue de Jesus tem poder”, “Da próxima vez, eu mato”.

Estatísticas atestam que do universo de registros de casos policiais de intolerância religiosa, 25% têm como vítimas pessoas ou entidades ligadas aos cultos afro. Um dado alarmante, considerando-se que o censo de 2010 mostra que apenas 1,6% da população se diz adepta daquelas religiões.

A matéria de Carta Capital traz dados relativos também a outros Estados, como a Bahia, que, embora guarde histórica tradição ligada ao candomblé e às práticas religiosas africanas, é cenário de crescentes casos de intolerância. Também há dados sobre São Paulo e Santa Catarina.

O espiritismo
A história do espiritismo no Brasil registra inúmeros casos de intolerância de que foi vítima. O preconceito era inspirado pelo próprio Estado, na medida em que, no Brasil Império, o catolicismo era a religião oficial, e o espiritismo aqui entrou como uma nova religião. Até nos primórdios da República, o Código Penal de 1890 definia a “prática do espiritismo” como crime, punível com prisão e multa. O artigo 157 daquele diploma legal, que vigorou nas primeiras décadas da República, inseria o espiritismo como similar às práticas de “magia, sortilégio, talismãs e cartomancia”.
Mesmo com o avanço da compreensão do verdadeiro caráter do espiritismo, graças à posição sustentada por muitos de seus segmentos no sentido de que não se trata de religião, mas de uma ciência de consequências filosóficas, o espiritismo ainda sofre o preconceito, especialmente de parte de alguns setores religiosos que o veem como uma heresia a ser combatida ou como “obra do demônio”.
Na secção “Registros da Grande Imprensa” deste jornal (pag.5), consignamos a repercussão na imprensa brasileira de um possível atentado ao túmulo do médium espírita Francisco Cândido Xavier.



    


Intolerância, Religião e Laicismo
Intolerância religiosa é fenômeno presente na história de todas as religiões monoteístas e salvacionistas. Quando se crê e se apregoa que um deus e uma religião, somente eles, são detentores de toda a verdade e da missão exclusiva de salvar o ser e a humanidade, tudo passa a ser válido no presumível combate ao erro e na busca da salvação das almas.

O pluralismo religioso, adotado pelo Estado e pelas sociedades democráticas, ameniza os riscos da intolerância, mas com ela nem sempre consegue acabar. Mesmo no cenário das democracias, segmentos mais ou menos numerosos e, às vezes, com forte respaldo político, alimentam aqueles dogmas exclusivistas e os querem impor a todos os demais. A religião se reveste, então, de um caráter opressor, desumano e irracional.

A História tem demonstrado que o laicismo é o grande antídoto contra a intolerância religiosa. Laicismo não é sinônimo de materialismo. Para nós, espíritas laicos e livres-pensadores, o laicismo admite a espiritualidade e com ela se harmoniza.

 Já, espiritualidade não é sinônimo de religião. Diferente desta, abre campo a uma visão plural da vida, onde espírito e matéria se interligam, aquele como consciência condutora do progresso do ser e esta como instrumento indispensável à consecução de tal objetivo.

 A espiritualidade não tem verdades prontas e acabadas, mas permite a cada ser e a cada agrupamento humano, aproximações com a verdade, compatíveis com sua história, sua cultura, seu estágio evolutivo e suas necessidades em cada etapa.

No dia em que cultivarmos mais espiritualidade e nos libertarmos dos dogmatismos religiosos, estaremos, concomitantemente, nos libertando dessa prática tão contrária ao humanismo: a intolerância religiosa. (A Redação)
           



“Quando os homens dessa categoria forem bastante numerosos, para formarem uma maioria imponente, será a eles que a massa confiará os seus interesses”. (Allan Kardec – “As Aristocracias” – “Obras Póstumas”)

Democracia é conquista que pressupõe duras experiências. Que o digam os brasileiros, mesmo em momentos de tanto desencanto com seus políticos. Mas, democracia não se faz sem política e sem que prática política se submeta, pela contribuição de todos, a um constante aprimoramento, mediante exatamente seu efetivo exercício.

É bom que se recorde essa lição primordial legada pela história da democracia, neste momento em que algumas vozes se levantam pregando a ruptura do estado de direito e defendendo que, ao invés deste, a supremacia da força, outra vez, se instaure na condução dos destinos da nação.
Há sempre um retrocesso quando a força substitui o direito. Mesmo se pressupondo eventuais boas intenções dos candidatos ao uso da força. Boas intenções e arroubos moralistas, quando não submetidos ao sistema de freios e contrapesos do estado de direito, invariavelmente descambam para o arbítrio, para o desmando, para a violação dos direitos e garantias individuais arduamente conquistados. Todas as ditaduras da história comprovaram isso.

“Todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido” é norma assente hoje nas Cartas Magnas de todos os povos livres. Sua razão é translúcida e nasce de um princípio que, inclusive, é base doutrinária espírita: o de que a evolução e o progresso são frutos da experiência. Ao povo, em seu processo de evolução histórica, deve-se sempre conceder o direito de errar e de acertar tantas vezes quantas necessárias à consecução dos melhores fins do Estado, tais como: o bem-estar, a paz, a justiça social, a felicidade material e espiritual de seus cidadãos.

Na visão filosófica espírita, dois fatores devem se conjugar para que os integrantes de um povo, vocacionados para tal, ocupem posições de poder sobre seus concidadãos: inteligência e moralidade. Desenvolver, no seio de uma comunidade, esses dois fatores, democratizando os meios de aquisição do saber que conduz à virtude, será o caminho para se chegar àquela que Allan Kardec qualificou como a suprema etapa do desenvolvimento sociocultural de um povo.

Um povo verdadeiramente educado saberá identificar, em meio à “maioria imponente” de seus concidadãos detentores de sabedoria e probidade, aqueles a quem, democraticamente, “confiará seus interesses”.

Mas, só a educação pode levar a esse estágio. Só a educação nos há de livrar definitivamente dos riscos da ditadura, com a qual alguns acenam, sempre que se agudizam, como agora, nossas crises políticas.








Laicidade do ensino em escolas públicas
Prezado Salomão. Agradeço a remessa do jornal Opinião (nº 256, outubro/2017), contendo várias abordagens interessantes, a começar pelo Editorial sobre o ensino laico. Abraços.
Cesar Perri – São Paulo/SP. (mensagem enviada por e-mail ao presidente do CCEPA, Salomão Jacob Benchaya).

Temas do Opinião
Fiquei honrado com a publicação de alguns comentários meus (Opinião do Leitor, edição 256) sobre reencarnação e o papel desempenhado por Karl Muller. Um detalhe curioso que poucos conhecem é que Muller viveu em Caracas por uns três anos, e, então, entrou em contato com alguns espíritas venezuelanos, entre eles o saudoso Pedro Barboza de la Torre (Presidente da CEPA de 1990 a 1993).
Jon Aizpúrua Caracas, Venezuela.

O Evangelho de Maria Madalena
Agradeço pela divulgação de meu livro O Evangelho de Maria Madalena e pelos comentários sempre lúcidos e racionais do editor desse jornal, Milton Medran (Opinião em Tópicos, edição 255). A obra está alcançando muito sucesso, com divulgação em todo o Brasil.José Lázaro Boberg – Jacarezinho/PR.

Identidade
Os espíritas venezuelanos apreciamos muito o conteúdo e a qualidade desse jornal. Felicitamos a equipe pelo grande trabalho que realizam em prol da difusão do espiritismo laico, kardecista, livre-pensador, progressista e humanista. Sentimo-nos plenamente identificados e sensibilizados com as reflexões expostas em cada edição. Adiante sempre!
Yolanda Clavijo – Caracas, Venezuela.

  





A nova estética religiosa
De repente, a religião, antes solene e sisuda, descobriu que podia ser descontraída e festiva. E com danças, cânticos e mil recursos de mis-en-scène, atrai multidões. Gente que pula, canta, dança, chora e ri em barulhentos cultos.
Padres e pastores, com mensagens ligeiramente distintas, por conta de suas divergências doutrinárias, são os astros que animam essa nova estética religiosa. Alguns deles projetam-se como grandes artistas ou hábeis comunicadores. São requisitados por programas de televisão que tratam de comportamento ou exploram a área do entretenimento. Essa nova safra de pregadores pop tem espaço sempre assegurado nas revistas que falam de novelas, shows e gente famosa.
 Estarei exagerando ou este é o retrato da religião que subiste entre nós, nestas primeiras décadas do terceiro milênio da era cristã?

Buscando as origens
Se formos buscar as origens dessa tendência nos arraiais da fé, parece razoável admitir tenha ela nascido nos Estados Unidos, com o boom do pentecostalismo evangélico, um modelo que promoveu o sincretismo dos ritos e práticas animistas, trazidos da África pelos escravos, com as tradições primitivas cristãs inspiradas no Pentecostes.
 Aqui, o chamado neopentecostalismo, versão tupiniquim do evangelismo americano, substituiu os negro spirituals das igrejas batistas por canções sertanejas. Misturou-as com rocks, pagodes, hinos e gestos de louvor ao Senhor Jesus que, segundo a pregação, credenciam seus fieis ao recebimento de bênçãos de saúde, prosperidade e sorte no amor.
 Criou-se, assim, um modelo de culto festivo e ruidoso que se espalhou por todo o país, das grandes metrópoles aos povoados interioranos. Daqui o modelo é exportado para muitos países latino americanos, com crescente sucesso.

A virada católica
A Igreja Católica, antes tão ciosa de seus clássicos rituais herdados das pompas romanas, não ficou imune a essa onda de popularização. Foi o jeito encontrado para sobreviver, diante da nova estética religiosa imposta pelo evangelismo. A virada começou há cerca de 55 anos com o Concílio Vaticano II. Introduziram-se mudanças significativas nas liturgias católicas. Do hermetismo do latim com fórmulas que eram repetidas de costas para o público e respondidas mecanicamente por um coroinha compenetrado, a práticas mais compatíveis com a alma de cada povo.  Do canto gregoriano a canções populares, compostas e cantadas no meio do público por padres pop, sem batina, sem tonsura, trajando moda fashion ou casual, quando não vestidos de caubóis.

O laicismo europeu e a sobrevida religiosa das Américas
Sempre que vejo um culto religioso, seja ele revestido dos padrões clássicos que subsistem em lugares como o Vaticano, ou nessas versões populares, uma pergunta invariavelmente me assalta: até que ponto o ritual (meio) pode conduzir à transformação moral do indivíduo (fim)? Depois de um culto, seus participantes tornam-se mais solidários com seus semelhantes? Mais empenhados na erradicação de suas imperfeições e na aquisição de virtudes? Mais estimulados, enfim, à própria transformação pessoal?
O rito, a liturgia, as fórmulas exteriores, que despertam emoções, contribuem, de algum modo, para a espiritualização do ser?  E será suficiente mudar a linguagem? Numa palavra: a estética do culto exterior leva à transformação ética interior?
Os europeus, cada vez mais distanciados da religião, estão concluindo que não. Que o avanço ético da humanidade independe das práticas religiosas.

É de se perguntar, por fim: essa sobrevida da religião, por aqui, estará, acaso, nos fazendo melhores que eles?





Os Espíritas e as Colônias Espirituais (I)
Há uma interessante e velha divisão entre os espíritas a respeito da existência de vida social e de colônias no mundo dos espíritos. Com a publicação da obra “Nosso Lar”, de André Luiz, em 1943, psicografada pelo Chico Xavier, descrevendo a vida organizada e as edificações na dimensão extrafísica, estabeleceu-se a divergência. O movimento espírita, de maneira geral, assimilou a ideia, tal a confiabilidade do médium e a chancela da FEB. Essa concepção ficou tão popularizada que, no imaginário religioso, “Nosso Lar” tornou-se sucedâneo do Céu, tanto quanto o Umbral equivale ao Inferno católico.
Os que se opõem à narrativa de André Luiz, posteriormente, acrescida de livros de outros espíritos e médiuns, argumentam que Kardec não tratou disso na codificação onde não há referência a cidades espirituais, muralhas, hospitais, templos, etc. Há vagas referências ao lugar, ao espaço onde os espíritos habitam. A vida espiritual seria uma vida de reflexões, totalmente divorciada de formas e impressões do mundo físico. Alguns opositores chegam a afirmar tratar-se de uma fantasia anímica do médium ou mais uma influência da tradição católica onde, também, se encontram descrições de esferas espirituais.    
Sabe-se que a originalidade desse tipo de informação não é de André Luiz. O sábio e vidente místico sueco Emanuel Swedenborg (1688-1772), em suas incursões no mundo espiritual, fez descrições pormenorizadas sobre a vida social, paisagens e construções ali existentes.
Anteriormente, a obra “Vida dos Santos Padres de Mérida” datada do século VII, cita o caso do menino Augusto que, antes de morrer, enfermo, afirmou que esteve num lugar maravilhoso, repleto de flores perfumadas, rosas, lírios, grama verde, coroas de pedras preciosas, véus de seda e onde soprava uma leve brisa perfumada. Viu também santos resplandecentes e participou de um banquete, além de outras descrições.

Outra visão do além, na Alemanha do século XII, é a produzida pela monja Hildegarda de Bingen, nascida em 1098, cujas visões ocorreram desde cedo. Em 1141, uma voz ordenou-lhe escrever tudo o que lhe fosse dito e mostrado. Em uma de suas visões, conforme sua obra “Scivias”, ela descreve uma cidade quadrada, numerosos edifícios, igrejas, palácios, colunas e casas comuns.

Em obra literária de 1148, conhecida como “A Visão de Túndalo”, o monge Marcos descreve uma experiência fora do corpo do personagem Túndalo que, na companhia de um anjo, visita regiões de sofrimento e de felicidade. Nesse desdobramento vê lírios, rosas e outras plantas perfumadas e habitações para os que defenderam a Igreja. À semelhança da “Divina Comédia”, poema que Dante Alighieri escreveria, mais tarde, no século XIV.

No próximo número, vou citar outros relatos favoráveis à existência das tais colônias espirituais.






Cairbar Schutel – Farmacêutico, político, filantropo carioca – 1868/1938.
“O que é a morte? No que consiste esse fenômeno, que muitos julgam ser o aniquilamento da vida? Como se produz ela?
Quem poderá responder a estas terríveis interrogações?
Qual a ciência, a filosofia, a religião capaz de enfrentar essa questão? Qual nos dá, positivamente, a solução para este mistério?
O Espiritismo, mas tão somente o Espiritismo, exclusivamente o Espiritismo!”
(Do livro “A Vida no Outro Mundo” – Casa Editora O Clarim.)






Jacira e Mauro participam
de Feira Cultural da USE
Jacira expondo no evento
A presidente da CEPA, Jacira Jacinto da Silva e Mauro de Mesquita Spínola, diretor administrativo da entidade, participaram, em 7 de outubro último, da 15ª FEICULTE – Feira Cultural Espírita 2017, evento da União das Sociedades Espíritas – USE – Vila Maria, São Paulo. O tema central, em homenagem aos 160 anos de O Livro dos Espíritos, foi “Livros mudam pessoas. Pessoas mudam o mundo”.
O site da USE Vila Maria - http://usevilamaria.wixsite.com/usevilamaria - assim noticiou a participação de ambos:
“Levando em conta o tema central, a juíza Jacira da Silva – Presidente da CEPA – fez uma brilhante palestra tendo como tema ‘Sociedade, instrui-vos – o papel da educação para uma sociedade melhor’. Os presentes foram convidados a refletir sobre a necessidade da educação para termos uma sociedade mais justa e igualitária e de como a Doutrina Espírita tem a capacidade de auxiliar nesse processo a partir de sua mensagem esclarecedora”.
“Mauro Spínola, professor da USP e também integrante da CEPA, brindou o público com uma exposição de altíssimo nível sobre ‘O Livro dos Espíritos, há 160 anos mudando pessoas’, como homenagem às 16 décadas da publicação do livro que deu origem ao Espiritismo”.


CEPABrasil elege nova Diretoria
A Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA – CEPABrasil – realiza, durante o XV Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita (Santos/SP 2 a 4 de novembro), Assembleia Geral para eleger sua nova Diretoria Administrativa.
Por duas gestões seguidas, Homero Ward da Rosa (Pelotas/RS), como presidente, e Néventon Vargas (João Pessoa/PB), como vice, dirigiram a instituição que reúne amigos e pessoas vinculadas ao pensamento da CEPA – Associação Espírita Internacional -, no Brasil. A entidade promove atividades culturais espíritas em todo o território brasileiro (fóruns, encontros de debate, etc.), estimulando o estudo da doutrina espírita numa perspectiva progressista e livre-pensadora.
Na próxima edição, noticiaremos a composição de sua nova Diretoria Administrativa.

“Le Journal Spirite” em espanhol
Recebemos de Jacques Peccatte, presidente do Cercle Spirite Allan Kardec (Nancy, França), a edição número 110 de Le Journal Spirite, em espanhol.
Com matéria de capa “Gustave Geley, um precursor científico do espiritismo”, a bem editada revista espírita francesa traça amplo relato da vida e obra do médico francês que fundou e dirigiu o Instituto de Metapsíquica Internacional, além de trazer muitas outras matérias sobre as relações ciência/espiritismo e sobre as atividades do Cercle.
Os interessados em receber Le Journal Spirite número 110 em espanhol, por e-mail, podem entrar em contato com o editor deste jornal, e-mail: medran@via-rs.net . Ali também há informações de como assinar a revista em sua edição física, no original em francês.

Evento para provocar “dúvidas e reflexões”
Cumprida a programação da 18ª Semana Espírita de Osório (RS), o presidente da S.E. Amor e Caridade, Jerri Almeida, assim se manifestou pelas redes sociais:
“Abordando os 160 anos de O Livro dos Espíritos, a 18ª Semana Espírita de Osório, com seus palestrantes convidados, buscou oferecer e aprofundar conhecimentos sobre as quatro partes dessa obra fundamental do Espiritismo. Esperamos que os conteúdos apresentados e discutidos tenham gerado reflexões e dúvidas, para que o entusiasmo e os questionamentos gerem a continuidade do estudo por parte de todos os que assim desejarem.
Agradecemos a contribuição dos palestrantes convidados: Moacir Costa de Araújo Lima, Milton Rubens Medran Moreira, Gladis Pedersen de Oliveira e Arivelto Fialho, e ao público que prestigiou o evento”.
O Diretor de Comunicação Social do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, Milton Medran Moreira (foto), abordou, na noite de 25/10, o tema “O Ser: sua imortalidade e comunicabilidade”.

Prof. Moacir faz palestra no CCEPA
Na tarde de 25/10, o prof. Moacir Costa de Araújo Lima proferiu palestra no CCEPA sobre o tema “Da heteronomia à autonomia: um conceito espírita de liberdade” para um público formado, predominantemente, por integrantes dos grupos de estudo da Casa. Na sequência, autografou livros de sua autoria, entre os quais o último lançamento “Corta a corda: um voo para a liberdade”.





Atentado ao túmulo de Chico Xavier


Repercutiu em toda a imprensa brasileira, dia 2 de outubro último, a notícia de um possível atentado ao túmulo do médium espírita Chico Xavier. O fato teria acontecido no sábado anterior (30/9). A Folha de São Paulo assim noticiou, em reportagem de João Pedro Pitombo:
“O vidro que protege o busto do médium Chico Xavier foi alvo de pedradas na manhã deste sábado (30) em Uberaba (418 km de Belo Horizonte).

O monumento fica no cemitério de Uberaba, ao lado do túmulo onde o médium foi enterrado em 2002. O vidro, que é blindado, ficou trincado com as pedradas”.

A reportagem ouviu o filho do médium, Higino Reis que disse não acreditar tenha sido “só vandalismo”. “De alguma forma queriam atingi-lo”, afirmou Higino que atribui o fato a uma onda de intolerância religiosa que acontece na cidade, onde, na mesma semana, três terreiros de umbanda tinham sido atacados.


CEPABrasil divulga Nota de Repúdio
Tão logo divulgada a notícia do possível atentado ao monumento de Chico Xavier, a Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA – CEPABrasil – em nota firmada por seu presidente Homero Ward da Rosa  (foto?), repudiou o ato, ressaltando: “É grave e preocupante o número de denúncias diárias sobre manifestações de intolerância de todo o gênero em nosso País, acirrando o ódio e a violência”.

A manifestação, cuja íntegra pode ser lida em http://cepabrasil.blogspot.com.br/, salienta: “A CEPABrasil, como associação espírita laica, livre-pensadora e humanista repudia firmemente todo o tipo de intolerância e desrespeito movidos pelo fanatismo, fundamentalismo, racismo, sexismo, xenofobia ou quaisquer outras visões preconceituosas ou estereotipadas.”


CCEPA – ‘O Jeito da Casa”
A revista digital “GentE Espírita”, editada e distribuída pela Agência KPC (João Pessoa/PB), em sua edição de setembro/outubro 2017 publica entrevista com Salomão Jacob Benchaya, presidente do Centro Cultural Espírita, sob o título de “o Jeito da Casa”. Na matéria, Salomão enfatiza as características do CCEPA que fogem do conhecido padrão “socorrista” ou de “casa de oração” ou de passes, marcantes no movimento espírita brasileiro.
Segundo Salomão, ninguém, ali, “é chamado de ‘irmão’, mas “a cordialidade é marca dos relacionamentos”.
Na mesma revista – edição nº 9 – pode-se ler uma reportagem sobre os 13 anos da ASSEPE – Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa, outra entidade filiada à CEPA e presidida por Néventon Vargas, onde é destacada a história e os objetivos de um pequeno grupo de espíritas locais dedicados ao estudo e à pesquisa espírita.
“GentE Espírita” tem como editora-chefe Carmen de Barros Paiva e como jornalista responsável Carlos Antônio de Barros, e pode ser acessada em:

Em 2018, o III Encontro Espírita Ibero Americano
Pela terceira vez, a Espanha sediará um encontro de espíritas europeus e pan-americanos, organizado conjuntamente pela CEPA – Associação Espírita Internacional, e AIPE – Associação Internacional para o Progresso do Espiritismo. É o III Encontro Espírita Íbero-Americano, que terá como sede a cidade de Vigo, na região da Galícia, entre 28 de abril a 1º de maio.
O evento terá como tema central “Cultura Espírita – Uma contribuição ao progresso da humanidade” e já tem local definido: o Hotel Tryp Los Galeones 4 (Av. Madrid, 21, Vigo).
Reservas podem ser feitas para maxi@viajescalifal.com e para maiores informações, os interessados podem entrar em contato com o coordenador da comissão organizadora, Juan Antonio Torrijo, e-mail jtorrijolatorre@gmail.com




 Néventon Vargas, Militar da reserva, graduado em Engenharia Civil. Presidente da ASSEPE – Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa. João Pessoa/PB.


“Estar diante das próprias contradições e conflitos nunca é fácil, mas permite um olhar mais empático, mais humano, sem perder de vista a produção de um conhecimento sistematizado. É retomar a relação cognição e afetividade/subjetividade.” (VARGAS, 2014) (1)

Ao ler a frase acima, imediatamente me reportei às reflexões que faço sobre as próprias contradições e esforços que se produzem, na ASSEPE (2), para manter a coerência com as ideias ali defendidas. Qualquer dos atributos com os quais se autodenomina (espírita, pluralista, progressista e livre-pensadora) é de extrema complexidade e, mesmo a adjetivação de “espírita” ou o significado de “espiritismo”, não possuem unanimidade fora ou dentro de cada uma das correntes existentes hoje no movimento espírita global e, especialmente, no brasileiro. Cada uma considera-se a “autêntica”! Aliás, algumas nem reconhecem as outras como “espíritas”.

Ser espírita, entretanto, não requer o reconhecimento de qualquer entidade externa. É convicção íntima, embora esteja cada vez mais difícil para alguns identificarem-se com o perfil extremamente religioso da maioria das pessoas e instituições espíritas.

Poder-se-ia dizer que o verdadeiro espírita é o que segue Allan Kardec, já que ele é o fundador do Espiritismo, com o lançamento de O Livro dos Espíritos em 1857. Mas, seguir ao pé da letra tudo o que está em sua obra seria um fundamentalismo incoerente com sua postura ao longo da sua trajetória, além de ser o oposto do que ele mesmo recomendou.

Dilemas semelhantes fazem aumentar gradativamente o número de espíritas que rejeitam a adjetivação de cristão, uma vez que, nas palavras de Herculano Pires (foto), “há um abismo entre o Cristo e o Cristianismo, tão grande quanto o abismo existente entre Jesus de Nazaré, filho de José e Maria, nascido em Nazaré, na Galileia, e Jesus Cristo, nascido da Constelação da Virgem, na Cidade do Rei Davi em Belém da Judéia, segundo o mito hebraico do Messias.”(3).

Por mais que Herculano tenha defendido uma “Revisão do Cristianismo”, é forçoso reconhecer que o mito do Salvador venceu sua “batalha” com o Jesus histórico e, ao ser o indivíduo adjetivado como “cristão”, o reconhecimento é àquele e não a este último.  Por essa mesma razão as religiões não reconhecem como cristãos os espíritas.
Num momento delicado da vida brasileira, em que o Estado tende ao teocraticismo e recrudescem em vários pontos do país manifestações de intolerância religiosa, multiplicam-se as responsabilidades dos espíritas laicos. Estes, de forma independente e em nome da coerência, têm a obrigação de refletir sobre sua responsabilidade no combate a todos os tipos de intolerância e no firme posicionamento na defesa dos direitos dos cidadãos, sejam religiosos ou não, deístas ou ateus, espiritualistas ou materialistas, etc.”
O pluralismo e o livre-pensar se impõem diante da diversidade, em tácita aceitação do contraditório, de tese e antítese, como instrumento de cognição, em cujo processo dialético é indispensável o componente afetivo para permitir a perenidade das complexas relações humanas.

Isto não requer abdicação de nossos princípios. Ao contrário, cada vez mais devemos expor nossas ideias sem nos importar com os rótulos que, porventura, venhamos a receber. Mas muito mais do que isso, precisamos todos nos libertar das amarras do tradicionalismo religioso arraigado em nossa consciência profunda. Urge abandonar definitivamente a leitura teológica das obras básicas do espiritismo. Faça-se isso sem temores injustificados, estimulando-se, assim, o livre-pensamento, para, enfim, processarmos uma revisão em nós próprios, calcados na ciência e na filosofia. Dessa forma, estaremos abrindo caminhos para contribuirmos, em alguma medida, para o progresso do ideário espírita.

Melhor avançarmos, confrontando o contraditório e arriscando cometer erros, do que nos condenarmos à eterna estagnação.

1 VARGAS, Geovana Camargo. Produção de sentidos e significados por professores em formação continuada. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva. Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2014.
2 – Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa, entidade que se define como instituição espírita, pluralista, progressista e livre-pensadora – www.assepe.org.br .

3 – Do livro “Revisão do Cristianismo” – J.Herculano Pires – Introdução – Editora Paideia, 1977.

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