para a Universidade
Na
Universidade norte-americana de Virgínia, onde o pesquisador Ian Stevenson fez
da hipótese reencarnacionista objeto de pesquisa acadêmica, cientistas vão a
campo para investigar relatos de crianças que dizem recordar vidas passadas.
O trabalho de Ian Stevenson tem continuidade
O médico canadense Ian Stevenson (1918/2007) é apontado
como o pioneiro na investigação científica da hipótese da reencarnação. Como
responsável pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade da Virgínia,
entrou para a história graças ao meticuloso trabalho de recolhimento e análise
de casos de crianças que aparentavam lembrar de vidas passadas sem o auxílio da
hipnose. Seu livro “Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação” tornou-se um
clássico no assunto, com relatos de casos que sugerem a reencarnação a partir
de dados classificados como de “memória extracerebral”, pesquisados pelo psiquiatra
em diversos países do mundo.
A aposentadoria de Stevenson
na Universidade de Virgínia (2002) não interrompeu o trabalho por ele iniciado.
Embora mais concentrada em casos situados nos Estados Unidos, a Divisão de
Estudos da Personalidade daquela Universidade aprofunda a pesquisa com crianças
de 2 a 5 anos que, espontaneamente, passam a relatar fatos passíveis de
comprovação de que teriam sido personagens em provável vida passada. À frente
dessa pesquisa está o psiquiatra Jim
B.Tucker (foto), MD, que trabalhou com o Dr. Ian Stevenson. Tucker é autor do
livro “Vida Antes da Vida – Uma Investigação Científica de Memórias Infantis de
Vidas Passadas”, já traduzido para os principais idiomas de todo o mundo,
inclusive o português.
Cresce
o interesse sobre o assunto no mundo todo.
A partir do incremento do
assunto em diferentes setores universitários e crescimento do interesse público
sobre o tema, o Discovery Chanell apresentou, recentemente, programa de 45
minutos de duração onde o Dr. Tucker relata o trabalho desenvolvido na
Universidade de Virginia e também na Universidade da Islândia. São apresentados
casos agora pesquisados em outros países, especialmente no Sri Lanka, onde a
incidência de crianças dotadas de memória extracerebral tem índice bastante
elevado. Tucker admite que, em países onde a reencarnação faz parte da cultura
e da religião, como é o caso do Sri Lanka, há melhores condições para o
fenômeno de se desenvolver. Mas, o documentário destaca casos ocorridos nos
Estados Unidos, em famílias de tradição cristã tradicional ou sem qualqur
crença no fenômeno da vida após a morte.
O programa está disponível
na internet no seguinte endereço: http://www.youtube.com/watch?v=pOP30Nkjkl4&feature=share.
Na
Universidade Santa Cecília, em Santos/SP, um Congresso sobre Reencarnação.
Uma abordagem tipicamente
espírita do fenômeno da reencarnação e suas implicações frente ao atual estágio
do conhecimento marcará o XXI Congresso Espírita Pan-Americano, de 5
a 9 de setembro próximo, em Santos /SP. Com o tema central “Perspectivas
Contemporâneas da Teoria Espírita da Reencarnação”, o evento reunirá pensadores
e pesquisadores de diversos países da América e da Europa. Um Fórum de Temas
Livres possibilitará a livre contribuição de autores previamente inscritos.
O evento acontece na Universidade Santa Cecília, de Santos, no litoral paulista. O médico sanitarista, e também professor daquela Universidade, Ademar Arthur Chioro dos Reis (foto), que preside a Comissão Organizadora do Congresso da CEPA 2012, está entusiasmado diante da inscrição de 42 trabalhos só para o Fórum de Temas Livres. Mas, na temática de fundo, 12 pensadores espíritas de diferentes países serão expositores e debatedores em Mesas Redondas enfocando a contribuição da cosmovisão reencarnacionista para o desenvolvimento ético da humanidade, do indivíduo e da sociedade, e tratando da reencarnação sob a perspectiva da atualização do espiritismo. Oficinas Temáticas buscarão envolver ativamente a totalidade dos participantes do Congresso cuja inscrição segue aberta a todos os interessados. Maiores informações podem ser obtidas no site http://www.congressocepa2012.com.br.
O evento acontece na Universidade Santa Cecília, de Santos, no litoral paulista. O médico sanitarista, e também professor daquela Universidade, Ademar Arthur Chioro dos Reis (foto), que preside a Comissão Organizadora do Congresso da CEPA 2012, está entusiasmado diante da inscrição de 42 trabalhos só para o Fórum de Temas Livres. Mas, na temática de fundo, 12 pensadores espíritas de diferentes países serão expositores e debatedores em Mesas Redondas enfocando a contribuição da cosmovisão reencarnacionista para o desenvolvimento ético da humanidade, do indivíduo e da sociedade, e tratando da reencarnação sob a perspectiva da atualização do espiritismo. Oficinas Temáticas buscarão envolver ativamente a totalidade dos participantes do Congresso cuja inscrição segue aberta a todos os interessados. Maiores informações podem ser obtidas no site http://www.congressocepa2012.com.br.
Reencarnação
– Um novo paradigma
O caráter religioso,
predominantemente conferido ao espiritismo, oferece o risco de distanciá-lo de
uma visão reeencarnacionista mais abrangente e multidisciplinar. Na prática,
mesmo os congressos espíritas ao enfocarem o tema o fazem, muitas vezes, a partir
de uma postura fideísta e doutrinadora. Congressos espíritas, aliás, são, quase
sempre, edificantes expressões de oratória, onde um pequeno número de
expositores escolhidos pela entidade promotora monopoliza o evento e emociona
plateias, sempre no afã de demonstrar o caráter consolador da “religião
espírita”.
A reencarnação, no entanto,
é bem mais que uma expressão religiosa e consoladora. Abre perspectivas imensas
para a adoção de um novo paradigma científico, social, antropológico,
filosófico e moral. Por isso, setores avançados do conhecimento humano têm
intensificado a pesquisa do tema.
O XXI Congresso Espírita
Pan-Americano buscará estender pontes entre a visão espírita da reencarnação e
outras propostas reencarnacionistas. Sublinhando o caráter progressista e
evolucionista da tese espírita da reencarnação, a CEPA partirá da premissa de
que essa visão pode oferecer alternativas viáveis à adoção de um novo paradigma
de conhecimento.
Evidentemente que isso não
se faz pela via da doutrinação, mas a partir do sério exame dos pressupostos
científicos e filosóficos do tema, enriquecidos com a casuística e com a
experiência pessoal e plural de quem se disponha a oferecer sua contribuição. O
próprio espiritismo, por ter como objeto de estudo, o espírito e sua permanente
progressividade, necessita, de tempos em tempos, revisar alguns conceitos antes
ajustados à cultura humana, mas que reclamam, em dado momento, a atualização.
Isso não desmerece o espiritismo. Antes, contribui para seu progresso,
livrando-o do desgaste e da estagnação.
É um bom momento para se
mostrar a proposta espírita da reencarnação. O Congresso de Santos, com
certeza, saberá como fazê-lo. (A Redação)
Do Consolo ao Conhecimento
Nada
é tão poderoso no mundo como uma ideia cuja oportunidade chegou. Victor
Hugo.
O último livro de
Allan Kardec estava pronto e seria lançado no mês seguinte. Em “A Gênese”
(Paris 6/janeiro/1868), o fundador do espiritismo ensaiava uma síntese de toda
sua vasta obra, objetivando precisar o verdadeiro caráter da doutrina espírita
e sua conexão com o desenvolvimento da ciência e da filosofia, notadamente com
os revolucionários princípios do progresso e da evolução, ícones do Século 19.
No dia 18 de dezembro
de 1867, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, o espírito São Luís,
pelo médium Sr. Desliens, antecipando-se ao lançamento do livro, ditou a
comunicação “Apreciação da obra sobre A Gênese” (R.E. fev/1868). Prenunciava o
aparecimento do livro como o marco de uma nova fase do espiritismo. Até então,
ele servira para satisfazer “as aspirações da alma”, enchendo “o vazio deixado
pela dúvida nas almas vacilantes em sua fé”. A caridade, até ali fizera “o laço
das almas ternas”. A partir de então, cabia ao espiritismo agregar ao “atributo
de consolador”, o de “instrutor e diretor do espírito, em ciência, e em
filosofia, como em moralidade”.
A síntese
ciência/filosofia/moralidade, consolidada em “A Gênese”, preparava, no dizer do
espírito, “as vias da fase que se abrirá mais tarde, porque cada coisa deve vir
a seu tempo”. Claramente, como já o fizera algumas vezes o próprio Allan
Kardec, São Luís pressupunha diferentes fases para o espiritismo. Primeiramente
se direcionara aos carentes da fé na imortalidade, sequiosos de uma explicação
plausível para as questões respondidas pela religião com a “fantasia” e o
“mistério”. Agora, dirigia-se às “inteligências viris”, fazendo-se “traço de
união” entre elas. Seria a consolidação da ciência da alma: o conhecimento trazendo
nova visão sobre o universo e o ser humano.
Em 1984, quando a
Federação Espírita Brasileira comemorava seu centenário, uma mensagem ali
recebida e atribuída a Allan Kardec saudava a instituição pelas “vitórias
parciais” até então alcançadas, e demonstrava certa preocupação ao afirmar que,
embora “o movimento regenerador de almas” se mantivesse “de pé, em terras
brasileiras”, a codificação espírita se mantinha “essencialmente desconhecida
de tantos corações que se rotulam de espiritistas”. A mensagem tecia “louvor
ante a grandiosa obra” empreendida “em nome da Caridade”. Mas advertia que a
“recomendação inolvidável para as defensivas do movimento regenerador de almas
é a INSTRUÇÃO” (assim mesmo, em letras maiúsculas, cfe. “Reformador, março
1984).
Vê-se, com clareza,
que o mesmo teor da mensagem de São Luís é o do espírito identificado como
Allan Kardec, 117 anos depois. Inegavelmente, decorrido tanto tempo, amplos
setores do espiritismo ainda relutam em avançar para uma nova fase: a do
conhecimento libertador. No Século 19, São Luís reconhecia que “cada coisa deve
vir a seu tempo”. No século 20, Kardec se mostrava preocupado com a lenta
transição.
Se é mesmo assim,
cabe a pergunta: Que estarão esperando dos espíritas do Século 21 aquelas almas
pioneiras?
Mea culpa
Um dos grandes
indícios do progresso humano é a capacidade que os povos de hoje demonstram de
fazer o “mea culpa” de seus erros históricos.
Exemplo eloquente disso é a Alemanha. Havendo protagonizado o mais bárbaro
capítulo da história contemporânea, com o holocausto de milhões de judeus, os
alemães, em poucas décadas, buscaram purgar sua culpa. É possível, hoje,
visitar os campos de concentração, tanto o de Sauchsenhausen, na Alemanha, como
os de Auschwitz, na Polônia. Transformados que foram em museus da História,
esses lugares são mantidos abertos à visita de patrícios e turistas, com o
objetivo de que não se apague a memória do que ali aconteceu. Há um claro
sentimento de vergonha nacional, mas há também a insofismável disposição da não
omissão da responsabilidade. Crianças de menos de 10 anos são levadas, em
excursões escolares, para, “in loco”, sentirem a extensão dos crimes ali
praticados contra a humanidade.
Museu da Escravidão e Quotas Raciais
Desde 2007, na cidade
de Liverpool, Inglaterra, é possível visitar o Museu da Escravidão
Internacional. Criado especialmente para resgatar o que foi o comércio
negreiro, no período que sucedeu ao descobrimento da América, mostra também as
consequências negativas que a escravatura produziu. Através de vídeos, fotos e
objetos utilizados para a submissão dos escravos aos seus senhores, mostra os
flagelos cometidos contra eles. Mas, em contrapartida, destaca também a riqueza
da cultura africana e sua influência nos países antes escravagistas. Relembra a
brutalidade e os traumas produzidos nos povos escravizados, mas também denuncia
vigorosamente o racismo e a discriminação que ainda persistem, resultantes
daquele período histórico.
No Brasil, a criação
de quotas raciais em concursos, universidades, etc., é uma tentativa de resgate
da dignidade roubada de um segmento étnico. Um “mea culpa”, ainda que tardio,
por históricas violações dos direitos humanos.
A supremacia da fé
Agora, a pergunta que
não quer calar: Por que a religião não procede de igual forma? Por que, por
exemplo, no Vaticano, não existe um museu resgatando as barbáries cometidas em
nome de Deus, das Cruzadas à Inquisição? Por que não se erigem, ali, bustos de
Huss, Copérnico, Galileu Galilei, Giordano Bruno e tantos outros benfeitores da
humanidade, na época perseguidos ou executados por heresia?
A razão é simples: na
mentalidade religiosa o valor mais importante é a fé. Durante séculos, na história
da cristandade, tudo era justificável, desde que praticado em defesa da fé. O
cardeal que presidiu o processo contra Giordano Bruno e que terminaria por
levá-lo à execução numa fogueira, em 1600, foi, depois, canonizado. É São
Roberto Belarmino, apontado como um defensor intransigente da fé cristã, e, por
isso, elevado à glória dos altares.
Religião, Espiritualidade e Humanismo
Foi a civilização, e
não a religião, que legou ao mundo os valores da tolerância, da igualdade, da
liberdade de crer ou não crer e de se expressar segundo suas íntimas
convicções. A construção dos direitos humanos na modernidade, em alguns
aspectos, especialmente no que diz com a liberdade de crença, teve na religião
uma vigorosa opositora. Os princípios que inspiraram o moderno Estado de
Direito são elaborações do espírito imortal, construídos pela experiência
individual e coletiva, em sucessivas jornadas evolutivas. Por isso, religião e
espiritualidade são expressões dificilmente harmonizáveis entre si. A religião
cuida da fé, que envelhece, cristaliza e se mumifica. A espiritualidade,
liberta das algemas dos dogmas, conduz ao conhecimento e ao amor, valores
supremos da vida. Só o amor e o conhecimento dão ao espírito ou a uma
comunidade de espíritos, a coragem de renovar-se constantemente, promovendo seu
autojulgamento e recompondo os valores antes violados.
“O espírito sopra
onde quer”, e há muito mais espiritualidade no humanismo do que nas religiões.
Intercâmbio CCEPA/Ilópolis
Dando sequência ao
intercâmbio entre o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre e o grupo de
Estudos Espíritas de Ilópolis, recentemente formado para o estudo do
espiritismo, o advogado Victor Emanuel
Chistofari (foto), integrante do CCEPA, fará palestra naquela cidade gaúcha, no
próximo dia 17 de junho.
Victor discorrerá
sobre as consequências morais do espiritismo, a partir da seguinte assertiva de
Allan Kardec: “O objetivo essencial do Espiritismo é o melhoramento dos homens.
Não é preciso procurar nele senão o que pode ajudá-lo para o progresso moral e
intelectual”.
O intercâmbio do
CCEPA com o grupo de Ilópolis foi inaugurado em evento ocorrido no último dia
15 de abril, quando Salomão Jacob
Benchaya proferiu palestra sobre “O que é o Espiritismo” acompanhado de
cerca de 30 dirigentes e integrantes do CCEPA, recebidos pelo grupo que, na
ocasião, anunciou que passaria a se identificar como “Grupo Borboletas Azuis”,
numa alusão à borboleta, como símbolo da alma humana.
Victor Emanuel
Chistofari fará a palestra no mesmo local daquele evento, o auditório do Museu
do Pão. Segundo Letícia Araújo Mello,
que coordena o grupo, há um grande interesse da comunidade no sentido de
conhecer o espiritismo, eis que, na cidade, não existe nenhuma instituição
espírita.
CCEPA – Conferências de Salomão e de Jones
Na noite deste 4 de junho, o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre ofereceu conferência pública de Salomão Jacob Benchaya, dirigente da instituição, com o tema “O que é o Espiritismo”. O evento deu continuidade à programação de palestras públicas das primeiras segundas-feiras de cada mês.
No próximo dia 20 de
junho, o ex-presidente do CCEPA e também da FERGS, Maurice Herbert Jones, inaugura um novo espaço de palestras
públicas no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, às 15 h., enfocando o
tema “Espiritismo e Religião”. Na terceira quarta-feira de cada mês, naquele
horário da tarde, o CCEPA sempre oferecerá uma conferência pública.
Um
Desafio às Religiões
Jacques Peccatte,
dirigente de Cercle Spirite Allan Kardec e de Le Journal Spirite. Nancy/França.
Evidentemente, os espíritas
não terão sido os primeiros a recolocar sob julgamento crítico as crenças religiosas.
Antes dele, o materialismo filosófico e científico havia se posicionado, na
história do pensamento humano, há vários séculos, e, sobretudo, de maneira mais
contundente, a partir de Diderot, seguido, mais tarde, por outros filósofos
ateus.
A oposição materialista teve
o mérito de ser clara, na medida em que sua demonstração filosófica foi totalmente
livre de ambiguidades.
Em contrapartida, o mesmo
não acontece com o espiritismo. Este se encontra na incômoda situação de ser
uma filosofia que desenvolve conceitos espiritualistas, os mesmos das
religiões, mas de forma diferente. Aceita, por exemplo, a existência de Deus.
Mas, tratar-se-á do mesmo Deus?
Aceita a reencarnação.
Entretanto, não mais a partir de uma visão orientalista do karma, do nirvana
final e, inclusive, às vezes, da metempsicose.
Admite a existência de
fenômenos que desafiam as leis naturais tidas como tais. Contudo, rejeita os
milagres.
Diz sim à comunicabilidade
com outros seres. Mas, não com anjos ou demônios.
Poder-se-ia prosseguir com
essa longa lista de tudo o que pertence às religiões e ao espiritismo, sempre,
contudo, sob diferentes formas.
Allan Kardec esclareceu
todos esses pontos, definindo com precisão as diferenças a partir da revelação
espírita. Deslocou-os do âmbito do fenômeno religioso, dando à palavra
“religioso” um sentido mais amplo, dentro da transcendência de todas as crenças
reunidas e reinterpretadas à luz dos ensinamentos dos espíritos.
Tratava-se apenas de uma
questão de termos, de semântica? Seria necessário abandonar a palavra
religioso? As posições foram diversas, na história do espiritismo. Uns fizeram da
doutrina espírita uma nova religião. Outros assumiram um caráter não
confessional e, portanto, laico. Foi essa última postura a que nós adotamos,
buscando afastar, assim, qualquer equívoco.
De maneira geral, a religião situa-se no
terreno da fé, a partir de uma verdade revelada, adaptada pelo ser humano a seu
gosto. Já o espiritismo corresponde, mais justamente, a um conhecimento que
deflui de múltiplas experiências convergentes em resultados idênticos; um
conhecimento obtido a partir da comunicação com o outro mundo, aliado a uma
reflexão filosófica a respeito dos ensinamentos do além.
Dessa forma, pois, o
espiritismo marca sua diferença essencial, sob um enfoque metafísico que nada
deve ao religioso. É provável mesmo que o abismo entre espiritismo e religião
siga se aprofundando, sobretudo com relação às religiões surgidas com caráter
fundamentalista, em meio a evidentes desvios, como as dos evangélicos derivados
do protestantismo, assim como do fundamentalismo muçulmano.
Sem dúvida, há, hoje, menos
problemas com o catolicismo que já não se opõe sistematicamente à manifestação
dos espíritos dos “mortos”.
Além disso, à margem dos
fenômenos religiosos, podemos incluir o avanço das novas espiritualidades
derivadas do esoterismo. Ali, a oposição segue sendo considerável, na medida em
que nos encontramos frente a diferentes modelos de pensamento.
O
espiritismo ante a ciência
O espiritismo depara-se com
a incômoda situação de assumir seu caráter científico, sem responder a
determinados critérios exigidos pelas chamadas ciências duras, dentre os quais
a capacidade de reproduzir um fenômeno em idênticas condições. De há muito já
existe uma oposição entre as denominadas ciências duras e as ciências
psicológicas e sociais. Isso equivale, praticamente, à oposição existente entre
ciências materialistas e ciências que aceitam a integração de um fator
espiritual.
Seria, então, necessário que
a inteligência humana fosse desconectada da ciência, mesmo se considerando que
é graças a essa inteligência que se abordam os temas científicos? Seria
preciso, então, que os sentimentos e a moral fossem desconectados de todo o
enfoque científico sob o pretexto de que o estudo dos fenômenos da natureza
pode prescindir de toda a apreciação e juízo de valor?
O materialista deve
dissociar, ainda, duas ordens de coisas: por um lado uma verdade científica e,
por outro, um campo religioso ou filosófico, desconectando-o das experiências
científicas. Dito isso de outra maneira: uma convicção partilhada no plano do
estudo dos fenômenos naturais e outra não partilhada sobre as opções religiosas
ou filosóficas de cada um.
No momento em que alguns
voltam a colocar sob exame os próprios princípios da ciência clássica a partir
de um novo enfoque, o da física quântica, é necessário voltar a expor detalhadamente
todos os paradigmas antigos para, então, definir os novos. Sabe-se que em nível
da matéria em seus estados mais ínfimos nada há mais que energia. Sabe-se,
igualmente, que em determinadas experiências essa energia reage frente à
presença humana. Chega-se a pôr em evidência uma força espiritual que interage
sobre a matéria para se questionar cientificamente sobre a existência de Deus.
Quem sabe estamos no
alvorecer de uma nova visão onde ser fará necessário estabelecer a
indispensável união entre ciência e espiritualidade...
É provável mesmo que o
abismo entre espiritismo e religião siga se aprofundando.
(Artigo
adaptado para o espanhol por Oswaldo E. Porras D, Venezuela, de editorial de
“Le Journal Spirite”, n.79, e traduzido para o português por Milton Medran
Moreira)
Decisão sobre anencéfalos (1)
Parabéns pela matéria sobre a
descriminalização do aborto de anencéfalos (edição/maio). As posições
antagônicas vão continuar, pois há quem ingenuamente suponha que as leis e as
decisões judiciais em qualquer instância sejam eficazes para regular tudo, inclusive
questões morais, que dependem de avaliação e julgamento da consciência: o
chamado “foro íntimo”.
Homero Ward da Rosa
– Pelotas/RS.
Decisão sobre anencéfalos (2)
Quem assistiu na tarde em que ocorreu
a sessão do STF, só pode elogiar a forma como Opinião tratou o assunto do
aborto para crianças com anencefalia. Um tema polêmico, delicado, que merece
reflexão desapaixonada dos espíritas de todos os matizes. Uma vez mais,
parabéns!!!
Paulo Cesar Fernandes
– Santos/SP.
Espiritismo em Cuba
Cumprimentos pela coluna “Opinião em
Tópicos” da edição 196, enfocando a religiosidade e a situação do espiritismo
em Cuba. Um dado interessante: segundo publicação da “Folha Espírita”, Cuba é o
país que, proporcionalmente, mais espíritas tem no mundo. Cerca de 60% da população
é espírita.
Adilson Garbi
– Santo André/SP.
Religiosidade em Cuba
Muito interessantes os comentários
sobre a religiosidade em Cuba. O que se tem observado é que o sectarismo de
governos antirreligiosos não conseguiu travar, mesmo se utilizando da violência,
os cultos religiosos praticados anteriormente ao domínio desses governos. Todos
os cultos se mantiveram, mesmo que praticados às escondidas.
Simplício Oliveira da Fonseca
– Bento Gonçalves/RS.
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