Allan
Kardec, há 150 anos
“Os Espíritas são
Livres-Pensadores”
Dois
artigos de Allan Kardec, publicados há exatos 150 anos, em janeiro e fevereiro
de 1867, definiram com clareza o caráter livre pensador do espiritismo e de
quem, livremente, aderisse às suas propostas.
“Quem
não se guia pela fé cega é um livre-pensador”
Em janeiro de 1867, na
“Revista Espírita”, Allan Kardec
publicou longo artigo sob o título de “Olhar Retrospectivo sobre o Movimento
Espírita”. Entusiasmado com o avanço das ideias espíritas e otimista quanto a
seu futuro, observava que “o Espiritismo ligou a si todos os homens nos quais
essas ideias estavam, de certo modo, no estado de intuição”, e chegou a definir
a existência de duas grandes correntes de ideias em que poderia, genericamente,
se dividir a humanidade: o espiritismo
e o materialismo. Mesmo assim,
admitiu que essas duas grandes categorias se fracionavam “numa porção de
nuanças”. A seguir, então, o fundador do espiritismo arrolou nada menos do que
15 tendências de pensamento e suas afinidades ou oposições relativamente à
proposta espírita. Ali aparecem, por exemplo, os “fanáticos de todos os
cultos”, os “panteístas”, “os crentes não satisfeitos”, “os incrédulos por
falta de algo melhor”, os “deístas”, culminando com o que ele classifica como
uma “nova denominação pela qual se designam os que não se sujeitam à opinião de
ninguém em matéria de religião e de espiritualidade, que não se julgam ligados
pelo culto em que o nascimento os colocou sem seu consentimento, nem obrigados
à observação de práticas religiosas quaisquer”: Eram, segundo ele, os “livres pensadores”. Nessa categoria,
Kardec situava explicitamente os espíritas: “Todo homem que não se guia pela fé
cega é, por isso mesmo, livre pensador” e “a
este título os Espíritas também são livres pensadores”, escreveu (grifo
nosso).
“Antes
de crer é preciso compreender”
A temática do livre pensamento
seria objeto de novo editorial da revista dirigida por Allan Kardec, no mês
seguinte, fevereiro de 1867. Desta feita, para admitir a existência de duas
categorias de livres pensadores: a dos incrédulos
acerca das chamadas questões metafísicas, e a dos crentes. Mas, a crença desses livres pensadores, onde estariam
incluídos os espíritas, segundo Kardec, tem um sentido diverso ao da fé
religiosa: “É o Espiritismo, como pensam alguns, uma nova fé cega? Por outras
palavras, uma nova escravidão do pensamento sob uma nova forma?”, pergunta,
para logo esclarecer: “O Espiritismo estabelece como princípio que antes de
crer é preciso compreender. Ora, para compreender há que usar o raciocínio”.
Para Kardec, os espíritas “são mais céticos do que muitos outros, em relação
aos fenômenos que escapam do círculo das observações habituais” e que não partem
de nenhuma “teoria preconcebida ou hipotética”, mas da “experiência e
observação dos fatos”.
Na análise que fez do livre
pensamento, Allan Kardec consignou que “na sua concepção mais larga, ele
significa livre exame, liberdade de consciência, fé raciocinada” e “simboliza a
emancipação intelectual, a independência moral, complemento da independência
física”. “Nesse sentido”, completou, “O livre pensamento eleva a dignidade do
homem, dele fazendo um ser ativo, inteligente, em vez de uma máquina de crer”.
E foi assim que, dois anos antes de
desencarnar, Kardec retratou o autêntico espírita: o espírita livre pensador.
O
todo e a parte
Não houvesse o espiritismo se
transformado, contra o expresso entendimento de Allan Kardec, em uma nova
religião, a qualificação de todos os seus adeptos como livres pensadores seria
algo absolutamente incontroverso.
No multifacetado universo dos
espíritas, entretanto, onde pontificam os “espíritas cristãos e evangélicos” e,
em seu séquito, um sem número de tendências místicas, com nuanças as mais
variadas, quase todas entronizando a fé religiosa e a irrestrita submissão a
médiuns oficializados como “mensageiros dos céus” ou intérpretes de um seleto
clube de “espíritos superiores”, pouco espaço restou para o cultivo do
pensamento livre, plural e coletivamente construído.
Desse quadro também resultou
que se fizesse, igualmente, letra morta uma outra recomendação de Allan Kardec:
a de que o espiritismo estivesse sempre e permanentemente aberto à atualização
do conhecimento. Uma coisa é consequência da outra, pois a fé religiosa tem
como objeto as chamadas verdades eternas, insuscetíveis de atualizações,
modificações, contestações ou debates. “Credo quia absurdum” (creio porque é
absurdo), dizia Santo Agostinho, referindo-se à fé nas “revelações divinas”
contrárias à razão.
Enfim, ser livre pensador
espírita e espírita progressista, condições que deveriam ser essenciais a
qualquer adepto da filosofia sistematizada por Allan Kardec, passaram, no
decurso do tempo, a caracterizar não o universo espírita como um todo, mas,
apenas e tão somente, uma parcela, um segmento do movimento espírita. Segmento,
aliás, cujo pensamento e cuja prática contrastam em inúmeros aspectos com o que
se convencionou denominar “religião espírita”.
Na verdade – e Kardec
percebera claramente isso -, religião e livre pensamento, fé religiosa e
progresso de ideias são coisas inconciliáveis. Cabe, pois, ao espírita
consciente e responsável optar por qual desses dois caminhos trilhar e qual
deles, afinal, está mais de acordo com a proposta original do Mestre lionês. (A Redação)
“É
dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.”
Carlos
Drumond de Andrad
Como bem lembra o poeta,
quando um novo tempo começa no calendário, somos contagiados pela ideia um
tanto mágica de que tudo se há de transformar em nosso derredor. Achamos que
“como por decreto de esperança, a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo
claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com
cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito
augusto de viver”.
Ao retomarmos a rotina, a
ilusão se desfaz. Ao soarem as doze badaladas que, em cada quadrante, marcam o
fim de um ano e o início do outro, o mundo volta a ser exatamente como era,
partindo outra vez do mesmo ponto em que o ano findo o surpreendera. E com cada
um de nós o mesmo ocorrerá. Então, é novamente o genial poeta mineiro que
lembra: “Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de
merecê-lo, tem de fazê-lo novo”.
Tempos de crises, como esta em
que estamos mergulhados, são mais propícios a debitarmos a outros todos os
percalços por nós vividos. Entretanto, se existem concretas razões externas a
indicar a origem de dificuldades em nossa vida, também é certo que se nos
dispusermos a uma honesta introspecção, haveremos de localizar em nosso
interior fraquezas e predisposições ainda mais preponderantes que aquelas a
determinarem nosso atual quadro de padecimentos.
Crises são a culminância de
erros que nos cabe desfazer, ressarcindo-lhes os efeitos. São, em qualquer
circunstância, oportunidades de correção de rumos e de redescoberta de
potencialidades muitas vezes adormecidas no mais íntimo de nosso ser. Crise é
incentivo à mudança e ao crescimento.
A renovação que, a cada início
de ano, esperamos do mundo, na verdade, a vida espera de nós, a cada dia.
Tem razão o poeta. Tem razão a
vida. Especialmente se desta guardamos uma concepção de infinitude, de
progresso e de evolução, leis inderrogáveis que regem a trajetória sempre
ascendente do espírito e da sociedade.
Confiança
Costumo, quando estou no
centro, em Porto Alegre, almoçar em um determinado restaurante natural. E, lá,
sempre vejo um sujeito cuja atitude
me chama bastante atenção. Cada vez que ele levanta de seu lugar para se
servir, deixa ali, sobre a mesa, sua carteira e seu celular. Sai
despreocupadamente, demonstrando plena confiança de que ninguém vai furtar seus
objetos pessoais. Acho que ele pensa assim: as pessoas que frequentam este
local são gente boa, ninguém aqui seria capaz de cometer um furto ou algo que
prejudicasse alguém.
Restaurante
universitário
Pela década de 60 do século
passado, em meus tempos de estudante, na capital gaúcha, eu tinha por hábito
almoçar no velho restaurante universitário da Avenida João Pessoa. Lá, quem
quisesse tomar um suco ou refrigerante, para acompanhar a refeição, não
precisava pagar antecipadamente no caixa. Simplesmente se servia e deixava o
valor correspondente numa caixinha ali ao lado.
Vigorava o tácito entendimento
de que um estudante universitário jamais iria deixar de pagar o que consumiu.
Funcionava.
O
sonho de todos
Todos sonhamos viver numa
sociedade onde tudo funcionasse assim, não é mesmo? Com certeza, isso há de
acontecer um dia, quando todos tivermos um mínimo de educação. Falo daquela
educação básica, fundada nas razões primárias da vida individual e social,
aquela que nos dá a certeza de que o correto agir, os hábitos saudáveis, a
honestidade, enfim, produzem harmonia e felicidade. A espiritualidade racional,
que tenha como suporte a lei de causa e efeito, com bases e fins pedagógicos, é
um excelente caminho para a aquisição e vivência desses valores que um dia hão
de ser por todos cultivados.
Thiago de Mello, em famoso
poema, fala de tempos onde “o homem não precisará nunca mais duvidar do homem”.
“O homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia
no ar, como o ar confia no campo azul do céu”. Ou, simplesmente, “o homem
confiará no homem como um menino confia em outro menino”.
A
aspiração de Kardec
Talvez se possa interpretar
todo o descalabro ético que se abateu sobre nossa sociedade como uma imensa
crise de confiança. É como se atravessássemos um deserto, felizmente
entrecortado de pequenos oásis onde ainda vicejam valores tidos como
autenticamente humanos. Mas, lá fora, esses valores parecem ter sido levados de
roldão pela tormentosa complexidade das relações políticas e sociais de um país
movido por trapaças e injustiças. E com isso, o menino de ontem deixou de
confiar no outro menino.
Será possível resgatar essa
confiança? Por que não? O sujeito que deixa a carteira sobre a mesa e o velho
restaurante universitário são o indivíduo e a sociedade que todos sonhamos.
Essa ânsia grita dentro de nós, pedindo passagem.
“A aspiração por uma ordem
superior das coisas é indício da possibilidade de atingi-la”, escreveu Kardec.
Ou: se somos capazes, como consciência coletiva, de sonhar com um mundo justo e
fraterno, e se já podemos intuir que o agir de um tem força para modificar o
todo, é indício de que um dia chegaremos lá!
Seja 2017 o início dessa
virada!
O
Congresso da CEPA em Porto Alegre (III)
O
convite à FERGS
Convidada, também, a
participar do XVIII Congresso Espírita Pan-Americano, a Federação Espírita do
Rio Grande do Sul, então presidida por Nilton Stamm de Andrade, louvando-se na
mensagem, de 15.11.1999, que o CFN-FEB enviou ao movimento espírita com relação
ao evento, e em decisão do Conselho Deliberativo Estadual da FERGS, de
27.11.1999, declinou do convite e informou que “não abonará, em caráter
oficial, a participação de nenhuma pessoa vinculada ao quadro federativo
estadual ao evento programado pela CEPA, ainda que em caráter de observador,
por considerar inaceitável o tema proposto”.
A extensa mensagem do CFN-FEB,
subscrita pela totalidade dos seus membros, afirmava que "todo o progresso
do conhecimento desde a Codificação tem trazido evidências que confirmam os
ensinos espíritas, nada justificando a revisão de qualquer dos fundamentos da
Doutrina dos Espíritos". Acrescentava, ainda, que “não reconhece em
nenhuma pessoa ou instituição, como também em nenhuma assembleia ou congresso,
qualquer autoridade ou direito para alterar ou modificar, a qualquer título, os
princípios fundamentais e ensinos do Espiritismo, contido nas obras básicas de
Allan Kardec”. E finalizava conclamando “os espíritas e as instituições
espíritas em geral a que, unidos, continuem a concentrar seus esforços e tempo
no trabalho edificante de colocar a Doutrina Espírita, em toda a sua
abrangência, sem restrições ou
questionamentos a qualquer dos seus princípios, ao alcance e a serviço de
todos.” (grifo meu).
Vale a pena destacar alguns
tópicos contidos na Circular que, logo em seguida, a FERGS enviou às
instituições espíritas do Estado: “3. alerta as casas espíritas federadas no
sentido de, permanecendo atentas, não mais cederem espaços em suas tribunas aos
expositores vinculados ao Centro Cultural Espírita de Porto Alegre (CCEPA) e à
Confederação Espírita Pan-Americana (CEPA), entidades que semeiam
insistentemente ideias contrárias aos princípios doutrinários, negando o
aspecto religioso da Doutrina Espírita e opondo-se aos ideais do Cristianismo;
4. recomenda, da parte dos dirigentes espíritas, profunda análise das matérias
contidas no boletim "Opinião", órgão oficial do CCEPA, atentando para
os conceitos revisionistas que ali sistematicamente são divulgados e que
desconsideram o caráter religioso do Espiritismo, procurando difundir o que
denominam "espiritismo laico"; 5. recomenda não dar circulação ao
boletim "Opinião", órgão oficial do CCEPA e que vem sendo remetido
sistematicamente às casas federadas.”
Detalhes sobre esse memorável
evento da CEPA estão narrados em meu livro “Da Religião Espírita ao Laicismo: a
trajetória do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre”.
Deolindo Amorim
“O
Espiritismo encontrou, no Brasil, a preponderância do africanismo e do
catolicismo, com um fator absolutamente favorável: o baixo nível intelectual
das massas, educadas na superstição e sob o influxo da religião católica, que
lhe imprimiu o apego aos ídolos, aos símbolos etc. Difícil tem sido ao
Espiritismo reagir contra a propensão de grande parte de seus simpatizantes
para o culto fetichista. Daí muita gente, que desconhece o assunto, que não
sabe o que é Espiritismo, dizer que Espiritismo e africanismo são sinônimos...
Eis um erro que precisa ser desfeito. Umbandismo, ou qualquer outra forma de
africanismo, não constitui modalidade do Espiritismo. (Do livro “Africanismo e Espiritismo”)
Crítico de cinema da Folha sobre o filme Chico Xavier:
“Um filão a ser explorado
pelo cinema brasileiro”
Foto de atores do elenco |
O
crítico de cinema do jornal Folha de São
Paulo, em sua coluna no caderno Ilustrada,
da edição de 19 de setembro de 2016, comentando os filmes que passariam durante
a semana nos canais especializados de televisão, teceu alguns comentários sobre
a película “Chico Xavier”, que seria exibida pelo canal Warner.
O
comentarista aproveitou o espaço não apenas para a crítica cinematográfica da
obra, como também para fazer este registro sobre a penetração do espiritismo no
Brasil: “Assim como o positivismo” – escreveu -, “o espiritismo parece ser uma
dessas correntes que emplacaram muito mais aqui no Brasil que na sua origem
(França, em ambos os casos”).
Sobre
a temática do filme, consignou: “Somos provedores de pessoas capazes de
demonstrar, na Terra, a existência de um mundo posterior à nossa existência.
Assim como o personagem de Chico Xavier”.
E acrescentou: “Não importa tentar determinar o quanto possa haver de
verdade, fraude ou erro bem-intencionado no médium. Importa que Daniel Filho
trabalha bem essa passagem entre o aqui e o além: a psicografia de Xavier
funciona como ‘prova’ da existência desses espíritos que, eventualmente, voltam
para trazer suas mensagens”.
Para
ele, no entanto, “no fundo, trata-se do velho princípio segundo o qual se a
religião alivia nossas penas, tudo bem”, e que “no caso, com seus milhões de
espectadores, o filme apontou para um filão a ser explorado pelo cinema
brasileiro (e logo perdido)”.
Jerri Almeida – Professor de História, Escritor,
Presidente da Sociedade Espírita Amor e Caridade – Osório/RS.
Não se trata do famoso filme
de 1956, estrelado por Elizabeth Taylor e dirigido por George Stevens, que
retratava a história de três influentes gerações de texanos e seus conflitos
familiares, emocionais, e suas relações de poder econômico. Talvez se aproxime
mais da música de Lulu Santos: “Assim caminha a humanidade”.
Certamente, uma significativa
parcela da humanidade vem optando pelos sinuosos caminhos da rebeldia e do
desamor. Configura-se, a experiência humana, um cipoal de possibilidades cujo
discernimento poderia conduzir para os valores mais nobres e afirmativos do
bem. No entanto, não obstante os apelos do amor, que vibram nas entranhas mais
profundas da alma humana, recrudesce a violência em suas múltiplas faces.
Diante das maravilhosas
conquistas científicas e tecnológicas, o mundo contemporâneo, aturdido em seus
paradoxos, se debate nos questionamentos e nas dúvidas, de tal forma que os
velhos dilemas filosóficos, éticos e morais ganham cada vez mais espaços no
seio das instituições.
Há certamente muitos caminhos!
Todavia, é bom lembrarmos que a decisão pelos caminhos que conduzem ao
progresso do espírito exige esforço perseverante. Muitos não estão dispostos a
trilhá-los e, por isso mesmo, mergulham nos conflitos de toda sorte!
Muito embora vivamos
atualmente uma cultura de cuidados com o corpo, com a saúde, com a estética,
emergem, a cada dia, novos casos de depressão e de outros transtornos
psicológicos, revelando as dores da alma. No mundo globalizado, estamos cada
vez mais próximos e, ao mesmo tempo, mais distantes. A tecnologia nos aproxima
e, quando não suficientemente administrada, nos afasta das relações afetivas,
do diálogo direto, do “olho no olho”, da convivência familiar mais plena e mais
concreta. Onde o limite?
O espiritismo, diante dos
inúmeros caminhos e descaminhos do mundo atual, apresenta sua filosofia
otimista e esclarecedora como alternativa e estímulo para novas escolhas, novos
caminhos. A rigor, nem sempre o progresso moral acompanha o progresso
intelectual, por isso, as contradições de uma sociedade ainda carente de paz e
justiça social.
O ser humano recalcitrante nos antigos vícios
e paixões, transitando pelas vias do sofrimento, chegará fatalmente ao seu
limite de suportabilidade onde, então, buscará novos paradigmas para orientar
seu efetivo progresso ético, moral e espiritual. Certamente, o sofrimento não é
a única via para o progresso, mesmo porque não basta sofrer, é necessário
refletir e reavaliar suas causas mais profundas. Todavia, enquanto muitas
pessoas se mantém indiferentes aos valores nobres, outras tantas buscam os
caminhos do bem, da solidariedade, da fraternidade, do altruísmo, para se
sentirem úteis e verdadeiramente “vivas”.
Kardec ponderou que o
espiritismo, pelas informações que apresenta, estimula no ser humano uma nova e
mais profunda percepção do cotidiano, da existência, da vida, da morte e dos
desafios naturais da caminhada. Nesses dias difíceis - por onde caminha a humanidade - de intolerâncias e de
crueldades, de corrupção, de indiferenças e de depressões, o pensamento
espírita nos convida, pela via da razão e dos sentimentos, ao exercício da
brandura, da fraternidade, da honestidade e da fé racional que dinamiza o
potencial consciente do amor.
Como afirmou, com sua conhecida lucidez, o eminente
professor Herculano Pires: “Inútil, pois apelar para modificações superficiais.
Temos de insistir na mudança essencial de nós mesmos". Se existem muitos
“caminhos”, somos nós, os “caminhantes”, que os escolhemos.
Jones
no CCEPA:
“O espanto diante do fenômeno
deu origem à filosofia espírita”
Encerramento
do ano letivo
Marcelo Nassar, Jones e Salomão Benchaya |
Na
tarde de 15 de dezembro último, o Departamento de Eventos e o de Estudos
Espíritas do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre - CCEPA, coordenados,
respectivamente por Salomão Benchaya e Marcelo Nassar,
encerraram as atividades dos grupos de estudo no ano de 2016, bem como do Curso
Espírita de Mediunidade levado a efeito, nas tardes de 4a. feira, desde
março/2016.
Os
22 participantes que concluíram o curso de mediunidade constituirão, em 2017,
um novo grupo de estudos do CCEPA.
Jones conduziu a
reflexão da tarde
Na
oportunidade, o Assessor da Diretoria do CCEPA, Maurice Herbert Jones, convidado pelos Departamentos,
teceu considerações a respeito da natureza do espiritismo e respondeu a alguns
questionamentos dos presentes.
Jones
fez considerações sobre a filosofia espírita, nascida, segundo ele, “do espanto
do próprio Kardec diante do fenômeno mediúnico”. De seu espanto resultaria a
investigação séria e racional do fenômeno, abrindo-se um novo campo à
investigação científica. Como filosofia, o espiritismo, segundo ele, “traz uma
visão profundamente humanista, é o humanismo espiritocêntrico”, pois “a visão
de humanidade do espiritismo transcende o mundo físico, radicando-se na
realidade do espírito”.
Para encerrar a tarde, todos participaram de
uma confraternização organizada pela vice-presidente Eloá Bittencourt.
Reuniões durante as
férias
Durante
o período de 14/12/2016 a 08/03/2017, em razão de viagem da maioria dos
integrantes dos grupos, o CCEPA manterá reuniões, abertas ao público, somente
nas 4as. feiras, à tarde, tendo O Livro dos Espíritos como roteiro de estudos.
Novo Curso Básico de
Espiritismo
Em
2017, um novo Curso de Espiritismo, destinado a iniciantes, será realizado,
período de 22/3 a 19/4, às 19h30min, sob a coordenação de Marcelo Cardoso Nassar, diretor do Dep. de Estudos Espíritas e Clarimundo Flores, diretor da
Tesouraria do CCEPA. Pretende-se, após o curso, formar um novo grupo de
estudos, atividade central que o CCEPA desenvolve com os seus integrantes. O
horário das 19h30min - uma experiência nova na Casa - visa permitir aos
inscritos que trabalham profissionalmente durante o dia, que possam se deslocar
diretamente para o CCEPA logo após o expediente. Interessados podem se
inscrever através do e-mail ccepars@gmail.com ou pelo telefone (51) 3209-3092, com
Eloá.
Desencarna José de la Torre –
grande líder espírita espanhol
Na madrugada de 11 de dezembro
último, desencarnou, aos 81 anos, em Montilla, Espanha, José de la Torre (foto), destacado líder espírita espanhol.
Em depoimento dado a este
jornal, sua sobrinha, Mercedes Garcia,
presidente da Associação Espírita Andaluza Amalia Domingo Soler, entidade da
qual José foi fundador, recorda as múltiplas atividades espíritas desempenhadas
por seu tio, como o exercício da presidência do Centro Espírita Amor y
Progreso, de Montilla, desde 1992, a fundação da Associação Internacional para
o Progresso do Espiritismo (AIPE), da qual foi vice-presidente e, após,
vice-presidente honorário. José de la Torre teve destacada atuação no processo
de reorganização do movimento espírita espanhol, havendo colaborado na fundação
e legalização da Associação Espírita Espanhola, que antecedeu à atual Federação
Espírita Espanhola e organizado um primeiro “minicongresso”, que serviu de
prévia aos grandes congressos recentemente realizados pelo movimento espírita
espanhol, com destaque especial para as atividades lá realizadas com o apoio da
CEPA.
Entretanto, segundo Mercedes,
“nada disso seria significativo não fosse a excelente qualidade humana” a ornar
a personalidade de José. “Humilde e hospitaleiro, aberto ao progresso das
ideias e da sociedade, em total coerência com a doutrina dos espíritos, José de
la Torre foi um impulsionador da divulgação do espiritismo em nível internacional,
tendo recebido e hospedado em sua casa reconhecidos propagadores espíritas de
diferentes países, como Jon Aizpúrua, Dante López, Milton Medran, Divaldo
Franco, Juan Antonio Durante, Raul Teixeira, Carlos Campetti e muitos outros”,
assinala Mercedes, destacando ainda: “Como ele próprio dizia, necessitava
expandir, com a força de sua alma, as vozes dos espíritos em prol da união do
espiritismo, todos unidos numa grande fraternidade”. Para tanto, lembra
Mercedes, recordando seu tio, “será preciso visualizar o espiritismo ‘às
secas’, sem qualificativos, com seu caráter universal, destituído de qualquer
discriminação.”.
Em nome da família e
reconhecendo que José foi para ela “um verdadeiro pai e para muitos um grande
mestre”, Mercedes desejou que cheguem até a dimensão onde ele se encontra as
tantas manifestações de carinho recebidas, e encerrou com uma frase que ele
costumava pronunciar: “Avante, com Amor e Humildade!”
"Compreender Kardec para viver Kardec"
Plataforma
interativa
para estudar
Kardec na Internet
Novo espaço da
Internet propõe compreender Kardec para viver Kardec.
Interessados em
pesquisar, ler e analisar as obras de Allan Kardec na Internet têm agora uma
excelente ferramenta. É a Kardecpedia -
https://kardecpedia.com/ um espaço na rede
mundial de computadores que se define como “uma plataforma interativa que
facilita o estudo das obras de Allan Kardec, o fundador da Doutrina Espírita,
ou Espiritismo”. Já na sua apresentação aos internautas, a Kardecpedia define o espiritismo fundado por Kardec, como uma
“palavra por ele criada para designar a doutrina exposta na sua primeira grande
obra: O Livro dos Espíritos”.
Explica que o espiritismo foi definido por Kardec como "uma ciência que
trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações
com o mundo corporal”.
Um índice por palavras ou frases
Ao alto de sua
página de apresentação, a Kardecpedia exibe
um espaço onde o internauta é convidado a digitar um termo ou frase referente à
sua busca. A pesquisa conduz imediatamente a uma relação de textos ou citações
em toda a obra de Kardec em que aquela palavra ou aquela frase estejam
presentes.
Na Kardecpedia, todas as obras de Kardec
são apresentadas nos idiomas português e francês, incluindo as doze edições da Revista Espírita editada por Kardec. Em
inglês e espanhol, serão apresentadas apenas aquelas obras que já existem
traduzidas e em domínio público.
O usuário poderá
interagir com a Kardecpedia propondo
novos relacionamentos entre os itens que compõem cada obra, bem como enviando
cópias digitais de livros de Kardec e de outras obras por ele citadas.
Você pode colaborar de quatro maneiras:
1) propondo novos relacionamentos entre os itens das obras de
Kardec;
2) enviando cópias digitais de edições originais das obras de
Kardec;
3) enviando cópias digitais de traduções das obras de Kardec, de
domínio público; e
4) enviando cópias digitais de livros citados por Kardec em suas
obras.
O projeto Kardecpedia é fruto do trabalho de equipe
coordenado pelo físico, escritor e palestrante espírita fluminense Cosme Massi
(foto)
Duas
biografias de Kardec
Sobre os comentários de Jon
Aizpúrua acerca das obras “Kardec, a Biografia” e “Revolução Espírita” (Opinião – dezembro/2016), permitam-me aduzir: Creio que a
maioria de nós já havia lido a obra de Marcel Souto Maior, que considero muito
proveitosa para o movimento espírita brasileiro que se distanciou de Kardec. É
um livro de narrativa fácil e prazerosa para o frequentador tradicional de
centros espíritas.
Já no que toca ao livro de
Paulo Henrique de Figueiredo, trata-se de uma grata surpresa que deve entrar no
rol dos melhores livros espíritas deste século, seja pelas descobertas
biográficas do Prof. Rivail, seja pela (re)descoberta do movimento do
Espiritualismo Racional francês do século XIX que preparou o caminho para o
Espiritismo, ambas surpreendentes.
Enfim, ainda que possa parecer
demasiado, considero que a ideia central do livro no sentido de delimitar e
destacar a moral livre e autônoma, da forma como desenvolvida pelo autor após
décadas de pesquisas, parece-me um dos mais importantes tijolos postos no
desenvolvimento epistemológico e ético do edifício doutrinário pós-Kardec.
Verdadeira leitura obrigatória.
A
regeneração do planeta
Adorei
o artigo do escritor Paulo Henrique de Figueiredo "Como participar da
regeneração do nosso planeta". A colocação de que a autonomia moral é o
ponto de virada do velho para o novo mundo é excelente.
Roberto
Rufo - Presidente do ICKS. - Santos/ SP.
O
Papa e as cinzas
Concordo com o articulista
Milton Medran (Opinião em Tópicos, dez/2016),
exceto com guardar cinzas fúnebres em casa. Para mim, isso ainda representa
apego à matéria, disfarçado sob pretexto de consideração amorosa pelo morto.
Já, adubar as raízes de um vegetal ou espalhar cinzas na natureza é destinar um
fim nobre aos princípios sutilizados nos átomos da matéria orgânica incinerada,
que se incorporarão diretamente ao corpo escolhido, fazendo com que se acelere
o seu processo de desenvolvimento anímico.
Nizomar Sampaio Barrois - Rio de Janeiro -RJ
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