XXII
Congresso da CEPA, Rosario/AR:
Um
Olhar sobre a Espiritualidade do Século XXI
De 25 a 28 deste mês de maio,
acontece na cidade de Rosario, Argentina, o XXII Congresso Espírita
Pan-Americano, com a temática central “A Espiritualidade no Século XXI”.
O
tópico do momento
Raúl Drubich |
Em mensagem publicada no
boletim América Espírita, encartado
neste jornal, o presidente da Comissão Organizadora do XXII Congresso da CEPA, Raúl
Drubich (Rafaela, Argentina) faz um comentário sobre as diferentes
vertentes de práticas espirituais da atualidade. Defendendo a necessidade de
que essas manifestações sejam estudadas pelo espiritismo, justifica a decisão
tomada pela Confederação Espírita Pan-Americana de eleger a “Espiritualidade do
Século XXI” como “tópico do momento” e tema central de seu congresso de 2016.
Um dos objetivos é contribuir no sentido de que “experiências vivenciais”,
presentes nos mais diversos segmentos do espiritualismo, possam ajudar “a
resolver questões existenciais atuais e, com isso, melhorar a qualidade de vida
da população, elevando-lhe o olhar e restituindo os valores éticos intrínsecos
do ser humano”.
Intercâmbio
com outros saberes e experiências
O presidente da CEPA, o
argentino Dante López (foto), que, no
Congresso de Rosario, encerra seu segundo mandato frente à instituição e
transmitirá o cargo a quem for eleito na Assembleia Geral do dia 25 próximo,
também se manifestou sobre o assunto. Em artigo publicado no boletim do mês
passado, destaca que, no evento, a CEPA irá pôr em prática o que sempre
sustentou: “Vamos expor nossos pontos de vista, abrindo-nos ao intercâmbio com
a Ciência e outras disciplinas que possam trazer aportes ao espiritismo, sem
que este perca sua identidade”. Para tanto, mais de quarenta expositores,
espíritas ou não, apresentarão trabalhos, todos versando sobre a
espiritualidade e os respectivos rumos, no século em que vivemos.
Ainda
é tempo de inscrever-se
O site oficial da CEPA - http://cepainfo.org/-
oferece todas as informações para quem deseja participar do XXII Congresso Espírita Pan-Americano,
nos dias 25 a 28 deste mês no Centro de Convenções do Hotel Puerto Norte, em
Rosario.
O
histórico papel da CEPA
A CEPA, que nasceu em um
Congresso Espírita (Buenos Aires, 1946), tem toda sua trajetória de 70 anos
orientada por tendências e consensos discutidos e obtidos justamente em eventos
dessa natureza. Seus Congressos marcam o norte a ser percorrido no período
seguinte. E esses períodos nunca são iguais. Nem poderiam ser. A vida é
dinâmica, e o Espírito, princípio inteligente que rege a vida, convida-nos a
incessantes processos de renovação.
O ato de renovar-se exige
capacidade de interagir. O espiritismo, vertente moderna de um espiritualismo
racional, livre-pensador e comprometido com o progresso do homem e do mundo,
precisa manter-se permanentemente atento a todos os esforços humanos que visam
esse mesmo objetivo.
No Congresso de Rosario, a
CEPA, que tem firme base kardecista, fará um amplo exercício de intercâmbio com
outras correntes espiritualistas. E isso não implicará em qualquer desvio de
suas bases, pois, prioritariamente, reconhece na obra de Allan Kardec, na qual
se inspira, uma forte vocação de síntese abarcando todos os esforços atinentes
ao estudo do espírito e de sua essencialidade no processo da vida e da
História. Mas, essa mesma vocação sintética restará inoperante se não souberem
os espíritas dialogar com outras vertentes onde, igualmente, se semeiam ideias e
valores capazes de contribuir com a busca dessa síntese.
Só um movimento de ideias
maduro e consciente da necessidade do diálogo pode realizar essa tarefa. A
CEPA, pensamos, nessa trajetória de 70 anos, habilitou-se a cumprir esse papel
histórico, plenamente compatível com os tempos modernos. (A Redação).
Por
um Brasil inteligente e ético
A união dessas duas
faculdades, inteligência e moralidade, é, pois, necessária para criar uma
preponderância legitima. - Allan Kardec, em “Obras Póstumas”.
Um dos aspectos mais comentados, em meio aos episódios
relativos ao impeachment presidencial das últimas semanas, foi o baixo nível
cultural revelado pela média dos parlamentares, ao se manifestarem nas
votações, especialmente da Câmara Federal.
Houve de tudo. Desde
inflamadas rezas pedindo a misericórdia de Deus, às vezes proferidas por
deputados sobre os quais pairam sérias acusações de atos de corrupção, a
xingamentos dos mais baixos a opositores e, até, cusparadas, em plenário,
direcionadas a adversários políticos. Foram cenas deploráveis, incompatíveis
com a seriedade que se exige de homens públicos, chamados a debater e decidir
sobre um dos mais graves momentos da história política do país.
“Eles não me representam”,
disseram em coro, brasileiros de todos os quadrantes, reprovando cenas
verdadeiramente circenses, ora carregadas de humor, ora trágicas, quando não
reveladoras de clara hipocrisia religiosa. Mesmo, no entanto, que a pessoas
sensatas e politizadas reste essa sensação de não se sentirem representadas
naquele colegiado, diante de tantas distorções, inegável que os agentes
daqueles disparates lá não caíram de paraquedas e ali se encontram respaldados
pelos votos de consideráveis parcelas do povo brasileiro. Há, sim, quem aplauda
a violência, quem se compraza com manifestações homofóbicas, quem prestigie a
corrupção e quem torça, inclusive, para que o Parlamento caia em absoluto
descrédito, situação que justificaria, pensam, a adoção de regimes de força, de
onde a representação popular esteja ausente.
Mesmo com tantas distorções, a
democracia, conquista da Modernidade, continua se impondo como indispensável ao
progresso dos povos. Ela é o caminho do aprendizado. Um povo é, naturalmente,
gerido por seus valores culturais. Estes são adquiridos, amadurecidos, mantidos
ou desprezados e, sucessivamente, cultivados e substituídos, exatamente pelos
frutos que produzem. Experiências boas ou más, entretanto, coletivamente
construídas, fazem a história da comunidade de espíritos que constitui um povo
ou uma nação. A prática da democracia é justamente o instrumento a possibilitar
esse exercício.
Na visão filosófica espírita,
inteligência e moralidade são os valores que aprimoram o gerenciamento de uma
sociedade. Na medida em que, juntos e na mesma intensidade, se desenvolvam
esses dois atributos do espírito, estará se assegurando o êxito da atividade
político-administrativa. Allan Kardec previu o advento do estágio mais avançado
desse processo com a fase por ele denominada “aristocracia intelecto-moral”.
Com certeza – e os últimos
episódios de nossa vida institucional bem o demonstraram – estamos distantes
dessa meta. Mas, não é de se esmorecer o ânimo. Experiências amargas como as
que estamos vivendo no Brasil nos conduzirão à necessidade de mais se investir
na integral educação de nossos cidadãos. Não há civilização sem inteligência,
mas também não ocorre efetivo progresso humano sem que o iluminem a ética
individual e coletiva.
No
Jardim da Infância
Há alguns anos, um escritor
muito popular dos Estados Unidos, Robert Fulghum, produziu um texto que
percorreu seu país e o mundo todo, fazendo grande sucesso. Nada de muito
profundo. Por demais singelo, aliás. Porém de extrema sabedoria.
Ele afirmava: “Tudo aquilo que
hoje necessito saber, eu aprendi no Jardim da Infância”. E, a partir disso,
Fulghum arrola atitudes fundamentais e algumas experiências primárias de vida
que lhe foram transmitidas na pré-escola. Como, por exemplo, a do feijãozinho
colocado em meio ao algodão molhado, trazendo a lição de que tudo morre, e nós
também. E de que a palavra mais importante é “olhe”. Porque, segundo ele, tudo
o que precisamos mesmo saber está em algum lugar. Sempre ao nosso alcance. É só
procurar em volta.
Lições
Mas foi principalmente no
Jardim de Infância que o autor norte americano também diz ter aprendido coisas
como: “Não pegue nada que não for seu”. “Reparta o que tem com os outros”.
“Quando magoar um coleguinha, peça-lhe desculpas”. “Limpe a bagunça que você fez”.
“Puxe sempre a descarga”. “Ponha as coisas no lugar de onde as tirou”. “Jogue
limpo”. “Não bata nos outros”.
O famoso texto complementa
convidando-nos a imaginar como o mundo seria melhor se, à semelhança das
crianças do Jardim da Infância, todos tirassem uma sonequinha depois do almoço
e fizessem um lanchinho com leite e biscoitos às 3 da tarde. E que, enfim,
todos se dessem as mãos e permanecessem juntos, brincando e dançando o restante
do tempo.
Esquecidos
Cada vez que vem a público – e
isso acontece praticamente todos os dias - mais uma notícia que trata de
propinas, envolvendo milhões, dadas por grandes empreiteiras a políticos e
governantes, ou de empresários que fraudam as finanças públicas, corrompendo
agentes que deveriam zelar pelos bens de todos nós, recordo do texto de
Fulghum. Será que essa gente toda, a maioria muito sabida, nunca frequentou o
Jardim da Infância? Ou nunca olhou em seu redor para entender que tudo aquilo
de que necessitamos para viver está em nossa volta? Que o melhor mesmo, para
sermos felizes, é tratarmos sempre os outros de forma justa, solidária e
responsável? E tratarmo-nos a nós próprios, enfim, na estrita medida da
satisfação daquelas necessidades que, à semelhança do feijãozinho no algodão
molhado, a vida requer de nós, nesta breve passagem pelo mundo? Se frequentaram
o Jardim da Infância, teriam esquecido as lições lá recebidas?
As
duas alternativas
Nego-me a pensar igual a
J.J.Rousseau, para quem o homem nasce bom e é pela sociedade corrompido. Claro
que a vida em sociedade oferece desafios: “O inferno é o outro”, dizia Sartre.
Mas é justamente enfrentando os desafios da convivência que o indivíduo cresce.
O Jardim da Infância, na
perspectiva filosófica espírita, é o desabrochar da consciência vivido pelo
espírito, ao ser “criado” “simples e ignorante”. A inteligência nele se desenvolve
gradativamente e, teoricamente, deveria fazê-lo melhor compreender a lei
natural, na base da qual estão todos aqueles valores apontados no texto do
autor americano como ao alcance do olhar de cada um. Mas, a mesma inteligência
capaz de apreender as excelências da virtude é, pelo orgulho, o egoísmo e a
ganância, fustigada a postergar sua prática para gozar de prazeres bem mais
imediatos, igualmente a seu alcance.
Chega o dia, na trajetória do
espírito e de uma sociedade, que essas duas alternativas se põem em confronto.
E, então, é tempo de mudar. Terá chegado esse tempo para o Brasil?
Aporia e Identidade
no Espiritismo
Eugenio Lara, arquiteto,
membro-fundador do Centro de Pesquisa e Documentação Espírita (CPDoc), editor
do site PENSE - Pensamento Social Espírita e autor dos livros Breve Ensaio
Sobre o Humanismo Espírita, Os Celtas e o Espiritismo, Racismo e Espiritismo,
dentre outros. E-mail: eugenlara@hotmail.com
O debate acerca da natureza e
da identidade do Espiritismo, exclusivamente no contexto kardequiano, da obra
kardequiana, é o que se pode denominar de uma autêntica aporia.
Entendo aporia no sentido
filosófico mesmo, kantiano, de que para certas questões, para certos debates
não existe solução racional. Pode-se afirmar uma coisa e se (re)afirmar o
contrário, a partir da mesma fonte, do mesmo fato. No caso da histórica questão
da identidade do Espiritismo, nos vemos diante de um certo impasse filosófico,
um beco sem saída. Não tem escapatória. Isso é aporia. É como se fosse no jogo
de xadrez, o xeque perpétuo: fatalmente apontando para o empate forçado.
De modo que o velho jargão:
"da discussão nasce a luz", não sei bem se no caso se aplicaria.
Porque, por ser aporia, tal contenda é faísca, é relâmpago, é a energia
radioativa que pode embolar o meio de campo, produzir confusão mental, moral,
um embate aparentemente desnecessário e sobejamente apaixonado.
Gosto dessa palavra: aporia. Normalmente, a meu ver, as
palavras portuguesas de origem grega são muito bonitas, sonoras. Aporia tem uma
acepção interessante. Fui consultar primeiramente em meu dicionário predileto
de língua portuguesa, o Caldas Aulete.
Lá diz (no campo da filosofia) que se trata da “dificuldade de escolher entre
duas opiniões igualmente racionais, mas contrárias”. Tem também, na retórica, o
sentido de dúvida: “figura pela qual o orador parece hesitar acerca do que há
de dizer”. Recurso, aliás, costumeiramente empregado pelos oradores oficiais do
movimento espírita brasileiro, a exemplo do personagem shakespeariano Hamlet (to be or not to be).
No Houaiss, aporia é a “dificuldade ou dúvida racional decorrente da
impossibilidade objetiva de obter resposta ou conclusão para determinada
indagação filosófica”. Aporia significa
uma “situação insolúvel, sem saída”.
Já no Aurélio, aporia é a “dificuldade de ordem racional, aparentemente
sem saída”.
Como se vê, o significado de
aporia nos três dicionários citados é semelhante, com duas acepções básicas,
uma no campo da retórica e outra, da filosofia.
Esse debate sobre a identidade
do Espiritismo nos remete a essas duas acepções citadas. De um lado o incerto,
a hesitação em relação ao caminho epistemológico a ser seguido. E de outro, por
ser questão aparentemente insolúvel, carrega o estigma de visões contrárias
entre si, contraditórias, inconciliáveis.
O alemão Immanuel Kant e o
grego Zenão de Eleia foram os filósofos que mais se interessaram por esse
desafio da lógica, da racionalidade, bem mais do que o enigma, porque não tem
solução aparente.
Afinal, aporia tem a ver com
paradoxo, com enigmas mentais insolúveis e contraditórios. E disso o
Espiritismo é bem servido. A começar pela tese kardequiana da fé raciocinada,
uma das muitas aporias espíritas que, no caso, está mais para um paradoxo do
que qualquer outra coisa, porque intuição e razão operam por vias distintas, a
subjetividade e a objetividade, respectivamente. Não tem como conciliar. Amor
racional? Razão amorosa? Isso não tem sentido algum.
Todo esse histórico debate
acerca da natureza e identidade do Espiritismo virou uma aporética doutrinária,
porque é inconclusivo, indeterminado, impossível de se chegar ao consenso
porque não é questão “política”, mas sim, filosófica. E consenso, em filosofia,
é palavra pouco usual.
Coloco política em aspas
porque é esse o tratamento que os vários segmentos de espíritas têm dado a tal
questão, notadamente o segmento hegemônico, o chamado movimento
unificacionista, ao agir como aparelho repressor, tentando expelir o suposto
vírus kardecista que possa comprometer o sistema de pensamento religioso
montado, sob a bênção da Federação Espírita Brasileira. Os fatores
socioeconômicos são determinantes, mas não são os únicos agentes desse processo.
Por ser aporia então não deve
ser abordado, criticado, debatido? De modo algum. Ao saber que a definição da
identidade e da natureza do espiritismo é algo quase difícil de ser consensual,
não significa que devamos evitar a abordagem de tal questão. Trata-se apenas de
se ter consciência das condições teóricas que iremos enfrentar, sem ter o
receio de rever conceitos, de redimensionar nossa concepção acerca da natureza
e da identidade do Espiritismo.
CCEPA
comemorou 80 anos
Mesa redonda rememorando a
história do Centro Cultural Espírita
de Porto Alegre, que completou 80 anos de existência, no último dia 23 de
abril, foi realizada na sede da instituição, na tarde de 22 do mesmo mês.
Com a presença de dirigentes,
colaboradores, associados e amigos, usaram da palavra: o presidente do CCEPA, Salomão Jacob Benchaya que recordou
importantes realizações da instituição, destacando o projeto da Campanha de
Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, ideia ali nascida e que foi levada,
posteriormente, à Federação Espírita do Rio Grande do Sul e, dali, estendida ao
Brasil; Milton Medran Moreira,
ex-presidente da CEPA, que se referiu à integração CCEPA/CEPA, irmanados em
prol de uma visão laica e livre-pensadora de espiritismo; Maurice Herbert Jones, ex-presidente, e mais antigo colaborador da
Casa, que rememorou a trajetória da antiga S.E.Luz e Caridade, o centro
espírita de práticas sincréticas, onde aportou coma esposa Elba, há 50 anos, até o atual Centro Cultural Espírita em que se
transformou a instituição; Dirce Maria
H. de Carvalho Leite, dirigente de grupos de estudos, que recentemente se
integrou à instituição, destacando valores que ali encontrou, tais como,
acolhimento, generosidade, respeito às ideias alheias e preocupação com atualização;
Marcelo Cardoso Nassar, também
membro recente do CCEPA, que se disse atraído à instituição justamente por seus
aspectos inovadores e progressistas, criticados em outros setores.
O ato contou com a presença de
Homero Ward da Rosa, presidente da
CEPABrasil, e sua esposa, Maria Regina.
Na oportunidade, Homero saudou a instituição aniversariante, destacando,
especialmente, a histórica ligação do CCEPA com a S.E.Casa da Prece, de
Pelotas, a que pertence, e a importância do CCEPA e de seus integrantes no
âmbito da CEPABrasil.
Em ato de confraternização,
Jones foi convidado a apagar as velas do bolo comemorativo dos 80 anos do
CCEPA.
Homero, Salomão e Medran na abertura do encontro. |
Pronunciamento da pedagoga Dirce H. der Carvalho Leite |
Jones e o bolo |
CCEPA
oitenta anos (I)
Parabéns ao CCEPA!! Que o trabalho desenvolvido por essa Casa
continue firme e que se alardeie, que lance chamas de amor pela HUMANIDADE e
pelas descobertas infinitas do ESPIRITISMO! Saudações calorosas à toda valorosa
Equipe!
Maria Salete Silva – C.E.Anjo da Guarda – Itajaí/SC
CCEPA
oitenta anos (II)
Parabéns ao Centro Cultural Espírita De Porto Alegre - Ccepa, esta
instituição forte e progressista. Vida longa! Abraços a todos.
Jailson Mendonça – Centro Espírita Beneficente Ângelo
Prado, Santos/SP.