sábado, 6 de março de 2010

OPINIÃO - ANO XVI - N° 172- MARÇO 2010

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CPDoc lança o webcurso de espiritismo
Um novo jeito de conhecer, estudar e debater o espiritismo

O CPDoc – Centro de Pesquisa e Documentação Espírita, sob a coordenação do professor universitário Mauro de Mesquita Spinola, desenvolveu um curso básico de espiritismo à distância que, no último mês de fevereiro, começou a ser aplicado pela internet.

Kardec é a base, sem prejuízo à análise crítica e contextualização
Mauro de Mesquita Spinola (São Paulo), engenheiro e professor da Universidade Estadual de São Paulo (USP), autor do projeto e coordenador do Webcurso de Espiritismo, informa que “todo o curso tem por base fundamental O Livro dos Espíritos e as demais obras de Allan Kardec, incluindo a Revista Espírita”. Mas esclarece que “esse fundamento é objeto de estudo, interpretação e crítica, constituindo uma referência para todas as atividades do curso, sem que isso signifique impedimento à análise crítica e contextualizada”. Segundo Mauro, “o objetivo é oferecer a oportunidade de conhecimento dos conceitos fundamentais do espiritismo de forma livre-pensadora, sem amarras religiosas ou dogmáticas”.
Com um foco diferenciado das campanhas de estudo sistematizado do chamado “movimento unificacionista” o projeto do CPDoc não objetiva uniformizar, muito menos impor ideias ou conceitos: “Todos os envolvidos, coordenadores, monitores e participantes”, segundo Mauro, “estão convidados a se manifestar e apresentar ideias, exigindo-se apenas que estas sejam fundamentadas”.

Conteúdo básico e inscrições
Destinado a todos os interessados em conhecer os fundamentos do espiritismo, sem pré-requisitos, o curso consta de oito módulos: “O que é o Espiritismo”; “Deus, Espírito e Matéria”; “O Mundo dos Espíritos e Reencarnação”; “Filosofia e Espiritismo”; “Ética, Moral e Espiritismo”; “Ciência e Espiritismo”; “Mediunidade”; “O Espiritismo, o Ser Humano e a Sociedade”. O primeiro módulo terá cinco semanas de duração, os demais durarão quatro semanas cada um. Interessados podem se inscrever, gratuitamente, para o curso inteiro ou para módulos separados. O primeiro módulo começou em 3 de fevereiro, com 45 participantes, acompanhados por um grupo de 25 pessoas que atuam como tutores, monitores ou observadores.

As inscrições podem ser feitas através do site do CPDoc - www.cpdocespirita.com.br -. Após solicitar a inscrição, o interessado recebe uma mensagem com instruções para efetivar sua matrícula
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Nossa Opinião

O Espiritismo do Século 21

A secção Enfoque da última página  de Opinião publica artigo de Salomão J Benchaya refutando críticas do pensador espírita roustainguista Luciano dos Anjos às chamadas Campanhas de Estudo Sistematizado do Espiritismo - ESDE. Com propriedade, salienta Benchaya que o ESDE representou um avanço qualitativo extraordinário ao movimento espírita. Despertou a cultura do estudo em um meio onde o espiritismo era praticamente visto apenas como uma crença.
Já decorreram cerca de três décadas desde aquele histórico acontecimento cujas sementes foram lançadas aqui mesmo, no hoje Centro Cultural Espírita de Porto Alegre. O projeto, logo desenvolvido pela FERGS, na gestão Maurice H. Jones, foi, por proposta deste, e apesar de algumas fortes resistências, posteriormente, adotado pelo movimento espírita nacional. Ao curso desse tempo, o pensamento espírita aprimorou-se sensivelmente. Fruto, justamente, do estímulo ao estudo, fomentou-se uma consciência crítica entre os espíritas. Graças a isso, foi possível o desenvolvimento do que hoje se costuma chamar de “livre pensar espírita”, postura compartilhada por segmentos progressistas, nem sempre alinhados com o sistema federativo, mas em expansão em todos os quadrantes do Brasil e de outros países em que o espiritismo é conhecido.

A iniciativa do CPDoc criando um curso à distância, onde a base é Kardec, mas que contempla também a contextualização e a atualização da proposta espírita, pelo debate e pela livre exposição de ideias, inaugura um novo método de estudo em tudo compatível com o atual estágio histórico do movimento espírita e utilizando os amplos recursos tecnológicos de nossa era.

São fases distintas de um mesmo processo. Pode-se afirmar, com tranquilidade, que, sem o ESDE do Século 20, não teria sido possível o desenvolvimento desse projeto que tem o espírito e a cara do Século 21. (A Redação)
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Editorial
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Justiça – realidade ou ficção?

Se ages contra a justiça e eu te deixo agir, então a injustiça é minha.
Mahatma Gandhi
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Estatísticas revelaram que, no Rio Grande do Sul, 75% dos homicídios não têm apurada sua autoria. Restam, assim, impunes, inclusive sem julgamento. Aqui e nos demais Estados da Federação quantos milhares de casos de roubo, furto, violência sexual, sequer são registrados nas delegacias de polícia? Por outro lado, milhares de atos de corrupção, atentados, estelionatos contra vítimas indefesas jamais serão objeto de qualquer averiguação. Mesmo os delitos que são manchete e que revoltam a Nação terminam quase sempre impunes, pela lentidão dos processos, pela frouxidão da lei ou por influência dos poderosos.
Diante dessa realidade, é de se perguntar: a justiça existe ou é uma ficção? Mas, desde criança aprendemos a não nos apropriar do que não é nosso. Que é obrigação de cada um respeitar os direitos do outro. Transmitimos esses mesmos valores a nossos filhos, incutindo-lhes noções de justiça e equidade. Será que tanta injustiça no mundo não acaba por desmentir, na prática, aqueles valores plantados no mais íntimo de nossa consciência?
A filosofia espírita sugere que não. Convence-nos de que a vida seria um grande embuste, um equívoco de Deus - ou seja lá como denominemos quem ou o quê lhe deu origem – caso um único crime ficasse impune e um só erro não fosse corrigido pelos mecanismos inteligentes da vida.
As religiões nos consolam dizendo que há uma justiça humana, imperfeita, e uma outra, de ordem divina, que jamais falha. Deslocam, assim, para um outro plano a realização da justiça que aqui não se concretiza. Na verdade, entretanto, quem atenta contra as leis da vida atrai, sempre, para si próprio o sofrimento, como consequência de seus erros, em qualquer dimensão da vida. Às comunidades humanas politicamente organizadas cabe o dever de integrar esse processo de retificação que nasce do íntimo desconforto sofrido por quem viola os deveres de convivência. Daí a imperiosa necessidade de uma justiça humana eficiente. Mesmo diante de sua eventual ineficiência, contudo, é preciso contemplar a vida sob uma perspectiva mais ampla para não se deixar abater pela descrença nos valores supremos da justiça. Desacreditar nela é o mesmo que descrer na vida. Sem o equilíbrio da justiça, a vida não se sustentaria.
É preciso contemplar a vida sob uma perspectiva mais ampla para não se deixar abater pela descrença na justiça.
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Opinião em Tópicos

Milton R. Medran Moreira

Vinho novo
De vez em quando, transitam por aqui almas com incomum capacidade de desafiar a assertiva evangélica de que não se pode colocar vinho novo em odres velhos. Mesmo vinculando-se a superadas estruturas políticas, religiosas ou sociais, dedicam-se a missões que já não retratam o perfil essencial daqueles organismos. Fazem-no, mesmo, com respeito e até submissão. Pagam o preço da adaptação ao provisoriamente possível para atingir seus objetivos mais nobres.
A história do cristianismo registra a presença de muitos espíritos dotados dessa grandeza.

Odres velhos
Francisco de Assis, em plena Idade Média, não hesitou em prostrar-se aos pés do Papa Inocêncio III, implorando-lhe o reconhecimento de sua ordem de mendicantes. Não lhe prometeu engajar-se na luta contra os hereges, nem engrossar com seus confrades as milícias das Cruzadas, práticas que haviam envelhecido os odres onde a Igreja aprisionara o cristianismo. Ao contrário, acenou-lhe com o vinho novo do amor, do perdão, da inclusão, do reconhecimento de todas as criaturas como verdadeiras irmãs.
Em tempos mais recentes, Tereza de Calcutá, na Índia, e Irmã Dulce, na Bahia, deram o testemunho de exclusiva dedicação ao próximo, vivenciando aquilo que já foi definido como a própria essência do cristianismo, antes que este optasse por ter sua identidade reconhecida como um sistema de crença e não como uma filosofia de vida.

Zilda Arns
O terremoto do Haiti, em janeiro último, surpreendeu em plena vivência da profissão de fé no amor e na vida esse outro exemplar que foi a Dra. Zilda Arns.
Em sintonia com seu tempo, ela optou pelo laicismo em vez do religiosismo, pelo exercício da medicina em vez do hábito de freira. Mesmo assim, buscou naquelas vertentes institucionais religiosas e no que ali subsiste de originariamente cristão, no caso as chamadas “pastorais” (da saúde, da criança, etc.) a instrumentalização para sua acendrada vocação de serviço ao próximo.
Nunca se soube que Dra. Zilda proclamasse que só Cristo salva, ou que fora da fé não há salvação. Mas, com seu soro caseiro, com suas campanhas de combate à desnutrição ou pela vacinação em massa e com uma dedicação, por inteiro, aos mais pobres, especialmente as crianças, salvou milhares de vidas, conferindo-lhes dignidade e cidadania, autênticos valores a se incorporarem ao patrimônio do espírito.

A religião hoje
Essas vertentes, ainda encontráveis no catolicismo, são a garantia de sua honorabilidade e respeitabilidade. Mesmo sustentando suas cúpulas que o cristianismo se define pela fé no dogma antes que pela vivência do amor, a Igreja romana preservou a máxima de que “a fé sem obras é morta”. Muitos, dentro dela, talvez já nem se preocupem com as velhas questões dogmáticas, superadas pela modernidade. Mas ali permanecem preservando nichos onde se cultiva o amor, e não mais a fé, como suprema riqueza.
O mundo das certezas, das verdades prontas e acabadas está suplantado. Nos tempos que amanhecem, uma única verdade subsistirá: a da força do amor como essência da vida. E o amor não tem religião. Não discrimina, nem condiciona. Não separa, une. Não profetiza e nem promete, faz. O amor e sua vivência plena são a única garantia da preservação da vida como valor absoluto. Patrimônio inalienável do espírito, o amor sinaliza nele a presença da fagulha divina, independentemente de sua fé ou mesmo que ausente esta.
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Notícias

DESENCARNA, EM SANTOS/SP, JOSÉ RODRIGUES

Desencarnou, em Santos/SP, em 10 de fevereiro, o jornalista, economista e pensador espírita José Rodrigues (72), assíduo colaborador do jornal Opinião.
Considerado um dos mais importantes especialistas em assuntos portuários do país, Rodrigues era correspondente, em Santos, do jornal Valor Econômico. Por 15 anos atuou em A Tribuna de Santos, como responsável pela editoria de economia.
Profundo conhecedor da doutrina espírita, “Zé”, como era carinhosamente chamado por seus companheiros do C.E.Allan Kardec, de Santos, teve destacada atuação no movimento espírita paulista. Com Jaci Regis, na USE/UNIMES, editou Espiritismo e Unificação, que, na década de 80, desempenhou histórica atuação na crítica ao conservadorismo religioso do movimento espírita.
Ademar Arthur Chioro dos Reis, vice-presidente da CEPA, ao informar a desencarnação de Rodrigues, registra: “Foi um dos expoentes do pensamento laico, kardecista, progressista e livre-pensador, influenciando gerações de jovens dirigentes espíritas”. Entusiasta do trabalho da CEPA, vinha participando ativamente da Comissão Organizadora do XXI Congresso Espírita Pan-Americano a realizar-se em Santos (2012). Com predileção pela área da sociologia espírita, traduziu para o português o livro de Manuel S.Porteiro Espiritismo Dialético, doando os direitos da tradução à CEPA. Com o também jornalista Eugenio Lara, concebeu e dirigiu o site “Pense – Pensamento Social Espírita” - www.viasantos.com/pense -
Qualificado por Ademar como “um homem simples, afável, sereno, e, acima de tudo, ético e coerente”, Zé deixa a esposa Miriam, companheira de todas suas atividades espíritas e no campo da promoção social, e os filhos Tarcísio, Zé Roberto, Patrícia, Lívia e Flávia.

Em sua edição de abril, Opinião publicará artigo de Eugenio Lara destacando a rica jornada de José Rodrigues neste plano existencial.
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Rui abre programa de conferências anuais do CCEPA

Com o tema “Espiritismo, uma proposta dinâmica”, o presidente do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, Rui Nazário de Oliveira abre, na noite de 1º de março o ciclo de conferências oferecidas ao público pelo CCEPA na primeira segunda-feira de cada mês. Trata-se de abordagem sobre o tema da atualização espírita.
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Lar da Caridade recebe Medran para palestra

O “Lar da Caridade”, de Bento Gonçalves/RS, entidade que, juntamente com o CCEPA, organiza, naquela cidade, o II Encontro Nacional da CEPA Brasil (3 a 6 de setembro), recebeu, na noite de 23/2 o jornalista Milton Medran Moreira que proferiu palestra enfocando temas presentes em seu novo livro “O Espírito de um Novo Tempo ou Um Novo Tempo para o Espírito”.
Com ele, integrantes da Comissão Organizadora do Encontro reuniram-se com dirigentes do Lar da Caridade, tratando de detalhes do evento que se realizará nas dependências do Hotel Dall’Onder daquela cidade serrana.

Na foto,integrantes da Comissão Organizadora do Encontro da CEPA Brasil, juntamente com Erci Grapiglia (centro, ao fundo), presidente do Lar da Caridade.
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ATAQUE AO ESTUDO SISTEMATIZADO
DO ESPIRITISMO
Salomão Jacob Benchaya (*)
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Em longo manifesto intitulado “Pós-Graduação em Espiritismo – Uma Ideia Sinistra”, datado de 25.12.2009 e postado na Internet em 13.01.2010, o conhecido escritor e jornalista Luciano dos Anjos ataca, mais uma vez, a campanha de estudo sistematizado da doutrina espírita – ESDE -, agora tendo como alvo o chamado EADE – Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita - http://www.febnet.org.br/site/estudos.php?SecPad=38 -, lançado pela FEB em dezembro/2006.
Faz tempo que esse destacado pensador espírita se opõe à "escolarização" do ensino espírita, inspirado nas ideias de Ivan Illich (1926-2002), pensador e polímata vienense que propunha a “desescolarização da sociedade”. Illich, em seu livro Sociedade sem escolas (1971), faz uma crítica à institucionalização da educação e se mostra favorável à auto-aprendizagem. Luciano aborda essa questão, entre outras relacionadas com “desvios doutrinários”, na série "O Atalho" publicada no Reformador, em 1973, durante a gestão de Armando de Oliveira Assis como presidente da FEB. Este afirmava, em sintonia com Luciano dos Anjos, que “as pessoas se agrupam naturalmente por afinidades de interesses e não por faixas etárias”.

Na época, houve forte reação do movimento espírita contra essa orientação da FEB que resultaria no desmonte das chamadas "escolas de evangelização infantil" e dos departamentos de juventude ou de mocidade espíritas. A FEB defendia que crianças, jovens, adultos e velhos deveriam participar, conjuntamente, do estudo do evangelho e do espiritismo, já que espírito não tem idade e, portanto, não cabia a "departamentalização" do ensino da doutrina.
Não pretendo comentar o longo manifesto do conhecido jornalista e culto roustainguista, mas, apenas expressar minha impressão de que há um pouco de exagero no título de seu artigo.
Dá para concordar, em parte, com o Luciano em sua argumentação contra o estudo sistematizado do espiritismo, no que se refere à metodologia e, mesmo, ao seu conteúdo.

O ESDE não é, evidentemente, o melhor método para estudo do espiritismo. É apenas um método. Seu conteúdo não abrange toda a obra de Kardec, sua metodologia pode estar ultrapassada pedagogicamente. Dependendo do (des)preparo do coordenador/monitor, a reunião de estudos pode acabar se transformando em palestra doutrinária, sem debate, sem questionamento, sem pesquisa, sem dinamismo nem interação, o que pode ser agravado se as fontes de consulta não forem as obras da codificação, mas apenas "apostilas" fornecidas aos participantes. Nisso, dou razão ao Luciano. Mesmo assim, muitos coordenadores de grupos de estudo, nos centros espíritas, estimulam uma abordagem não reprodutora de conhecimento, não conteudista, mas instigante, problematizadora, participativa, investigadora e crítica, que propicia a produção de conhecimento e, consequentemente, o próprio avanço doutrinário, calcado num dos pilares do projeto kardequiano, o livre-pensar.
Todavia, ninguém poderá negar que a codificação espírita passou a ser mais estudada e conhecida, a partir do lançamento do ESDE, em 1978, pela Federação Espírita do Rio Grande do Sul. Até então, poucas eram as casas espíritas que possuíam grupos de estudo do espiritismo. Eram comuns - e ainda o são - as "reuniões públicas doutrinárias", geralmente com passes, para a "divulgação" do espiritismo.
Os programas elaborados pelo Departamento Doutrinário da FERGS que eu então coordenava, não eram apostilas para uso dos participantes mas continham "roteiros" para uso do coordenador, que neles encontrava "sugestões" temáticas e de metodologia, bem como as fontes bibliográficas para o estudo.
A intenção do ESDE sempre foi estimular o estudo da obra de Kardec nas casas espíritas. A distribuição de programas e roteiros de estudo atendia à dificuldade de muitos dirigentes espíritas em se organizar para coordenar grupos de estudo metódico do espiritismo.
Em 1980, o CFN aprovou a Campanha de Estudo Sistematizado em nível nacional, por proposta de Maurice Herbert Jones, então presidente da FERGS, após enfrentar forte resistência para sua aceitação naquele Conselho. Mas somente em 1983, a FEB lançaria oficialmente o ESDE, hoje o “carro chefe” de suas atividades unificacionistas, no Brasil e no Exterior.

Em meu livro “Da Religião Espírita ao Laicismo”, há uma descrição detalhada acerca do surgimento do ESDE e da estranha resistência das elites do movimento espírita em adotá-lo.
O EADE, mais recente (2006), tem como objetivo “propiciar o conhecimento aprofundado da Doutrina Espírita no seu tríplice aspecto: religioso, filosófico e científico e favorecer o desenvolvimento da consciência espírita, necessário ao aprimoramento moral do ser humano”. Observa-se na estrutura programática desse curso uma forte ênfase no estudo dos evangelhos canônicos e, por consequência, na reafirmação do espiritismo religioso.
Luciano dos Anjos considera o Estudo Avançado da Doutrina Espírita (EADE) - e aí o exagero, a meu ver - um pós-graduação em Espiritismo. O ESDE seria a graduação.
Da extensa argumentação empregada por Luciano para atacar o estudo sistematizado, destaco sua afirmativa de que "sistemático nada tem a ver com sistematizado" e que “Assim, pois, confirmo que estudo

sistemático tem todo o meu apoio”. Então, se “sistemático” significa “metódico” e “ordenado”, o ESDE é um estudo sistemático.

Não entendo essa implicância do respeitado pensador. Muito menos sua preocupação quanto à “sutil perspectiva de dominação das consciências pela nova escolástica espírita”. “Ampliar a tarefa de divulgação das obras básicas da doutrina” é dever de todos – diz Luciano. E não é isso o que o ESDE faz? Acredito que tão importante quanto distribuir, vender ou propiciar a oportunidade de leitura dos livros básicos, é estimular e orientar a formação de grupos que estudem o espiritismo, dentro ou fora dos centros espíritas.
Claro que a metodologia precisa ser melhorada. O ESDE surgiu no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre (CCEPA), parcialmente inspirado no COEM, conhecido método desenvolvido pelo Centro Espírita Luz Eterna, de Curitiba, mas hoje só é utilizado nos grupos de iniciantes, com a denominação de Ciclo Básico de Estudos Espíritas (CIBEE). Os grupos mais antigos definem sua própria programação, envolvendo temas ou obras espíritas, empregando metodologia problematizadora – e não, meramente, transmissora de conhecimentos -, que contempla a pesquisa, o debate, a abordagem crítica, geralmente resultando em seminários que reúnem os trabalhos dos diversos grupos.
Não posso concordar, portanto, com essa história de que o estudo sistematizado – ou sistemático, ou aprofundado, tanto faz – seja uma “ideia sinistra”.
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(*) Economista (63), vice-presidente do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre (CCEPA) e da Associação Brasileira de Delegados e Amigos da Confederação Espírita Pan-americana (CEPA Brasil), ex-presidente da FERGS e um dos criadores do ESDE, lançado pela FERGS, em 1978.
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Opinião do leitor
Ante a Tragédia
Cumprimentos pelo excelente editorial do Opinião de Janeiro/fevereiro-2010. Todas as tragédias que ocorrem no mundo são interpretadas como "castigo" de Deus. Em nosso meio espírita, seguindo a linha judaica-cristã, Deus está por traz de tudo. Os fenômenos naturais, como os da acomodação das placas tectônicas, ocorridas no Haiti, quando foram ceifadas inúmeras vidas, os saberetas atribuem como pagamento de débito de existências passadas. Precisamos repensar essa ideia de Deus mandando tsunami, terremotos para castigar a Humanidade.
Foi muito feliz na sua exposição. Aprovo totalmente sua argumentação. Perfilho no mesmo entendimento.
Também concordo e aplaudo a matéria do Opinião em Tópicos que versou sobre Espiritismo e Bíblia.

José Lázaro Boberg – Jacarezinho/PR.

II Encontro dos Amigos da CEPA no Brasil
Quero parabenizá-los pela matéria de capa da última edição do jornal Opinião, anunciando o Encontro dos Amigos da CEPA em Bento Gonçalves. Ficou ótima
Aproveito também para cumprimentar e desejar muito sucesso a Rui Nazario, a Salomão Benchaya e demais companheiros da nova Diretoria do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre.

Adão Araújo – Lar da Caridade, Bento Gonçalves/RS.