sábado, 15 de julho de 2017

OPINIÃO - ANO XXIII - Nº 253 - JULHO 2017

Léon Denis – 1846/1927
Tributo ao “Apóstolo
do Espiritismo”

O último mês de abril assinalou o 90º aniversário da desencarnação de Léon Denis, um dos mais fecundos pensadores espíritas, conferencista e escritor que legou ao mundo sólida obra de apoio e consolidação do espiritismo pós-Kardec.

O histórico encontro Denis/Kardec
“No dia seguinte, voltei a Spirito-Villa, a fim de visitar o Mestre; encontrei-o sobre um banco, ao pé de uma grande cerejeira, apanhando os frutos que deitava à madame Allan Kardec. Uma cena bucólica que o distraia de suas graves preocupações”.  O relato de Léon Denis, registrado por seu biógrafo Gaston Luce (“Léon Denis, o Apóstolo do Espiritismo. Sua Vida, sua Obra”) assinala o primeiro encontro de Denis com Allan Kardec, um dia após memorável conferência por este pronunciada na cidade de Tours, em 1867.
Denis tinha, então, 21 anos. Kardec estava no fim de sua trajetória terrena. Desencarnaria dois anos após. Assim mesmo, o jovem escritor se entrevistaria mais duas vezes com o fundador do espiritismo: uma, na residência do Mestre, em Paris, e outra, em 1868, em Bonneval, cidade em que Allan Kardec fora cumprir agenda de conferências.

Sintonia com Kardec
Autor da célebre frase “O espiritismo será o que dele fizerem os homens”, Léon Denis soube, como poucos, preservar a proposta original haurida dos breves contatos pessoais que teve com Allan Kardec e, especialmente, do estudo e da leitura de suas obras. Filho de família católica e pobre, relata que lia muito, desde pequeno: seduziam-no mais as vitrines das livrarias, com obras que raramente podia comprar, do que as das confeitarias, cheias de doces. Foi assim que, aos 18 anos, adquiriu O Livro dos Espíritos e avidamente o leu. Na época, desencantado com a fé católica e mergulhado no ceticismo diante dos “mistérios da vida”, encontrou na obra de Kardec “uma solução clara, completa, lógica do problema universal”. Curiosamente, segundo seu biógrafo Luce, mantinha o livro em esconderijo, para que sua mãe, vigilante de suas leituras, não o descobrisse. Soube, no entanto, depois, que ela o achara e, como o filho, também o lia, tendo se convencido “da beleza e da grandeza dessa revelação”.
Em sintonia com a proposta kardeciana e buscando ampliá-la e consolidá-la, no cenário histórico das últimas décadas do Século XIX e primeiras do Século XX, Léon Denis publicou obras imortais como “O Problema do Ser do Destino e da Dor”, “Depois da Morte”, ”No Invisível”, “Cristianismo e Espiritismo”, “Socialismo e Espiritismo” e muitas outras. Participou de todos os grandes congressos espíritas e espiritualistas que, em sua época, se realizaram na Europa, sempre pugnando por uma interpretação kardeciana do espiritualismo então nascente.




O grande consolidador
Quem pesquisa a história dos grandes “congressos espíritas” celebrados na Europa, na transição dos séculos XIX e XX, há de se impressionar com a enorme afluência de participantes. Paris (1889 e 1900), Liège (1905), Bruxelas (1910), Paris, novamente (1925), sediaram congressos que reuniam milhares de pessoas. Havia, na Europa, inusitada efervescência de ideias em torno do chamado “moderno espiritualismo”. Buscava-se uma interpretação mais livre dos fenômenos psíquicos e espirituais e, a partir daí, emergiam novos conceitos que desestabilizavam os dogmas religiosos.
Longe, no entanto, de se parecerem com os congressos de hoje, onde debatemos e ampliamos ideias presentes em corpo doutrinário já bem sedimentado, aqueles eventos reuniam grupos muito heterogêneos. Ao lado de “kardecistas”, assentavam-se, ali, adeptos de Swedenborg, teosofistas, cabalistas, rosa-cruzes, e uma gama de experimentadores, pensadores, escritores e teóricos que tinham apenas em comum a ideia da sobrevivência do espírito e sua comunicabilidade.
De todos aqueles eventos participou Léon Denis. Respeitado por sua vasta obra, resultado de um autodidatismo que lhe impulsionava a alma desde a infância, Denis era, invariavelmente, convidado a presidir os congressos, dos quais se tornava, sempre, a grande estrela.
Naquela imensa nebulosa espiritualista, coube a Denis a difícil tarefa de consolidar o espiritismo, à luz do pensamento kardeciano, notadamente das ideias da reencarnação, do livre-arbítrio, e, de maneira muito especial, da valorização de seu conteúdo moral, por ele visto como a revivescência da original e genuína mensagem cristã.
O esforço em prol da plena vigência da proposta de Allan Kardec, ainda hoje o grande desafio dos espíritas da Europa e das Américas, foi a marca indelével desse gigante do pensamento, desencarnado há 90 anos: Léon Denis (A Redação).





Longa, mas não interminável
No fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim. Fernando Sabino


Estamos atravessando, quiçá, a pior crise política da História do Brasil. No momento em que é escrito este editorial, um novo episódio se junta à sucessão de fatos políticos componentes dessa crise que parece não mais terminar: pela primeira vez, um Presidente da República é denunciado pelo Ministério Público, acusado de atos de corrupção durante seu mandato que mal completou um ano. Recorde-se que esse mesmo mandato nasceu da destituição de sua antecessora, derrubada por um “impeachment” no qual se lhe atribuíram ilícitos de responsabilidade fiscal.

A par disso, seguem em tramitação, dezenas ou, talvez, centenas de investigações policiais e processos judiciais, envolvendo políticos dos mais altos escalões parlamentares e dos mais diferentes partidos, assim como empresários de grande representatividade do setor econômico do país. Decisões condenatórias já foram proferidas e muitos desses agentes já cumprem suas penas.

Atordoados, os brasileiros se perguntam: quando terminará essa crise?
Talvez ainda demore. Vivemos um momento novo na História do Brasil. Não é justo dizer que a corrupção é um fenômeno exclusivo de nosso tempo. Ela acompanha nossa História desde que aqui aportaram os colonizadores portugueses. Mas foi o avanço institucional garantido pela ainda jovem democracia brasileira o fator a conferir meios de se investigar, processar e apenar pessoas e setores antes colocados acima da lei.

Não se atribua, por outro lado, à classe política a inteira responsabilidade pela corrupção. Nem é a política o campo exclusivo em que medram comportamentos antiéticos e lesivos à Nação. Eles grassam em todos os setores: nas relações privadas e nos meios empresariais, nas agremiações de trabalhadores e em corporações econômicas, em muitos núcleos familiares e em organizações religiosas ou aparentemente benemerentes que se travestem dessas condições formais para a obtenção benesses do governo e da sociedade.

Há, sim, um elemento que merece ser visto como verdadeiramente gerador da criminalidade em geral e da corrupção em particular: a ganância, o materialismo intrínseco de pessoas que elegem a riqueza material e a ostentação do dinheiro e do poder como objetivos centrais da existência, indiferentes aos sentimentos de solidariedade, amor e convívio fraterno, ditados pela natureza da alma humana. É a carência de humanismo, tido este como a compreensão da integralidade biofísica, psíquica e espiritual do ser humano, que produz em certos indivíduos o vazio existencial, a ausência de sentido para a vida. Não é simplesmente a falta de religião ou de crença. É questão de atitude perante a vida. Quando não se vislumbra sentido para a vida, não se confere valor à virtude e à ética. E onde não há ética, não há progresso, seja este social, econômico e apto a produzir felicidade.

            Momentos de crise profunda como o que vivemos conduzem à reflexão sobre valores éticos até aqui menosprezados. Todos podemos ver de sua indispensabilidade. Mudanças aí se fazem imprescindíveis.

A crise pode ser longa, mas não é interminável. Da reflexão à efetiva vivência individual e coletiva daqueles valores sempre decorre algum tempo. É o período da maturação das ideias. E o tempo é, justamente, o grande mestre de vida, no contínuo processo de aprimoramento a que está ela submetida.





A Terra que herdaremos
Sobre o editorial de CCEPA OPINIÃO Nº 252 (junho/2017), é, de fato, extremamente preocupante a atitude do presidente americano Donald Trump, retirando-se do acordo de Paris, pois os Estados Unidos estão entre os maiores poluidores do Planeta. Parabéns pela abordagem.
Cleide Peregrina – Florianópolis/SC.

ReferênciAas ao TELMA
Parabéns pela edição 252 de CCEPA OPINIÃO, que destacou a realização do VIII Fórum do Livre-Pensar Espírita, por nós sediado.
Agradecemos as boas referências a nossa casa e a nosso professor Carlos Bernardo Loureiro, fundador do TELMA – Teatro Espírita Leopoldo Machado.
Lucas Sampaio – Teatro Espírita Leopoldo Machado, Salvador/BA.


 
   




Vacilão
Eu não conhecia esse termo: vacilão. Apareceu em notícia que ganhou as manchetes dos jornais e viralizou nas redes sociais, mês passado. Um adolescente teria tentado furtar a bicicleta de um trabalhador, em São Bernardo do Campo. Apanhado em flagrante, alguém tatuou-lhe na testa a frase: Sou ladrão e vacilão”. Vacilão é o cara que vacila. É o sacana, o otário, na gíria.
Como não poderia deixar de ser, a maioria das pessoas condenou o gesto do tatuador. Não é assim que se age, diante de uma injustiça sofrida. O estado democrático de direito, conquista da civilização moderna, tem mecanismos para se levar o autor de um ato infracional a responder por seu comportamento e, se for o caso, ressarcir o Estado ou o indivíduo, vítimas da infração.
Assim, o vacilão da história não foi o possível infrator, mas o autor da vingança privada, chamada no Direito Penal  de “exercício arbitrário das próprias razões”.

Retorno à barbárie
Mas, vivemos tempos muito estranhos no Brasil. Muitos daqueles que deveriam zelar pelo cumprimento das leis e que têm autoridade, outorgada pela lei e pelo povo, de gerir, com seriedade e honradez, a coisa pública têm sido os grandes infratores. Muitos deles não apenas vacilam, mas, deliberadamente, servem-se dos bens públicos, enriquecem a custa de seus cargos, corrompem-se despudoradamente, dilapidando o patrimônio público, em flagrante injustiça aos direitos da maioria espoliada.
Esse comportamento, quando atinge o grau de visibilidade alcançado no país, parece inspirar o descontrole que reconduz à barbárie. Por isso, atos como o do infeliz tatuador paulista ainda encontram defensores. As mesmas redes sociais, palco da indignação de quantos ainda acreditam nos valores civilizatórios da legalidade, da equidade e da justiça, também abrigaram manifestações no sentido de que é daquela forma que a vítima de um crime deve agir, promovendo, por conta própria, o julgamento e a punição do infrator.

A injustiça dói
Quando se é vítima de uma ação injusta, perde-se, automaticamente, a isenção e a sensatez para julgar aquele que nos ofende. Como se diz popularmente, a injustiça dói. Facilmente, ela descamba para o desejo de vingança. Daí a ética civilizatória ter entregue a terceiro, isento – o Estado -, a grave incumbência de apurar os fatos, naquilo que se chama de “devido processo legal” e julgar o infrator, apenando-o convenientemente, se for o caso.
Não há outra forma de fazer justiça. Mesmo em momentos em que somos capazes de identificar nos mecanismos estatais indícios de tendenciosidade e parcialidade. Subsiste aí a obrigação de a sociedade buscar formas de aprimoramento de suas instituições. Em qualquer circunstância, e mesmo com suas eventuais falhas, elas estarão eras à frente dos tempos de barbárie que autorizavam a justiça pelas próprias mãos.

“Não julgueis”
Longe de se entender o “não julgueis” como autorização à passividade e à resignação ante as injustiças ainda presentes nas relações humanas.  Seja a máxima vista, antes, como estímulo ao império de uma justiça que recomponha os direitos violados e extirpe da alma humana o insensato desejo da vindita.
Não nos permitamos, como indivíduos e sociedade, o vacilo da substituição da ordem e da justiça, que se fundam na razão, em comportamentos odiosos e virulentos, que se nutrem de grosseiros instintos ainda dormitando em escuros escaninhos de nossa alma primitiva.






O Projeto Kardequizar (II)

Na reunião do Conselho Deliberativo da  SELC-S.E. Luz e Caridade, de 05.04.1986, manifesta-se o espírito orientador da Casa, Joaquim Cacique de Barros, através de mensagem psicofônica, depois psicografada pela médium Elba Jones, da qual transcrevo o seguinte trecho:

“Todas estas mudanças que ora se verificam, não são frutos apressados, mas constituem-se no resultado de incessantes permutas elaboradas e desenvolvidas, nos dois planos da vida, entre aqueles que mais se preocupam e se dedicam à Casa. Estas modificações são, portanto, desejadas e surgem como produto de troca de nossas vibrações que se casam e que somente a afinidade de ideais pode explicar.

E para sermos mais entendidos, é nosso desejo criar aqui nesta Casa, que é nossa, uma mentalidade nova. Formar, senão muitos, mas um punhado de irmãos capazes de difundir uma doutrina restaurada às suas bases, mas também solidamente apoiada nos avanços que a ciência e a tecnologia vêm de nos oferecer; um espiritismo emancipado de místicos e milagreiros, ainda mercadores de indulgências, que elegeram um Jesus, quase sempre triste com os nossos pecados, passivo e estático, que eles adoram sem compreender a dinâmica do seu Evangelho libertador.”

O “Projeto Kardequizar” surgiu como um conjunto de medidas tendentes a frear o processo de sectarização instalado no movimento espírita a partir de uma visão distorcida da Codificação e do pensamento kardequiano, para o qual contribui a índole mística do nosso povo e o seu deficiente nível cultural. Dessa forma, as Casas Espíritas assumiram, ao longo do tempo, em sua esmagadora maioria, a feição de “casas de oração” e de “pronto socorro”, em detrimento de sua função maior de educadora de almas e libertadora de consciências, consoante os objetivos maiores do Espiritismo. Os frequentadores, embora o respeito e o atendimento que devam merecer para o alívio de suas dores, somente veem no Centro Espírita um posto de prestação de serviços, com o qual findam os contatos ao primeiro sinal de cura de suas mazelas, visto que nada mais lhes é oferecido senão passes, consultas aos espíritos, doutrinação e desenvolvimento mediúnico, sem apelos ao raciocínio e ao estudo sistemático do Espiritismo, caminho natural para as verdadeiras e profundas mudanças do indivíduo e da sociedade.

Com as alterações ocorridas, as atividades do Departamento de Assistência Espiritual ficam restritas à desobsessão, à fluidoterapia e às entrevistas, estas substituindo a Orientação Espiritual de caráter mediúnico. Reduz-se muito a frequência de público, inclusive com o afastamento, já esperado, de vários trabalhadores não concordantes com a nova orientação doutrinária.

Em meu relatório administrativo de 1989, afirmei: “A SELC atravessa, nos últimos anos, uma fase de depuração ideológica. Sociedade Espírita que é, vem procurando direcionar suas atividades e sua postura ao norte kardequiano, escoimando-as do ranço igrejeiro e sectário que impregna o espiritismo brasileiro. (...) A alimentação desse processo de kardequização implica em custos com os quais a SELC terá que arcar e que poderíamos resumir no seguinte: a) compreensível afastamento do público frequentador menos afeiçoado ao estudo metódico do Espiritismo e habituado a ver a casa espírita apenas como “pronto socorro espiritual”; b) a insatisfação de um segmento do seu quadro de trabalhadores que interpreta como “decadência” os baixos índices de frequência de público; c) as rotulações desabonadoras de companheiros mal informados ou mal intencionados que atribuem à ação das trevas nosso esforço de kardequização.”

Até hoje, o Projeto Kardequizar, sintetizado na Carta de Princípios do CCEPA, norteia as ações da instituição.





VIII Fórum repercute no CCEPA

No Encontro com os Grupos de Estudo do CCEPA, Medran fez uma exposição em que resumiu o tema da conferência por ele proferida na abertura do VIII FLPE. Clarimundo, que coordenou uma das atividades do evento da Bahia, fez um breve relato de sua participação e uma apreciação geral sobre o Fórum.
Na abertura da reunião, Benchaya traçou um rápido histórico do movimento espírita laico e livre-pensador e sobre o papel desempenhado pela CEPA, pela CEPABrasil e pelo CCEPA nesse movimento. No encerramento, o presidente do CCEPA convidou os integrantes da Casa a participarem do 15º Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita que o ICKS - Instituto Cultural Kardecista de Santos - promoverá em novembro próximo.
O áudio da palestra de Medran, versando sobre o livre-pensar no espiritismo, pode ser acessado através do link abaixo, não tendo sido gravados os dois primeiros minutos de exposição:

XV Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita
Para o editor do jornal Abertura, Alexandre Cardia Machado, do Instituto Cultural Kardecista de Santos – ICKS, é possível que, em 1989, quando Jaci Regis promoveu a 1ª edição do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, não imaginasse que, no então distante ano de 2017, “estaríamos preparando a realização do 15º Simpósio, o quarto a realizar-se após a desencarnação de Jaci”.

Entusiasmados com a longevidade da iniciativa, os dirigentes do ICKS estão convidando interessados de todo o Brasil para esse evento que acontece de 2 a 4 de novembro próximo, em Santos, tendo por sede o Colégio Angelus Domus, antiga sede do ICKS.
Os organizadores lembram que as inscrições prévias podem ser feitas pelo e-mail ickardecista1@terra.com.br ou pelo telefone (13) 3324-7321. Até o dia 31 deste mês de julho, o valor da inscrição é de R$ 100,00. A partir de agosto passa para R$ 120,00.

Lembrando que, na época do lançamento pioneiro de um evento dessa natureza, os espíritas livres-pensadores “tinham pouco espaço para divulgar suas ideias nos encontros realizados por espíritas religiosos”, Alexandre diz que Jaci deve estar feliz em ver que sua iniciativa, já com 28 anos de sucessivas realizações, continua sendo um importante espaço para o segmento progressista do movimento espírita.


Em Curitiba: “Perspectivas Contemporâneas
da Reencarnação”

Em 1º de julho, Ademar Arthur Chioro dos Reis, médico e escritor da cidade de Santos/SP, fez conferência no Centro Espírita Luz Eterna, de Curitiba, capital paranaense, tendo como tema o livro “Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação”.
Após a conferência, Ademar, que foi o organizador do livro, juntamente com Ricardo de Moraes Nunes, participou de movimentada sessão de autógrafos. (foto com Neuton Albach)

A obra reúne trabalhos apresentados por pensadores espíritas de diferentes países, por ocasião do XXI Congresso Espírita Pan-Americano, realizado pela CEPA, em Santos, no ano de 2012. São abordagens do fenômeno da reencarnação envolvendo aspectos históricos, filosóficos, científicos e religiosos, na cultura de vários povos, vistos e expostos sob uma visão contemporânea e livre-pensadora.

O livro “Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação” está a disposição dos interessados no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre e em todas as instituições ligadas à  CEPA.
           

O fim do “SEI”
Uma das mais tradicionais publicações espíritas brasileiras chega ao seu fim: O boletim “Serviço Espírita de Informações” (SEI), que as instituições espíritas se acostumaram, por muitos anos, a receber semanalmente, nas mais diversas partes do mundo.

O “SEI” começou a circular em 1965, editado pelo Lar Fabiano de Cristo, do Rio de Janeiro, tendo sido seu primeiro diretor o escritor Carlos Torres Pastorino. Houve época em que era também publicado em esperanto e espanhol, e, assim, distribuído para o mundo inteiro. Chegou a ter mais de 18.000 destinatários, só no Brasil, e milhares de outros em diferentes países. Era, então, mantido pela CAPEMI, entidade de previdência privada dirigida por militares espíritas.

No ano de 2009, o boletim passou a ser editado pelo Conselho Espírita Internacional (CEI) e deixou de ser semanal para tornar-se quinzenal. Em 2011 encerrou sua fase impressa, passando a ser editado apenas eletronicamente e distribuído pela Internet. Em 2014, sua edição foi assumida pela Federação Espírita Brasileira.

No último dia 6 de junho, foi distribuído, via Internet, um comunicado assinado pelos “amigos do SEI”, comunicando o encerramento de suas edições “por circunstâncias diversas”. O comunicado salienta que “felizmente, a divulgação do Espiritismo está hoje mais ao alcance de todos, seja por meio de livros, do crescente número de Casas Espíritas, no cinema, na TV, no teatro, na internet, nas redes sociais...”.

Aizpúrua lamenta o fim do “SEI”
A notícia do fim de circulação do “SEI”, depois de mais de 50 anos desde que iniciada, repercutiu amplamente na lista de discussão mantida entre os delegados da CEPA. Tão logo divulgada a comunicação, o ex-presidente da CEPA, escritor venezuelano Jon Aizpúrua, pronunciou-se lembrando que “apesar de sua linha editorial ter guardado concepção espírita identificada plenamente com o espiritismo cristão, seus editores, por muitos anos, “respeitaram alguma pluralidade de opinião, particularmente no que se refere a notícias do âmbito espírita pan-americano”, pois, em numerosas ocasiões deram cobertura a Congressos e Conferências Regionais da CEPA. Pessoalmente, mostrou-se agradecido pelo fato de o “SEI”, em várias oportunidades, ter resenhado conferências públicas por ele pronunciadas em países da América e Europa.

Jon lamentou que “essa postura plural mudou quando as relações entre a CEPA e a FEB, ou, dito de outra maneira, entre espíritas laicos e os religiosos, se azedaram, se deterioram e, finalmente, deixaram de existir”. Mas, registrou que, “em fase anterior, o boletim “SEI” cumpriu um trabalho significativamente valioso, mantendo seus leitores informados do que acontecia no movimento espírita brasileiro e internacional”. Por isso, lamentava seu desaparecimento, complementando: “Para todos os que amamos a cultura espírita, e dentro desta o jornalismo espírita, é inevitável que nos invada a nostalgia cada vez que um órgão da imprensa deixa de publicar com independência sua visão e sua orientação”.

Ao ser produzida a presente notícia, ainda se mantinha disponível na Internet blog contendo um grande acervo de publicações do boletim. Para acessá-lo, clicar em: http://www.boletimsei.org.br/






Aeroporto de Congonhas agora é Freitas Nobre

A edição de 19 de junho último da Folha de São Paulo, da mesma forma que os principais veículos de comunicação paulistas, deu destaque a esta notícia: o Aeroporto de Congonhas passou a se chamar “Aeroporto Freitas Nobre”, em homenagem ao ex-deputado José de Freitas Nobre nascido em Fortaleza/CE, em 1920, tendo vivido em São Paulo, onde foi jornalista, advogado, escritor e político, com vasta atuação.

A reportagem destaca acerca de Freitas Nobre: “Ficou notoriamente conhecido por sua luta pela redemocratização do país. Foi vice-prefeito de São Paulo e, vítima de perseguição política no período pós-1964, exilou-se na França. Retornou ao Brasil em 1967, voltou à vida pública, onde conquistou seis mandatos consecutivos de deputado federal. Sua atuação política foi dedicada, em especial, à luta pela anistia e pelo movimento ‘Diretas Já’. Freitas Nobre faleceu em São Paulo em 1990”.

A nova denominação do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, decorre da promulgação da Lei 13.450/2017, sancionada pelo presidente Michel Temer e publicada no Diário Oficial da União, em 19 de junho último. A iniciativa do Projeto de Lei, na Câmara Federal, foi do ex-deputado João Bittar.

Freitas Nobre, espírita
Espírita com grande atuação no movimento de São Paulo, Freitas Nobre foi fundador e, durante 16 anos, editou a Folha Espírita, o primeiro jornal doutrinário a ganhar as bancas de jornais do país, conquistando um novo universo de leitores interessados na imprensa espírita.

Escritor, teve vários livros de História e de Direito publicados no meio acadêmico.
Na literatura espírita, também deixou importantes contribuições. É autor dos livros “O Transplante de órgãos à Luz do Espiritismo”, “A Perseguição policial contra Eurípedes Barsanulfo, “O Crime, a psicografia e os transplantes”. Também escreveu o prefácio da edição brasileira de “Cristianismo e Espiritismo”, de Léon Denis. Organizou a “Coleção Bezerra de Menezes”, publicada pela Editora Edicel.

Foi casado com a também escritora espírita e médica Marlene Severino Rossi Nobre que presidiu a Associação Médico Espírita do Brasil, por longos anos, tendo desencarnado em 2015.
           
A homenagem do CCEPA aos 90 anos
da S.E. Estudo e Caridade

Como ato comemorativo do 90º aniversário da Sociedade Espírita Estudo e Caridade – Lar de Joaquina -, da cidade gaúcha de Santa Maria/RS, o diretor de comunicação social do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, Milton Rubens Medran Moreira, proferiu conferência pública naquela instituição, na tarde de 17 de junho último.
O tema da palestra foi “Moral e Ética – Uma abordagem espírita”.

Na oportunidade, Medran, falando em nome do CCEPA, transmitiu à instituição aniversariante os votos de felicitações, pela trajetória desenvolvida, tanto no campo da ação social e da educação, quanto no doutrinário.
Como entidade educativa e benemerente, graças ao trabalho que realiza com crianças e jovens, o Lar de Joaquina, granjeou o respeito e a admiração da população santa-mariense.

Já no que se refere à postura doutrinária da Sociedade Espírita Estudo e Caridade, conforme reconheceu e expressou Medran, na abertura de sua conferência, sempre se pautou ela pelos melhores ditames inspirados em Allan Kardec. Daí, segundo o orador, uma histórica identidade entre ela e o grupo de pensadores espíritas vinculados ao Centro Cultural Espírita de Porto Alegre - CCEPA.

Medran evocou a atuação decisiva e independente de históricos dirigentes da SEEC, como Hélio Ribas, Eunice Leite e Silva e José Setembrino Dorneles Budó, em apoio a avanços doutrinários e conceituais, a partir da elaboração e implementação do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, nas décadas de 70/80, na Federação Espírita do Rio Grande do Sul. O apoio da “Estudo e Caridade” e de seus dirigentes da época foi, igualmente, decisivo, nos períodos que se seguiram, quando a FERGS, então sob as presidências de Maurice Herbert Jones e Salomão Jacob Benchaya, membros do CCEPA, criou condições para significativos avanços do pensamento progressista e livre-pensador do meio espírita.

Como ex-presidente da Confederação Espírita Pan-Americana, hoje CEPA-Associação Espírita Internacional, Milton Medran, registrou também o acolhimento sempre fraterno, dado, em diversas oportunidades, pela instituição aniversariante, tanto a ele como a seu antecessor na presidência da CEPA, Jon Aizpúrua, em eventos doutrinários sediados pela SEEC.

A foto, tomada por ocasião da conferência, mostra, a partir da esquerda: Luiz Gustavo Rodrigues, presidente da SEEC; Margareth Gamarra, 2ª vice-presidente; Milton Medran, conferencista convidado; José Dorneles Budó, 1º vice-presidente; e Flávia Prado, vice-coordenadora de reuniões públicas.





De Kardec e Descartes:
duas reflexões sobre
a liberdade e o ser

Uma filosofia libertadora

Jerri Almeida, professor de História, escritor – Osório/RS

A cultura do apego reforça no sujeito seu instinto individualista, com forte impacto no seu cotidiano. O apego, em conjunto com o pessimismo existencial, determina um olhar pequeno sobre a vida, tornando o sujeito escravo de determinados sentimentos e de hábitos que o embrutecem e o infelicitam.

Vivendo no limite de suas sensações, obcecado pelos desejos mas, por vezes, vazio na alma, o sujeito de nossos dias perambula pela vida em busca – no seu íntimo – de algo mais. Seus temores cotidianos alimentados pelo fantasma da perda geram pânico e melancolia. Mesmo muitos que se dizem “religiosos” não subtraem tal comportamento, apegados obsessivamente aos elementos transitórios do dia a dia.

Vínculos afetivos tornam-se, demasiadamente, motivos de apego. Grande parte da humanidade, ao que parece, vive na Terra com um sentimento de infinitude biológica, nem sequer admitindo a possibilidade de pensar que, num dado momento, algo poderá mudar. Esse aprisionamento à existência gera angústia e sofrimento. O que não significa, todavia, que se deva viver uma existência fria, sem vínculos, sem desejos, no cinismo filosófico de Diógenes, que na Grécia antiga, propunha uma vida “sem nada”.

A filosofia espírita, por sua natureza progressista e dinâmica, propõe um olhar mais profundo sobre o “estar no mundo”. A compreensão racional da perspectiva do ser imortal que somos e das necessidades evolutivas que temos de aprendizagem e educação, denota um conjunto de ideias que oferecem compreensão, perseverança e serenidade.

Allan Kardec, ao sistematizar e organizar os ensinos dos espíritos apresentou ao mundo uma doutrina filosófica de consequências morais, cujo propósito era gerar um movimento de ideias que, ao longo do tempo, produzisse impacto na cultura e, portanto, no modo de vida das pessoas.

Não cabe ao espiritismo ou aos espíritas, criar novos elementos de dependência e apego. Por isso, é preciso alertar que muitos frequentadores de Centros espíritas, tornaram-se “dependentes” do passe, das preces e irradiações, das desobsessões e aconselhamentos semanais. Entretanto, tais dependências colidem com a proposta e a natureza da filosofia espírita.

É tempo renovarmos nossa meta no trabalho de difusão dessa filosofia libertadora, empreendendo esforços nessa diretriz. Para isso, o que estamos propondo é um voltar para as entranhas da obra e do próprio pensamento de Kardec. Revisitar a fonte primária, buscando absorver dela, em primeiro plano, o que é realmente o espiritismo. Essa preocupação não é nova, pois encontramo-la capilarizada na vasta obra de Herculano Pires, em especial, em Curso Dinâmico de Espiritismo: O Grande Desconhecido.
Estamos convictos de que assim poderemos nos abastecer dessas ideias que, em síntese, traduzem uma filosofia libertadora que nos convida, sem a violência das imposições religiosas, ao livre-pensar, que liberta dos atavismos e das dependências que escravizam, de múltiplas formas, o ser humano.



Ser e existir
Amely B. Martins, bióloga, educadora espírita, membro da ASSEPE – Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa.

Através do pensamento, agente indissolúvel da vontade, é que cada ser constrói, ou antes, manifesta aquilo o que realmente é em essência. E nesta reflexão existencial humana, baseada em pensamento e vontade, podemos construir as manifestações externas de nosso pensar, de nosso ser, através de palavras, gestos, ações e opiniões. Estes artifícios podem refletir o que realmente somos, como um espelho límpido da alma, ou podem ainda servir de escudo, de barreira para o que muitas vezes não queremos que seja percebido por ninguém, nem por nós mesmos.

O “Penso, logo existo” de René Descartes, apesar de imerso no período de consolidação do racionalismo, trata-se de um fundamento de grande importância quando se tenta definir a existência humana, ou o ser humano.

É importante que cada ser procure conhecer-se a si mesmo, sabendo identificar as origens, os “porquês” de todos os seus atos, na essência que origina primeiramente seu pensar e sua vontade, no que define o seu “ser”, a sua existência.

É importante que sejamos sinceros com o que verdadeiramente somos e pensamos.
E neste contexto, nos esbarramos muitas vezes em uma firmeza excessiva na busca da imposição, ou aceitação de nossos pensamentos e ideologias. Mas é preciso lembrar sempre que é possível ser firme, porém sem perder a afabilidade, é possível conviver harmonicamente com o diferente, com o contrário, sem para isto perder sua própria identidade.

É importante ainda, ter a consciência de que devemos ter uma postura progressista com os nossos próprios paradigmas, que são fruto de nossas opiniões e convicções, mesmo porque normalmente exigimos esta postura de nossos semelhantes. Entendendo também que esta postura progressista não significa perda de identidade, mas sim um constante reflexo da autoanálise e do autoesforço por autoevolução e auto-melhoramento.

A humanidade só cresce desta forma, com a contribuição de cada um, e o movimento espírita só irá se configurar como realmente progressista, quando cada um fizer também a sua parte.


Entendo, portanto que: Penso, logo sou capaz de refletir sobre o que realmente sou e sobre como posso ser ainda melhor a cada dia!

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