terça-feira, 18 de junho de 2013

OPINIÃO - ANO XIX - Nº 208 - JUNHO 2013

Os Fenômenos de Scole

Na transição dos Séculos XX e XXI, a Inglaterra voltou a ser cenário de importantes fenômenos psíquico/mediúnicos acompanhados por cientistas da Sociedade para a Pesquisa Psíquica. 

 
Grupo
Não fosse o registro feito em minucioso artigo de Marcelo Coimbra Régis, publicado em 2009, no site do Instituto de Pesquisa Científica Espírita - http://ipce-ce.blogspot.com.br/2009/03/os-fenomenos-de-scole.html - provavelmente, nenhum setor do espiritismo brasileiro tivesse sequer tomado conhecimento do extenso relatório conhecido na Grã Bretanha como “The Scole Report”. O documento ocupa-se de fenômenos mediúnicos de efeitos físicos na vila de Scole, sudoeste de Londres, ocorridos num período de cinco anos, entre 1993/98. O Grupo Experimental de Scole, como passou a ser conhecido, foi formado a partir do interesse do casal Robin e Sandra Foy. Ele, um piloto da Força Aérea Inglesa e ela, dona de casa, pesquisavam, havia mais de 15 anos, fenômenos dessa natureza. Juntando-se a outro casal, Alan e Diana Bennett, dotados ambos de acentuada mediunidade de efeitos físicos, e mais alguns eventuais integrantes, o casal Foy deu origem ao grupo que não mantinha ligação com qualquer denominação religiosa. Mostrando-se inteiramente aberto à investigação científica, o grupo convidou cientistas da Society for Psychical Research (SPR) de Londres para acompanhar os trabalhos.

 A Equipe Espiritual
O caráter de seriedade mantido pelo grupo permitiu-lhe atrair o concurso de uma equipe espiritual igualmente séria e disposta a dar contribuições em diferentes áreas. Alguns dos espíritos demonstravam bom nível de conhecimentos científicos. Outros se interessavam por filosofia. Um terceiro grupo encarregou-se de transmitir aspectos pitorescos sobre a vida no plano espiritual. O casal de médiuns, Alan e Diana, durante os trabalhos, permanecia habitualmente em transe profundo e fornecia ectoplasma para ricos e diversificados fenômenos como: levitação de objetos, voz direta transmitindo mensagens, transporte de objetos, transcomunicações registradas em vídeos e áudios, fotografias e luzes paranormais, etc.

A ação da SPR deu-se pela ativa participação dos pesquisadores Mortague Keen, Arthur Ellison e David Fontana, que, ao final, a partir da gravação de mais de 200 sessões, produziram The Scole Report, documentando a atividade dos cinco anos do grupo. No documento, os cientistas confirmam a autenticidade do fenômeno. A SPR, seguindo a linha de não concluir coletivamente, teve o cuidado de não declarar que os trabalhos atestassem a certeza da sobrevivência do espírito, mas deixou claro o apoio ao grupo, pela participação de seus membros.

Para saber mais:
Recomenda-se a leitura do artigo de Marcelo Coimbra Regis, no site acima referido, que traz fontes de pesquisa sobre os fenômenos e o relatório.
Livro “Experimento Scole”, de Grant Solomon e Jane Solomon, traduzido para o português, consta do catálogo http://www.submarino.com.br/produto/190421/livro-experimento-scole. 

   



O fenômeno a serviço da ciência
Sem ser um país onde o espiritismo, tal como o conhecemos, haja se desenvolvido, a Inglaterra tem uma história rica e extensa no campo da pesquisa científica dos fenômenos espiríticos. Personagens como William Crookes (1832/1919), Arthur Conan Doyle (1859/1930) e W.J.Crawford (1890/1930), entre outros, trouxeram, na virada dos Séculos 19 e 20, importantes contribuições, aptas a oferecer subsídios às teses filosóficas da imortalidade do espírito e de sua comunicabilidade com o mundo material.
Em nossa cultura, e desde que a proposta espírita foi tomada essencialmente como uma religião, a mediunidade, apesar de se constituir em fenômeno responsável por relevantes serviços que qualificaram e trouxeram respeitabilidade ao espiritismo, sofreu um gradual processo de distanciamento da experimentação científica. Na medida em que mediunidade e espiritismo passaram a ser tidos e havidos como, respectivamente, culto e religião, a ciência não se sente estimulada a pesquisar o fenômeno. Internamente, bordões do tipo “mediunidade com Jesus”, “mediunidade a serviço da caridade”, embora apontem para uma respeitável ação em favor do semelhante, não podem e não devem fechar portas à interconexão do fenômeno com a ciência.
Grupos mediúnicos de perfil essencialmente espírita não devem se sentir impedidos de se oferecer como objeto de pesquisa científica, tal como o fez o Grupo de Scole. O fato de não dispormos, sempre e facilmente, em nosso meio, de recursos acadêmicos ou pessoas especializadas em metodologias de pesquisa científica, não nos impede de oferecer àquelas instâncias especializadas o que de melhor possuímos: material humano dotado de amor ao semelhante e de interesse no desenvolvimento do conhecimento do fenômeno mediúnico para o bem da humanidade.  Isso não desqualifica o espiritismo. Também não afasta o médium de seu compromisso ético e espiritual. Qualifica-os e ajuda a fazer do espiritismo um movimento de renovação de ideias a serviço do Planeta. Como sonhou Kardec.
Fenômenos psíquicos da qualidade de alguns que se desenvolvem nas casas espíritas, embora, prudentemente, devam ser colocados a salvo de tentativas de espetacularização ou de vulgarização midiática, não devem ser tratados como rituais sagrados, praticados secretamente por alguns iniciados. Entendendo isso, talvez contribuamos com mais facilidade para que a pesquisa científica em torno do fenômeno espírita deixe de ser fato a ressurgir, episodicamente, a cada 100 anos, e apenas na Inglaterra, para depois novamente ser esquecido. (A Redação).

 
 

A atualização prossegue
“Não deve o espiritismo fechar as portas a nenhum progresso,
sob pena de suicidar-se". Allan Kardec – Obras Póstumas.

O segmento brasileiro ligado à Confederação Espírita Pan-Americana – CEPA - viveu um momento dos mais significativos de sua história, ao início deste mês. A realização do III Encontro Nacional da CEPABrasil, promovido pela Associação Brasileira de Delegados e Amigos da Confederação Espírita Pan-America, em João Pessoa/PB, ratificou e fortaleceu seu caráter manifestamente progressista.
Progresso significa renovação de ideias e atitudes. Renovação, no campo do conhecimento e da ação, leva, necessariamente, ao compromisso com a atualização. Desde a realização do XVIII Congresso Espírita Pan-Americano, em Porto Alegre, no ano 2.000, a CEPA trabalha, objetiva e claramente, uma proposta de atualização do espiritismo. Embora isso incomode os segmentos mais conservadores do movimento, atualizar também significa assumir uma postura crítica sobre ideias e atitudes até aqui coletivamente construídas e praticadas no próprio seio do movimento. Ou seja: atualizar implica debruçar-se sobre o próprio pensamento, abrindo janelas que o arejem, revitalizem-no e o impeçam de se fechar em si mesmo. 
Diferentemente das religiões, que se dizem revelações da divindade, o espiritismo é uma construção genuinamente humana. Resultado direto e progressivo da interlocução entre o que Allan Kardec classificou como a “humanidade encarnada” e a “humanidade desencarnada”, o espiritismo admite a pluralidade das fontes de atualização. Sua filosofia parte da ideia central da sobrevivência do espírito, sua imortalidade, comunicabilidade e evolução. A partir desses princípios básicos, o espiritismo promove – ou deve promover – o diálogo com todas as áreas do conhecimento e se enriquece com ele. Supor que a atualização do espiritismo deva ser feita, exclusivamente, por aquilo que, nos centros espíritas, ditarem espíritos tidos por seus sistemas institucionais como “superiores” será pensar pequeno, reduzindo-o a uma seita.
O evento que a CEPABrasil realizou em João Pessoa teve como meta contemplar o importante universo das chamadas “questões sociais” numa perspectiva imortalista, reencarnacionista e evolucionista: espírita, pois. Ainda que ricamente contemplado n’O Livro dos Espíritos, em capítulos como os da Lei do Trabalho, Lei de Sociedade, Lei de Igualdade e Lei do Progresso, o tema restou um tanto esmaecido no meio espírita. As práticas cristãs historicamente referendadas como exercícios de “caridade”, herdadas pelo movimento aqui autodenominado “espiritismo cristão e evangélico”, distanciaram-se de políticas mais modernas de efetiva promoção humana e construção da cidadania. E, no entanto, estas são movimentos indubitavelmente progressistas da humanidade.
As ciências sociais têm muito a oferecer ao espiritismo. Já o espiritismo, por sua filosofia, pode iluminá-las, conferindo ao fenômeno da vida social um novo sentido e uma ampliada dimensão. O intercâmbio do espiritismo com a ciência social e o efetivo engajamento dos espíritas na práxis social a ambos qualifica. Aponta, ademais, para o rumo da atualização, caminho que, se não trilhado pelo espiritismo, implicará em seu progressivo desprestígio, quando não no próprio suicídio, como alertou Allan Kardec.


 



Individualismo e psicologismo
Acaba de acontecer o III Encontro Nacional da CEPABrasil,  em João Pessoa, com o oportuno tema “As Questões Sociais sob s Perspectiva da Filosofia Espírita”. Luiz Signates, professor de Comunicação Social da Universidade de Goiás, defendeu, na conferência de abertura, a tese de que, nós, espíritas, precisamos romper com a fase do individualismo e do psicologismo onde estamos confinados. A forte influência Chico/Emmanuel, segundo o conferencista, nos legou esse estágio que necessitaríamos superar para começarmos, finalmente, a construir uma genuína filosofia social espírita.

As duas alternativas
A abordagem conduz a uma indagação filosófica e sociológica de alguma relevância, sugerindo, assim, duas alternativas:

Opção 1 - É o indivíduo, mediante seus valores e procedimentos morais, que modifica a sociedade?
Opção 2 - Ou, ao contrário, serão os organismos e movimentos sociais os verdadeiros vetores das grandes transformações que acabam, por sua força atrativa e contagiante, transformando as consciências individuais?
O modelo com o qual nos acostumamos é aquele segundo o qual devemos trabalhar, precipuamente, em prol de nossa “reforma íntima”. Indivíduos treinados, na intimidade do seu ser, em sacrificiais processos de aquisição de virtudes, dariam lugar, por via de consequência, a sociedades virtuosas.

 A força dos movimentos sociais
Os tempos que correm, ricos em movimentos sociais que vicejam e se desenvolvem no seio generoso do estado democrático de direito, parecem apostar na segunda das duas alternativas. Ou seja: o progresso do direito, da ética, as grandes transformações sociais, estão, basicamente, vinculados à ação coletiva, à inserção do indivíduo nos organismos sociais. É por aí que as coisas estão acontecendo. Provavelmente, o trabalho solitário de burilamento moral do indivíduo não debelasse, com igual eficiência e celeridade, os preconceitos e distorções que alimentamos por milênios e que, em nosso tempo, parecem começar a ser derrubados. Racismo, homofobia, intolerância religiosa, corrupção política, privilégios corporativos e classistas, coisas que achávamos pudéssemos debelar pela soma de indivíduos intimamente reformados, mostraram-se resistentes. Entretanto, por um fator que Kardec denominaria como “a força das coisas”, a necessidade do combate àquelas chagas sociais, mediante movimentos organizados, parece, agora, invadir o âmago da alma de cada um, operando efeitos em nossa própria intimidade.
 
Filosofia social espírita
É claro que essas posturas tão próprias da pós-modernidade não invalidam os esforços individuais em prol do autoconhecimento e da transformação ética pessoal. Mas convidam, sem dúvida, o espírita a sair do casulo e empreender voos ao lado de segmentos sociais que têm se mostrado mais audaciosos. Há que se levar em conta, por fim, que os fundamentos filosóficos da imortalidade, da reencarnação e da evolução, por nós aceitos, são estímulos à crença na Humanidade e na sua capacidade de transformar-se para melhor, movida pela ação coletiva e solidária. E que esses fundamentos, aliados à efetiva integração aos bons movimentos sociais, poderá dar lugar a uma autêntica filosofia social espírita que, segundo Signates, ainda está por ser construída.
 
 


Tudo está no seu lugar,
graças a Deus

Carlos Grossini, administrador hospitalar e pensador espírita (Porto Alegre/RS).
O cantor Benito di Paula fez muito sucesso com uma música nos anos 70 que tinha este refrão – Tudo está no seu lugar, graças a Deus, graças a Deus. Não devemos esquecer de dizer, graças a Deus, graças a Deus...
Se as coisas estão no seu lugar, não significa dizer que estão no lugar que deveriam estar, estão no lugar que podem estar no momento.
Mas como?
E Deus nesta estória?
Como permite isso?
Como Ele sendo tão inteligente justo e soberano, permite que algo esteja no lugar que pode e não no lugar que deve estar?
Bem, por enquanto não falaremos de Deus, focamo-nos nos homens, depois chegaremos a Ele.
Um olhar mais crítico de nossa sociedade choca-nos em alguns momentos.
 Percebemos um descolamento do conhecimento do homem com algumas de suas práticas ainda tribais, cavernícolas e tudo mais que possamos relacionar com o primitivismo da humanidade.
Referimo-nos ao egoísmo e ao orgulho, ambos hoje mais refinados do que em tempos passados, mas ainda muito presente em nós.
Nós queremos é nos dar bem, se possível sem prejudicar aos outros, mas se for necessário fazemos o que tem que ser feito para atingirmos os nossos objetivos...
Há exceções pontuais, felizmente nem todos pensam assim, entretanto estes são uma pequena minoria que passa quase despercebida dada a sua desproporcionalidade.
O homem é isto, e tudo o que está acontecendo a nossa volta reflete isto.
Por isto tudo está no seu lugar, graças a Deus.
Não cabe a Deus fazer a nossa parte, ele não fica corrigindo pontualmente os nossos erros, ele está noutra.
Deus criou o universo e suas leis justas e inteligentes, deu-nos a liberdade para descumpri-las, e aguarda pacientemente as nossas descobertas muito lentas e necessárias.
Sedimentar este conceito de Deus é uma dura tarefa que nos coloca frente às nossas responsabilidades cada vez mais.
É uma libertação, e ao mesmo tempo uma constatação aparentemente desamparadora.
Nós que imaginávamos que Deus estava nos conduzindo, percebemos de uma hora para outra que de certa forma estamos sós.
Como pode isto?
Nosso mundo cai diante desta ideia.
Mas ressurgimos logo adiante descobrindo que na verdade nunca estamos sós, e que nunca fomos guiados para aonde não desejávamos.
Estamos soltos e ao mesmo tempo amarrados às Leis divinas.
Temos a liberdade e a responsabilidade pelos nossos destinos em nossas mãos, de acordo com as Leis de Deus.
Como é duro descartar os antigos conceitos de um Deus paternalista, para um Deus supremamente justo e bom.
É um caminho sem volta, que nos dá outra interpretação à frase – Tudo está no seu lugar, graças a Deus - , ao invés de dizermos: Tudo está no lugar, graças a Deus! -  o que é bem diferente.
O que estará fazendo Deus neste momento?
Arriscamos um palpite.
Observa-nos e espera-nos, pacientemente.
Ele está seguro de já ter feito o que devia.
E nós, será que já fizemos o mesmo?
Pensamos que não.
Por esta razão é tão duro observarmos o mundo a nossa volta.
Por esta razão é impossível ainda ser paciente.
Então, tudo está no seu lugar, graças a Deus que deu ao homem a liberdade.





O Sul no Nordeste
Uma delegação de dez integrantes (foto) do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre e da Sociedade Espírita Casa da Prece, entidades gaúchas filiadas à Confederação Espírita Pan-Americana, prestigiou o III Encontro Nacional de Delegados e Amigos da CEPA, em João Pessoa, no período de 30 de maio a 2 de junho. O presidente do CCEPA, Milton Medran Moreira, foi expositor do tema “A Filosofia Espírita: da Teoria à Prática”, painel coordenado por Homero Ward da Rosa, dirigente da Casa da Prece.
USSECE tem nova Diretoria
A União das Sociedades Espíritas do Estado do Ceará, entidade adesa à CEPA, que congrega mais de 50 centros espíritas cearenses, elegeu e empossou, sua nova Diretoria Executiva, tendo na presidência Hermínio Júnior(foto). Na comunicação enviada, Hermínio, que sucede Maria do Socorro Rocha, em cuja gestão a USEECE aderiu à CEPA, manifesta os propósitos dos novos dirigentes de continuar “a caminhada iniciada pelos companheiros” a quem sucederam, “no propósito de contribuir com novas ideias, união de esforços, novos projetos, contando sempre com o apoio dos amigos da CEPA”.

A USEECE participou do III Encontro dos Delegados e Amigos da CEPA, em João Pessoa, com três representantes: Fernando Rocha, Maria do Socorro e André Luiz.

 
Palestras Públicas no CCEPA em julho

 - Dia 1º/7 -20h20min – “A Questão de Deus no Espiritismo, com Rui Paulo Nazário de Oliveira.

- Dia 17/7 – 15h – “A Filosofia Espírita no Mundo Líquido-Moderno”, com o professor Jerri Almeida.

 




Justiça não é Vingança
O “Opinião em Tópicos” de maio (“Justiça não é Vingança”) como sempre foi um show de bola! Trabalho em áreas de risco no Grande Rio de Janeiro e essa questão está além de simplesmente "mandar logo um tiro" para se resolver a violência. A estrutura disso é enorme e demanda muitas frentes de trabalho.
A violência existe sim e em grandes proporções. O caso é grave e já existe há muito tempo. Só que agora ganhou visibilidade midiática com fins políticos. Triste constatação. E vingança não vai resolver o problema e, a nossa justiça, é vingativa e corrupta.
Mas, uma das respostas para a cura dessa doença social está no próprio texto de Medran:: "estamos todos comprometidos uns com os outros". Enquanto isso não se tornar verdadeiro em nós não vai adiantar reclamar da escola, de falta de disciplina, da falta de Deus, da falta de "moral e cívica" (afimaria: civismo ortodoxo!), de redução da maioridade penal e etc. Ainda nos colocamos apartados da sociedade como se fôssemos "melhores e evoluídos" e acima de qualquer relação com a violência  e a  crueldade. Só que não!
Não estou aqui justificando qualquer ato ou fato, nem aprovando a violência e nem passando a mão na cabeça de quem pratica. Mas estou buscando a reflexão para o nosso lado da responsabilidade na grande formação coletiva.
Marta Valéria – Niterói/RJ.

Maioridade Penal
Concordo com a discussão de que não é aumentando a faixa de inclusão dentre as maiores penalidades que melhoraremos o mundo. Trabalhei em Centro Educacional para adolescentes infratores, previsto no ECA. Pouco se mudou em relação à estrutura de apoio a estas organizações. A questão é estrutural, é a política de "recuperação" ou de "oportunidade" para realmente esses jovens terem condições de encontrar seu caminho. Muitos foram criados em um ambiente de desprezo ao ser humano, sem consideração, sem humanidade. É necessário sim, reconhecer que não podemos continuar com presídios onde os presos passam o tempo a "olhar para o tempo", sem atividades de leitura, de produção, de aprendizagem. É necessário que os juízes respeitem os trabalhos das equipes que estão no cotidiano das organizações. Acho que as cadeias ficarão superlotadas e as oportunidades de mudança serão ainda menores.
Verônica Fernandes – Recife/PE.