Autorizada a interrupção de gestação de
anencéfalos
As Razões do Supremo
Julgando ação
proposta pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde, em sessão de 12
de abril de 2012, o Supremo Tribunal Federal entendeu, por maioria dos votos de
seus Ministros, que não caracteriza crime de aborto a interrupção de feto
comprovadamente anencéfalo.
Não se está descriminalizando o aborto
Para o Ministro Marco Aurélio, relator do processo,
“não se discute a descriminalização do aborto” que “é crime contra a vida”. No
caso do anencéfalo, “não existe vida possível”, porque este “jamais se tornará
uma pessoa: em síntese, não se cuida de vida em potencial, mas de morte
segura”, diz seu voto.
Seguindo o mesmo
raciocínio, o Ministro Ayres Britto
consignou que “o feto anencéfalo é uma crisálida que jamais se transformará em
borboleta, porque não alçará voo jamais.”, acrescentando: “É um organismo
prometido para inscrição não no registro civil, mas numa lápide mortuária”. Por
isso, argumentou: “É preferível arrancar a plantinha ainda tenra no chão do
útero do que vê-la precipitar no abismo da sepultura”.
Oito dos dez
ministros participantes da histórica sessão sustentaram que não há aborto no
caso da antecipação do parto de anencéfalo porque não há vida em potencial. Dois
votos vencidos entenderam que, tecnicamente, se trata de aborto: os Ministros Ricardo Lewandowski e Cesar Peluso. Ambos mostraram-se
sensíveis aos argumentos pela descriminalização, mas sustentaram que só ao
Congresso Nacional, e não ao Poder Judiciário, caberia descriminalizar a
conduta em tese.
Razões e contrarrazões espíritas
Antes e depois do
julgamento, a Federação Espírita Brasileira posicionou-se contra a autorização
da antecipação do parto de anencéfalos, por considerá-la crime contra a vida.
Às vésperas da sessão do STF, uma comissão da FEB visitou os gabinetes de todos
os ministros, entregando-lhes memorial nesse sentido.
Mas, essa posição,
que se alinha à das igrejas cristãs, não é compartilhada por todos os
espíritas. Segmentos não vinculados à FEB assumiram posição francamente
favorável à decisão do Supremo, destacando o fato de não se estar obrigando
ninguém à interrupção da gravidez, mas deixando a critério de cada um.
A juíza de Direito de
São Paulo, Jacira Jacinto da Silva(foto),
Delegada da Confederação Espírita Pan-Americana e ex-presidente da CEPA Brasil,
defendeu, na lista de debates da CEPA, na Internet, a posição do STF. Sustentou
que a decisão não atenta contra o direito à vida, “o maior, o primeiro, o
principal direito a ser defendido, tanto do ponto de vista moral, como legal”.
Sobre as posições religiosas, destacou que “as pessoas podem ter suas crenças e
defendê-las ferrenhamente, mas essas crenças não podem cegá-las”. Segundo
Jacira, tanto quanto a vida, “outro princípio fundamental, também garantido
constitucionalmente, é a liberdade, que está na base da evolução humana”. Para
ela, “o fundamentalismo religioso, espírita, católico, evangélico, para
relacionar apenas os que estão mais próximos de nós, cega as pessoas,
levando-as a defender o indefensável”, como no caso dos anencéfalos, e
questiona: “Como defender a vida onde vida não há?”. Para sustentar sua
posição, que é a do Supremo, esclarece: “Um caso de vida de criança acraniana,
que, absolutamente não é a mesma coisa que anencéfala, não pode justificar a
proibição à interrupção de gravidez sem
possibilidade de vida” (grifo dela). Referindo-se a pesquisas científicas
que teriam sido levadas em conta na decisão do STF, Jacira esclarece que não há
nenhum caso de anencéfalo vivo: “o que existe é a possibilidade de bebês com
acrania sobreviverem”. Acrescenta a magistrada paulista: “Pode ocorrer ainda
que a criança tenha o tronco encefálico, nasce com o bulbo, responsável pela
respiração”. Isso significa que “vai
respirar por algumas semanas, ou alguns meses, apenas como uma planta,
pois sem cérebro não existe vida humana”.
Mesmo, pois, que defendamos o direito à vida por algumas semanas ou
meses, segundo ela, “não haveria vida humana e sim vida vegetativa”, o que leva
Jacira a perguntar: “Haveria alguma justificativa para obrigarmos uma mãe a
desenvolver uma gravidez para cuidar de uma criança com vida de planta e por
algumas semanas, apenas?”. Contudo, sublinha: “Descriminalizar não significa
obrigar quem quer que seja a interromper essa vida, mas apenas não imputar
crime a quem opta por interromper a gravidez em situações tais”. Assim, “que
mantenha livremente a gravidez a mulher que quiser levar o projeto até o
final”, conclui a magistrada espírita.
Na mesma lista de
debates da CEPA, o médico gaúcho Ricardo
Herbert Jones (foto) também destacou a questão da “liberdade de escolher
qual o caminho a seguir, responsabilizando-se pelas rotas trilhadas e suas
naturais consequências”. Parece-lhe
razoável que “uma família, com base nos seus valores – humanitários,
religiosos, morais, etc. – escolha acolher uma criança nessa situação”. Segundo
Ricardo, “para estas, o sofrimento, a entrega, a devoção e o cuidado podem
representar um aprendizado quase impossível de ser adquirido em qualquer outra
situação de vida”. Por outro lado, o médico gaúcho, de formação espírita, diz
entender facilmente “que a ablação das porções superiores do encéfalo,
impossibilitando por completo uma vida de relação, possa ser justificativa para
abreviar – ou evitar – uma existência condenada ao mutismo relacional”. Recordando sua juventude, no âmbito do
movimento espírita, Jones confessa: “Quando tinha uns 20 anos, eu empunhei
bandeira na luta contra a legalização do aborto.Tinha uma posição radical,
dogmática e fechada”. E completa: “Hoje, ao contrário de assumir uma postura
dogmática, fechada, cerceadora e preconceituosa, eu prefiro a dor de determinar
meu próprio destino, pagando o preço inexorável das decisões complexas”. Assim
mesmo, ressalva que, como médico, jamais faria um aborto em uma paciente, pois
sua formação humanista e espiritualista não lhe permitem abandonar essa postura
pró-vida: “Aliás, me sinto mal até fazendo ligadura de trompas, e por isso não
as faço há mais de 20 anos”, aduz, esclarecendo: “Trata-se tão somente de uma
posição subjetiva, pessoal, afetiva”.
Enquete na CEPA Brasil: 100% de aprovação
Enquete interna
organizada por Vital Cruvinel (Delegado da CEPA em São Carlos/SP) entre
associados da Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA, foi
respondida por 26 membros, todos concordando com a decisão do STF.
Você pode conhecer
detalhes dessa enquete em www.cepabrasil.blogspot.com
Direito Divino e Direito Humano
Que pretendem os
grupos religiosos, entre os quais os espíritas, que se faça com uma infeliz
gestante que, recebendo o diagnóstico de anencefalia do feto presente em suas
entranhas, decide pela antecipação do parto? Que se a coloque na cadeia?
Certamente, se dirá
que não. Os sentimentos de caridade, justiça, misericórdia e compaixão,
presentes em todas as doutrinas religiosas não autorizam solução tão drástica.
Mais do que drástica, inútil: não se dará, com isso, a vida a quem
potencialmente não a tem. Mais que inútil, desumana: só se aumentará o
sofrimento de uma mãe já martirizada por um acidente biológico que lhe
frustrara o nobre e inefável exercício da maternidade.
Quando, no entanto,
esses mesmos zelosos fiscais da aplicação de presumíveis “leis divinas” buscam
interferir, com passeatas, rezas, barulhentas manifestações e ofícios
religiosos, na legítima decisão estatal de isentá-las de pena, estão a rigor
dizendo: que se cumpra o Código Penal, que se as penalize com um a três anos de
detenção, como, literalmente, manda a lei criminal vigente, datada de 1940.
Lamentavelmente, o
Poder Legislativo não tem sido capaz de enfrentar, com independência e
discernimento, a pressão desses grupos religiosos. O Poder Judiciário, por seu
órgão máximo, encontrou um caminho. Como declarou o Ministro Ayres Britto, a
decisão não foi uma proibição a quem, por motivos pessoais, quer levar a
gravidez a termo. Foi a favor do direito de escolha: “Levar esse martírio
contra a vontade de uma mulher que não deseja, corresponde à tortura. O
martírio é voluntário. Quem quiser assumir sua gravidez que o faça. Agora impor
a uma gestante, que não queira dar ao mundo,
um filho descerebrado, é tortura", declarou o eminente magistrado.
No caso, a rebeldia a essa tortura daria, necessariamente, lugar a um processo
penal em busca da condenação ao cárcere, conforme manda a lei.
Não é crível que esse
seja o desejo dos grupos religiosos que se posicionaram contra a decisão. Mas,
na prática, defendendo a vigência de uma legislação superada, é o que postulam.
Mais do que nunca,
como em tantos outros episódios da História, fica comprovado que o “direito
divino”, como tal entendido por empedernidos exegetas de dogmas religiosos, tem
muito a aprender com o direito humano, construção consciente e progressiva do
Espírito, “princípio inteligente do universo”, como o define a questão 23 de O
Livro dos Espíritos. (A Redação)
Quando
terá fim a corrupção?
A minicâmera e o grampo telefônico ainda podem fazer mais pela
política do que toda a fiscalização e todos os mandamentos cristãos juntos. L.F.Veríssimo, ZH, 26.4.12.
Aparatos eletrônicos,
a serviço da investigação, estão desnudando
fantástica rede de corrupção. Agentes do poder público, mancomunados com
setores empresariais, serviram-se do poder e do dinheiro para ganhos astronômicos.
Apropriaram-se do patrimônio público. Fraudaram a confiança da Nação. Esta,
composta majoritariamente por pessoas de bem, quedou-se frustrada. Nem um
sistema legal formatado em moldes legitimamente republicanos; nem os valores
mais sagrados da ética, das crenças e da moral; nem os esforços das
instituições encarregadas da execução das leis e de sua punibilidade, nada
impediu que se atingissem tão altos graus de corrupção. Agora, as intercepções
telefônicas e outras modernas tecnologias começam a desmascará-los. E a Nação
reacende a esperança da punibilidade. Com a punição, que se instaure a decência
em todos os níveis públicos e privados. É o que se reclama.
Sem dúvida, um
caminho legítimo. Mas ainda não é a solução. Não se redime um indivíduo ou uma
nação tão só pela aplicação da pena. Amanhã, se poderão engendrar formas mais
sofisticadas de burlar também esses meios de prova que têm se mostrado
eficientes. Por mais que se faça, a única e definitiva garantia da supremacia
do bem e da ordem é a conscientização de sua conveniência. Por essa via, muito
mais do que pelos justos esforços punitivos, se haverá de construir uma
sociedade incorrupta. Nesse campo, a propósito, a doutrina espírita está apta a
oferecer eficiente contribuição. Quando se demonstra o postulado da imortalidade,
da evolução do espírito e de sua responsabilidade individual, ordenamentos
civis e religiosos começam a se fazer dispensáveis. A íntima consciência da
conveniência do bem prescinde deles.
Educar para o bem e
para a vida plena. Esse é o grande projeto espírita. É, precipuamente, por aí
que estaremos contribuindo para o fim da corrupção.
Voando sobre Havana
Após nove horas de um
voo que começara em Porto Alegre, com escala no Panamá, já podíamos ver, lá
embaixo, exuberante, cercada por águas de um azul turqueza inigualavel, a ilha
de Cuba. Já se haviam iniciado os procedimentos de descida da aeronave, quando
o comandante avisou: não iríamos aterrissar ainda. O aeroporto de Havana estava
interditado. O Papa acabara de chegar a Cuba e estava sendo recepcionado pelo
povo e por governantes. Por segurança, determinou-se, por cerca de mais meia
hora, não se efetuasse qualquer outra movimentação de aviões no aeroporto José
Martí. Bem que nossa amiga Nícia Cunha tinha nos advertido: a visita de Bento
XVI a Cuba às vésperas do Encontro Espírita Cuba-Latinoamérica, promovido pela
CEPA, poderia trazer algum contratempo. Felizmente, seria este apenas.
A religiosidade cubana
A primeira impressão
se confirmaria logo: o cubano é profundamente religioso. Mais de meio século de
um regime político que se autodefiniu como materialista e ateu não retirou da
alma coletiva do povo a religiosidade nela impregnada. Acho que Frei Betto,
pensador católico brasileiro, autor do livro “Fidel e a Religião”, foi um pouco
responsável pela política de tolerância e de franca e gradual aceitação dessa
realidade de parte do governo. Casualmente, Frei Betto estava lá também.
Assisti a uma entrevista dele na TV. Contava que, num dos primeiros contatos
tidos com Fidel Castro, entrevistando-o para o livro que escreveria, advertiu o
“Comandante” de que a revolução precisava deixar de ser sectária. Ou seja, na
medida em que o regime se havia definido como “ateu”, excluía grande parte,
talvez a maioria, dos que desejavam levar avante a revolução socialista de
Cuba. Fidel, ouvindo-o, teria, a partir dali, mudado a política inicialmente
adotada de combate à religião. Uma mudança altamente estratégica. Liberada a
religião pelo comando revolucionário, e agora já não mais sob o peso hegemônico
da Igreja, Cuba mostrou todo a sua vocação para o pluralismo e o sincretismo em
matéria de fé.
Sincretismos “espíritas
Claro que o
espiritismo entendido como tal pelo povo da Ilha também não está infenso a esse
caráter sincrético. Muita gente o confunde com a “santeria”, religião popular
assemelhada à nossa umbanda, embora, como aqui, ela seja, muito mais, uma
mistura de catolicismo com crenças africanistas. Disse-me um cubano que, por
lá, todo mundo é, ao mesmo tempo, santeiro e católico. Mesmo setores
espiritualistas com algumas raízes kardecistas têm práticas não tão
kardecianas, É o caso do chamado “espiritismo de cordón”, onde se cultiva o
estudo das obras básicas, mas, paradoxalmente, se adotam práticas
ritualístico-mediúnicas sincréticas, de nítida influência indígena.
Se sobra espaço para
um espiritismo genuinamente kardecista? Sim, e com o concurso de bons
pensadores espíritas, que Cuba sempre os teve, mesmo antes da revolução.
O Encontro da
Confederação Espírita
Pan-Americana
Os
cerca de 300 espíritas que prestigiaram o I Encuentro Cuba-Latinoamerica, no
Habana Riviera Hotel, promovido pela CEPA, representavam, de uma certa forma,
as diversas tendências espíritas da Ilha. De se registrar, no entanto, a
tranquila e não contestada aceitação da tese da CEPA defendendo que o
espiritismo não é uma religião.
Foi um encontro muito
rico. Saí de lá com a nítida impressão de que a religiosidade do povo cubano,
diferentemente do que ocorre no Brasil, não é empecilho para que amplos setores
do espiritismo avancem no sentido de reconhecerem na proposta kardeciana o
“terreno neutro” definido por Kardec, onde se possa assentar uma filosofia
genuinamente espiritualista, arreligiosa, livre-pensadora, e progressista. Uma
filosofia, enfim, capaz de conviver com todas as religiões, respeitando-as, sem
necessidade de “enfeitar-se” com um título que não lhe pertence, como também
aludiu o fundador do espiritismo, no seu Discurso de Abertura, de 1º.11.1868.
O Santos de todos os tempos
Uma homenagem ao centenário
do clube de futebol da cidade sede do XXI Congresso da CEPA
Eugenio Lara - eugenlara@hotmail.com - arquiteto e
torcedor do Santos, é fundador e editor do site PENSE - Pensamento Social
Espírita [www.viasantos.com/pense], membro-fundador do Centro de Pesquisa e
Documentação Espírita (CPDoc)
Lembro-me como se
fosse hoje, a primeira vez que fui à Vila Belmiro para ver o Santos de Pelé,
meu time de coração, uma de minhas grandes paixões nesta vida. Foi em 1974,
acompanhado por meu pai. Naquela noite quente, um sábado de verão, também vi
jogar o grande craque do século 20, o Rei do Futebol: Pelé. Quando ele tocava
na bola, parecia em câmara lenta, como no saudoso Canal 100. E o Rei deslizava,
naquele gramado vistoso, diante dos refletores e da intrépida torcida santista,
como se fosse um sonho. Vê-lo ao vivo com a camisa 10, em carne e osso, foi uma
experiência indescritível. A camisa branca reluzia.
Todavia, para minha
desgraça e da torcida alvinegra, o grande Peixe perdeu por 3 a 1, de um timeco
que nem existe mais, um tal de Saad, de São Caetano do Sul-SP. Zebra total. Meu
“pé-frio” ficou registrado naquela fatídica noite e morreu ali mesmo, no
nascedouro. A alegria de ver o Glorioso e Pelé, pela primeira vez, ao vivo,
superou a tristeza da derrota. Aquele clima todo, o barulho ensurdecedor da
torcida, os cânticos e hinos entoados, como se fossem mantras, foi uma
verdadeira festa, como na primeira vez que assisti a um espetáculo de circo.
Momento especial, mágico.
Dois meses depois, no
final daquele mesmo ano, retornei com meu pai à vila mais famosa do mundo para
presenciar a despedida do Rei. Ganhamos de 2 a 0 da Ponte Preta e, em
determinado momento da partida, para surpresa dos torcedores, Pelé se ajoelha
no meio de campo, bem no círculo central e é reverenciado vibrantemente pela
torcida, como o rei que sempre foi. Desta vez fiquei realmente triste, os olhos
aguaram, pois nunca mais iria vê-lo com o manto sagrado do Santos. O Rei já
havia se despedido da Seleção. E agora, do meu time de coração: sniff...
Pelé se foi para o
Cosmos, nos EUA, deixando um vazio. O Santos prosseguiu em seu caminho de
glórias. Surgiram os Meninos da Vila: Santástico, o Show da Vila; Giovanni;
Diego, Robinho e, hoje, os craques Neymar e Ganso. Ninguém fez mais gols do que
o Santos. Ninguém jogou mais bonito e com a mesma eficiência. Foi o maior time
de todos os tempos e nenhum outro clube teve um ídolo do porte de Pelé. Fosse o
Peixe oriundo da Capital, aí talvez tivesse o reconhecimento que merece de seus
adversários, ao menos em São Paulo. Todavia, tinha mesmo que sair daqui, do
Litoral, da Baixada Santista, o grande time vencedor que em seu centenário,
comemorado em 14 de abril deste ano de 2012, celebra o vistoso futebol arte
praticado desde que foi fundado.
Gol Espírita
Em times outros,
observamos a ligação razoavelmente estreita com o segmento evangélico, o
catolicismo, a umbanda. Já no Santos, a vinculação com o Espiritismo é também
considerável. A família Teixeira, que dirigiu o Peixe por muitos anos, é
espírita. Miro Teixeira, o patriarca da família, que foi presidente do Santos,
é espírita. A geração de Robinho e Diego surgiu durante a gestão de seu filho,
Marcelo Teixeira, assumidamente espírita. Muitos jogadores que passaram pelo
Santos são espíritas. O zagueiro Adailton, revelado pelo alvinegro praiano, é
um dos que adotam o Espiritismo como crença pessoal.
No entanto, na Páscoa
de 2010, jogadores cristãos do Santos “pisaram na bola” ao se recusarem a sair
do ônibus santista e entrar no Lar Espírita Mensageiros da Luz, instituição
assistencial para deficientes mentais, aqui de Santos. Dentre eles, Robinho,
Ganso e Neymar, capitaneados pelo ex-santista Roberto Brum, evangélico de
carteirinha. A visita beneficente dos atletas viria acompanhada de doação de
ovos de páscoa. A atitude foi condenada pelo então técnico Dorival Jr. sobrinho
do lendário jogador palmeirense Dudu, espírita declarado. A diretoria e o
presidente santista, Luís Álvaro de Oliveira, que não é espírita, desaprovaram,
principalmente porque a atitude contrariou o manual de conduta do clube. A
atual direção do Peixe tem uma postura laica, não tolera proselitismo religioso
em campo ou fora dele, exemplo que deveria ser seguido por outros clubes. “A
caridade está acima de tudo, porque ajudar ao próximo é também ajudar a Deus.
Amor ao próximo não tem nada a ver com religião. Caridade é uma atitude
universal. Não tem nada a ver com credo religioso”, afirmou, em entrevista
coletiva, o mandatário santista Luís Álvaro sobre o triste episódio.
Devido à má repercussão
da atitude desagradável dos jovens atletas em todo o País e nas redes sociais,
dias depois voltaram atrás, se desculparam publicamente e passaram uma tarde
muito agradável com as crianças do Mensageiros.
Outro fato curioso é
o atual jogador do Peixe, Alan Kardec, revelado pelo Vasco da Gama e repatriado
do futebol português. Quando foi contratado, fiquei a pensar não somente no
nome do atleta, xará do fundador do Espiritismo, mas no fato de que ele, sendo
atacante, certamente iria balançar as redes para o Peixe. Seria interessante,
imaginava, se com o nome que tem, fizesse um gol espírita pelo Santos. Algo
deveras engraçado. Consagraria Kardec como o “Atacante do Além”. No jargão do
futebol, “gol espírita” é um termo usado por comentaristas e cronistas esportivos
para definir o gol sinistro, estranho, esquisitão, feito de modo inusitado,
insólito. E, vejam só que curioso, o primeiro gol de Alan Kardec no Santos foi
justamente um gol espírita.
Vila iluminada
Dia de jogo do Peixe,
em casa, é dia de celebração. A Vila Belmiro fica iluminada. O bairro,
homônimo, resplandece todo. E no Centro Espírita Allan Kardec (Ceak),
localizado a duas quadras do estádio, dá para ver o brilho dos refletores,
ouvir os fogos e o burburinho dos torcedores. É sempre um dia especial. Quem
passar de avião e olhar para baixo irá ver, se tiver sensibilidade medianímica
para isso, um grande foco luminoso: a Vila Belmiro, o Ceak e o Instituto
Cultural Kardecista de Santos (ICKS). E em setembro deste ano, durante a
realização do XXI Congresso da Confederação Espírita Pan-Americana-2012, em
Santos, essa mesma luminosidade se fará sentir, criando um clima de renovação
doutrinária, de bem-estar, de esperança e perseverança na construção de um
Espiritismo filosófico, cultural, antenado com a ciência e comprometido com as
questões de nosso tempo.
Desse grande foco
emanam não somente as maravilhas do futebol arte praticado pelo Santos, mas
também o arrojo doutrinário, o ideal por um Espiritismo de cultura luminosa,
esclarecedora, crítica e moralmente transformadora. Nem todos os frequentadores
do Ceak e do ICKS são santistas, mas isto não tem a menor importância. Ao
contrário das torcidas organizadas e dos fanáticos intransigentes, no Ceak e no
ICKS corintianos, palmeirenses, são-paulinos, flamenguistas, colorados,
santistas convivem muito bem e se respeitam. O que vale é a alegria de estar
junto e de compartilhar, não somente as glórias desse grande time, que hoje
completa 100 anos de vida, mas também as glórias de uma doutrina sesquicentenária,
pujante e humanista.
Parabéns, Santos! Um
Século de Vida! E viva o Santos de todos os tempos!
Em setembro, durante
o XXI Congresso da CEPA, em Santos, essa mesma luminosidade se fará sentir,
criando um clima de renovação doutrinária, de esperança e perseverança na
construção de um Espiritismo filosófico, comprometido com as questões de nosso
tempo.
Temas sempre atuais – Palestras
públicas do CCEPA
Com excelente público
e interação deste com o palestrante, ocorreu, dia 2 de abril, no auditório do
Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, a exposição do trabalho “Experiências
de quase morte: verdades e mitos”, conferência do médico porto-alegrense Jorge Luiz dos Santos.
Sempre na primeira
segunda-feira de cada mês, um tema de atualidade, com enfoque ou conexão
espírita, é oferecido ao público visitante, com entrada franca.
A palestra deste mês
de maio – dia 7, às 20h30 – tem como título “A Dieta Alimentar e o Espírito”, a cargo do Dr. Dálmio Moraes, pesquisador das áreas de farmacologia, alimentação
e psicoterapia.
CCEPA organiza grupo
para o Congresso da CEPA
Um
delegação de integrantes do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre
mobiliza-se para participar do XXI
Congresso Espírita Pan-Americano, que acontece em Santos/SP, de 5 a 9 de Setembro
próximo.
Realizados de 4 em 4
anos em algum país da América, os Congressos da CEPA se constituem sempre em
instigantes oportunidades de estudo e atualização da doutrina espírita. O tema
do evento deste ano é “Perspectivas Contemporâneas da Teoria Espírita da
Reencarnação”, com expositores das Américas e da Europa.
Participantes do
CCEPA estão convidando espíritas da Região Sul do Brasil para formarem caravana
única, aproveitando vantagens de melhores preços de voo, traslado e hospedagem.
Maiores informações podem ser obtidas com Salomão Benchaya, pelo e-mail ccepars@gmail.com .
Para saber mais sobre
o Congresso: www.congressocepa2012.com.br
.
Grupo Espírita Nueva Generación
En archivo adjunto,
sigue nuestra revista en formato digital, en la cual incluye: El análisis de un
foro transmitido por radio sobre el tema ¿Qué es el Espiritismo?; Informe de la
visita que tuvo Jon y Dante a Guatemala; Y el tema “Los ideales del
espiritista”.Te felicito, Milton, por la calidad de tus artículos publicados en
"CCEPA Opinião", así como también la entrevista muy interesante que
te realizó el PENSE, lo cual denota la profundidad de tu pensamiento, producto
de la preparación y experiencia que has adquirido.
Daniel Torres – Grupo Espírita Nueva Generación – Ciudad
de Guatemala.
N.R.: Para receber, por e-mail, o boletim Nueva Generación,
solicitar a g_nuevag@yahoo.com .