quinta-feira, 14 de setembro de 2017

OPINIÃO - ANO XXIV - Nº 255 - SETEMBRO 2017

A pergunta que não quer calar:
O Movimento Espírita
está envelhecendo?
O comunicador espírita Ivan Franzolim, administrador de empresa (São Paulo/SP) acaba de divulgar os resultados de sua 3ª edição da Pesquisa para Espíritas, um retrato das condições sócio-econômicas dos brasileiros que se declaram espíritas.

Envelhecimento, um dado que preocupa
A pesquisa se utilizou de formulário eletrônico do Google, buscando alcançar os espíritas de todos os estados brasileiros. Foram entrevistadas 2.616 pessoas. Entre outros muitos dados, formulados em 44 questões, a sondagem levantou a idade de frequentadores, trabalhadores e dirigentes de Casas Espíritas no Brasil.

O resultado apurado mostrou que a faixa etária de 51 a 60 anos é a de maior expressão, somando, entre os entrevistados, 779 pesquisados, o que, no universo da pesquisa, representa 29,8% do público ouvido. Expressiva também é a faixa entre 61 e 70 anos: 13,3%, contra apenas 1,6% da faixa de 15 a 20 anos, e 9,1% entre 21 e 30 anos. Veja os números, no quadro a seguir:




Geografia e perfil dos espíritas
Para Ivan Franzolim, responsável pela pesquisa, esses dados são preocupantes. Segundo registrou em seu blog - http://franzolim.blogspot.com.br –, onde também está publicada a íntegra da pesquisa, “há quase 30 anos, desde o censo de 1991 do IBGE, estamos acompanhando que os espíritas estão envelhecendo, que há pouca renovação com entrada de jovens, que não conseguimos atrair o público das classes D e E (a pesquisa também mostra que o espiritismo tem a maioria de seus adeptos entre as classes A e B) e que vários estados do norte e nordeste possuem a menor quantidade de espíritas e ainda estão diminuindo”.  “A pergunta que não quer calar”, segundo Franzolim, é: “o que as instituições espíritas fazem a respeito? ”.




Desafios de nosso tempo
É possível que se igrejas, clubes de serviço, instituições maçônicas e até movimentos jovens que, no passado, foram significativos, como escotismo e bandeirantismo, fizerem semelhante pesquisa, os resultados serão os mesmos. É um fenômeno do nosso tempo. Jovens fogem de instituições formais. Veem-nas como “caretas” ou “quadradas”.

De outra parte, é provável que a baixa frequência dos jovens nos centros espíritas e a própria redução de brasileiros que se declaram espíritas não correspondam a uma queda na aceitação das ideias fundamentais espíritas. Ao contrário, o que se pode notar é um interesse crescente, tanto nos meios seculares como religiosos, em torno de propostas como a imortalidade do espírito, sua comunicabilidade, reencarnação, etc. Bom termômetro para essa averiguação está na Internet, em suas redes sociais, nos blogs pessoais e institucionais, onde se discutem esses temas. Grupos internáuticos cujo objetivo é a discussão de temas espíritas têm recebido a contribuição predominante de jovens. É verdade também que o perfil dos participantes envolve majoritariamente integrantes das classes A e B, com boa escolaridade, o que coincide com o perfil tradicional de frequentadores e dirigentes de instituições espíritas.

A aceitação das ideias espíritas, porque integrantes estas do que Kardec denominou “leis naturais”, não está subordinada à adesão ao movimento espírita ou à frequência regular aos popularmente chamados centros “kardecistas”, suas uniões e federações.

Sob essa ótica, pode-se até admitir que, num futuro breve ou remoto, se extinga o movimento espírita ou que o espiritismo se torne apenas uma referência histórica, circunscrita no tempo e espaço. Nem por isso suas ideias terão perecido. Poderão, inclusive, se fortalecer e se universalizar, como era, aliás, o sonho de Kardec.

Está aí um jeito mais otimista de se analisar a mesma questão que a outros preocupa. Isto não exime o movimento espírita de se atualizar, de se expressar de forma mais compatível com nosso tempo, para que, de maneira mais eficiente, a proposta filosófica espírita, sua visão de homem e de mundo, cheguem a pessoas de todas as idades e segmentos socioculturais. Parece-nos que a grande carência do movimento espírita está na forma de se comunicar e na sua incapacidade de interagir com os grandes movimentos de ideias da atualidade. (A Redação)




A vida pede coragem
Devemos construir diques de coragem para conter a correnteza do medo. Martin Luther King
A coragem e a esperança de homens e mulheres de Barcelona cunhou a expressão por eles repetida em coro, nos dias seguintes ao ato terrorista perpetrado em La Rambla: “No tinc por” (“não tenho medo”, no idioma catalão).

É uma disposição da alma, provinda da crença no humanismo e na civilização. No entanto, não reflete o estado psicológico da maioria dos cidadãos do Planeta. É a expressão de um desejo que, certamente, há de se impor, mas que não corresponde, hoje, à realidade de um mundo perplexo diante da repetição sistemática de acontecimentos como o de 17 de agosto.
O mais insidioso nos atos de terrorismo e o que mais dificulta seu combate é a imprevisibilidade. Não se pode prever que um avião recém-decolado do aeroporto de Nova York, cercado de todos os esquemas de segurança, se estatele, por deliberação de seu condutor, nas torres de um edifício. É totalmente imprevisível que um veículo circulando pelas ruas de Paris ou de Barcelona, de repente, abandone a via e invista contra multidões, no passeio.
A repetição de acontecimentos dessa natureza é, sim, causa de justificado medo. Da mesma forma, em países como o Brasil, os atos de violência extrema que ocorrem todos os dias nos grandes aglomerados humanos, dominados pela criminalidade que despreza a vida, desrespeita o patrimônio e atenta contra a dignidade de milhares de inocentes, fazem crescer o temor de se andar na rua, de se conviver normalmente com familiares, com vizinhos, com amigos ou com desconhecidos, em locais destinados à privacidade ou ao saudável exercício da convivência social.
É natural e humano que tudo isso cause medo!  É o medo gerado pela imprevisibilidade de tais comportamentos. É o medo que atesta não ter a civilização alcançado toda a humanidade. Parcela desta demora-se na barbárie. Não está convencida de que o respeito a outras culturas, a outras crenças, a outros estilos de vida, ou mesmo a outros estágios socioeconômicos, é imprescindível para que o mundo todo tenha paz.
É preciso coragem para viver num mundo assim, mesmo admitindo que o mal é exceção. Justamente por excepcional, ele surpreende e nos apanha desprevenidos.
À luz do pensamento espírita, convém não esquecer que vivemos no mundo por nós mesmos construído. Que mentes enfermas pelo ódio não teriam chegado a esse grau de insanidade se houvessem recebido, ontem, um mínimo de atenção, dispensando-se-lhes a ajuda intelectual, moral e material ou propiciando-lhes uma ordem social e política mais justa. Esse mesmo pensamento nos convida, neste momento de tantos conflitos, a trabalhar em prol de uma sociedade mais justa, mais equânime, mais ética, enfim.
Uma civilização não pode ser medida apenas por seus avanços materiais, produzindo bem-estar a seus partícipes. Deverá fundar-se em fortes sentimentos de solidariedade e de comprometimento com os companheiros de jornada situados em patamares de evolução inferiores. A humanidade é uma só e estamos uns comprometidos com os outros. Esse é o grande desafio que os mecanismos da justiça cósmica impõe a um mundo onde “provas e expiações” são apresentadas figurativamente como degraus de evolução no rumo da plenitude.
Assim, o que hoje nos parece imprevisível talvez ontem pudesse ser prevenido. Mas a caminhada prossegue. Administrar convenientemente, agora, esses conflitos, extirpando o ódio e reafirmando os nobres sentimentos de solidariedade universal, com critérios de justiça para todos é a garantia de um mundo melhor amanhã.
Há muito que ser feito para aprimorar a chamada civilização judaico-cristã. Pouco a pouco, ela foi privilegiando o ter em detrimento do ser. Esse é o resultado mais imediato do trabalho, do desenvolvimento da inteligência e da criatividade, é certo. Mas, como consignou Kardec, comentando a resposta dos espíritos à questão 793 de O Livro dos Espíritos, “à medida que a civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns dos males que gerou, e esses males desaparecerão com o progresso moral”.
Diante de tudo, uma pergunta se impõe: até que ponto concorremos para gerar os males dessa onda de violência que nos apavora? E sugere outra: de que forma, senão com a implementação de novos patamares éticos libertos do orgulho e da soberba, poderemos contribuir para que esses males sejam varridos do Planeta que elegemos para viver e que continuará servindo de morada a nós próprios e a nossos pósteros?
Tristemente, concluiremos no sentido de que somos também os responsáveis pelo medo que nos enferma a alma e que precisamos de muita coragem para tratar de suas causas.






Opinião de agosto
Excelente a edição nº 254 do periódico do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre. Felicitações ao nosso amigo Milton Medran pela qualidade e profundidade dos artigos que contém. Quero também registrar que, na edição anterior (julho/2017), me impactou especialmente o editorial “Longo, mas não interminável”, uma análise acertada e com grande categoria moral. Obrigado, Milton, por continuar com essa importante tarefa periodística.
Abraços aos amigos do CCEPA
Gustavo Molfino  - Rafaela/AR.

Espiritismo e Reencarnação
O conhecimento espírita, de que trata o editorial “Espiritismo e Reencarnação” (agosto/2017), é muito bom para nos fortalecer moralmente.
Lucy Regis – Santos/SP.



           

Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho
Sempre que se criticam obras mediúnicas trazidas por médiuns respeitáveis, como Chico Xavier e outros, há quem torça o nariz. Médiuns com esse estofo moral não seriam suscetíveis de serem enganados por espíritos mistificadores ou pouco conhecedores da matéria sobre a qual escrevem. 
Nesse terreno, o caso mais emblemático é o livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, de autoria espiritual de Humberto de Campos. A obra foi tomada pela chamada “casa mater” do espiritismo brasileiro como relato de um acontecimento real, ocorrido em dimensões espirituais, tendo como personagem principal Jesus Cristo, vagando pelo espaço, rodeado de serafins e querubins e elegendo o Brasil como sede de seu futuro reinado na Terra.
 A crítica é no sentido de que a estória é totalmente inverossímil, à luz da racionalidade espírita.
Significado e verossimilhança
Nem por ser inverossímil, “Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho” deixa de ter significado ou valor:
Significado, como expressão de uma cultura milenar. No caso, a cultura judaico-cristã, que vê o mundo como uma criação divina, conspurcada pelo pecado, e Jesus como seu salvador, entronizado em um determinado lugar da Terra e materialmente representado por uma instituição à qual delega poderes de representação pessoal e redentora;
 Valor, como manifestação artístico-literária, captada e produzida pelo escritor brasileiro Humberto de Campos. Ele que, enquanto encarnado, foi brilhante na arte do conto e da crônica, no mudo espiritual seguiu valendo-se da ficção literária. Lá, tomou como inspiração as crenças cristãs, sob a roupagem da “religião espírita”, com a qual, ao que parece, o autor só teve contato depois de desencarnado.
Maria Madalena
Faço essa digressão para registrar que o autor espírita José Lázaro Boberg, em sua recente obra “O Evangelho de Maria Madalena”, teve que enfrentar, e o fez com competência, essa tarefa de separar o mito cristão da provável realidade histórica, mesmo que o mito tenha sido abonado por obras psicográficas espíritas. Humberto de Campos e Emmanuel, em escritos ditados a Chico, retrataram Maria Madalena como “a pecadora arrependida”, a mulher de vida devassa que só se regenerou depois de conhecer Jesus. Os evangelhos canônicos realmente permitem conceituá-la assim, e interpretações eclesiásticas chegaram a defini-la como uma prostituta regenerada. Já o evangelho gnóstico, comentado por Boberg, mostra a mulher de Magdala como figura de raras virtudes intelectuais e morais, cuja vida e cujas ideias estiveram sempre em sintonia com Jesus, de quem foi discípula e companheira muito querida.

A sacralização de médiuns e espíritos
Boberg se posiciona em favor de uma versão distinta daquela assumida pelos interlocutores de Chico Xavier, sem desmerecê-los ou enquadrar suas obras como mistificação. Reconhece, sim, que médiuns ou espíritos são humanos e, assim, deles não se deve esperar, como alertou Kardec, “nem a plena sabedoria, nem a ciência integral”. Encarnados ou desencarnados, os espíritos movimentam-se por longos estágios em cenários psíquicos compatíveis com as crenças e costumes que criaram raízes em suas almas.
Diferentemente das religiões, o espiritismo, pela ferramenta da mediunidade, propôs-se ao intercâmbio entre a humanidade encarnada e desencarnada e não com deuses. A sacralização de médiuns ou espíritos é, ainda hoje, um dos problemas mais sérios do meio espírita.






A partir desta edição, Salomão Benchaya opinará sobre assuntos doutrinários e da prática espírita.

Sobre os Anjos da Guarda: Livre-se deles!
Allan Kardec trata dos anjos da guarda nas questões 489 a 521 de O Livro dos Espíritos. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVIII, ele distingue o “anjo guardião” um “guia principal e superior” dos “espíritos protetores e familiares, guias secundários”.
O fundador do Espiritismo poderia ter evitado o uso da expressão “anjo da guarda”, tanto quanto “céu” e “inferno” pela confusão que se estabelece com os conceitos do catolicismo. No caso em foco, ainda estabelece uma hierarquia da equipe protetora para cada indivíduo. As 32 questões do LE esmiúçam as várias situações e condições de atuação desses personagens junto aos seus protegidos.
Não pense o leitor que não acredito na existência de espíritos amigos que nos acompanham e ajudam no nosso processo de aprendizagem durante a encarnação.
Questiono, sim, o tratamento que tanto Kardec como as lideranças espíritas dão ao tema, estimulando a submissão e a dependência dos encarnados a forças externas. Difunde-se a crença, oriunda da Igreja católica de que o Homem nada vale, é um pecador incapaz de resolver-se sem auxílio de terceiros. Sempre a dependência, a submissão e a reverência a uma pretensa vontade superior, características dos estágios primitivos de nossa evolução.
Isso parece contrariar a natureza libertadora da Doutrina Espírita. A sujeição do indivíduo ao beneplácito divino através de intermediários é um entrave ao seu crescimento pela inércia à espera de uma intervenção estranha às possibilidades que cada um deve desenvolver.
É sabido que a Educação é coroada de êxito quando o educando atinge a maturidade e torna-se independente. O verdadeiro Mestre só se dá por satisfeito quando o discípulo torna sua presença e atuação dispensáveis.
Então, não teria chegado o momento de se rediscutir o tema dos anjos da guarda para escoimar os conceitos espíritas da influência católica que ainda permeia as opiniões dadas pelos Espíritos e pelo próprio codificador nas obras fundadoras?
Talvez, não seja tão descabida a proposta contida no título deste comentário. Claro, que não da forma arrogante como, propositadamente, coloquei. Continuo achando válido recorrer ao auxílio de amigos que, certamente, os temos no mundo espiritual, em situações especiais. Mas eles, com certeza, se forem mesmo espíritos superiores, ficarão felizes por verem nosso crescimento a tal ponto de podermos dispensar a sua tutela.
Ademais, é muito egoísmo de nossa parte mantermos esses amigos aprisionados a um compromisso que assumiram para conosco, quando, livrando-nos deles, permitiremos que também prossigam sua caminhada evolutiva.
Um tema que merece ser atualizado!






Allan Kardec - Fundador do Espiritismo (1804/1869)
“O emprego dos aparatos exteriores do culto teria idêntico resultado: uma cisão entre os adep­tos. Uns terminariam por achar que não são devi­damente empregados, outros, pelo contrário, que o são em excesso. Para evitar esse inconveniente, tão grave, aconselhamos a abstenção de qualquer prece litúrgica, sem exceção mesmo da Oração Do­minical por mais bela que seja”.

(Em “Viagem Espírita”, 1862 – “Instruções particulares dadas aos grupos em resposta a algumas das questões propostas”).






III Encuentro Iberoamericano será em Vigo
Com o tema “Cultura Espírita: Uma Contribuição ao Progresso da Humanidade”, O III Encontro Espírita Ibero-americano acontece em Vigo, Galícia, Espanha, no período de 28 a 30 de abril de 2018.
Uma delegação de brasileiros está sendo organizada para participar desse evento que é uma iniciativa conjunta da CEPA – Associação Internacional de Espiritismo, e AIPE – Associação Internacional para o Progresso do Espiritismo.
A presidente da CEPA, Jacira Jacinto da Silva, juntamente com Juan Antonio Torrijo, coordenador da Comissão Organizadora, ultimam a programação, que contará com exposições temáticas de vários intelectuais espíritas da Espanha, Portugal, Brasil, Argentina, Venezuela, Porto Rico e outros países da América e da Europa.


Homero visita CCEPA
O presidente da Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA – CEPABrasil, Homero Ward da Rosa, visitou, dia 26 de agosto último, o Centro Cultural Espírita de Porto Alegre – CCEPA. Participou da reunião do grupo que realiza, semanalmente, o denominado “estudo analítico de O Livro dos Espíritos” e, na sequência da tarde, reuniu-se com diretores e colaboradores da instituição, na Oficina que trata das questões administrativas e associativas do CCEPA.
Na oportunidade, Homero referiu que realizava aquela visita de cortesia para agradecer a colaboração recebida em duas gestões seguidas na presidência da CEPABrasil. Destacou especialmente o apoio que sempre teve da Casa e de seu órgão de divulgação – CCEPA OPINIÃO -, participando, promovendo e divulgando os eventos realizados no período. O presidente da CEPABrasil expressou especial gratidão ao companheiro Maurice Herbert Jones, colaborador exímio e sempre pronto a colaborar na criação de peças gráficas de divulgação e respectiva veiculação nos meios eletrônicos.
Homero deixa a presidência em novembro próximo. Por ocasião do XV Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, em Santos, de 2 a 4 daquele mês, ocorre a Assembleia Geral da CEPABrasil para eleger e dar posse à nova diretoria da entidade.
Na foto, Homero com dirigentes e colaboradores do CCEPA.

Ainda é tempo de inscrever-se
para o XV SBPE
O tradicional Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, criação de Jaci Regis, realizado de 2 em 2 anos pelo Instituto Cultural Kardecista de Santos – ICKS – acontece de 2 a 4 de novembro, na antiga sede do ICKS, hoje Colégio Angelus Domus (Av. Francisco Glicério, 261, Santos/SP).
Doze pensadores, sendo um deles argentino, inscreveram trabalhos a serem expostos e debatidos por todos os participantes. Em nossa próxima edição, detalharemos a programação.
Ainda é tempo de fazer sua inscrição para participar. E-mail de contato: ickardecista1@terra.com.br .


Em Rafaela/AR Encontro da CEPA
O 4º Encontro da CEPA na Argentina acontece dias 16 e 17 deste mês, na cidade de Rafaela. Com uma conferência pública de abertura, seguida de Oficinas de Participação Ativa tratando dos temas “A Era do Imediatismo” e “Diversidade”, numa abordagem espírita, o Encontro terá a presença da presidente da CEPA e seu diretor administrativo Jacira Jacinto da Silva e Mauro de Mesquita Spínola (São Paulo/Brasil).

O Evangelho de Maria Madalena
A redação deste jornal registra e agradece pelo recebimento de um exemplar do livro “O Evangelho de Maria Madalena”, enviado por seu autor, José Lázaro Boberg.
Baseado em texto de um dos chamados “evangelhos gnósticos”, o escritor espírita paranaense busca reconstruir a verdade sobre Maria de Magdala, uma das personagens femininas mais fortes da literatura antiga e que oferece boas reflexões a partir das teorias espíritas. Boberg levanta questões como estas: O que dizem os outros evangelhos sobre Maria Madalena? Teria sido ela esposa de Jesus? Teria sido prostituta, como chegou a se propagar na história do cristianismo? Seria ela a verdadeira fundadora do cristianismo?
No livro também são questionados aspectos da vida daquela personagem enfocados em obras mediúnicas de autores espíritas.
O lançamento é da Editora EME - https://editoraeme.com.br/ - à qual podem ser endereçados pedidos.

Medran estará na Semana Espírita de Osório
O editor deste jornal, Milton Medran Moreira, será um dos conferencistas da XVIII Semana Espírita de Osório, a se realizar no próximo mês de outubro, por iniciativa da Sociedade Espírita Amor e Caridade (Osório/RS). O evento celebra os 160 anos de O Livro dos Espíritos.

Também serão expositores: Moacir Costa de Araújo Lima, Gladis Pedersen de Oliveira e Arivelto B. Fialho.









Mediunidade – uma vivência real



Matéria do jornal O GLOBO do Rio de Janeiro, edição de 26.7.2017, com a mancheteCérebro de médium em transe ativa área mais ligada à vivência do real”, relata pesquisa na Universidade de Aachen que avaliou oito médiuns em exames de ressonância magnética.
O artigo com o resultado da pesquisa foi  publicado na revista científica Neuroimaging. Reprodução


A matéria abre com este texto:
RIO — Chico Xavier relatava ver e conversar com gente que já morreu. Para muitos, o médium – morto em 2002 - só podia ser esquizofrênico. Tudo seria criado em sua fértil imaginação. Mas uma pesquisa inédita da Universidade de Aachen, na Alemanha, examinou o cérebro de oito médiuns e constatou que, durante o transe, a área relacionada à vivência do real foi a mais ativada. O estudo, liderado pela psicóloga brasileira Alessandra Ghinato Mainieri (foto) e pelo psicólogo alemão Nils Kohn, acaba de ser publicado na revista científica Psychiatry Research Neuroimaging.
Para saber detalhes da inédita pesquisa com oito médiuns de centros espíritas brasileiros, acesse:







Jesus por Rembrandt
Jesus para o espiritismo

Marcelo Henrique – Mestre em Direito – Florianópolis, SC.

Toda tentativa de analisar o personagem Jesus sob a ótica espírita principia pelo questionamento de Kardec aos Espíritos, aposto no item 625, de O livro dos espíritos, sobre o modelo ou guia para a Humanidade planetária. A resposta, na competente tradução do Professor Herculano Pires é "Vede Jesus". Obviamente, não estamos falando de Jesus Cristo, o mito inventado pela religião cristã oficial (Catolicismo) e reproduzido por todas as que lhe sucederam no tempo, um ser meio homem meio divino, filho único (?) de Deus ou integrante do dogma da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), como apregoam as liturgias.

Falamos do homem, cujos registros físicos (históricos) são mínimos, mas que teria vivido há pouco mais de dois mil anos, no Oriente Médio, dono de uma filosofia de vida própria e que marcou a história humana ao ponto de dividi-la entre antes e depois de sua passagem. Jesus de Nazaré, este o seu nome. Mas é este o Jesus apresentado nas instituições espíritas? É este o Jesus referenciado nas obras pós-kardecianas, sobretudo aquelas de origem mediúnica? Cremos que não! Há uma diferença muito grande entre a realidade e a imagem que foi construída - muito fortemente em função da influência das religiões sobre o arquétipo coletivo.

Alguns dos problemas mais graves na abordagem "espírita" de Jesus já principiam pela gravidez de Maria (dita Santíssima pela tradição religiosa e, portanto, submetida a uma gestação sem ato sexual, sob a interferência do Espírito Santo), o que levou à consideração de que o carpinteiro seria um agênere, posto que detentor de um corpo não físico, mas fluídico, porquanto não teria ele suportado as dores e lacerações a que foi submetido, na paixão e crucificação.

Tais teorias nunca seriam concordes à Filosofia Espírita, porque representariam a negação dos mínimos princípios ou fundamentos básicos espiritistas. Maria e José, tidos como pais de Jesus, tiveram um relacionamento normal - como o de qualquer casal - e Jesus, inclusive, teve vários irmãos, sendo o primogênito da prole (vide a passagem "Quem são minha mãe e meus irmãos", a propósito). De uma gestação, portanto, natural e "normal", decorreu um corpo físico muito parecido com o nosso, guardadas as proporções decorrentes do distanciamento temporal entre os nossos dias e os de dois milênios atrás.
Como a fábula cristã enquadra situações aparentemente sobrenaturais (como diversas passagens evangélicas relacionadas aos feitos de Jesus e, também, todo o tétrico relato das torturas a que teria sido submetido desde sua prisão, no Horto das Oliveiras até sua crucificação no Gólgota), muitas delas teriam sido construídas e moldadas pelos doutores da Igreja, interessados na construção de um super-homem, mítico e até mitológico, dotado de superpoderes ilimitados.

Jesus foi um homem "normal" e "comum", em relação às suas características físicas. Sua distinção em relação aos demais homens (daquele tempo e até hoje), evidentemente, pertence ao plano moral, das virtudes e das características egressas de sua evolutividade espiritual. Seu principal traço é o de uma moralidade bem acima da média da população terrena de todos os tempos conhecidos, daí porque os Espíritos o teriam sugerido como referência (não a única, fique bem claro) para a esteira de progresso espiritual compatível com este orbe.

Mas, ainda que distante da maioria dos homens em termos de moralidade, não deixou de "participar" da vida encarnada como a grande maioria de nós. Sentiu dores, sofreu decepções, alegrou-se com situações favoráveis, teve amigos e relacionou-se SIM sexualmente com uma mulher - provavelmente Maria de Magdala, de cuja relação teria nascido uma criança, como, aliás, vários escritores - entre os quais, mais presentemente, Dan Brown - já referenciaram.

Incrível é que, em muitas instituições espíritas, que deveriam se pautar pela "fé raciocinada", pelo exame lógico de todas as situações e circunstâncias e pela abordagem livre e baseada nos princípios espíritas, se verifique um certo ar "pudico" quando o assunto vem à baila, como se uma (muito) provável experiência conjugal e sexual de Jesus de Nazaré pudesse diminuir o alcance de sua missão e papel perante os homens. Uma abstinência da simbiose energético-sexual não seria, nem de longe, "natural" e oportuna. Ademais, todos nós que, sob a esteira da dicção espiritual contida no item sublinhado da obra pioneira, nos espelhamos em Jesus para a construção de nossa senda evolutiva, ao buscarmos conhecer melhor o intercâmbio das relações humanas, sabemos que a sexualidade é um vértice de aprendizado espiritual e, antes de tudo, uma necessidade humana, rumo ao equilíbrio.

Mas há os que, não tão ingenuamente, pensam o contrário e tentam "importar" para o Espiritismo visões que pertencem aos dogmas das igrejas. Estes ainda não se tornaram espíritas!

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