CCEPA
Opinião – 20 anos!
Há exatos 20 anos, era publicada a edição
número 1 do jornal do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre.
Fazendo
e registrando a história
A princípio, ele se apresentou apenas como Opinião.
Depois, marcando sua condição de intérprete do pensamento do Centro Cultural
Espírita de Porto Alegre, passou a se identificar como CCEPA Opinião. Decorridos
20 anos, o pequeno mensário editado na capital gaúcha é apontado como o
principal veículo do segmento espírita livre-pensador que, no Brasil e
Exterior, sem pretensão de trabalhar com “verdades” prontas e acabadas,
desenvolve reflexões, estudos e debates, com base nas propostas científicas,
filosóficas, éticas e sociais do espiritismo. O labor criterioso desse segmento
vem consolidando um movimento de ideias que elegeu como uma de suas metas
primordiais a atualização do espiritismo. CCEPA Opinião teve o privilégio de
registrar todos os episódios que marcaram as duas décadas em que esse movimento
se consolidou, no Brasil. Em janeiro de 1999, passou a encartar em suas edições
o boletim Cepa Brasil, substituído por América Espírita desde
que o editor de Opinião assumiu a presidência da Confederação Espírita
Pan-Americana. Concluídos os dois mandatos de Milton Medran (2000/2008)
na presidência da CEPA, seu sucessor, o argentino Dante López, e atuais
dirigentes, entenderam de manter o boletim da Confederação encartado neste
jornal, que, assim, aqui segue redigido e editado.
Algumas
incompreensões e muitos avanços
O nascimento de Opinião coincidiu com
importante acontecimento da história do Centro Cultural Espírita de Porto
Alegre. No mesmo ano, atendendo a convite do então presidente da CEPA, Jon Aizpurua, o CCEPA aderia à
Confederação Espírita Pan-Americana, organismo internacional que, como este
grupo porto-alegrense, guarda perfil progressista, laico e livre-pensador,
compatível com as ideias espíritas semeadas por Allan Kardec. A adesão do CCEPA
à CEPA determinaria, no ano seguinte, sua suspensão dos quadros da Federação
Espírita do Rio Grande do Sul, por ato unilateral da FERGS que alegou não
concordar com seu “direcionamento ético e administrativo”. Mesmo suspenso dos
quadros federativos, o CCEPA formulou convite à presidência da FERGS para o XVIII
Congresso Espírita Pan-Americano que, em outubro de 2000, sob sua
organização, a CEPA realizou em Porto Alegre, com o tema “Deve o Espiritismo Atualizar-se?”. A FERGS declinou do convite “por
considerar inaceitável o tema proposto” e, em circular às casas federadas, seu
então presidente, Nilton Stamm de
Andrade, lhes recomendou “não mais cederem espaço em suas tribunas aos
expositores vinculados ao Centro Cultural Espírita de Porto Alegre” e “não dar
circulação ao boletim Opinião” em razão dos “conceitos revisionistas que ali
sistematicamente são divulgados e que desconsideram o caráter religioso do
Espiritismo”.
Apesar
da histórica posição assumida pela FERGS, “CCEPA
Opinião” tem tido, nestes 20 anos, crescente aceitação em todo o movimento
espírita. Também, alguns centros federados nunca deixaram de convidar os
integrantes do CCEPA como seus palestrantes. São indícios de que as propostas
doutrinárias da entidade, veiculadas em seu órgão oficial, encontram guarida em
mentes progressistas, felizmente presentes em todos os segmentos espíritas. O
CCEPA e este jornal têm defendido a possibilidade do diálogo e do trabalho
conjunto entre os diversos segmentos que têm por base comum os princípios basilares
da doutrina espírita. Só o estudo e o debate franco de ideias, numa perspectiva
progressista, ausentes a censura e a discriminação, podem contribuir com o
avanço das ideias semeadas por Kardec e seu legado de: “trabalho, solidariedade
e tolerância”.
Um trabalho coletivo
Há quem pense que faço este jornal sozinho.
Não é assim. Sou apenas intérprete das experiências e do pensamento de uma
pequena instituição espírita quase octogenária, mas que, irrequieta, não para
de se renovar. Sempre que redijo uma notícia ou um editorial, sou tocado por
reflexões ali feitas e, especialmente, pela contribuição intelectual dos
integrantes do Conselho Editorial: Jones, Salomão, Rui e, mesmo à distância,
Néventon. O último, graças à instantaneidade da comunicação, interage conosco,
numa comunhão de ideias e projetos.
Quando achávamos ter ficado sós e isolados,
face aos episódios que marcaram o início da trajetória deste mensário,
descobrimos um rico manancial de ideias progressistas, que regurgitavam em
pontos diferentes dos continentes americano e europeu, apontando no rumo de um
espiritismo renovado, fundado, sempre, nos alicerces kardecianos. No Brasil,
Jaci Regis e o Grupo de Santos haviam sido pioneiros. Depois, a CEPA, e na sua
esteira, a CEPABrasil: instituições que com memoráveis congressos, fóruns e
encontros, oferecem subsídios às ideias aqui sintetizadas.
A fase atual de minha vida privilegiou-me com
um de seus mais inestimáveis recursos: o tempo. A disponibilidade deste, e,
ainda, o ânimo e a saúde, têm me permitido priorizar a atividade espírita. Vou
a, praticamente, todos os eventos que nosso segmento promove, para, aqui,
registrar seus históricos avanços. Assim, e às vezes sem o saber, os
companheiros que compõem esse movimento de ideias, tornam-se parceiros do
trabalho materializado nas escassas páginas deste jornal. A mim resta apenas
dar forma a essa comunhão de pensamento. É um laço, estreitando-se, ano a ano,
num grupo que se amplia e fortalece. Conto, além disso, com a inestimável
colaboração de Maurice Herbert Jones que, diagramando-o, dá corpo ao CCEPA Opinião, tornando mais acessível
seu espírito.
Obrigado, pois, a todos, por termos estado
juntos nestes 20 anos! Especialmente aos articulistas e, também, à comunidade
de espíritos que, sem a aura de “superiores”, porque tão humanos quanto nós,
nos têm, nitidamente, apoiado nessa caminhada. (Milton
R. Medran Moreira).
Reflexões Pós-Copa
“Duas
coisas me enchem a alma de admiração: o céu estrelado sobre mim e a lei moral
dentro de mim”.
Immanuel Kant.
Passou
a Copa do Mundo, sem o registro de qualquer ato de racismo, nos estádios. Foi
uma festa de congraçamento entre nações, culturas e etnias. A seleção alemã
ofereceu magnífico exemplo de convivência e integração com as culturas indígena
e negra, que fazem a riqueza da Bahia. Foi lindo vê-los comemorando o título
com dança ensinada pelos pataxós de Santa Cruz Cabrália. A integração germânica
com os brasileiros fez com que a maioria de nossa gente torcesse e festejasse
com eles a conquista, esquecendo a humilhação daqueles 7 a 1. E não era de
esquecer?
Mas, empolgados com a Copa, poucos recordaram a efeméride do dia 2 de julho: o cinquentenário de marcante vitória da comunidade negra estadunidense. Naquele dia, em 1964, Lyndon Johnson sancionava a Lei dos Direitos Civis, proibindo a segregação racial no país. Em alguns Estados, vigoravam, até então, legislações vergonhosas amparando o racismo. Não foi fácil aos negros norte-americanos chegar até ali. Anos antes, em 1955, uma mulher negra, Rosa Parks, em Montgomery, no Alabama, embarcou num ônibus, sentando-se num dos lugares exclusivos para brancos. Isso mesmo: há apenas 50 anos ainda era assim, no Alabama. Os primeiros bancos dos coletivos destinavam-se exclusivamente a brancos. Negros só poderiam sentar-se nos dos fundos. Rosa foi instada a levantar-se e se negou. Acabou presa por sua rebeldia. Começava ali uma luta que, na década seguinte, daria lugar à histórica lei que fez 50 anos.
Mas, empolgados com a Copa, poucos recordaram a efeméride do dia 2 de julho: o cinquentenário de marcante vitória da comunidade negra estadunidense. Naquele dia, em 1964, Lyndon Johnson sancionava a Lei dos Direitos Civis, proibindo a segregação racial no país. Em alguns Estados, vigoravam, até então, legislações vergonhosas amparando o racismo. Não foi fácil aos negros norte-americanos chegar até ali. Anos antes, em 1955, uma mulher negra, Rosa Parks, em Montgomery, no Alabama, embarcou num ônibus, sentando-se num dos lugares exclusivos para brancos. Isso mesmo: há apenas 50 anos ainda era assim, no Alabama. Os primeiros bancos dos coletivos destinavam-se exclusivamente a brancos. Negros só poderiam sentar-se nos dos fundos. Rosa foi instada a levantar-se e se negou. Acabou presa por sua rebeldia. Começava ali uma luta que, na década seguinte, daria lugar à histórica lei que fez 50 anos.
Diante
de cenas de vandalismo, depredações, por mascarados que protestam, sem que se
saiba exatamente contra o quê, ultimamente comuns entre nós, recordem-se
figuras como Mahatma Ghandi, Martin Luther King e Rosa Parks. Ativistas da não
violência, valeram-se da desobediência civil pacífica para mudar a história,
lutando contra a discriminação, as desigualdades e a prepotência dos poderosos,
então amparados em leis flagrantemente injustas. Para protestar contra o
racismo, Rosa Parks não se escondeu atrás de máscara, nem tomou de armas.
Sequer fez passeatas. Limitou-se a ficar sentada.
Boa
ótica para medir o avanço ético da humanidade - sistematicamente negado por
muitos - é observar o avanço das leis em direção à justiça. É um movimento
progressivo que ninguém consegue deter e que, cedo ou tarde, atinge todas as
culturas. Quem apregoa o retrocesso moral da humanidade não percebe a presença
de uma consciência coletiva de inestimável grandeza a reger a história. Ela
está fadada a vencer o pior inimigo do ser humano, e que vive escondido em sua
alma: o egoísmoA
filosofia espírita identifica a justiça com a lei natural -”a única verdadeira
para a felicidade do homem” (L.E.q.614) -, gravada “na consciência” deste e
que, por isso, independe de “revelações”(621-a). Allan Kardec chegou a aventar
a hipótese de a humanidade reger-se exclusivamente pela lei natural, sem “o
concurso das leis humanas” (q.794). Immanuel Kant, falecido no ano em que
Rivail nasceu, raciocinara na mesma linha, ao identificar a lei moral presente
dentro de si, tão admiravelmente concreta e fascinante quanto o espetáculo
natural de um céu estrelado. Crer em Deus e não acreditar na perfectibilidade
de sua obra e na justiça de suas leis naturais é incompatível com a verdadeira
espiritualidade.
Quem apregoa o retrocesso moral da humanidade
não percebe a presença de uma consciência coletiva a reger a história.
Rubem Alves – 1934/2014
O mês de julho de 2014, que acaba de ficar
para trás, assinalou a morte de três imortais. Partiram os escritores Ivan
Junqueira, João Ubaldo Ribeiro e Ariano Suassuna, todos integrantes da Academia
Brasileira de Letras. A literatura brasileira ficou mais pobre com essas
perdas.
Mas, para mim, a perda mais sentida do mês
foi a de Rubem Alves. Talvez a nenhum escritor da história recente do Brasil
coubesse melhor o título de imortal do que a esse mineiro de alma doce e fala
mansa, nascido na cidade de Boa Esperança, e que, por 80 anos, passeou pela
Terra, tendo, como dizia, “um caso de amor com a vida”. Pediu que, quando
morresse, fosse cremado: “as cinzas podem ser soltas ao vento ou colocadas como
adubo na raiz de uma árvore. Assim, posso virar nuvem ou flor”. E que ninguém
dissesse que ele foi para o céu: “o céu me dá calafrios”, escreveu.
Teólogo
e educador inconformado
Teólogo e ex-pastor da Igreja Presbiteriana,
após abandonar a religião, Rubem Alves foi por muitos definido como ateu. A
quem, apressadamente, assim o classificava escreveu, certa vez: “Muitos pensam
que eu não acredito em Deus. Como não acreditar em Deus se há jardins? Um
jardim é a face visível de Deus, e essa face me basta”. Liberto das amarras dos dogmas, afirmou, numa
oportunidade: “Para pensar sobre Deus, deixei de ler os teólogos, leio os
poetas”. Dizia que Deus nos deu as asas do pensamento para voar, mas os homens
inventaram as religiões, gaiolas que nos aprisionam.
Educador, professor emérito da UNICAMP, Rubem
Alves abandonou tudo para fundar um restaurante, onde servia a autêntica comida
mineira e podia conviver com seus amigos. Disse, numa entrevista: “o mundo
acadêmico é um lugar perigoso, onde se torna difícil cultivar o próprio
pensamento”. Para ele, escolas deveriam existir não para ensinar respostas, mas
perguntas: “Somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido”.
A alma
Rubem definia a alma como uma borboleta: “Há
um instante em que uma voz nos diz que chegou o momento da grande
metamorfose”. Mas, identificava almas
muito especiais, como a de seu conterrâneo Nelson Freire, por ele tido como “o
maior pianista vivo”. Em memorável documentário que pode ser visto em http://www.youtube.com/watch?v=eBomNDrqn1s
, Rubem relata um fato marcante na vida
de ambos: certo dia, levado por sua mãe, Nelson, que tinha só três anos de
idade, foi à casa dele, onde havia um piano, no qual estava aberta uma
partitura de música erudita. O garoto sentou-se ao piano e, com dedinhos de
feltro, executou aquela peça musical. Rubem, que não tinha respostas prontas,
mas perguntas instigantes, questionava: “Donde vem aquela sabedoria sobre
piano, de um menino de 3 anos?”. Para ele, almas assim, eram privilegiadas de
Deus. Rubens que, em criança alimentara o sonho de ser pianista, lamentava que
Deus não o privilegiara com essa aptidão, mas, em compensação, permitiu-lhe
fazer música através da poesia.
Imortal
Em carta deixada com um amigo, lida em sua
despedida, Rubem Alves escreveu que não tinha medo da morte, embora tivesse
medo de morrer, porque “o morrer pode ser doloroso e humilhante”. Indagador que
era, formulou, na carta, esta pergunta à morte: “Voltarei para o lugar onde
estive sempre antes de nascer, antes do Big Bang?”. E complementou: “Durante
esses bilhões de anos, não sofri e não fiquei aflito para que o tempo passasse.
Voltarei para lá até nascer de novo”.
Palavras de um verdadeiro imortal.
Ao Opinião, com carinho e gratidão
Homero Ward da Rosa, Presidente da Associação Brasileira
de
Delegados e Amigos da CEPA.
“Quando se vê, já se passaram ...”
Vinte anos!
O jornal Opinião,
produzido no CCEPA- Centro Cultural Espírita de Porto Alegre está
aniversariando, consolidado como um dos principais veículos de divulgação do
Espiritismo genuinamente kardecista, livre-pensador, laico, plural e humanista.
Um
veículo de divulgação com as características do jornal Opinião enfrenta muitas dificuldades junto ao movimento espírita
brasileiro, predominantemente religioso. Em sua breve trajetória, o jornal já
transpôs muitos obstáculos e enfrentou corajosamente opositores poderosos. No
momento mais tenso de sua história, foi alvo de censura ideológica. A Federação
Espírita do Rio Grande do Sul expediu a circular nº. 66/99, direcionada às
casas espíritas federadas, desaconselhando a leitura, assinatura, e mesmo a
circulação do jornal entre os espíritas. Pior do que isto, só mesmo a atitude
subserviente de alguns centros espíritas que, argumentando obediência à
referida orientação, pediram ao CCEPA que não mais lhes enviasse o jornal.
Se por um lado atitudes lamentáveis como
essas reafirmavam o sectarismo religioso do movimento espírita naquele momento,
por outro lado fortaleceram a certeza de que o Opinião cumpria o seu papel, promovendo uma higiênica reflexão
crítica das ideias kardecistas, voltadas ao esclarecimento do Espírito humano
para a liberdade responsável. A fé raciocinada espírita é, de fato,
inconciliável com o autoritarismo religioso que viceja na submissão fideísta.
A marcha do tempo é transformadora e se lá no
início o jornal visava um pequeno público, uma reduzida tiragem, talvez situada
regionalmente, hoje o seu conteúdo e o do encarte América Espírita não só conquistaram um razoável número de
assinantes, como podem ser lidos em qualquer país do mundo, via Internet.
Quando próximo a completar 20 anos, o jornal
passou a denominar-se CCEPA Opinião. Alcança à maioridade, preservando uma
característica marcante: divulgar o Espiritismo como uma obra humana e
humanista, que liberta pelo conhecimento, pela consciência da complexa
realidade evolutiva do Espírito.
A CEPABrasil se regozija com a equipe do CCEPA Opinião por esse trabalho
meritório, liderado por Milton Rubens
Medran Moreira, atual presidente do CCEPA, editor e colunista do jornal, a quem
estendemos as palavras do nosso saudoso poeta Mário Quintana, em O Tempo: “A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa”.
Amigos, muita vida e longo tempo ao CCEPA
Opinião!
Ainda
sobre os 150 anos do E.S.E
Roberto Rufo – Tecnólogo, Licenciado em Filosofia, Santos/SP.
Ouso me intrometer em tão rico debate sobre
os 150 anos de lançamento do livro O
Evangelho Segundo o Espiritismo. (*)
Herculano Pires na explicação inicial da
tradução feita por ele de O Evangelho
Segundo o Espiritismo (LAKE Editora - 52ª edição) assinala claramente que
“O Livro dos Espíritos nos apresenta a Filosofia Espírita em sua inteireza, O Livro dos Médiuns a Ciência Espírita
em seu desenvolvimento e o Evangelho nos oferece a base e o roteiro da Religião
Espírita".
Não me parece surpresa, portanto, que o livro
tornou-se referência de um religiosismo exacerbado e infelizmente acabou
resumindo em muitos casos o Espiritismo a esse único viés. Basta uma leitura
atenta dos periódicos dos "meios oficiais espíritas".
Quanto à questão lógica se seria fruto de uma
época ou corolário de uma obra inteira, sempre achei que a terceira parte de O Livro dos Espíritos dava conta
plenamente do que poderíamos chamar de moral e ética espíritas, onde Jesus de
Nazaré é, inclusive, apresentado como modelo nessas duas áreas.
Caso não existissem outros livros e sobrassem
apenas no mundo O Livro dos Espíritos
e O Livro dos Médiuns, qualquer leigo
ao tomar contato com eles conheceria o que é o Espiritismo.
Lembremos que em 1.863 Kardec sofreu uma
intensa campanha da Igreja, o que me parece fundamental para, em 1.864,
publicar o Evangelho. Tomou para si uma tarefa de explicar e analisar
versículos dos evangelhos canônicos para lhes dar uma contextualização
espírita. Seu sucesso no Brasil foi estrondoso, por ser facilmente digerível
pela mentalidade religiosa cristã. Tanto que o próprio Herculano Pires defendia
como uma das metas do Espiritismo reviver o cristianismo.
Certa ocasião um meu professor de filosofia
na Universidade Católica de Santos, padre José Lourenço D'Aragão Araújo,
conhecedor de que eu era espírita, disse-me que, no começo da introdução do
Espiritismo no Brasil, houve um certo temor da Igreja por parecer tratar-se de
uma ideia racional-espiritualista. Quando, no entanto, com o passar dos anos,
ao verificar que o Espiritismo nada mais era do que uma religião, passou o
temor, pois segundo ele, em termos de religião o catolicismo seria imbatível.
Talvez o encadeamento das obras de Kardec
possa parecer lógico e necessário, mas penso que a partir do Evangelho, as
obras kardequianas foram uma sequência
de respostas a condições de pressões e temperaturas da época (segunda metade do
século XIX). A nova ideia incomodava o poder religioso.
Finalizo com uma parte do texto inserido no
prefácio de O Evangelho Segundo o
Espiritismo, transmitida pelo Espírito da Verdade:
- "As grandes vozes do céu ressoam como
o toque da trombeta, e os coros dos anjos se reúnem. Homens, nós vos convidamos
ao divino concerto: que vossas mãos tomem a lira, que vossas vozes se unam, e,
num hino sagrado, se estendam e vibrem, de um extremo do Universo ao
outro". É o cântico da vitória pela meta alcançada da publicação do livro.
No O Livro dos Espíritos não se viu
tamanho júbilo. Dali em diante o Espiritismo se viu invadido por esse tipo de
linguagem.
*Ver
edições 218 e 219 deste jornal.
Os termos Espiritismo e Espírita no blog de Herivelto
Herivelto Carvalho |
Segundo Herivelto Carvalho “há grande
dificuldade para se chegar a um consenso sobre uma definição mais precisa do
que seja o Espiritismo”, pois, “geralmente as definições são dadas por grupos
que já tem estabelecidas suas ideologias, e assim, buscam definir o Espiritismo
de forma a adequá-lo às suas próprias convicções. Falta, portanto, uma
definição isenta e imparcial, mais centrada nas dimensões histórica e
sociológica da cultura espírita. A perspectiva livre-pensadora do Espiritismo
pode contribuir para a ampliação de uma pesquisa nessa área, pois evitando o
aparecimento de dogmas de qualquer natureza, pode estabelecer, sem obstáculos,
o desenvolvimento de uma análise mais nítida de sua natureza e fundamentação”.
“Amo,
logo existo” – Tema de Semana Espírita
Com o sugestivo tema “Amo, logo existo! O desafio do amor no mudo contemporâneo”, a S.E.
Amor e Caridade, de Osório/RS, realiza, de 20 a 25 de outubro próximo, sua XV Semana Espírita.
Quatro conferencistas convidados, tratarão do
amor, sob diferentes ângulos:
Moacir
Costa de Araújo Lima:
“Amor, a Arte de Viver” (20/10, às 20h);
Milton
R. Medran Moreira:
“A Filosofia Espírita e o Amor” (22/10, às 20h);
Diógenes
Camargo:
“Fronteiras entre Amor e Ódio” (23/10, às 20h);
Luiz
Carlos May Jr. :
“Os Desafios do Amor na Vida Familiar” (25/10, às 15h).
Jerri Ameida |
O Echo d’Alêm Tumulo – 145 anos
Prezado
Milton, lendo interessante matéria no Opinião
no. 220, de julho de 2014, intitulada: "'O Écho de'Além-Túmulo' - 145
anos.", no que tange ao importante comentário de Kardec, somente desejo
ponderar que o referido texto encontra-se na Revista Espírita de "Novembro"
de 1869 e não na de junho conforme consta na matéria.
Abraços!
Jerri Almeida – Osório/RS. - www.jerrialmeida.blogspot.com.br/
Nota
do editor: Agradecemos a colaboração de Jerri
Almeida. Registramos, entretanto, que a coleção da “Revista Espírita” publicada
no Brasil pela Edicel, abrangeu, as
edições dos meses de janeiro a junho de 1869, como sendo “Os escritos finais de
Kardec” (pags. 1 e 2). É na edição de junho que consta a notícia do
aparecimento do “Eco”, embora reproduzida ali como tendo sido publicada “no
número de outubro de 1869” (pag. 199).
A
Reencarnação e os grandes pensadores
Maravilhoso
o texto em Opinião em Tópicos de
julho (CCEPA Opinião n.220). Grandes
pensadores só fortificam minha fé na reencarnação. Muita luz!
Bethania
Amaral Emmerich – Cariacica/ES.
Meu Deus, vivi para ler um jornal produzido por pretensos "espíritas" relativizar e banalizar a prática nefasta do aborto (!), quase chegando ao ponto de levantar sua bandeira, mas citando Kardec para despiste (!!), quando não se omite por completo de sua crítica pública. Espíritas progressistas (limpinhos e cheirosinhos), laicos (ou poderiam ser "lacaios") e "livres-pensadores" (como um táxi?)?! Uau, que bicho é esse? Esse mantra é uma auto definição (ou auto engano) ou um álibi conveniente? Sem dúvida, trata-se, na prática, de mais uma linha auxiliar do esquerdismo petista, minando, por dentro, tal qual um cavalo-de-tróia, o Movimento Espírita Brasileiro. Assim como foram os padrecos da Escatologia da Libertação, no catolicismo, e são, agora, os protestantes adeptos da Teologia da Missão Integral (ao petismo). "O lobo muda de pelo, mas não de hábitos", não é mesmo? Chioro, como você e seu grupo são previsíveis e repetitivos. Rezo a Deus, para que tenha misericórdia desse nosso país cada vez mais obtuso e inviável como civilização.
ResponderExcluirMeu Deus, vivi para ler um jornal produzido por pretensos "espíritas" relativizar e banalizar a prática nefasta do aborto (!), quase chegando ao ponto de levantar sua bandeira, mas citando Kardec para despiste (!!), quando não se omite por completo de sua crítica pública. Espíritas progressistas (limpinhos e cheirosinhos), laicos (ou poderiam ser "lacaios") e "livres-pensadores" (como um táxi?)?! Uau, que bicho é esse? Esse mantra é uma auto definição (ou auto engano) ou um álibi conveniente? Sem dúvida, trata-se, na prática, de mais uma linha auxiliar do esquerdismo petista, minando, por dentro, tal qual um cavalo-de-tróia, o Movimento Espírita Brasileiro. Assim como foram os padrecos da Escatologia da Libertação, no catolicismo, e são, agora, os protestantes adeptos da Teologia da Missão Integral (ao petismo). "O lobo muda de pelo, mas não de hábitos", não é mesmo? Chioro, como você e seu grupo são previsíveis e repetitivos. Rezo a Deus, para que tenha misericórdia desse nosso país cada vez mais obtuso e inviável como civilização.
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