Léon Denis – 1846/1927
Tributo ao
“Apóstolo
do Espiritismo”
O último mês de abril assinalou o 90º aniversário da desencarnação de
Léon Denis, um dos mais fecundos pensadores espíritas, conferencista e escritor
que legou ao mundo sólida obra de apoio e consolidação do espiritismo
pós-Kardec.
O histórico encontro Denis/Kardec
“No dia seguinte, voltei a Spirito-Villa, a fim de
visitar o Mestre; encontrei-o sobre um banco, ao pé de uma grande cerejeira,
apanhando os frutos que deitava à madame Allan Kardec. Uma cena bucólica que o
distraia de suas graves preocupações”. O relato de Léon Denis, registrado
por seu biógrafo Gaston Luce (“Léon Denis, o Apóstolo do Espiritismo. Sua Vida, sua Obra”)
assinala o primeiro encontro de Denis com Allan
Kardec, um dia após memorável conferência por este pronunciada na cidade de
Tours, em 1867.
Denis tinha,
então, 21 anos. Kardec estava no fim de sua trajetória terrena. Desencarnaria
dois anos após. Assim mesmo, o jovem escritor se entrevistaria mais duas vezes
com o fundador do espiritismo: uma, na residência do Mestre, em Paris, e outra,
em 1868, em Bonneval, cidade em que Allan Kardec fora cumprir agenda de
conferências.
Sintonia com Kardec
Autor da célebre
frase “O espiritismo será o que dele
fizerem os homens”, Léon Denis soube, como poucos, preservar a proposta
original haurida dos breves contatos pessoais que teve com Allan Kardec e,
especialmente, do estudo e da leitura de suas obras. Filho de família católica
e pobre, relata que lia muito, desde pequeno: seduziam-no mais as vitrines das
livrarias, com obras que raramente podia comprar, do que as das confeitarias,
cheias de doces. Foi assim que, aos 18 anos, adquiriu O Livro dos Espíritos e avidamente o leu. Na época, desencantado
com a fé católica e mergulhado no ceticismo diante dos “mistérios da vida”,
encontrou na obra de Kardec “uma solução clara, completa, lógica do problema
universal”. Curiosamente, segundo seu biógrafo Luce, mantinha o livro em
esconderijo, para que sua mãe, vigilante de suas leituras, não o descobrisse.
Soube, no entanto, depois, que ela o achara e, como o filho, também o lia,
tendo se convencido “da beleza e da grandeza dessa revelação”.
Em sintonia com a
proposta kardeciana e buscando ampliá-la e consolidá-la, no cenário histórico
das últimas décadas do Século XIX e primeiras do Século XX, Léon Denis publicou
obras imortais como “O Problema do Ser do Destino e da Dor”, “Depois da Morte”,
”No Invisível”, “Cristianismo e Espiritismo”, “Socialismo e Espiritismo” e
muitas outras. Participou de todos os grandes congressos espíritas e
espiritualistas que, em sua época, se realizaram na Europa, sempre pugnando por
uma interpretação kardeciana do espiritualismo então nascente.
O grande consolidador
Quem pesquisa a
história dos grandes “congressos espíritas” celebrados na Europa, na transição
dos séculos XIX e XX, há de se impressionar com a enorme afluência de
participantes. Paris (1889 e 1900), Liège (1905), Bruxelas (1910), Paris,
novamente (1925), sediaram congressos que reuniam milhares de pessoas. Havia,
na Europa, inusitada efervescência de ideias em torno do chamado “moderno
espiritualismo”. Buscava-se uma interpretação mais livre dos fenômenos
psíquicos e espirituais e, a partir daí, emergiam novos conceitos que desestabilizavam
os dogmas religiosos.
Longe, no
entanto, de se parecerem com os congressos de hoje, onde debatemos e ampliamos
ideias presentes em corpo doutrinário já bem sedimentado, aqueles eventos
reuniam grupos muito heterogêneos. Ao lado de “kardecistas”, assentavam-se,
ali, adeptos de Swedenborg, teosofistas, cabalistas, rosa-cruzes, e uma gama de
experimentadores, pensadores, escritores e teóricos que tinham apenas em comum
a ideia da sobrevivência do espírito e sua comunicabilidade.
De todos aqueles
eventos participou Léon Denis. Respeitado por sua vasta obra, resultado de um
autodidatismo que lhe impulsionava a alma desde a infância, Denis era,
invariavelmente, convidado a presidir os congressos, dos quais se tornava,
sempre, a grande estrela.
Naquela imensa
nebulosa espiritualista, coube a Denis a difícil tarefa de consolidar o
espiritismo, à luz do pensamento kardeciano, notadamente das ideias da
reencarnação, do livre-arbítrio, e, de maneira muito especial, da valorização
de seu conteúdo moral, por ele visto como a revivescência da original e genuína
mensagem cristã.
O esforço em prol
da plena vigência da proposta de Allan Kardec, ainda hoje o grande desafio dos
espíritas da Europa e das Américas, foi a marca indelével desse gigante do
pensamento, desencarnado há 90 anos: Léon Denis (A Redação).
Longa, mas não interminável
No fim tudo dá certo, e se não deu certo
é porque ainda não chegou ao fim. Fernando Sabino
Estamos
atravessando, quiçá, a pior crise política da História do Brasil. No momento em
que é escrito este editorial, um novo episódio se junta à sucessão de fatos
políticos componentes dessa crise que parece não mais terminar: pela primeira
vez, um Presidente da República é denunciado pelo Ministério Público, acusado
de atos de corrupção durante seu mandato que mal completou um ano. Recorde-se
que esse mesmo mandato nasceu da destituição de sua antecessora, derrubada por
um “impeachment” no qual se lhe atribuíram ilícitos de responsabilidade fiscal.
A par disso,
seguem em tramitação, dezenas ou, talvez, centenas de investigações policiais e
processos judiciais, envolvendo políticos dos mais altos escalões parlamentares
e dos mais diferentes partidos, assim como empresários de grande
representatividade do setor econômico do país. Decisões condenatórias já foram
proferidas e muitos desses agentes já cumprem suas penas.
Atordoados,
os brasileiros se perguntam: quando terminará essa crise?
Talvez ainda
demore. Vivemos um momento novo na História do Brasil. Não é justo dizer que a
corrupção é um fenômeno exclusivo de nosso tempo. Ela acompanha nossa História
desde que aqui aportaram os colonizadores portugueses. Mas foi o avanço
institucional garantido pela ainda jovem democracia brasileira o fator a
conferir meios de se investigar, processar e apenar pessoas e setores antes
colocados acima da lei.
Não se
atribua, por outro lado, à classe política a inteira responsabilidade pela
corrupção. Nem é a política o campo exclusivo em que medram comportamentos
antiéticos e lesivos à Nação. Eles grassam em todos os setores: nas relações
privadas e nos meios empresariais, nas agremiações de trabalhadores e em
corporações econômicas, em muitos núcleos familiares e em organizações
religiosas ou aparentemente benemerentes que se travestem dessas condições
formais para a obtenção benesses do governo e da sociedade.
Há, sim, um
elemento que merece ser visto como verdadeiramente gerador da criminalidade em
geral e da corrupção em particular: a ganância, o materialismo intrínseco de
pessoas que elegem a riqueza material e a ostentação do dinheiro e do poder
como objetivos centrais da existência, indiferentes aos sentimentos de
solidariedade, amor e convívio fraterno, ditados pela natureza da alma humana.
É a carência de humanismo, tido este como a compreensão da integralidade
biofísica, psíquica e espiritual do ser humano, que produz em certos indivíduos
o vazio existencial, a ausência de sentido para a vida. Não é simplesmente a falta
de religião ou de crença. É questão de atitude perante a vida. Quando não se
vislumbra sentido para a vida, não se confere valor à virtude e à ética. E onde
não há ética, não há progresso, seja este social, econômico e apto a produzir
felicidade.
Momentos de crise profunda como o
que vivemos conduzem à reflexão sobre valores éticos até aqui menosprezados.
Todos podemos ver de sua indispensabilidade. Mudanças aí se fazem
imprescindíveis.
A crise pode ser longa, mas não é interminável. Da reflexão à efetiva
vivência individual e coletiva daqueles valores sempre decorre algum tempo. É o
período da maturação das ideias. E o tempo é, justamente, o grande mestre de
vida, no contínuo processo de aprimoramento a que está ela submetida.
A Terra que herdaremos
Sobre o editorial de CCEPA OPINIÃO Nº 252
(junho/2017), é, de fato, extremamente preocupante a atitude do presidente
americano Donald Trump, retirando-se do acordo de Paris, pois os Estados Unidos
estão entre os maiores poluidores do Planeta. Parabéns pela abordagem.
Cleide Peregrina – Florianópolis/SC.
ReferênciAas ao TELMA
Parabéns pela edição 252 de CCEPA OPINIÃO, que
destacou a realização do VIII Fórum do Livre-Pensar Espírita, por nós sediado.
Agradecemos as boas referências a nossa casa e a
nosso professor Carlos Bernardo Loureiro, fundador do TELMA – Teatro Espírita
Leopoldo Machado.
Lucas Sampaio – Teatro Espírita Leopoldo Machado, Salvador/BA.
Vacilão
Eu não conhecia
esse termo: vacilão. Apareceu em notícia que ganhou as manchetes dos jornais e
viralizou nas redes sociais, mês passado. Um adolescente teria tentado furtar a
bicicleta de um trabalhador, em São Bernardo do Campo. Apanhado em flagrante,
alguém tatuou-lhe na testa a frase: Sou ladrão e vacilão”. Vacilão é o cara que
vacila. É o sacana, o otário, na gíria.
Como não poderia
deixar de ser, a maioria das pessoas condenou o gesto do tatuador. Não é assim
que se age, diante de uma injustiça sofrida. O estado democrático de direito, conquista
da civilização moderna, tem mecanismos para se levar o autor de um ato
infracional a responder por seu comportamento e, se for o caso, ressarcir o
Estado ou o indivíduo, vítimas da infração.
Assim, o vacilão
da história não foi o possível infrator, mas o autor da vingança privada,
chamada no Direito Penal de “exercício
arbitrário das próprias razões”.
Retorno à barbárie
Mas, vivemos
tempos muito estranhos no Brasil. Muitos daqueles que deveriam zelar pelo
cumprimento das leis e que têm autoridade, outorgada pela lei e pelo povo, de
gerir, com seriedade e honradez, a coisa pública têm sido os grandes
infratores. Muitos deles não apenas vacilam, mas, deliberadamente, servem-se
dos bens públicos, enriquecem a custa de seus cargos, corrompem-se despudoradamente,
dilapidando o patrimônio público, em flagrante injustiça aos direitos da
maioria espoliada.
Esse
comportamento, quando atinge o grau de visibilidade alcançado no país, parece
inspirar o descontrole que reconduz à barbárie. Por isso, atos como o do
infeliz tatuador paulista ainda encontram defensores. As mesmas redes sociais,
palco da indignação de quantos ainda acreditam nos valores civilizatórios da
legalidade, da equidade e da justiça, também abrigaram manifestações no sentido
de que é daquela forma que a vítima de um crime deve agir, promovendo, por
conta própria, o julgamento e a punição do infrator.
A injustiça dói
Quando se é
vítima de uma ação injusta, perde-se, automaticamente, a isenção e a sensatez
para julgar aquele que nos ofende. Como se diz popularmente, a injustiça dói.
Facilmente, ela descamba para o desejo de vingança. Daí a ética civilizatória
ter entregue a terceiro, isento – o Estado -, a grave incumbência de apurar os
fatos, naquilo que se chama de “devido processo legal” e julgar o infrator,
apenando-o convenientemente, se for o caso.
Não há outra
forma de fazer justiça. Mesmo em momentos em que somos capazes de identificar
nos mecanismos estatais indícios de tendenciosidade e parcialidade. Subsiste aí
a obrigação de a sociedade buscar formas de aprimoramento de suas instituições.
Em qualquer circunstância, e mesmo com suas eventuais falhas, elas estarão eras
à frente dos tempos de barbárie que autorizavam a justiça pelas próprias mãos.
“Não julgueis”
Longe de se
entender o “não julgueis” como autorização à passividade e à resignação ante as
injustiças ainda presentes nas relações humanas. Seja a máxima vista, antes, como estímulo ao
império de uma justiça que recomponha os direitos violados e extirpe da alma
humana o insensato desejo da vindita.
Não nos
permitamos, como indivíduos e sociedade, o vacilo da substituição da ordem e da
justiça, que se fundam na razão, em comportamentos odiosos e virulentos, que se
nutrem de grosseiros instintos ainda dormitando em escuros escaninhos de nossa
alma primitiva.
O Projeto Kardequizar (II)
Na reunião do Conselho
Deliberativo da SELC-S.E. Luz e Caridade, de 05.04.1986, manifesta-se o espírito orientador da Casa, Joaquim
Cacique de Barros, através de mensagem psicofônica, depois psicografada pela
médium Elba Jones, da qual transcrevo o seguinte trecho:
“Todas estas mudanças que ora se verificam, não são frutos apressados,
mas constituem-se no resultado de incessantes permutas elaboradas e
desenvolvidas, nos dois planos da vida, entre aqueles que mais se preocupam e
se dedicam à Casa. Estas modificações são, portanto, desejadas e surgem como
produto de troca de nossas vibrações que se casam e que somente a afinidade de
ideais pode explicar.
E para sermos mais entendidos, é nosso desejo criar aqui nesta Casa, que
é nossa, uma mentalidade nova. Formar, senão muitos, mas um punhado de irmãos
capazes de difundir uma doutrina restaurada às suas bases, mas também
solidamente apoiada nos avanços que a ciência e a tecnologia vêm de nos
oferecer; um espiritismo emancipado de místicos e milagreiros, ainda mercadores
de indulgências, que elegeram um Jesus, quase sempre triste com os nossos
pecados, passivo e estático, que eles adoram sem compreender a dinâmica do seu
Evangelho libertador.”
O “Projeto Kardequizar” surgiu como um conjunto de medidas
tendentes a frear o processo de sectarização instalado no movimento espírita a
partir de uma visão distorcida da Codificação e do pensamento kardequiano, para
o qual contribui a índole mística do nosso povo e o seu deficiente nível
cultural. Dessa forma, as Casas Espíritas assumiram, ao longo do tempo, em sua
esmagadora maioria, a feição de “casas de oração” e de “pronto socorro”, em
detrimento de sua função maior de educadora de almas e libertadora de
consciências, consoante os objetivos maiores do Espiritismo. Os frequentadores,
embora o respeito e o atendimento que devam merecer para o alívio de suas
dores, somente veem no Centro Espírita um posto de prestação de serviços, com o
qual findam os contatos ao primeiro sinal de cura de suas mazelas, visto que
nada mais lhes é oferecido senão passes, consultas aos espíritos, doutrinação e
desenvolvimento mediúnico, sem apelos ao raciocínio e ao estudo sistemático do
Espiritismo, caminho natural para as verdadeiras e profundas mudanças do
indivíduo e da sociedade.
Com as alterações
ocorridas, as atividades do Departamento de Assistência Espiritual ficam
restritas à desobsessão, à fluidoterapia e às entrevistas, estas substituindo a
Orientação Espiritual de caráter mediúnico. Reduz-se muito a frequência de
público, inclusive com o afastamento, já esperado, de vários trabalhadores não
concordantes com a nova orientação doutrinária.
Em meu relatório administrativo de 1989,
afirmei: “A SELC atravessa, nos últimos anos, uma fase de
depuração ideológica. Sociedade Espírita que é, vem procurando
direcionar suas atividades e sua postura ao norte kardequiano, escoimando-as do
ranço igrejeiro e sectário que impregna o espiritismo brasileiro. (...) A
alimentação desse processo de kardequização implica em custos com os quais a
SELC terá que arcar e que poderíamos resumir no seguinte: a) compreensível
afastamento do público frequentador menos afeiçoado ao estudo metódico do
Espiritismo e habituado a ver a casa espírita apenas como “pronto socorro
espiritual”; b) a insatisfação de um segmento do seu quadro de trabalhadores
que interpreta como “decadência” os baixos índices de frequência de público; c)
as rotulações desabonadoras de companheiros mal informados ou mal intencionados
que atribuem à ação das trevas nosso esforço de kardequização.”
Até hoje, o
Projeto Kardequizar, sintetizado na Carta de Princípios do CCEPA, norteia as
ações da instituição.
VIII Fórum repercute no CCEPA
No Encontro com os Grupos de Estudo do CCEPA, Medran fez uma exposição
em que resumiu o tema da conferência por ele proferida na abertura do VIII
FLPE. Clarimundo, que coordenou uma das atividades do evento da Bahia, fez um
breve relato de sua participação e uma apreciação geral sobre o Fórum.
Na abertura da reunião, Benchaya traçou um rápido histórico do movimento
espírita laico e livre-pensador e sobre o papel desempenhado pela CEPA, pela
CEPABrasil e pelo CCEPA nesse movimento. No encerramento, o presidente do CCEPA
convidou os integrantes da Casa a participarem do 15º Simpósio Brasileiro do
Pensamento Espírita que o ICKS - Instituto Cultural Kardecista de Santos -
promoverá em novembro próximo.
O áudio da palestra de Medran, versando sobre o livre-pensar no
espiritismo, pode ser acessado através do link abaixo, não tendo sido gravados
os dois primeiros minutos de exposição:
XV Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita
Para o editor do
jornal Abertura, Alexandre Cardia Machado, do Instituto Cultural Kardecista de
Santos – ICKS, é possível que, em 1989, quando Jaci Regis promoveu a 1ª edição do Simpósio Brasileiro do
Pensamento Espírita, não imaginasse que, no então distante ano de 2017,
“estaríamos preparando a realização do 15º Simpósio, o quarto a realizar-se
após a desencarnação de Jaci”.
Entusiasmados com
a longevidade da iniciativa, os dirigentes do ICKS estão convidando interessados
de todo o Brasil para esse evento que acontece de 2 a 4 de novembro próximo, em
Santos, tendo por sede o Colégio Angelus Domus, antiga sede do ICKS.
Os organizadores
lembram que as inscrições prévias podem ser feitas pelo e-mail ickardecista1@terra.com.br ou pelo telefone (13) 3324-7321. Até o dia 31 deste mês de julho, o
valor da inscrição é de R$ 100,00. A partir de agosto passa para R$ 120,00.
Lembrando que, na
época do lançamento pioneiro de um evento dessa natureza, os espíritas
livres-pensadores “tinham pouco espaço para divulgar suas ideias nos encontros
realizados por espíritas religiosos”, Alexandre diz que Jaci deve estar feliz
em ver que sua iniciativa, já com 28 anos de sucessivas realizações, continua
sendo um importante espaço para o segmento progressista do movimento espírita.
Para conhecer
detalhes, acesse: http://icksantos.blogspot.com.br/2017/02/15-sbpe-inscreva-se-ja.html .
Em Curitiba:
“Perspectivas Contemporâneas
da Reencarnação”
Em 1º de julho, Ademar Arthur Chioro dos Reis, médico e
escritor da cidade de Santos/SP, fez conferência no Centro Espírita Luz Eterna,
de Curitiba, capital paranaense, tendo como tema o livro “Perspectivas
Contemporâneas da Reencarnação”.
Após a
conferência, Ademar, que foi o organizador do livro, juntamente com Ricardo de Moraes Nunes, participou de movimentada sessão de autógrafos. (foto com Neuton Albach)
A obra reúne trabalhos
apresentados por pensadores espíritas de diferentes países, por ocasião do XXI
Congresso Espírita Pan-Americano, realizado pela CEPA, em Santos, no ano de
2012. São abordagens do fenômeno da reencarnação envolvendo aspectos
históricos, filosóficos, científicos e religiosos, na cultura de vários povos,
vistos e expostos sob uma visão contemporânea e livre-pensadora.
O livro
“Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação” está a disposição dos
interessados no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre e em todas as
instituições ligadas à CEPA.
O fim do “SEI”
Uma das mais
tradicionais publicações espíritas brasileiras chega ao seu fim: O boletim
“Serviço Espírita de Informações” (SEI), que as instituições espíritas se
acostumaram, por muitos anos, a receber semanalmente, nas mais diversas partes
do mundo.
O “SEI” começou a
circular em 1965, editado pelo Lar Fabiano de Cristo, do Rio de Janeiro, tendo
sido seu primeiro diretor o escritor Carlos
Torres Pastorino. Houve época em que era também publicado em esperanto e
espanhol, e, assim, distribuído para o mundo inteiro. Chegou a ter mais de
18.000 destinatários, só no Brasil, e milhares de outros em diferentes países.
Era, então, mantido pela CAPEMI, entidade de previdência privada dirigida por
militares espíritas.
No ano de 2009, o
boletim passou a ser editado pelo Conselho Espírita Internacional (CEI) e
deixou de ser semanal para tornar-se quinzenal. Em 2011 encerrou sua fase
impressa, passando a ser editado apenas eletronicamente e distribuído pela
Internet. Em 2014, sua edição foi assumida pela Federação Espírita Brasileira.
No último dia 6
de junho, foi distribuído, via Internet, um comunicado assinado pelos “amigos
do SEI”, comunicando o encerramento de suas edições “por circunstâncias
diversas”. O comunicado salienta que “felizmente, a divulgação do Espiritismo
está hoje mais ao alcance de todos, seja por meio de livros, do crescente
número de Casas Espíritas, no cinema, na TV, no teatro, na internet, nas redes
sociais...”.
Aizpúrua lamenta o fim do “SEI”
A notícia do fim
de circulação do “SEI”, depois de mais de 50 anos desde que iniciada,
repercutiu amplamente na lista de discussão mantida entre os delegados da CEPA.
Tão logo divulgada a comunicação, o ex-presidente da CEPA, escritor venezuelano
Jon Aizpúrua, pronunciou-se
lembrando que “apesar de sua linha editorial ter guardado concepção espírita
identificada plenamente com o espiritismo cristão, seus editores, por muitos
anos, “respeitaram alguma pluralidade de opinião, particularmente no que se
refere a notícias do âmbito espírita pan-americano”, pois, em numerosas
ocasiões deram cobertura a Congressos e Conferências Regionais da CEPA.
Pessoalmente, mostrou-se agradecido pelo fato de o “SEI”, em várias oportunidades, ter resenhado conferências públicas
por ele pronunciadas em países da América e Europa.
Jon lamentou que
“essa postura plural mudou quando as relações entre a CEPA e a FEB, ou, dito de
outra maneira, entre espíritas laicos e os religiosos, se azedaram, se
deterioram e, finalmente, deixaram de existir”. Mas, registrou que, “em fase
anterior, o boletim “SEI” cumpriu um trabalho significativamente valioso,
mantendo seus leitores informados do que acontecia no movimento espírita
brasileiro e internacional”. Por isso, lamentava seu desaparecimento,
complementando: “Para todos os que amamos a cultura espírita, e dentro desta o
jornalismo espírita, é inevitável que nos invada a nostalgia cada vez que um
órgão da imprensa deixa de publicar com independência sua visão e sua
orientação”.
Ao ser produzida
a presente notícia, ainda se mantinha disponível na Internet blog contendo um
grande acervo de publicações do boletim. Para acessá-lo, clicar em: http://www.boletimsei.org.br/
A edição de 19 de
junho último da Folha de São Paulo,
da mesma forma que os principais veículos de comunicação paulistas, deu
destaque a esta notícia: o Aeroporto de Congonhas passou a se chamar “Aeroporto
Freitas Nobre”, em homenagem ao ex-deputado José de Freitas Nobre nascido em Fortaleza/CE, em 1920, tendo
vivido em São Paulo, onde foi jornalista, advogado, escritor e político, com
vasta atuação.
A reportagem
destaca acerca de Freitas Nobre: “Ficou notoriamente conhecido por sua luta
pela redemocratização do país. Foi vice-prefeito de São Paulo e, vítima de
perseguição política no período pós-1964, exilou-se na França. Retornou ao
Brasil em 1967, voltou à vida pública, onde conquistou seis mandatos
consecutivos de deputado federal. Sua atuação política foi dedicada, em
especial, à luta pela anistia e pelo movimento ‘Diretas Já’. Freitas Nobre
faleceu em São Paulo em 1990”.
A nova
denominação do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, decorre da promulgação da
Lei 13.450/2017, sancionada pelo presidente Michel Temer e publicada no Diário
Oficial da União, em 19 de junho último. A iniciativa do Projeto de Lei, na
Câmara Federal, foi do ex-deputado João Bittar.
Freitas Nobre, espírita
Espírita com
grande atuação no movimento de São Paulo, Freitas Nobre foi fundador e, durante
16 anos, editou a Folha Espírita, o primeiro
jornal doutrinário a ganhar as bancas de jornais do país, conquistando um novo
universo de leitores interessados na imprensa espírita.
Escritor, teve
vários livros de História e de Direito publicados no meio acadêmico.
Na literatura
espírita, também deixou importantes contribuições. É autor dos livros “O
Transplante de órgãos à Luz do Espiritismo”, “A Perseguição policial contra
Eurípedes Barsanulfo, “O Crime, a psicografia e os transplantes”. Também
escreveu o prefácio da edição brasileira de “Cristianismo e Espiritismo”, de
Léon Denis. Organizou a “Coleção Bezerra de Menezes”, publicada pela Editora
Edicel.
Foi casado com a também escritora
espírita e médica Marlene Severino Rossi Nobre que presidiu a Associação Médico
Espírita do Brasil, por longos anos, tendo desencarnado em 2015.
A homenagem do
CCEPA aos 90 anos
da S.E. Estudo e
Caridade
Como ato
comemorativo do 90º aniversário da Sociedade
Espírita Estudo e Caridade – Lar de
Joaquina -, da cidade gaúcha de Santa Maria/RS, o diretor de comunicação
social do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, Milton Rubens Medran Moreira, proferiu conferência pública naquela
instituição, na tarde de 17 de junho último.
O tema da
palestra foi “Moral e Ética – Uma abordagem espírita”.
Na oportunidade,
Medran, falando em nome do CCEPA, transmitiu à instituição aniversariante os
votos de felicitações, pela trajetória desenvolvida, tanto no campo da ação
social e da educação, quanto no doutrinário.
Como entidade
educativa e benemerente, graças ao trabalho que realiza com crianças e jovens,
o Lar de Joaquina, granjeou o
respeito e a admiração da população santa-mariense.
Já no que se
refere à postura doutrinária da Sociedade
Espírita Estudo e Caridade, conforme reconheceu e expressou Medran, na
abertura de sua conferência, sempre se pautou ela pelos melhores ditames
inspirados em Allan Kardec. Daí, segundo o orador, uma histórica identidade
entre ela e o grupo de pensadores espíritas vinculados ao Centro Cultural Espírita de Porto Alegre - CCEPA.
Medran evocou a
atuação decisiva e independente de históricos dirigentes da SEEC, como Hélio Ribas, Eunice Leite e Silva e José
Setembrino Dorneles Budó, em apoio a avanços doutrinários e conceituais, a
partir da elaboração e implementação do Estudo Sistematizado da Doutrina
Espírita, nas décadas de 70/80, na Federação Espírita do Rio Grande do Sul. O
apoio da “Estudo e Caridade” e de seus dirigentes da época foi, igualmente,
decisivo, nos períodos que se seguiram, quando a FERGS, então sob as
presidências de Maurice Herbert Jones e
Salomão Jacob Benchaya, membros do
CCEPA, criou condições para significativos avanços do pensamento progressista e
livre-pensador do meio espírita.
Como
ex-presidente da Confederação Espírita Pan-Americana, hoje CEPA-Associação Espírita
Internacional, Milton Medran, registrou também o acolhimento sempre fraterno,
dado, em diversas oportunidades, pela instituição aniversariante, tanto a ele
como a seu antecessor na presidência da CEPA, Jon Aizpúrua, em eventos doutrinários sediados pela SEEC.
A foto, tomada
por ocasião da conferência, mostra, a partir da esquerda: Luiz Gustavo Rodrigues, presidente da SEEC; Margareth Gamarra, 2ª vice-presidente; Milton Medran, conferencista convidado; José Dorneles Budó, 1º vice-presidente; e Flávia Prado, vice-coordenadora de reuniões públicas.
De Kardec e Descartes:
duas reflexões
sobre
a liberdade e o
ser
Jerri
Almeida, professor de História, escritor –
Osório/RS
A cultura do
apego reforça no sujeito seu instinto individualista, com forte impacto no seu
cotidiano. O apego, em conjunto com o pessimismo existencial, determina um
olhar pequeno sobre a vida, tornando o sujeito escravo de determinados
sentimentos e de hábitos que o embrutecem e o infelicitam.
Vivendo no limite
de suas sensações, obcecado pelos desejos mas, por vezes, vazio na alma, o
sujeito de nossos dias perambula pela vida em busca – no seu íntimo – de algo
mais. Seus temores cotidianos alimentados pelo fantasma da perda geram pânico e
melancolia. Mesmo muitos que se dizem “religiosos” não subtraem tal
comportamento, apegados obsessivamente aos elementos transitórios do dia a dia.
Vínculos afetivos
tornam-se, demasiadamente, motivos de apego. Grande parte da humanidade, ao que
parece, vive na Terra com um sentimento de infinitude biológica, nem sequer
admitindo a possibilidade de pensar que, num dado momento, algo poderá mudar.
Esse aprisionamento à existência gera angústia e sofrimento. O que não significa,
todavia, que se deva viver uma existência fria, sem vínculos, sem desejos, no
cinismo filosófico de Diógenes, que na Grécia antiga, propunha uma vida “sem
nada”.
A filosofia
espírita, por sua natureza progressista e dinâmica, propõe um olhar mais profundo
sobre o “estar no mundo”. A compreensão racional da perspectiva do ser imortal
que somos e das necessidades evolutivas que temos de aprendizagem e educação,
denota um conjunto de ideias que oferecem compreensão, perseverança e
serenidade.
Allan Kardec, ao
sistematizar e organizar os ensinos dos espíritos apresentou ao mundo uma
doutrina filosófica de consequências morais, cujo propósito era gerar um
movimento de ideias que, ao longo do tempo, produzisse impacto na cultura e,
portanto, no modo de vida das pessoas.
Não cabe ao
espiritismo ou aos espíritas, criar novos elementos de dependência e apego. Por
isso, é preciso alertar que muitos frequentadores de Centros espíritas,
tornaram-se “dependentes” do passe, das preces e irradiações, das desobsessões
e aconselhamentos semanais. Entretanto, tais dependências colidem com a
proposta e a natureza da filosofia espírita.
É tempo renovarmos
nossa meta no trabalho de difusão dessa filosofia libertadora, empreendendo
esforços nessa diretriz. Para isso, o que estamos propondo é um voltar para as
entranhas da obra e do próprio pensamento de Kardec. Revisitar a fonte
primária, buscando absorver dela, em primeiro plano, o que é realmente o
espiritismo. Essa preocupação não é nova, pois encontramo-la capilarizada na
vasta obra de Herculano Pires, em especial, em Curso Dinâmico de Espiritismo: O
Grande Desconhecido.
Estamos convictos
de que assim poderemos nos abastecer dessas ideias que, em síntese, traduzem
uma filosofia libertadora que nos convida, sem a violência das imposições
religiosas, ao livre-pensar, que liberta dos atavismos e das dependências que
escravizam, de múltiplas formas, o ser humano.
Amely B. Martins,
bióloga, educadora espírita, membro da ASSEPE – Associação de Estudos e Pesquisas
Espíritas de João Pessoa.
Através do pensamento, agente
indissolúvel da vontade, é que cada ser constrói, ou antes, manifesta aquilo o
que realmente é em essência. E nesta reflexão existencial humana, baseada em
pensamento e vontade, podemos construir as manifestações externas de nosso
pensar, de nosso ser, através de palavras, gestos, ações e opiniões. Estes
artifícios podem refletir o que realmente somos, como um espelho límpido da
alma, ou podem ainda servir de escudo, de barreira para o que muitas vezes não
queremos que seja percebido por ninguém, nem por nós mesmos.
O “Penso, logo existo” de René
Descartes, apesar de imerso no período de consolidação do racionalismo,
trata-se de um fundamento de grande importância quando se tenta definir a
existência humana, ou o ser humano.
É importante que cada ser procure
conhecer-se a si mesmo, sabendo identificar as origens, os “porquês” de todos
os seus atos, na essência que origina primeiramente seu pensar e sua vontade,
no que define o seu “ser”, a sua existência.
É importante que sejamos sinceros
com o que verdadeiramente somos e pensamos.
E neste contexto, nos esbarramos
muitas vezes em uma firmeza excessiva na busca da imposição, ou aceitação de
nossos pensamentos e ideologias. Mas é preciso lembrar sempre que é possível
ser firme, porém sem perder a afabilidade, é possível conviver harmonicamente
com o diferente, com o contrário, sem para isto perder sua própria identidade.
É importante ainda, ter a
consciência de que devemos ter uma postura progressista com os nossos próprios
paradigmas, que são fruto de nossas opiniões e convicções, mesmo porque
normalmente exigimos esta postura de nossos semelhantes. Entendendo também que
esta postura progressista não significa perda de identidade, mas sim um constante
reflexo da autoanálise e do autoesforço por autoevolução e auto-melhoramento.
A humanidade só cresce desta
forma, com a contribuição de cada um, e o movimento espírita só irá se
configurar como realmente progressista, quando cada um fizer também a sua parte.
Entendo, portanto que: Penso,
logo sou capaz de refletir sobre o que realmente sou e sobre como posso ser
ainda melhor a cada dia!
Nenhum comentário:
Postar um comentário