segunda-feira, 12 de setembro de 2011

OPINIÃO - ANO XVIII - N° 189 - SETEMBRO 2011

Novo Mapa das Religiões no Brasil revela:

Queda do catolicismo e crescimento dos evangélicos e dos sem-religião
Embora o IBGE não tenha ainda disponibilizado os dados relativos ao censo oficial de 2010 sobre religião, o Centro de Políticas Sociais (CPS) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) acaba de divulgar pesquisa esboçando o novo mapa das religiões no país, com dados levantados em 2009.

          Catolicismo em queda livre
          O Brasil já foi um país quase 100% católico. No primeiro registro censitário, de 1872, 99,72% dos brasileiros se declaravam católicos. A partir de então, em cada levantamento, o número se reduzia, enquanto se ampliava a presença de outras crenças no cenário religioso do país. Foi, no entanto, nas décadas de 1980 e 1990 que mais se acentuou a queda, numa proporção de 0,5 a 1 ponto percentual por ano. Assim, em 1980 o número de católicos era de 89%, caindo para 83,3% em 1991. O censo do IBGE de 2.000 registraria um índice de 73,89% de católicos no Brasil. Agora, o levantamento da FGV acusa mais uma sensível queda: apenas 68,4% dos brasileiros, ouvidos na pesquisa feita em 2009, se declararam católicos.

          Sem-religião e evangélicos: tendência de crescimento
          O novo mapa das religiões desenhado pela Fundação Getúlio Vargas confirma a tendência já registrada no censo de 2000: evangélicos, englobando os tradicionais, os pentecostais e os neopentecostais, de um lado, e os sem-religião, de outro, seguem a tendência de crescimento.
No censo de 2.000, 15,4% dos brasileiros disseram-se evangélicos. A pesquisa agora divulgada registra um percentual de 20,2% desse segmento religioso que é o que mais cresce. O estudo enfatiza ainda o fato de a religião, no Brasil, se haver tornado “um produto de exportação”, sendo comum assistirem-se a programas evangélicos, apresentados por brasileiros, em canais de televisão de “países tão distintos como Índia, México e Nicarágua”.
Relativamente aos sem religião, o censo de 2.000 já registrara um expressivo crescimento com o percentual de 7,4%.  A nova pesquisa da FGV mostra uma leve queda desse percentual: 6,72% declararam não pertencer a qualquer religião. Mesmo assim, houve um crescimento desse segmento tomando-se por base anterior pesquisa da própria FGV, em 2003, onde 5,3% haviam se declarado sem religião.
 Espiritualistas/espíritas: um contingente pequeno, mas     diferenciado pela maior escolaridade
A pesquisa insere os espíritas dentro de um segmento maior, definido genericamente como “espiritualistas”. Vital Cruvinel (São Carlos/SP), coordenador do Grupo de Discussão da CEPA, na Internet, postou na lista alguns dados por ele extraídos do estudo da FGV, sobre a evolução numérica desse segmento, nas últimas décadas. Assim ,diz, “entre os brasileiros, os espiritualistas representavam 1,12% em 1991, 1,35% em 2000, e 1,65% em 2009”. Desse último percentual os espíritas participam com 1,59% e ocupam a quinta posição no ranking das denominações religiosas”, segundo apurou Vital.
Dado significativo, entretanto, continua sendo o de que, dentre os diferentes segmentos religiosos, os espiritualistas/espíritas são os que maior escolaridade apresentam Registra Vital Cruvinel, com base na pesquisa: “Entre os espiritualistas 73,9% têm 8 anos ou mais de estudo”, e comenta: “Este é o maior percentual entre todos os agrupamentos religiosos”.
Para saber mais:  http://www.fgv.br/cps/religiao




Espiritualistas e livre-pensadores
Genericamente, o termo “espiritualista” deveria alcançar todas as religiões. Indica a aceitação da natureza espiritual do ser, o que, teoricamente, é comum a todas as religiões. Sabe-se que não é assim, entretanto. O mundo pós-moderno, pouco a pouco, abandona a fé religiosa. Se, no Brasil, por exemplo, quase 70% da população ainda se diz católica, não é mais pela crença nos dogmas fundamentais daquela fé, mas meramente por tradição e convenção social. Nem o crescimento acelerado das novas crenças evangélicas está a indicar uma busca de espiritualidade. Trata-se, claramente, de uma religião “de mercado”, com forte apelo ao progresso material, à conquista de posições econômicas, sociais e políticas, seguindo as regras um mundo competitivo. A fé por ela apregoada não é mais que meio para o sucesso. Daí seu exitoso crescimento.
Já a tendência de crescimento dos “sem-religião” inspira-se no desejo de liberdade, de libertação do dogmatismo e de consolidação do livre-pensamento. Esse segmento não deve, necessariamente, ser visto como em posição contrária ao espiritualismo. Livres pensadores e arreligiosos podem, perfeitamente, ser espiritualistas, e frequentemente o são.
Eis aí um sutil elo de ligação entre as categorias que as pesquisas denominam, respectivamente, “sem-religião” e “espiritualistas”. Juntas, elas talvez apontem para uma tendência dos novos tempos: a espiritualidade desvinculada da fé religiosa. No entanto, para que, na prática, elas se aproximem, será fundamental desvincular espiritualismo, e, pois, o próprio espiritismo, de religião.
Esse é um desafio para o nosso tempo. Fundamental à própria identidade do espiritismo e sua inserção no mundo contemporâneo. As pesquisas parecem indicar que não há mais espaço para a expansão do espiritismo, dentro do setor religioso. Este é ou formalista e dogmático, ou mercadológico e imediatista. Convenhamos que nenhuma dessas características serve ao espiritismo, uma filosofia genuinamente espiritualista, adogmática e livre-pensadora, cujo real crescimento se mede pela libertação de consciências e não pelo número de aderentes formais. (A Redação)


Há 10 anos
Não olheis para o céu à procura de sinais anunciadores, pois não o vereis (...)  Olhai, porém, à vossa volta, entre os homens, e lá os encontrareis”. (“Regeneração da Humanidade”, Obras Póstumas, de Allan Kardec.)
Fatos marcantes na vida de todos nós são sempre relembrados com detalhes precisos de tempo, lugar e circunstâncias. Assim foi com o 11 de Setembro de 2001. Cada cidadão minimamente conectado com o mundo, com certeza, saberá dizer onde estava, o que fazia e como tomou conhecimento do trágico atentado às torres gêmeas do World Center de Nova York, naquele fatídico dia.
Quem sabe, simbolicamente, aquele episódio da mais grotesca estupidez humana, ocorrido no 9º mês do 3º milênio da era cristã, possa ser visto, mais adiante, como o parto de um novo tempo das relações humanas e internacionais. Afinal, como diz a questão 785 de O Livro dos Espíritos, “no mundo moral, como no mundo físico, do mal pode surgir o bem”. Não há dúvida, entretanto, que as raízes desse brutal episódio foram adubadas por milenares sentimentos de ódio e intolerância nascidos de preconceitos raciais, culturais e religiosos. Seus efeitos imediatos, e que ainda se arrastam, assumiram proporções tão danosas e irracionais como o próprio atentado. A partir dele, incrementou-se a ação bélica norte-americana, inspirada em resquícios da ideologia fundamentalista cristã. Logo ocorreriam as invasões do Afeganistão (2001) e do Iraque (2003). Uma onda de terror, em diferentes partes do globo, foi se espalhando, rapidamente. Em 2004, bombas foram detonadas em Madri. No ano seguinte, em Londres, um grave atentado ao transporte público foi perpetrado por muçulmanos britânicos protestando pela colaboração do Reino Unido às campanhas militares dos Estados Unidos no mundo árabe. Por diferentes motivos, atos terroristas semelhantes ocorreriam também em Moscou, motivados pela ocupação russa à Chechênia. O Planeta, enfim, foi tomado pela insanidade. O terror começou a mudar a face do mundo. Uma onda de pânico, de desconfianças mútuas, de insegurança, marcariam a década. Tudo em decorrência direta do atentado, o que lhe aumenta o significado histórico conferindo-lhe, quem sabe, a condição de marco inicial de um novo tempo.
Somos, enfim, partícipes de um tempo singular da História. Fundamentalismos políticos e religiosos, intolerância, desrespeito aos princípios mais fundamentais da dignidade humana, vez por outra, rompem as barreiras do bom senso e se sobrepõem a todos os valores civilizatórios até aqui construídos e normatizados. Vivemos num mundo de valorações éticas desiguais, e, assim, profundamente heterogêneo. Determinados indivíduos e coletividades mostram-se ainda incapazes de assimilar aqueles valores positivos, filosoficamente concebidos pela História, e que já são naturalmente vivenciados por outras pessoas e agrupamentos.
Talvez seja exatamente essa heterogeneidade o que melhor identifica os chamados mundos “de provas e expiações”. Episódios tão trágicos bem que poderão ser, também, as dores do parto de uma nova civilização. Um dia o humanismo terá que suplantar a fé irracional. A filosofia nascida da crença nos valores intrínsecos do espírito humano e de sua destinação à solidariedade, ao afeto, à igualdade de direitos e deveres, um dia terá que se sobrepor aos fanatismos políticos e religiosos geradores das guerras e do terrorismo.
Impossível esquecer o 11 de Setembro de 2001. Será para todo o sempre um fato marcante da história do Planeta. Bem melhor que não houvesse acontecido. E não teria, de fato, ocorrido não fosse a insensatez dos homens. Foi obra deles e não de Deus. Já que aconteceu, entretanto, tomara que seus efeitos sejam minimamente úteis ao sonhado processo de regeneração da humanidade. Regeneração que, também, não há de vir como um presente dos céus. Dependerá da ação livre e consciente dos seres humanos. O homem escreve sua história.
    
         



         


O dilema de Kardec
          Allan Kardec foi um homem de seu tempo. A ideia fundamental do século em que viveu era a do progresso. Todas as grandes filosofias do Século XIX, do espiritualismo ao socialismo, passando pelo positivismo, alimentavam inabalável crença no progresso da humanidade. O socialismo via na luta do proletariado o caminho para uma sociedade mais justa. O positivismo vislumbrava no conhecimento científico a extirpação da ignorância e da superstição. Já o espiritismo, aplicando as leis da evolução à trajetória do espírito, definia a sociedade humana como em contínua ascensão ética.
          Mesmo defendendo, teoricamente, o princípio do sucessivo aprimoramento moral da humanidade, Kardec, entretanto, se deparava com um aparente dilema. Diante das chagas morais de seu tempo, questionou: “A perversidade do homem é imensa. Pelo menos do ponto de vista moral, não parece que ele recua, em vez de avançar?” (q.784 L.E.)

          O excesso do mal
          Na resposta ao dilema kardeciano, os espíritos buscaram serená-lo: “Enganas-te”, disseram-lhe, acrescentando: “Observa bem o conjunto e verás que ele (o homem) avança, pois melhor compreende o que é mal, e dia a dia vai corrigindo os abusos. É preciso que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas”.
          Com a resposta, os interlocutores espirituais de Allan Kardec mostravam que a evolução moral da humanidade não é linear, nem homogênea. Que, não exatamente de acordo com o ideal do Século XIX, o progresso viria, sim, mas a custa de duros golpes e de alguns retrocessos que só confirmariam a necessidade de avançar.

          Antes e depois de Kardec
          Antes dele, a chamada civilização ocidental passara pela violência das teocracias. Mancomunados, reis e papas disseminaram o ódio, com suas guerras santas. As cruzadas, a inquisição, o absolutismo, a escravidão, a violação sistemática dos direitos fundamentais do ser humano, marcaram os séculos que precederam a vida de Kardec. Depois dele, duas sangrentas guerras mundiais, o holocausto, a destruição atômica, a guerra fria, o terrorismo. Mas, em contrapartida, os esforços mundiais em prol do Estado Democrático de Direito, da união das nações com base no respeito às diferentes culturas e crenças, da luta pela emancipação das minorias, da libertação feminina, da ecologia, dos estatutos em defesa das crianças, idosos, deficientes. Mesmo com esses avanços, a presença avassaladora do crime organizado e a corrupção política são fatos que conduzem à generalizada descrença no progresso humano.

          Capacidade de indignação
          É possível que o mal não tenha chegado ainda ao excesso. Mas, por todo esse tempo, desenvolvemos, coletivamente, uma acurada capacidade de indignação que reclama por mudanças, inclusive em nós próprios. A experiência está mostrando que não há outro caminho ao progresso que não o da ética. Isso é avanço, e muito significativo. Os espíritas não podemos compactuar com a conclusão apressada de que o mundo está perdido e de que o ser humano se degrada. Atentos às observações dos espíritos a Kardec, aprendamos a olhar o conjunto e, a partir dele, vislumbrar um futuro necessariamente melhor. Não deixemos que o patrimônio legado pelo Século XIX, onde se consolidou o humanismo e se desenvolveu a crença no progresso, se perca. Justamente agora, que já somos capazes de aquilatar os efeitos nocivos do mal e já temos, em profusão, meios capazes de dar voz à nossa indignação.




     


     
     Na primeira segunda-feira do mês, 
     você é nosso convidado
          A atividade da primeira segunda-feira de setembro no CCEPA oportunizou interessante debate sobre a corrupção, suas causas e consequências. A partir da exposição de Donarson Floriano Machado do tema da noite – “Corrupção: como combatê-la? A contribuição espírita”, vários participantes contribuíram com suas opiniões.
          Na primeira segunda-feira de cada mês, às 20h30, o auditório do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre (Rua Botafogo, 678) abre suas portas ao público para uma atividade especial. O expositor do mês de outubro (dia 3 – data que assinalará o 207º aniversário de nascimento de Allan Kardec) será Aureci Figueiredo Martins, dirigente do Instituto Espírita 3ª Revelação Divina – IETRD – de Porto Alegre.

      Questões da atualidade na ótica 
      de um pensador espírita
                       
           O site “PENSE – Pensamento Social Espírita” – www.viasantos.com/pense – acaba de disponibilizar novas e interessantes matérias sobre temas correlatos a espiritismo e questões sociais. Com o título “O Espiritismo e as Questões de Nosso Tempo”, Eugenio Lara publica longa entrevista com o editor deste jornal, advogado e jornalista Milton Medran Moreira, que aborda temas polêmicos como as relações entre espiritismo e justiça, espiritismo e comunicação social, relações homoafetivas, casamento homossexual e as propostas de Jaci Regis, envolvendo o que chamou de “espiritismo pós-cristão”.
          No site foram inseridos também trabalhos de: Amilcar Del Chiaro Filho (Espiritismo e Sociedade), Ciro Pirondi (A Filosofia Espírita e as Fronteiras do Conhecimento); Ricardo Nunes (Consciência, Virtude e Liberdade sob a Perspectiva da Tradição Filosófica Ocidental e do Espiritismo); e Reinaldo Di Lucia (Fundamentos da Ética Espírita).
          A entrevista com Medran pode também ser lida no blog do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre: www.ccepa.blogspot.com .


O Patinho Feio

 Eugenio Lara, arquiteto e jornalista, é editor do site PENSE-Pensamento Social Espírita [www.viasantos.com/pense] e membro-fundador do CPDoc - Centro de Pesquisa e Documentação Espírita.      E-mail: eugenlara@hotmail.com


       O que separa radicalmente o Espiritismo da grande maioria das correntes espiritualistas, especialmente as de natureza esotérica e iniciática, é a mediunidade. As correntes de origem esotérica procuram interpretar o fenômeno mediúnico descartando sua origem na ação de espíritos, de seres humanos desencarnados. Desde a teoria dos cascões astrais, da Teosofia à tese da Gnose, de que na comunicação mediúnica são os egos do “médium” que se manifestam, e não espíritos, o que observamos é sempre a tentativa de repelir o fato mediúnico, a ação dos espíritos através da mediunidade.
No cristianismo, provavelmente um dos responsáveis pela postura antiespírita dos esotéricos, não poderia ser diferente. Desde o exorcismo surgido na Idade Média às manifestações do “Espírito Santo” nas igrejas evangélicas e em cultos católicos vinculados à Renovação Carismática, podemos observar autênticos fenômenos medianímicos, que deveriam ser pesquisados e estudados pelos cientistas espíritas ou por alguém preparado que se interesse pelos fenômenos psíquicos, psicobiofísicos, “sobrenaturais”. Os cristãos abominam a prática mediúnica, “obra do Demônio”, proibida por Deus, segundo eles e entendem que os fenômenos de xenoglossia, de psicofonia, cura, vidência, são obra do Espírito Santo. É a ação de Deus, interpretada pelos católicos como a terça parte de sua manifestação sobrenatural, como se Deus fosse que nem aqueles aparelhos de som antigos, um verdadeiro três-em-um, ideia obscura e impossível de se conceber, a não ser pela via do dogmatismo.
Na Umbanda, que nasceu das entranhas do Espiritismo, a mediunidade é praticada de um modo completamente diferente do que vemos nos centros espíritas. Tanto que, apenas para diferenciar sem querer discriminar, os espíritas denominam a prática mediúnica umbandista, sem orientação doutrinária, metodológica, de mediunismo, pois no centro espírita não tem ritual, cânticos, roupa especial, apetrechos, charuto ou bebida, chiados e despachos.
No Espiritismo Religioso, cada vez menos Espiritismo e bem mais religioso, a mediunidade acaba virando a panaceia da cura, muito mais anímica do que mediúnica. O centro espírita se traveste de tenda de milagres. É o assistencialismo mediúnico, que preenche o seu papel consolador, temos de reconhecer, mas que se torna um obstáculo às pesquisas mediúnicas, à prática da mediunidade com conhecimento de causa, com base doutrinária, conforme o método kardequiano.
O inconsciente de Carl Jung (foto), também virou explicação recorrente de fenômenos insólitos como os medianímicos: tudo vem do inconsciente, do inconsciente coletivo... tese predileta do jesuíta Oscar Quevedo, ( (na foto abaixo) inimigo notório do Espiritismo. Psicólogos e psiquiatras também consideram o inconsciente como a fonte desses fenômenos, sem que se deem ao trabalho de sair de seus gabinetes, ir a campo e pesquisar a imensa gama de fatos medianímicos que ocorre em cada esquina, a todo momento, debaixo de nossos narizes.
Geneticistas e neurólogos também são candidatos à interpretação do fenômeno medianímico, seja na eleição de alguns segmentos e órgãos cerebrais, como a epífise ou o córtex cerebral, à busca do gene responsável pelos fenômenos mediúnicos, quem sabe, o gene da mediunidade, que para muitos céticos compulsivos, estaria mais para o gene da fraude, da enganação, da mistificação do que para o gene do mediunismo.
A mediunidade é o patinho feio rejeitado do espiritualismo, que o Espiritismo adotou como sua razão de ser, transformando-o num verdadeiro cisne, quando ele desliza altivamente nas águas da orientação doutrinária, fundamentada no pensamento kardequiano. Se não fosse a mediunidade não haveria Espiritismo. Não negamos seu caráter consolador. Seria uma grande burrice, exemplo de egoísmo, de grande despeito diante de tantas mazelas e dores humanas, psíquicas, desenganadas pela Medicina, passíveis de serem tratadas pela ação mediúnica.
Todavia, em nosso entender, é perfeitamente possível conciliar o caráter consolador da prática mediúnica com a experimentação, a pesquisa orientada por uma metodologia adequada ao fenômeno que está sendo estudado. Assim como Jesus de Nazaré demonstrou a vida após a morte materializando-se, mostrando-se após a crucificação a seus discípulos e pessoas de sua convivência, “vencendo a morte”, “vencendo o mundo” pela ressurreição, como acreditam os cristãos, o Espiritismo, através da mediunidade, precisa demonstrar, também, não somente para pessoas de nossa convivência, mas para todo o mundo que a vida continua e sobrevivemos à materialidade, em outra dimensão ou dimensões, cheios de vida, com todos os nossos desejos e virtudes, vícios e manias.
A vida prossegue em dimensões extrafísicas e a prova disto deverá ser demonstrada pelas pesquisas espíritas da mediunidade, da Transcomunicação Instrumental e Mediúnica, a fim de que o fato mediúnico que os espíritas admitem por convicção, deixe de ser apenas filosófico e torne-se um fato científico, como pretendia Allan Kardec em suas pesquisas pioneiras, possível de ser debatido nas academias, nas instituições científicas, em todos os meios de comunicação.
Quando a mediunidade é somente consoladora, aliena. Se ela se submete à pesquisa, ao estudo e experimentação, torna-se libertadora, digna de ser praticada em nome do Espiritismo. 
Por enquanto, trata-se de uma utopia, um sonho, que deixa de ser ilusão quando se apresenta como algo possível. A utopia não é o impossível, ela é um devir, um sonho possível, materializável. É aquilo que virá pela nossa ação, na construção de nosso sonho, de nossos ideais.


         


Espiritismo na Austrália
            Obrigado pela remessa de Opinião, que recebemos via Internet. Espero que vocês continuem enviando. Por aqui, estamos sempre nas lutas, mas caminhando. Estamos nos preparando para iniciar, no começo do ano, as atividades da Juventude Espírita Australiana e também a distribuição de sopa aos “home less”. Aqui o Espiritismo é um pouco diferente do que vivenciamos aí no Brasil. Por aqui, o que mais exige de nós é a caridade moral, porque a material é menos necessária do que no Brasil, embora haja necessitados também. Gostaria de recomendar uma visitinha à nossa home-page: www.joanadecusa.org.au .

            Meu abraço com vibrações de carinho,

            Glória Collaroy – Joana de Cusa Foundation and Franciscans Spiritist House. – Sidney Austrália.

            Caso Edisson
            Agradeço o amigo Milton Medran Moreira por ter comentado o caso do enfermeiro Edisson da Silva Castro, lá de Erechim (Opinião em Tópicos, agosto). Aproveitei o “gancho” e coloquei o tema em debate em nosso Grupo de Estudos, no Lar da Caridade, que reúne cerca de 40 pessoas, nas quartas-feiras. Foi muito proveitoso. Pudemos fazer uma excelente avaliação de a quantas anda o nosso grau de entendimento da justiça humana e da justiça divina. Muito grato e um abraço fraternal.
            Adão Araújo – Bento Gonçalves/RS