segunda-feira, 3 de agosto de 2015

OPINIÃO - ANO XXI - Nº 232 - AGOSTO 2015

O Céu e o Inferno – 150 anos

Um livro contra o niilismo

e a fé cega

Há um século e meio, Allan Kardec lançava “O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo”. Na obra, o fundador do espiritismo aborda, na teoria e na prática, a questão da sobrevivência à morte física e as sensações – boas ou más – experimentadas pelo espírito, após a desencarnação.

O lançamento
“Le Ciel et l’Enfern” chegou às livrarias de Paris no dia 1º de agosto de 1865. Na edição de setembro da Revista Espírita, mensário por ele dirigido, Allan Kardec assim resumiu o conteúdo da obra: “o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, as penas e recompensas futuras, os anjos e os demônios, as penas eternas, etc.; seguido de numerosos exemplos sobre a situação real da alma durante e após a morte”.

Combate ao materialismo
Desde seu capítulo inicial, “O Porvir e o Nada”, “O Céu e o Inferno” deixa claro seu objetivo essencial: o combate ao materialismo. Sustentando não haver nada mais desesperador do que “o pensamento da destruição absoluta”, Kardec vê o niilismo como “uma doutrina insensata e antissocial”, pois que “rompe os verdadeiros laços de solidariedade e fraternidade em que se fundam as relações sociais”. Para ele, o espiritismo “vem opor um dique à difusão da incredulidade, não somente pelo raciocínio, não somente pela perspectiva dos perigos que ela acarreta, mas pelos fatos materiais, tornando visíveis e tangíveis a alma e a vida futura”.

Religião – causa da incredulidade
Na parte inicial da obra, Kardec também faz dura crítica à religião e seus dogmas sobre céu, inferno e penas ou recompensas eternas, “apropriadas, no seu começo, aos conhecimentos limitados do homem”. Argumenta, entretanto, que se a religião “tivesse acompanhado sempre o movimento progressivo do espírito humano, não haveria incrédulos, porque está na própria natureza do homem a necessidade de crer, e ele crerá desde que se lhe dê o pábulo espiritual de harmonia com as suas necessidades espirituais”.
Após o enfoque doutrinário sobre temas como céu, inferno, anjos e demônios, numa perspectiva filosófica espírita, Kardec ocupou-se, na segunda parte da obra, de comunicações mediúnicas ditadas por diferentes categorias de espíritos (felizes, infelizes, medianos, arrependidos, suicidas, etc.), depondo acerca das condições em que chegaram ao mundo espiritual.




Materialismo – um combate gradual
Crítico do materialismo que, em seu século, ganhou foros de ciência e de ideologia política, Allan Kardec, no entanto, guardava sérias dúvidas de que alguém, honestamente, pudesse interpretar o universo e a vida a partir de um viés inteiramente materialista.
O autor de “O Céu e o Inferno”, no primeiro capítulo da obra, registrou que “na maioria dos incrédulos, há mais jactância do que verdadeira incredulidade, mais dúvida que convicção”, e que “incrédulos absolutos se contam por ínfima minoria”.
Atribuindo à própria religião a causa do materialismo, por não haver esta acompanhado o progresso do conhecimento, Kardec reservava ao espiritismo a tarefa de sintetizar “as opiniões divergentes ou flutuantes”, trazendo gradualmente “a unidade de crenças sobre esse ponto (a sobrevivência do espírito), não já baseada em simples hipótese, mas na certeza”. Antevia nessa síntese espírita “a unificação relativamente à sorte futura das almas”, e que isso seria “um passo imenso para a tolerância religiosa, em primeiro lugar, e, mais tarde, para a completa fusão”.
Teria o espiritismo falhado nessa tarefa que lhe atribuiu seu fundador? Provavelmente sim, na medida que optou em se apresentar como mais uma religião, contrariando a expressa recomendação de seu criador. Provavelmente não, na medida em que se capacite a sintetizar as múltiplas, e cada vez mais polifacetadas experiências, no campo da ciência, da filosofia e das emoções humanas, extraindo delas as bases de um novo paradigma de conhecimento, realmente revolucionário e inovador, dotado de método e linguagem a todos acessíveis.
O desafio é imenso. Mas, um século e meio depois, continua sendo este o grande objetivo do espiritismo: demonstrar ao ser humano sua condição essencial de espírito imortal. Debelando de forma gradual o materialismo, meta não atingida pela religião, o espiritismo estaria dando cumprimento a seu verdadeiro e fundamental papel histórico. Parece pouco, mas disso pode resultar uma nova era para a humanidade. (A Redação)




Religião – para o bem e para o mal
“A democracia requer que pessoas motivadas religiosamente traduzam suas preocupações para valores universais, não determinados pela religião.(Barack Obama, em “A Audácia da Esperança”)

Ao fim da longa audiência pública do Supremo Tribunal Federal, em 15 de junho, o ministro Luís Roberto Barroso, em tom bem-humorado, e no mesmo clima de cordialidade que envolvera o ato reunindo entidades religiosas e laicas, fez o seguinte registro: “A religião pode ser usada para o bem e pode ser usada para o mal. Constantino converteu-se ao cristianismo, deixou de adorar o deus sol, mas matou o filho mais velho, matou o cunhado, e ferveu a mulher em água quente”.
A audiência houvera sido convocada por Barroso como relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4439) na qual a Procuradoria Geral da República questiona o ensino religioso confessional nas escolas públicas. A decisão do STF ainda não proferida, no momento em que é escrito este editorial, por certo levará em conta subsídios oferecidos, na audiência, pelas entidades que ali se manifestaram.
O tema já foi objeto de outro editorial deste mensário (edição n. 230). Consignamos, ali, que da Federação Espírita Brasileira, uma das entidades convidadas para a audiência, era de se esperar “posição firme de apoio à demanda do Ministério Público Federal”, em consonância com a postura histórica adotada desde o Século XIX pelo espiritismo em favor da laicidade do Estado e a da não ingerência da fé religiosa em temas da esfera pública.
Por dever de justiça, estamos retornando ao assunto para louvar a impecabilidade da manifestação da FEB, na audiência pública. Representada, no ato, pelo professor Álvaro Chrispino, a chamada “casa mater” do espiritismo brasileiro defendeu o ensino não confessional nas escolas públicas, sustentando que o “ensino religioso, de matrícula facultativa”, previsto no artigo 210,§ 1º, da Constituição Federal, deve, na verdade, focar-se no ensino da moral, da ética e na formação do indivíduo social.
Com esse posicionamento, a FEB ratificou, aliás, histórica decisão de seu Conselho Federativo Nacional, de janeiro de 1951, onde, expressamente, aconselhava os espíritas “a se absterem de pleitear a inclusão do ensino do Espiritismo nas escolas oficiais”. Observe-se, a propósito, que a resolução acima, aparentemente, adotava postura contrária àquela sugerida pelo livro “Religião”, de Carlos Imbassahy, editado pela própria FEB. A obra, recorde-se, defendia ardorosamente a condição de religião do espiritismo e fora escrita em resposta a decisão do Diretor de Ensino do Estado de São Paulo, em 1938, que, por não considerar o espiritismo uma religião, escudado em conceitos retirados das obras de Allan Kardec, negava o pleito de um grupo de pais espíritas que requeriam fosse a doutrina espírita ministrada nas escolas públicas, como o eram outras crenças, à luz da então vigente Carta Magna de 1934.
Embora siga defendendo ser o espiritismo uma religião, a FEB, diferentemente das igrejas cristãs, não pleiteia espaço de difusão de suas crenças em escolas públicas, e o faz em respeito ao princípio da laicidade do Estado. Trata-se de posicionamento correto, especialmente nesta quadra de nossa história política, onde se observa, com preocupação, uma exagerada ingerência religiosa nas questões do Estado, num retrocesso em sentido claramente oposto às ideias republicanas da modernidade. Religião, reafirme-se, é questão de foro íntimo. Como muito bem sinalizou o ilustre ministro do STF, a quem caberá relatar a ADI 4439, às religiões a História debita ou credita a responsabilidade por abomináveis crimes ou por contribuições moralmente importantes. Entretanto, de há muito superamos o tempo em que a fé, frequentemente irracional, se sobrepunha ao Estado e à cidadania. Estes, necessariamente, devem ter suas políticas fundadas na racionalidade a que estão vinculados valores como educação, direito e justiça.






Laranja-do-céu
Sabe aquela laranja muito doce, conhecida em outras partes do Brasil como laranja-lima ou laranja-serra-d’água? Cá no Sul, nós a chamamos de laranja-do-céu. Costumo comprá-la na feira livre que frequento, aqui em Porto Alegre. Dias atrás, escolhi algumas, coloquei-as na sacola e as entreguei para pesar. Para identificá-las melhor em relação a outras de preços diferentes, fui avisando o vendedor: “É daquelas para onde a gente vai depois de morrer”. Bem humorado, como são geralmente os feirantes, ele foi logo respondendo: “Não sei não, se a gente vai pra lá. É que as leis tão sempre mudando. Só esperando pra ver”.

O Céu e o Inferno
O livro de Allan Kardec, “O Céu e o Inferno”, que completa 150 anos de lançamento, se outras qualidades não tivesse, esta já o distinguiria: abordou a questão da sobrevivência do espírito e as diferentes sensações por este vivenciadas, a partir da transição do mundo material para o espiritual, com grau de racionalidade nunca utilizado pelas religiões. Na base de tudo, está a lei de causa e efeito.
O principal mérito da obra lançada em 1865 foi o de deslocar o tema do âmbito das religiões - cujas regras são instáveis no tempo e no espaço, além de contraditórias entre si - para o domínio da consciência individual do sujeito. Ou seja: se algo sobrevive ao corpo físico e, em outra dimensão, recebe o que as religiões chamaram de recompensas ou castigos, essa responsabilização não há de se dar pela crença nestes ou naqueles dogmas de fé, mas, fundamentalmente, pelo bem ou pelo mal que o indivíduo praticou em sua passagem terrena.

O que está mudando
Ouvindo de meu vendedor de laranjas a observação de que as leis estão mudando, e que, por causa disso, já não tem certeza da conquista do céu, imaginei-o atravessando uma crise religiosa. Talvez tenha alimentado por muito tempo crenças hoje não mais sustentadas sequer pela própria religião que, no passado, as proclamava. Artigos de fé, ontem credenciais para o céu, se esfumaram em lendas, mitos, ou meras alegorias.
Quando ouço do atual Papa conceitos sobre a imprescindibilidade da aceitação do diferente, revogando anátemas ontem lançados contra o homossexual, o divorciado, o crente de outra fé, o descrente, etc., ou quando ele chama a atenção para a responsabilidade individual e coletiva em temas como solidariedade, meio-ambiente, distribuição de renda, igualdade e justiça social, anima-me a esperança de que, finalmente, as religiões, todas, concluam que o céu nada mais é do que a sensação pelo cumprimento do bem, e o inferno não passa do remorso pela prática do mal.

O imutável
Imutável mesmo só é o conceito de que a prática do bem produz felicidade e que o mal traz sofrimento. As religiões inventaram rituais, prescreveram penitências e pregaram a necessidade da fé, para o espírito livrar-se do inferno e ganhar o paraíso. A sesquicentenária obra de Kardec que se ocupou do tema aponta um caminho de três etapas ao espírito atormentado pela culpa: o arrependimento, a expiação e a reparação. Arrepender-se é ato subjetivo que ninguém pode delegar a ninguém, nem a Deus, nem a anjos, a santos ou espíritos superiores. Expiar é aceitar e administrar, conscientemente, o sofrimento como consequência natural do erro praticado. Reparar é atuar objetivamente em favor das pessoas ofendidas ou dos valores violados.
“O Céu e o Inferno”, valendo-se da própria terminologia das religiões, dessacraliza o céu e “dessataniza” o inferno, situando-os no único lugar onde eles realmente existem: a consciência íntima do ser.





Grave Equívoco Doutrinário
Aureci Figueiredo Martins – espírita, bacharel em Direito/UFRGS, Porto Alegre.
No movimento espírita, especialmente no brasileiro, construiu-se um viés deformador do verdadeiro caráter da doutrina espírita, codificada por Allan Kardec. Com efeito, o chamado “aspecto religioso” é uma distorção doutrinária nascida por influência de adeptos que trazem, para dentro dos arraiais espíritas, resquícios das crenças dogmáticas que professaram em suas vivências pregressas, recentes ou remotas.
Este grave desvio doutrinário tem origem no equívoco de considerar-se Jesus um líder religioso, fundador das chamadas “religiões cristãs”, quando, na verdade, o Mestre foi um filósofo peripatético, possuidor de grande sabedoria e admiráveis dotes mediúnicos, e que teve, como inimigos e perseguidores, os religiosos de sua época, afeitos a cultos e rituais espetaculosos (e lucrativos). A estes falsos profetas, Jesus se referiu como “sepulcros caiados” ou “cegos que guiam cegos”...
Por oportuno, cabe lembrar, que, justamente na introdução d’O Evangelho segundo o Espiritismo, Kardec assim intitulou o cap. IV: “Sócrates e Platão, precursores da ideia cristã e do Espiritismo” e, a seguir, os ensinos morais de Jesus são analisados, comentados e interpretados racionalmente à luz dos postulados espíritas.
Fica, assim, evidente que o Espiritismo faz uma abordagem filosófica, crítica e epistemológica dos fundamentos doutrinários das religiões em geral, fato que o torna inconfundível com nenhuma delas. Com efeito, não possuindo dogmas, sacerdotes ou pastores remunerados, e tampouco adotando rituais ou cultos exteriores, cobrança de dízimo ou aceitação de quaisquer outros tipos de remuneração pelos serviços que presta aos que o procuram, as instituições realmente espíritas constituem-se como escolas de assuntos espirituais.
 Evolucionista, a doutrina espírita defende a tese reencarnacionista, que esclarece os porquês das diferenças biopsicossociais existentes entre os indivíduos, aclarando o entendimento da infinita misericórdia do Criador, que não condena suas criaturas a penas infernais, irremissíveis ou eternas, pois que, ao contrário, viabiliza-lhes a evolução ascendente mediante múltiplas vidas sucessivas, tantas quantas se lhes fizerem necessárias à conquista do nível de expansão consciencial que, um dia, nos liberará da necessidade de animar corpos carnais.
Quanto à fé cega propriamente dita, mãe de históricos mandos e desmandos sectários, aquela que manda crer cegamente em dogmas que não resistem ao crivo de uma análise lógica, além de considerá-la falta de respeito à própria inteligência, vemo-la tipificada como solerte obsessão no item 239 d’O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.
Com efeito, o sábio filósofo galileu, a partir do quarto século da chamada “era cristã”, passou a ser mitificado e endeusado desde que o Imperador Constantino I conclamou o Concílio de Nicéia (325 d.C.) e nele se estabeleceram as bases de uma religião, dogmática e ritualística, para substituir o culto aos deuses do então já decadente paganismo romano. Essa crença em dogmas irracionais, antítese do “conhecimento que liberta” preconizado por Jesus, foi imposta a ferro e fogo durante séculos pelos autoproclamados “representantes de Deus na Terra” no que hoje se estuda como “cristianismo histórico”, expressão caricata da doutrina amorosa e libertária ensinada e vivenciada por Jesus.
Excetuadas algumas (poucas) denominações religiosas, as religiões “cristãs” ainda hoje prescrevem a crença cega, bem como a salvação pela fé ou pela graça, esquecidas de que Jesus declarou que cada um recebe “conforme suas obras”, ou seja, pelo que faz ou deixa de fazer.
Apegadas ao Antigo Testamento, muitas religiões ainda pregam o temor a Deus e a crença no demônio, em franco confronto com o “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” do excelso Mestre. 
A bem da clareza, cabe frisar que não menoscabamos a figura excelsa de Jesus, pois que entendemos a consoladora filosofia espírita como o próprio Evangelho do Mestre, restaurado e interpretado em espírito e verdade. Igualmente, lembremos o que consta do item 625 d’O Livro dos Espíritos, no qual Kardec formula a seguinte indagação aos Espíritos Superiores: “Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?”, e a resposta deles é direta e incisiva: “Vede Jesus”. E Kardec acrescenta: “Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra (...)”.
Por estas e outras razões aqui omitidas, ficamos com Kardec, que esclarece no seu terceiro diálogo do livro “O que é o Espiritismo”: "O Espiritismo é, antes de tudo, uma ciência e não se ocupa de questões dogmáticas. Esta ciência tem consequências morais, como todas as ciências filosóficas. (...) Seu verdadeiro caráter é, portanto, o de uma ciência e não o de uma religião”.





Um olhar sobre “O Céu e o Inferno”
Durante o presente mês de agosto, em homenagem aos 150 anos de lançamento de “O Céu e o Inferno” (Allan Kardec, Paris/1865), os grupos de estudos do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre dedicarão um espaço especial, em suas reuniões, para o estudo daquela obra à qual Kardec deu o subtítulo de “A Justiça Divina Segundo o Espiritismo”.
Na foto, em uma de suas reuniões de todas as quartas-feiras (15h), o Grupo de CIBEE – Ciclo Básico de Estudos Espíritas -, coordenado por Marcelo Cardoso Nassar e Dirce Terezinha de Carvalho Leite. O mais novo grupo de estudos do CCEPA resultou de um Curso Básico de Espiritismo, ministrado na instituição, em março último. Interessados em estudar regularmente a doutrina espírita permaneceram na instituição, formando o grupo que segue aberto a novas adesões.

Sexta é dia de “O Livro dos Espíritos”
Em reunião inteiramente aberta ao público, mesmo sem o compromisso de comparecimento regular, todas as sextas-feiras, às 15h, acontece no Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, um estudo analítico, questão por questão, de “O Livro dos Espíritos” (Allan Kardec, Paris/1857), obra fundamental da filosofia espírita.
O trabalho é coordenado por Salomão Jacob Benchaya, diretor do Departamento Doutrinário do CCEPA, e tem a participação de Maurice Herbert Jones, como debatedor das questões estudadas, sempre numa perspectiva atualizada, livre-pensadora e aberta a contribuições de outras áreas do pensamento.

Opinião do Leitor
Parabenizamos o nobre escritor Medran, pela clareza de raciocínio nos textos de Opinião em Tópicos (edição maio/2015).
“Cada espírito permanece exatamente no patamar construído por seu próprio psiquismo. Está na hora de exorcizarmos da reflexão espírita um pouco da culpa judaico-cristã, substituindo-a por noção de responsabilidade”, conclui o texto.
Na realidade, somos os construtores de nosso destino, num processo infinito. Nada de céu e inferno –  com suas fantasias – e tantas outras ‘propagandas enganosas’ elaboradas pela Teologia. Tudo ocorre no foro íntimo da consciência. O Universo e a vida têm complexidade suficiente. Não precisamos importar a complexidade inventada da teologia” (Dawkins: Veja 27 de maio, 2015). Em nosso livro O Código Penal dos Espíritos – a justiça do Tribunal da consciência, no qual citamos, em vários momentos, o articulista, dizemos: Somos os nossos próprios juízes, promotores e advogados, diante das Leis do Universo. Pela nossa ótica, o julgamento se dá no plano da consciência, sempre em consonância com o despertar do entendimento, e ocorre no foro íntimo de cada criatura, de acordo com o grau de evolução. Independe, portanto, de local especial ou de tempo determinado, para que esta justiça funcione, quer o Espírito esteja no corpo físico quer fora dele, pois cada um é julgado por si mesmo, mediante a consciência de seus erros. No dizer de Emmanuel (Fonte Viva, lição 160): “Não é preciso atravessar a sombra do túmulo para encontrar a justiça face a face. Nos princípios de causa e efeito, achamo-nos incessantemente sob a orientação dela, em todos os instantes de nossa vida”.
Com nosso abraço, agradecido.
José Lázaro Boberg – Jacarezinho/PR.