quinta-feira, 17 de junho de 2021

CCEPA celebra virtualmente os 85 anos


Fundado em 23 de abril de 1936, sob a denominação de Centro Espírita Luz e Caridade (mais tarde: Sociedade Espírita Luz e Caridade), o atual Centro Cultural Espírita de Porto Alegre celebrou virtualmente seus 85 anos, completados no mês que passou, homenageando Maurice Herbert Jones.


- UMA HISTÓRIA MUITO SINGULAR

Até 1966, a Sociedade Espírita Luz e Caridade (SELC) foi uma casa espírita como tantas outras. Nesse ano, chega o casal Maurice Herbert Jones e Elba Jones, cuja presença determinaria os novos rumos da instituição a partir dali. Em 1968, Jones assume a presidência e logo, junto com o casal Ismar e Ieda Vilhordo constituem o primeiro grupo de estudo metódico de O Livro dos Espíritos, embrião de um projeto que, em 1978, seria levado como singular experiência pedagógica para a Federação Espírita do Rio Grande do Sul, dando origem à Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE) hoje disseminada mundialmente pela FEB.

Sob a direção de Jones, as atividades doutrinárias ganharam projeção graças à qualidade dos expositores, mas, sobretudo, pela multiplicação de grupos de estudo e o surgimento de um dinâmico movimento de jovens que reunia até integrantes de outras casas. Isso tudo gerou para a SELC a fama de “sociedade elitista”, cujas reuniões lotavam seu auditório.


A SELC na FERGS e a histórica reação conservadora

Por quatro gestões consecutivas, dirigentes da antiga Sociedade Espírita Luz e Caridade – hoje CCEPA - presidiram a Federação Espírita do Rio Grande do Sul: Maurice Herbert Jones (1978/1983) e Salomão Jacob Benchaya (1984/1987). Nesse período, foi criado e introduzido o ESDE – Campanha de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE), inaugurando no Estado, e depois em todo o país, a prática do estudo regular de espiritismo nas casas espíritas.

A passagem do grupo de dirigentes da SELC na gestão da federativa gaúcha, além da criação e implantação do ESDE, e do apreciável esforço de interiorização da administração federativa, deixou um legado não muito bem compreendido e aceito por uma comunidade que encarava o espiritismo como uma religião evangélica. O questionamento do aspecto religioso do espiritismo provocado pela publicação do número 402 da Revista A Reencarnação, da FERGS, gerou tal reação conservadora que, nas eleições de 1987, a chapa encabeçada por Milton Medran Moreira foi derrotada, após conturbada campanha em que o grupo foi acusado de obsidiado, de querer “enterrar o Evangelho” e “tirar Jesus do Espiritismo”.


Nossa Opinião: Homenagem a um gigante do pensamento

A história que se rememora acima, quando celebramos os 85 anos do CCEPA, e cujo final determinou a saída do grupo composto por Jones, Salomão, Medran, Joaquim Marchisio e outros da FERGS, marcou o início de um novo tempo para a antiga SELC. Esta, em 1991, se transformou em Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, ampliando o intercâmbio com segmentos não religiosos do Interior e com o chamado Grupo de Santos-SP, liderado por Jaci Regis. Com isso se estruturou o eixo São Paulo/Rio Grande do Sul que deu suporte ao retorno da CEPA-Confederação Espírita Pan-Americana ao Brasil. Em 1995, por ter realizado o IV Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita em Porto Alegre e por haver pedido filiação à CEPA, o CCEPA terminou suspenso do quadro federativo da FERGS, exclusão jamais levantada. No ano 2000, a CEPA, ausente do Brasil desde 1949, quando promoveu seu 2º Congresso, no Rio de Janeiro, retornou oficialmente ao país, com a realização do XVIII Congresso Espírita Pan-Americano, em Porto Alegre, evento organizado pelo CCEPA, no qual Jon Aizpúrua passou a presidência daquela Confederação a Milton Medran Moreira.

Desde então, a presença e a atuação do CCEPA têm sido marcantes na difusão do ideário da CEPA-Associação Espírita Internacional, seja através deste jornal, de conferências proferidas pelo seu editor em eventos nacionais e internacionais, seja com a publicação dos livros A CEPA e a Atualização do Espiritismo, O Pensamento Atual da CEPA e Da Religião Espírita ao Laicismo. Os 85 anos foram celebrados em formato virtual, devido à pandemia, tendo nosso vice-presidente Beto Souza produzido um vídeo com imagens da trajetória do CCEPA, amplamente divulgado nas redes sociais, juntamente com o artigo Reflexões, de Maurice H. Jones, publicado em novembro de 1997, neste jornal. Em 27/4, em sua periódica Reunião Virtual de Integração, o CCEPA prestou homenagem a Jones, que se encontra hospitalizado. Na ocasião, o Diretor de Eventos e Intercâmbio, Salomão Benchaya, conduziu a rememoração desta singular história, que tem como figura central um verdadeiro gigante do pensamento: Maurice Herbert Jones, agora fisicamente afastado da instituição à qual dedicou sua existência, e que conferiu marca indelével e singular identidade ao Centro Cultural Espírita de Porto Alegre.

(A Redação).




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